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“E aconteceu que, no sábado segundo-primeiro, passou pelas searas, e os Seus discípulos iam arrancando espigas, e, esfregando-as com as mãos comiam”.
Na Almeida Revista e Atualizada no Brasil não aparece o problema:
“Aconteceu que, num sábado, passando Jesus pelas searas, os Seus discípulos colhiam e comiam espigas, debulhando-as com as mãos”.
A expressão sábado segundo-primeiro que aparece em muitas traduções tem dado muito trabalho aos comentaristas. Pelo fato dos estudiosos estarem muito divididos em suas explicações, até hoje não foi possível chegar a uma solução definitiva.
Russell Norman Champlin escreveu:
“Essas palavras têm deixado perplexos a muitos eruditos, e a verdade é que não parece existir um meio de explicá-las convenientemente. Não aparecem em nenhum dos manuscritos antigos, e muitos acreditam que não são autênticas no texto, tendo resultado de anotações feitas por escribas em manuscritos posteriores. Uma explicação possível sobre a sua existência é a observação que Lucas mencionara as atividades de Jesus em outros dias de sábado, antes desta narrativa (Ver Lucas 4:31-32). Assim, este seria o segundo sábado mencionado por Lucas, ao descrever as ações de Jesus. É possível, pois, que isso seja tudo quanto está envolvido nas palavras ‘no segundo sábado depois do primeiro'”.
Essas palavras aparecem, segundo ele, em alguns manuscritos unciais e em poucas traduções.
“A evidência textual favorece esmagadoramente a versão mais simples. É provável que algum escriba tenha feito essa adição, a fim de distinguir esse sábado dos outros dias de sábado, mencionados em narrativas próximas. Alguns editores têm defendido o texto mais longo, sobretudo porque é o texto mais difícil, podendo ter sido descontinuado de manuscritos mais antigos para efeito de simplificação do texto, posto que alguns podem ter deixado de compreender o sentido da observação” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 2, pág. 60).
Adam Clarke se estende bastante em suas notas sobre Lucas 6:1 apresentando suas ideias e de outros estudiosos. A essência do que ele escreveu seria o seguinte:
Este sábado tinha que ver com os que estavam incluídos nos dias que iam da Páscoa ao Pentecostes. E assim este “sábado segundo-primeiro” era o segundo sábado, a começar com o segundo dia da festa dos pães asmos, que era o primeiro dia da semana. Outros comentaristas concordam em que os judeus tinham três primeiros sábados: o primeiro, no primeiro sábado depois da páscoa; o segundo, no primeiro sábado depois do pentecostes; e o terceiro, no primeiro sábado depois da festa dos tabernáculos.
Em nosso livro História do Texto Bíblico apresentamos esta ideia: Sendo que esta expressão não aparece em outra parte, tem sido um problema exegético difícil de ser solucionado. Em virtude da palavra não constar nos melhores manuscritos, poder-se-ia afirmar que ela não se encontra no original, não fosse a suspeita de que algum copista a tivesse omitido por causa de sua obscuridade.
O princípio da probabilidade transcricional torna necessário explicar a sua inserção, se não é genuína. Meyer engenhosamente sugere que a palavra é simplesmente a fusão de duas notas marginais, opinião esta que foi adotada por W. H. e outros.
Como no versículo 6 está a expressão “noutro” (heteros) sábado, algum escriba pôs na margem do primeiro verso a nota “num primeiro” (proto). Mas a recordação de diversos incidentes, que se tinham dado em sábados anteriores, levou outro copista a acrescentar “num segundo” (deuteros) sobre a outra margem. Disto se originou o anômalo “deuteroproto” que algum copista posterior intercalou no texto para confusão dos comentaristas. Ou seja assim, ou não, o fato esclarece uma deturpação do texto original.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
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Existe, à primeira vista, uma aparente tensão entre as descrições de Atos
9:7 e 22:9 sobre a experiência dos companheiros de Saulo por ocasião da
conversão dele. Porém, considerando mais detidamente esses textos,
percebe-se que em Atos 9:7 é dito que os companheiros ouviram “a voz”, mas não viram “ninguém”, enquanto que Atos 22:9 acrescenta que eles “viram a luz, sem contudo perceberem o sentido da voz que falava” com Saulo.
Tanto a voz quanto a luz mencionadas nessas passagens eram do próprio
Jesus (ver Atos 9:5; 22:8; 26:15). Os companheiros de Saulo ouviram a
“voz” de Jesus falando com ele, mas não entenderam o “sentido” das
palavras proferidas. Viram apenas uma “luz” sobrenatural, sem terem o
privilégio de contemplar a forma específica dAquele que Se revelara a
Saulo. Cremos, assim, que os textos se complementam em suas declarações.
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos”, novembro–dezembro de 2001, p. 30.
Marcadores: Perguntas e Respostas Bíblicas
Na grande comissão evangélica de Mateus 28:18-20, Cristo
ordenou que o Evangelho fosse pregado a “todas as nações”, e que os
conversos dessas nações fossem batizados “em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo” (verso 19). No entanto, eventos registrados no livro
de Atos falam de conversos que foram batizados “em nome de Jesus Cristo”
(Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5). Diante disso surge a indagação: esses
batismos “em nome de Jesus” invalidam a ordem de ministrar-se o batismo
em nome da Trindade?
Várias teorias têm sido propostas para explicar essa aparente tensão
entre a ordem de Cristo e a prática da igreja apostólica. A mais
convincente delas parece ser a de que as referências ao batismo “em nome
de Jesus Cristo” não estejam sugerindo uma nova fórmula batismal, mas apenas enfatizando a condição básica
para esse rito ser ministrado. Em outras palavras, um judeu étnico ou
prosélito, que já cria no verdadeiro Deus, só poderia ser batizado na
comunidade cristã se ele cresse também em Jesus de Nazaré como o
prometido Messias.
O mesmo Cristo que declarou, em Mateus 28:19, que o rito do batismo deve ser ministrado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, também afirmou, em Marcos 16:16, que a submissão a esse rito deve ser precedida pela
fé que se centraliza no próprio Cristo (João 3:16; Hebreus 12:2). Por
ocasião do Pentecostes, aqueles que, em resposta ao discurso de Pedro,
aceitaram a Jesus de Nazaré como o Messias, foram batizados “em nome de
Jesus Cristo” (Atos 2:38) como demonstração pública dessa aceitação.
Mas é importante notar que mesmo os textos que falam do batismo “em
nome de Jesus Cristo” estão impregnados pelo conceito da Trindade.
Analisando-se o conteúdo desses textos, percebe-se, em primeiro lugar,
que aqueles que foram então batizados “em nome de Jesus Cristo” eram
pessoas que já criam previamente em Deus o Pai. Além disso, em todas
essas ocasiões o batismo “em nome de Jesus Cristo” foi acompanhado pelo
recebimento prévio, simultâneo ou posterior do “dom do Espírito Santo”
(Atos 2:38; 8:14-17; 10:44-48; 19:1-6).
Procurando invalidar a fórmula batismal em nome da Trindade, alguns indivíduos alegam que o texto de Mateus
28:19 não aparece no original grego do Novo Testamento. Essa alegação é
totalmente infundada, pois não existem quaisquer evidências textuais
que a comprovem. Embora hajam discussões significativas a respeito do conteúdo original de Marcos 16:9-20 (ver Bruce M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, ed. corr. [Londres: United Bible Societies, 1975], págs. 122-128), o mesmo não ocorre com Mateus 28:18-20.
Cremos, portanto, que a ministração do batismo “em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito” é parte dos ensinos de Cristo que devem ser
observados por Sua igreja “até à consumação do século” (Mateus 28:20).
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos”, agosto de 1999, p. 29.
Marcadores: Batismo
Algumas pessoas alegam, com base em Efésios 4:5 (“há um só
Senhor, uma só fé, um só batismo”), que o batismo por imersão só pode
ser ministrado uma única vez a cada indivíduo. Essa teoria acaba
distorcendo não apenas o sentido básico do texto bíblico, mas, também, o
significado do rito batismal e o ensino de outros textos inspirados que
abordam a questão do rebatismo. Efésios 4:1-6 fala a respeito da
unidade que deveria existir entre todos aqueles que ingressaram na
comunidade dos crentes através do mesmo rito batismal. Andrew T. Lincoln
esclarece que “o ‘um só batismo’ é o batismo nas águas, o rito público
de confissão da única fé no único Senhor. O batismo é único, não por ter
uma única forma ou por ser ministrado uma única vez, mas por ser a
iniciação em Cristo, no único corpo”. Como todos os crentes se tornaram
membros do corpo de Cristo através do batismo, esse rito é um “fator
unificador” da igreja (Word Biblical Commentary, vol. 42, pág. 240).
Biblicamente, o batismo não é um sacramento que concede méritos à
salvação, e sim um símbolo visível de uma nova aliança salvífica entre
Deus e o pecador regenerado pela graça divina. Através desse ato
público, a pessoa se compromete a deixar de servir o pecado, passando a
viver “em novidade de vida” (Romanos 6:1-7). A nova vida em Cristo
implica na aceitação de Cristo como Salvador e Senhor, bem como na
vivência prática de Sua vontade revelada nas Escrituras.
O ideal é que o batismo seja ministrado uma única vez aos novos conversos, no início da vida cristã. Mas o Manual da Igreja (rev. 2000), págs. 42 e 43, menciona duas circunstâncias nas quais é aconselhável que a pessoa seja rebatizada.
Uma delas diz respeito aos conversos provenientes de outras
comunidades cristãs nas quais já foram batizados por imersão. Mesmo
nunca tendo rompido seu relacionamento com Cristo, essas pessoas podem
selar publicamente, por um novo batismo, sua aceitação de uma nova
plataforma doutrinária, mais ampla e mais comprometida com o conteúdo
geral das Escrituras (ver Mateus 4:4; 28:19 e 20; João 16:13).
Que a aceitação de novos componentes doutrinários fundamentais pode
justificar o rebatismo de um cristão é evidente nas experiências tanto
de um grupo de crentes em Éfeso como de Ellen G. White. Somos informados
em Atos 19:1-7 que, em Éfeso, o apóstolo Paulo encontrou “uns
doze” discípulos já batizados por João Batista no “batismo de
arrependimento” que nem ao menos haviam ouvido falar “que existe o
Espírito Santo”. Após compreenderem essa verdade, eles foram rebatizados
“em o nome do Senhor Jesus”. No caso de Ellen G. White, ela já havia
sido batizada por imersão em Portland, Maine, em 1842, sendo ainda metodista.
Mas, após compreender a verdade do sábado em 1846, pediu que o seu
próprio esposo, Pastor Tiago White, a rebatizasse (Arthur L. White, Ellen G. White, vol. 1 – “The Early Years”, págs. 121 e 122). Tiago White, em seu livro Life Incidents,
pág. 273, declara que ela foi tomada em visão após essa experiência.
“Ao ser batizada por mim, em um período inicial de sua experiência,
quando eu a levantei das águas, ela foi imediatamente tomada em visão”.
Outra circunstância mencionada no Manual da Igreja, na qual é
aconselhável que a pessoa seja rebatizada diz respeito a pessoas que já
foram adventistas e apostataram da fé. Quando o crente rompe sua aliança
com Cristo e volta a uma vida de pecado, ele se torna passível de ter
seu nome eliminado do rol de membros da igreja. O seu reingresso na
comunidade dos crentes deve ser assinalado por um novo testemunho
público de uma mudança de vida, selado pelo rebatismo.
As principais declarações de Ellen G. White sobre a prática do rebatismo aparecem em seu livro Evangelismo,
págs. 372-375. Analisando-se essas declarações, pode-se concluir, em
primeiro lugar, que adventistas apostatados que se convertem e desejam
voltar à comunhão da igreja devem submeter-se ao rebatismo; e, em
segundo lugar, que crentes já batizados por imersão em outras
denominações seriam aceitos na comunhão da igreja idealmente pelo
rebatismo, mas sem jamais coagi-los a se submeterem a esse rito, caso
não sintam genuína necessidade dele. Portanto, Efésios 4:1-6
ratifica a unidade da fé ao mencionar que todos os crentes se tornaram
parte do corpo de Cristo através do mesmo rito público (o batismo) de
confissão da única fé no único Senhor. Mas essa realidade não desaprova o
rebatismo daqueles que assumem uma nova aliança com Cristo e com Sua
Palavra.
Alberto Timm, “Revista do Ancião”, outubro–dezembro de 2004.
Marcadores: Rebatismo
Determinar a natureza específica de cada sonho de uma pessoa é um
assunto muito complexo e subjetivo. Além dos “sonhos mentirosos” e não
autênticos (Jeremias 23:32; 29:8-9), existem dois grandes grupos de
sonhos reais. O primeiro e mais comum deles é o formado pelos sonhos
naturais, que fazem parte do processo normal de descanso durante o sono,
e cujo conteúdo pode apresentar-se de forma organizada ou
desorganizada. Uma vez que “dos muitos trabalhos vêm os sonhos”
(Eclesiastes 5:3), é provável que pessoas envolvidas em assuntos
religiosos acabem sonhando com eles, sem que tais sonhos sejam de origem
sobrenatural.
Já o segundo grupo básico de sonhos é formado pelos sonhos
sobrenaturais, que podem ser de origem divina ou satânica. Os sonhos de
origem divina tem normalmente um propósito salvífico bem definido, e
podem ser concedidos tanto aos profetas verdadeiros (Números 12:6), como
aos membros comuns do povo de Deus (Joel 2:28), e mesmo às pessoas que
não pertencem ao povo de Deus (Gênesis 41; Daniel 2). Por sua vez, os
sonhos de origem satânica são quase sempre fascinantes, e podem conter
verdades, para confundir a pessoa. Suas predições podem até se cumprir,
mas eles tendem a afastar, eventualmente e de alguma forma, a pessoa de
Deus e de Sua vontade (ver Jeremias 29:8; Mateus 24:24; 1Pedro 5:8).
Torna-se evidente, portanto, que tanto os sonhos naturais como os
sobrenaturais (quer divinos ou satânicos) podem ter um conteúdo
religioso. Além disso, o simples fato de Deus conceder um sonho
sobrenatural a alguém não transforma essa pessoa automaticamente num
profeta, como pode-se inferir das experiências de Faraó (Gênesis 41) e
de Nabucodonosor (Daniel 2). Embora todo profeta receba sonhos de origem
divina (Números 12:6), nem todos os que recebem tais sonhos podem ser
considerados profetas. O chamado para os ministérios proféticos é
algo diferente e bem mais abrangente.
A atitude de atribuir a Deus a origem de todos os sonhos de cunho
religioso, e de buscar sempre um significado especial para o seu
conteúdo, é altamente perigosa. Aqueles que assim agem são tentados a se
considerar mais privilegiados por Deus do que os demais, tornando-se
presas fáceis das artimanhas do maligno. Somos advertidos pelo próprio
Deus de que todos os sonhos (até mesmo os dos profetas) devem permanecer
subordinados à autoridade normativa das Escrituras. “O profeta que tem
sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a Minha
palavra, fale a Minha palavra como verdade. Que tem a palha com o trigo?
– diz o Senhor” (Jeremias 23:28). ”À lei e ao testemunho! Se eles não
falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Isaías 8:20; ver também
Mateus 7:21-23; Gálatas 1:8-9; 1João 2:4; 4:1).
Sonhos jamais são usados por Deus como um fim em si mesmos, mas
apenas como um meio de nos aproximar mais dEle e de Sua Palavra (ver
João 20:29). Ademais, não podemos permitir que nossa fé dependa de tais
meios, possíveis de serem usados também por Satanás. Portanto, se você
tiver um sonho que julga ser de procedência divina, mas não tem plena
certeza disso, o mais prudente é tentar extrair dele uma lição positiva
para a vida, até que a sua origem e o seu propósito fiquem mais bem
esclarecidos.
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos” – julho de 1999
Marcadores: Sonhos
O relacionamento entre o clero e os leigos foi desequilibrado por
duas distorções opostas que emergiram no meio do cristianismo. A
primeira foi a superênfase do catolicismo medieval sobre as funções sacerdotais, que acabou enaltecendo o clero em detrimento dos leigos. A segunda foi a tentativa anabatista,
no século 16, de eliminar toda e qualquer distinção entre clérigos e
leigos, obliterando assim as funções eclesiásticas. O equilíbrio entre
esses dois extremos foi mantido por Lutero, que restaurou o
conceito bíblico do “sacerdócio universal” de todos os crentes, sem
abolir as funções sacerdotais exercidas por alguns crentes escolhidos
especificamente para tais funções.
Rompendo com os dogmas católicos da confissão auricular e da mediação dos santos, Lutero
ensinava que todos os crentes tinham pleno direito (1) de orar
diretamente ao Pai, por meio de Jesus Cristo (João 14:6; 1Timóteo 2:5), e
(2) de testemunhar a outros as boas-novas da salvação (Atos 1:8). Mas
esse “sacerdócio universal” não eliminava a necessidade de um
bem-organizado ofício ministerial; pois, de acordo com Lutero, “o
povo não pode fazê-lo como um todo, mas tem que delegá-lo a uma pessoa
ou deixá-lo aos cuidados de alguém. Do contrário, que aconteceria se
cada qual quisesse falar e administrar [o sacramento], e ninguém
quisesse ceder ao outro?” (Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 3, p. 413).
A importância do ofício dentro da comunidade dos crentes é enfatizada
tanto no Antigo Testamento, por meio da instituição do sacerdócio
levítico (Êxodo 28), como no Novo Testamento, através do ensino
apostólico. Paulo é claro em afirmar que o próprio Cristo “concedeu
uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos
para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11 e 12). Isso significa que nem todos são chamados a exercer as mesmas funções dentro da igreja.
Além disso, o Novo Testamento atesta que o rito do batismo não era
oficiado por todos os crentes da igreja primitiva. Por exemplo, o
batismo de arrependimento que preparava o caminho do Messias era
ministrado especificamente por João Batista (Mateus 3; João 1:19-34).
Aqueles que aceitavam o evangelho, durante o ministério de Cristo, eram
batizados pelos “Seus discípulos” (João 4:1 e 2). Já o livro de Atos
revela que, após a ascensão de Cristo, esse rito era oficiado pelos
apóstolos e por outros líderes da igreja (ver Atos 2:38-41; 8:12, 35-39;
9:18; 10:44-48; 16:14 e 15, 30-34; 18:8).
Embora o imperativo de ir e fazer “discípulos de todas as nações,
batizando-os…” (Mateus 28:19) fosse dado originalmente aos “onze
discípulos” (versos 16 e 18), cremos que ele se aplica a todos os
cristãos, de todas as épocas e lugares. Todos os crentes têm, portanto, a
solene responsabilidade de testemunhar do evangelho aos descrentes,
incentivando-os a uma experiência genuína com Cristo que culmine com o
batismo. Isso não significa que todo crente deva oficiar pessoalmente o
batismo de seus conversos; pois essa cerimônia deve ser ministrada
apenas por aqueles que foram escolhidos dentro da comunidade dos
crentes, como ministros do evangelho, para esse ofício.
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos”, junho de 1998, p. 29.
Marcadores: Batismo
Marcadores: Perguntas e Respostas Bíblicas, Ressureição
“Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento” (Mateus 9:3).
Se analisarmos a vida de alguns personagens bíblicos, encontraremos
alguns esqueletos em seus armários. No Antigo Testamento nos deparamos
com Abraão, um homem exemplar conhecido como “pai da fé”, que, para
salvar o pescoço, mentiu duas vezes sobre Sara, dizendo que ela era sua
irmã. Jacó, o pai da nação israelita, aproveitando-se da fraqueza de seu
irmão Esaú, roubou-lhe a bênção da primogenitura, e depois disso
enganou o pai. E o rei Davi, um homem segundo o coração de Deus, cometeu
adultério com a esposa de um fiel general seu e depois mandou mata-lo
para tentar encobrir o pecado.
O Novo Testamento conta que Pedro passou três anos e meio com Jesus e
foi considerado um dos Seus três amigos mais chegados. Mas, durante o
julgamento de Jesus, Pedro negou que O conhecesse, embora tivesse sido
avisado com antecedência que faria isso.
Note que esses quatro heróis cometeram seus pecados mais graves APÓS
terem dedicado a vida a Deus. Transportando isso para o nosso contexto,
podemos dizer que eles escorregaram após “terem sido batizados e se
tornado membros regulares da igreja”.
Paulo, antes de se tornar o “apóstolo dos gentios”, foi, segundo suas
próprias palavras, “blasfemo, e perseguidor, e insolente” (1Tm 1:13).
Mas, mesmo depois de convertido, ele confessou: “Porque não faço o bem
que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7:19).
A que conclusão podemos chegar com base nesses antecedentes nada
recomendáveis dos heróis bíblicos? Que Jesus não veio “chamar justos, e
sim pecadores [ao arrependimento]” (Mt 9:13). Paulo apontou para si
mesmo como exemplo dessa verdade ao dizer: “Fiel é a palavra e digna de
toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,
dos quais eu sou o principal” (1Tm 1:15).
A Bíblia é um livro confiável, pois não esconde o fato de que os seus
heróis eram seres humanos falíveis e tinham deficiências de caráter
como nós. Entre eles havia covardes, mentirosos, homicidas, adúlteros.
Mas Deus os amava a despeito disso. Ele via neles não só defeitos, mas
também virtudes, e um grande potencial para se tornarem cidadãos do Seu
reino. E isso deve ser um estímulo para nós, porque, por piores que
sejam nossos defeitos, Ele nos ama e quer nos salvar.
Por mais repulsivos que sejam os esqueletos em nosso armário, se
permitirmos que Ele nos transforme, seremos mais que vencedores.
Tempo de Refletir
Marcadores: Meditações
“Pois até à Lei, havia pecado no mundo; o pecado, porém, não é levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte imperou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram de modo semelhante à transgressão de Adão, que é figura daquele que devia vir” (A Bíblia de Jerusalém).
Muitas interpretações têm sido apresentadas para estes versos, mas o caminho mais fácil para uma solução, de acordo com o que Paulo tencionava dizer, é estudá-los no contexto dos versos 12 a 21. Ele nos relata que Adão através de seu pecado trouxe a morte para todos os homens, mesmo àqueles que não pecaram a sua semelhança.
Adão, o primeiro homem, é um tipo de Cristo, que Paulo chama de “segundo homem” ou “o último Adão” (1Coríntios 15:45 e 47). É digno de menção que o único vulto do Velho Testamento a ser chamado expressamente de tipo de Cristo é Adão. (Há personagens do Velho Testamento que implicitamente são tratados como “tipos” de Cristo, sendo talvez o mais notável Melquisedeque).
A frase de Thomas Goodwin, presidente do Magdalene College, de Oxford, é muito significativa: “Diante de Deus há dois homens, Adão e Jesus Cristo, e todos os outros estão pendurados em seus cinturões“.
O relato bíblico nos informa que quando um homem falha Deus escolhe outro para o substituir (Davi substituiu Saul).
A desobediência de Adão trouxe a morte para todos, a obediência de Cristo trouxe vida a todos que O aceitaram.
Sobre esta verdade, assim se expressou F.F. Bruce:
“Assim, se a queda de Adão colocou toda a sua posteridade sob o domínio da morte, a obediência de Cristo introduziu triunfalmente uma nova raça nos domínios da graça e da vida” (Comentário de Romanos, pág. 104).
Não esquecer que Cristo é um tipo de Adão por contraste.
Em Adão encontramos um ato de transgressão (Versos 12, 15, 17, 19).
Em Cristo, um ato de Justiça (Verso 18).
Em Adão, todos condenados à morte.
Em Cristo todos têm a possibilidade da justificação para a vida.
O Problema do Texto
Vários comentaristas têm achado este texto muito difícil, e até apresentado explicações que não podem ser aceitas, por colidirem com outras doutrinas da Bíblia.
“Todavia, a morte imperou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram de modo semelhante à transgressão de Adão…”
Em poucas e simples palavras, o verso nos mostra que a morte reinou devido à transgressão de Adão, por que então morrer? O argumento de Paulo é que, pelo pecado de Adão, todos pecaram mesmo antes da lei ter sido dada por escrito no Sinai (verso 13).
O comentarista Nygreen diz o seguinte sobre esta passagem:
“Adão tinha recebido definido mandamento de Deus, instruindo-o com respeito ao seu comportamento. Portanto quando ele pecou, sua ação tinha o caráter de direta transgressão. Antes de falar em transgressão precisa haver um mandamento ou uma lei. Tal era o caso de Adão, mas não o caso daqueles que vieram depois, até que a lei foi dada através de Moisés”.
Havia ou não lei desde Adão até Moisés?
A leitura de apenas dois versos (14 e 15) de Romanos 2 esclarece esta pergunta:
“Quando, pois, os gentios que não têm lei procedem por natureza de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos.
Estes mostram a norma da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes a consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se”.
Duas expressões precisam ser realçadas destes versos:
Eles possuíam a lei da consciência.
A lei gravada no coração era a mesma escrita em tábuas de pedra.
De vários comentários lidos, o mais expressivo a meu ver é o do The Interpreter’s Bible, vol. 9, pág. 464, que se segue:
“A dificuldade que acabamos de mencionar é o de explicar a morte como penalidade do pecado em vista do fato de que a morte reinou de Adão até Moisés. Pode-se argumentar que, uma vez que foi Moisés quem deu a lei, não poderia haver transgressão nem portanto punição pela transgressão antes de seu tempo; porém, a morte havia de fato reinado. A resposta de Paulo não é tão persuasiva quanto se ele houvesse aqui feito uso da concepção de ‘lei natural’ à qual aludira anteriormente (2:14-15). Sua verdadeira resposta é dizer que embora o pecado não seja levado em conta onde não há lei, ele estava, não obstante, no mundo.
Mas poder-se-ia perguntar: ‘Se não era levado em conta, por que então deveria o homem morrer por causa dele? Cogita-se por que Paulo não responde apelando para a lei ‘gravada no coração’. Em outras palavras, a lei foi dada muito antes de Moisés, e Deus estava assim em posição de ‘levar em conta’ e punir o pecado desde o princípio. A descrição dos que foram desde Adão até Moisés como aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão pode ajudar a explicar o silêncio de Paulo aqui. Sanday e Headlam entendem a frase ‘não … à semelhança da transgressão de Adão ‘como significando ‘não em violação de um mandamento expresso'”.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
Os títulos que ensinam este assunto têm dado motivo para intermináveis controvérsias entre católicos e protestantes.
Os irmãos são mencionados nas seguintes passagens: Mateus 12:46; 13:55; 28:10; e Marcos 6:3.
Outras duas passagens relacionadas com os irmãos de Jesus e a virgindade de Maria são: Mateus 1:25 e Lucas 2:7.
Em Marcos 6:3 lemos: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? e não vivem aqui entre nós Suas irmãs?”.
Este versículo já deu origem a muitas conjecturas e continua sendo motivo de acaloradas divergências. Muitos protestantes, baseados neste verso, concluem que Maria foi mãe, não apenas de Jesus, mas em virtude de sua união com José, de quatro homens mais e de algumas mulheres, nascidos todos depois de Jesus, que foi o primogênito. É uma realidade inegável que não se encontra nos Evangelhos e em nenhum outro livro da Bíblia nenhuma referência a outros filhos de Maria além de Jesus.
Lucas 2:7. Descrevendo o nascimento de Jesus, usa, com referência a Maria, a conhecida frase “ela deu à luz o seu filho primogênito”.
Os defensores de outros filhos de Maria apresentam Mateus 1:25 como prova para assim crerem, especialmente as palavras “conheceu” e “até”. Conhecer é um eufemismo semita para indicar as relações conjugais. Os comentaristas, de modo geral, citando a expressão “até que”, afirmam que Mateus quis especificar o que acontecera (nenhum contato) antes do nascimento de Jesus e não o que se verificou depois. Segundo nossa sintaxe, as palavras “até que” pressupõem o fim de uma situação e o início de uma outra contrária. Outros argumentam que no hebraico e no grego a expressão pode ser usada, mesmo que não haja uma mudança de situação.
O Dicionário da Bíblia, de João Davis, pág. 288, declara: “O que parece mais razoável e mais natural é que eles eram filhos de Maria depois de nascido Jesus. Que esta teve mais filhos é claramente deduzido de Mateus 1:25 e Lucas 2:7, que explica a constante associação dos irmãos do Senhor com Maria”.
Os católicos, começando por Jerônimo, sempre solícitos em defenderem o dogma da perpétua virgindade de Maria, afirmam que os chamados irmãos, nas passagens citadas, são na realidade primos de Jesus, filhos de uma irmã de Maria, mulher de Alfeu ou Clopas, segundo João 19:25. A opinião mais defendida desde a antiguidade apoia que esses irmãos eram apenas “primos – irmãos”. Os que apóiam essa ideia alegam que em todas as línguas, mas especialmente naquela falada por Jesus, o termo “irmão” tem uma elasticidade notável; emprega-se para irmão, por parte de pai ou de mãe, primo, e também para um parente mais afastado. Apresentam citações bíblicas para provar que os judeus tinham por costume chamar de irmãos a certos parentes.
A Igreja Católica, desde os primeiros séculos, sempre venerou Maria como virgem em sentido absoluto, antes, durante e depois do nascimento de Jesus. Para nós esse dogma é uma simples tradição, admitida mesmo por alguns comentaristas católicos, como podemos verificar em “Cem Problemas Bíblicos“, pág. 278, Edições Paulinas. É real que tal tradição não teria surgido se os apóstolos tivessem conhecido e mencionado autênticos “filhos” de Maria além de Jesus.
Há uma terceira interpretação, semelhante às mencionadas e que foi defendida também pelos antigos pais da igreja (Orígenes, Eusébio de Cesareia, Epifânio, Ambrósio e outros), segundo a qual José era viúvo quando se casou com Maria, e os aludidos irmãos e irmãs eram filhos de seu matrimônio anterior, com uma tal Melca, ou Esca, chamada por outros de Salomé.
Sabemos que os Evangelhos nada dizem com respeito a José, sobre seu estado de viuvez antes de seu casamento com Maria.
Apesar do silêncio dos evangelistas, esta versão é a que deve ser aceita por nós, como nos comprova o Comentário Bíblico Adventista e o Espírito de Profecia.
“Seus irmãos. Os escritores dos evangelhos tornam claro que esses eram filhos de José em razão de matrimônio anterior. O fato de que Jesus confiou Sua mãe aos cuidados de João (ver João 19:26-27) indica que os ‘irmãos’ (e irmãs) de Jesus não eram propriamente filhos de Maria. Que eles eram mais velhos que Jesus é demonstrado pela atitude deles e seu relacionamento para com o Senhor. Eles tentavam repreendê-Lo e falavam-Lhe com severidade (João 7:3-4) procurando interferir em Sua conduta por outras maneiras. Tais atitudes somente seriam cabíveis a irmãos mais velhos, segundo os costumes da época. Para quem está familiarizado coma vida nas terras bíblicas, esse argumento, por si só, parece conclusivo… “Embora esses ‘irmãos’ não cressem em Jesus naquele tempo (João 7:3-5), eles posteriormente O aceitaram e foram contados entre Seus seguidores (ver Atos 1:4)” (Comentário Bíblico Adventista, referente Mateus 12:46).
“Seus irmãos, como eram chamados os filhos de José, tomavam o lado dos rabinos” […]
“Tudo isso desgostava os irmãos. Sendo mais velhos que Jesus, achavam que Ele devia estar sob sua direção” (O Desejado de Todas as Nações, capítulo “Dias de Luta”).
O Pastor Juan Ferri defendeu tese idêntica, declarando:
1º) Que os chamados “irmãos” mencionados em Mateus 13:55 e Marcos 6:3 não são primos do Senhor.
2º) Que são pessoas diferentes e não os filhos de Maria, esposa de Alfeu, embora tivessem nomes iguais.
3º) Que a única conclusão lógica seria que fossem filhos de um primeiro matrimônio de José, o que é confirmado por antiga tradição.
A seguir apresenta as provas bíblicas que, segundo seu parecer, constituem a base dessa última conclusão. Não as transcreveremos por duas razões:
1º) Não as reputamos essenciais;
2º) Por serem muito extensas. (O Pregador Adventista, março-abril de 1949, págs.3-8).
A Castidade de José
A Igreja Católica, apoiada em ideias defendidas por Jerônimo e Agostinho, afirma que José se conservara casto não somente depois do seu casamento com Maria, mas também antes dele.
Juan Ferri, no artigo já citado, sustenta a castidade de José após o nascimento de Jesus, declarando:
“Vejo nisso nada mais do que a atitude consequente de um homem que, desde o momento em que o anjo Gabriel lhe revelara o propósito divino, compreendeu seu dever, aceitando a sagrada incumbência e se limitando a ser o que Deus queria que fosse: o pai legal e mantenedor de Jesus e o esposo legal e mantenedor de Maria […]
A sua união legal com a virgem era requerida somente como uma medida indispensável para que o bom nome daquela santa mulher permanecesse protegido de calúnia e infâmia”.
É bom frisar que ele declara ser esta uma opinião pessoal e não a posição da Igreja.
Conclusões Gerais
Tanto católicos como protestantes têm tomado posições extremadas, para as quais não se acham nenhuma base bíblica.
Não encontramos nada em o Novo Testamento a respeito da eterna virgindade de Maria; se esse fato fosse essencial para o plano da salvação ele seria apresentado.
Em contrapartida os protestantes também não podem, pela Bíblia, apresentar provas convincentes de que os irmãos e irmãs de Jesus fossem filhos de José e Maria. Russell Norman Champlin, em seu Novo Testamento Interpretado, vol. 1, pág. 396, apresenta argumentos, na sua opinião irrefutáveis de que José e Maria tiveram vários filhos. Para mim ao menos, os argumentos não são convincentes.
Em face destas duas posições exageradas, nossa posição devia estar no meio termo: Maria somente deu à luz a um filho, o nosso Salvador; e por ser virgem “antes do parto”, não há nenhuma base para crer que continuasse a sê-lo no parto e depois dele.
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