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sábado, 5 de novembro de 2011

Nascemos com Nosso Destino Traçado?


Em Romanos 9:22-23, Paulo fala em “vasos de ira, preparados para a perdição” e “vasos de misericórdia, preparados de antemão para a glória”. Não seria isso dupla predestinação: uns para a salvação e outros para a perdição?


Devemos nos aperceber de que, em Romanos 9, Paulo trata de dois tipos de predestinação: de papéis ou funções e de caracteres. Analisemos os dois tipos:


1. Predestinação de papéis ou funções - Esse tipo de predestinação é mostrado com o exemplo de Jacó e Esaú, em Romanos 9:11-13: “E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela [Rebeca]: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém Me aborreci de Esaú.” Aqui, Paulo não está falando em “eleição” ou predestinação para a salvação ou perdição, e sim para papéis ou funções no mundo. Jacó, o mais novo, teria um papel mais importante que o do irmão Esaú. Antes do nascimento dos gêmeos, Deus escolheu Jacó para ser o ancestral do Messias. E por que escolheu Jacó e não Esaú? Porque Deus é soberano. Ele escolhe quem quer. Contudo, devemos entender que a escolha soberana de Deus não se dá no vácuo, isto é, por um mero capricho. Em Sua presciência, Deus sabia que tipo de pessoa seria Jacó: mesmo tendo sido enganador algumas vezes, ele “lutaria com Deus” e consigo mesmo para ser uma pessoa melhor e diferente. Sua luta com Deus no vau do ribeiro Jaboque (Gn 32:24-32) foi o momento de seu arrependimento e conversão, tanto que teve seu nome mudado de Jacó, enganador, para Israel, príncipe de Deus. Desse modo, Jacó se tornou habilitado para ser ancestral do Messias, e Jesus nasceu de sua família. Por esse papel destacado na história, Jacó se tornou um “vaso de honra” (Rm 9:21).


Já Esaú, por ter sido “impuro” e “profano” (Hb 12:16), não foi escolhido para o importante papel de ancestral de Cristo. Contudo, ele ainda poderia ser salvo, se assim o desejasse. A escolha de seu irmão Jacó para um papel de destaque não significava que ele, Esaú, devesse perder sua salvação. Esaú e seus descendentes, os edomitas, não tiveram a mesma importância histórica que tiveram Jacó e os israelitas. Foram ”vasos para desonra”, ou “vasos com menos honra” (Rm 9:21). Mas deve-se lembrar de que um vaso “para desonra” ou “menos honra”, como uma lixeira, por exemplo, não é menos útil que um “vaso para honra”, como um vaso para flores, por exemplo. Vasos “para honra” ou “para desonra” não têm nada que ver com salvação ou perdição, e sim com posições de maior ou menor destaque no mundo.


2. Predestinação de caracteres - Esse tipo de predestinação é apresentado pela figura de dois tipos de vasos: “vaso de ira” e “vaso de misericórdia”. “Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a Sua ira e dar a conhecer o Seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas de Sua glória em vasos de misericórdia, que para a glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (Rm 9:22-24). Esse tipo de predestinação indica que Deus “predestinou”, ou “determinou”, que quem tiver um caráter justo se salvará e quem tiver um caráter mau se perderá. Note que é o tipo de caráter que é predestinado, e não pessoas. Cada pessoa é livre para escolher que tipo de caráter irá desenvolver. Quem (pelo poder de Deus) desenvolver um caráter justo será salvo, tornando-se “vaso de misericórdia”. E quem, ao contrário, desenvolver caráter mau se perderá, tornando-se, assim, “vaso de ira”. A esta altura de nossa análise, é importante deixar bem claro que os vasos não devem ser ”misturados”, isto é, “vaso de honra” não é o mesmo que “vaso de misericórdia”, nem “vaso de desonra” o mesmo que “vaso de ira”. Os vasos “para honra e para desonra” têm que ver com maior ou menor destaque na história, e é Deus quem escolhe; os vasos “para ira e para misericórdia” têm que ver com o tipo de caráter que poderá resultar em perdição ou salvação, e são as pessoas que escolhem que tipo de vaso desejam ser, ou que caráter irão desenvolver.


Pelas informações bíblicas, vemos que Jacó tanto foi um ”vaso de honra” (pela escolha divina) quanto um “vaso de misericórdia” (por sua escolha em se arrepender e mudar de vida). Ele teve papel destacado no mundo, tornando-se ancestral de Cristo, bem como estará, como “vaso de misericórdia”, entre os salvos (ver sua menção entre os heróis da fé, em Hebreus 11:21, 22). Já seu irmão Esaú, além de ter sido um “vaso para desonra” (ou menos honra), ou seja, não ter tido papel de destaque no mundo, pelo seu caráter “impuro e profano” (Hb 12:16), tornou-se também um “vaso de ira” e, a menos que tenha se arrependido antes de morrer, estará entre os perdidos.


Nosso papel no mundo (de maior ou menor destaque) depende, em grande medida, dos dons ou habilidades naturais com os quais Deus nos dotou ao sermos gerados e das oportunidades que Ele nos propicia ao longo da vida. Essa decisão é dEle. Nossa parte é desenvolver ao máximo essas potencialidades. Mas não nos esqueçamos: todos são úteis, com muita ou pouca honra, com maior ou menor destaque. Mas, quanto à salvação ou perdição, podemos escolher se vamos ser “vasos de misericórdia” ou “vasos de ira”. O tipo de caráter desenvolvido determinará se estaremos entre os salvos ou entre os perdidos. Você já fez sua escolha? -


Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de Teologia no Unasp, campus de Engenheiro Coelho, SP. Publicado na RA de Ago/2010.
Via Sétimo Dia

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Meu destino pode já ter sido decidido no juízo pré-advento?


Nomes riscados do Livro e a retirada do Espírito Santo Certamente você já pensou ou ouviu um cristão que pensou: “E se Jesus riscar meu nome hoje? Estarei perdido dentro da igreja, mesmo fazendo Sua obra e sendo um cristão ativo?” De acordo com o que já estudamos até aqui, as Escrituras nos afirmam que:


      a)      Deus é fiel e justo (I Jo 1:9).
      b)      Deus não decide pelo pecador (Jr 29:11).
     c)    A onisciência divina não altera o futuro do pecador (Jo 6:64).
     d)     O destino de um pecador não é definido por uma queda ou por um acerto isolados, mas pela tendência de suas escolhas (Lc 6:43-45), por seu esforço e dedicação para o mal (Is 43:24) ou para o bem (I Co 9:25-27) e por seu tratamento ao próximo (Mt 7:12 e Lc 10:25-37). Tudo isso reflete a vitória ou a derrota dos esforços divinos para a transformação do caráter do pecador (Gl 5:16-25 e Ap 3:15-20); tais esforços da graça de Deus são os verdadeiros responsáveis pela salvação! Por isso que ela é somente pela graça (Ef 2:8) e nunca pelas obras do pecador, pois todo traço de caráter saudável é herança do Criador; nem mesmo o pecador penitente pode produzi-lo à parte de Jesus! Como então merecer a salvação? Quem a merece (mas, sem precisar dela obviamente) é Jesus, e não é por coincidência que Ele acumula as funções de Juiz e Salvador dos pecadores!


Os frutos do caráter humano e o veredito divino O tempo é um aliado de Deus! A vida de uma pessoa contém tempo suficiente para a produção dos frutos da salvação (não frutos para a salvação) ou dos frutos da perdição. Parece-me que até os anjos maus sabem disso. Caso Deus permita que esses cruéis tirem precocemente a vida de um ser humano, por certo que eles não poderão reivindicar com justiça essa alma uma vez que arrancaram a árvore (Lc 6:45) ainda nova, sem os frutos, de modo que Deus será declarado justo pelo universo inteiro ao salvá-la! Satanás não devora a todos, mas procura os que são devoráveis, ou seja, condenáveis por Deus (cf. I Pe 5:8) e, mesmo assim, sob a permissão e o querer divinos (Rm 9:14-18). É por isso que um cristão esforçado não deve ter medo do juízo pré-advento. Deus não erra e é misericordioso! Não faz sentido pensar que meu nome pode estar sendo riscado do Livro da Vida se minha comunhão com o Salvador é legítima e diária. Se, embora pecador (Sl 51:5), eu esteja sendo transformado pelos esforços da graça divina com o apoio de minhas escolhas pela obediência à Palavra, pelo amor ao próximo a começar pelos de casa (I Tm 5:8) e por continuar ligado a Videira (Jo 15:1-8)! Paulo não temia o julgamento divino mesmo havendo sido Saulo; antes, ele conhecia o caráter do “reto juiz”, bem como suas próprias obrigações, sua “carreira” (II Tm 4:6-8).  João incentivou a humilde segurança dos que creem (operosamente) “em o nome do Filho de Deus” (I Jo 5:13). Ou seja, o “mordomo fiel e prudente” (Lc 12:42-44) não deve pensar que Jesus Cristo não será capaz de completar a “boa obra” (Fp 1:6) de transformação em seu caráter pecador.




Natureza carnal versus pecado acariciado, Fé viva versus ausência das obras O pecador que está no processo de salvação não deve se desanimar ao perceber a insistência de sua natureza pecaminosa, pois ela sobreviverá até o fim do julgamento e o retorno libertador do Senhor (I Co 15:50-58). É claro que o filho de Deus não confunde essa sobrevivência teimosa da carne com mornidão espiritual (Ap 3:16) ou secularização (Rm 13:12-14 e I Jo 2:15-17)! A permanência da natureza caída em alguém que é “nova criatura” (II Co 5:17)  não impede a produção do fruto do Senhor Espírito no caráter (Gl 5:16, 22-25). Não quero dizer com isto que as boas obras de uma pessoa são sua garantia de salvação; a Bíblia afirma que Lúcifer foi perfeito (suas obras eram perfeitas) até escolher ser imperfeito (Ez 28:15). O acerto de hoje não é tudo, portanto. Só o amor de Deus é garantia de salvação, mais especificamente a presença do Espírito Santo na alma (Ef 1:13 e 14). Contudo, crer nisto, somente, não vale de nada! A fé não existe sem as boas obras. O bom caráter não existe sem o reto estilo de vida. “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2:14, 24 e 26). “Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou JAVÉ” (Lv 18:5). Fé na Bíblia é sinônimo de obediência a Deus; não tem nada que ver com o assentimento intelectual improdutivo, como se percebe nas práticas religiosas hodiernas, seja aqui no ocidente ou lá no outro lado do mundo! Esse costume se manifesta, por exemplo, em ir à igreja (inclusive às quartas-feiras) e só. Em datar para o futuro mudanças que já deveriam ter ocorrido, pois Deus não é fraco! Em colocar na mente que aqueles que advertem e apelam para reformas no estilo de vida estão querendo obrigar os outros a pensar e agir como eles mesmos. Em falar mais sobre o amor (pseudo-amor) ao próximo ignorando-se outros mandamentos de Deus! Enfim, o tempo não é um aliado dos religiosos acomodados com anos e anos de igreja, mas que produziram pouca ou nenhuma mudança duradoura e visível! Lembremo-nos do fracasso do povo judeu: “Portanto eu lhes digo que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino” (Mt 21:43, NVI). Os salvos são inimigos da serpente e nunca simpatizantes dela e das suas obras (Gn 3:15 e I Jo 2:15-17) e o comportamento deles evidencia isto! Portanto, ter medo do julgamento deve ser um alerta para uma mudança imediata e radical no descompromisso ou hipocrisia para com Deus e uma enorme oportunidade para a investigação das Escrituras (Ap 18:4 e II Tm 2:15). O Espírito não abandonará nenhuma alma que luta contra o pecado (Sl 51:11 e 17). Se o meu nome foi (ou for) riscado do Livro da Vida em algum momento entre 22 de outubro de 1844 até a volta de Jesus, biblicamente este não será o motivo para a retirada do Senhor Espírito de minha alma. Porém, a recíproca é verdadeira – o Espírito irá retirar-se de alguém por causa de sua teimosia. Logo, esse alguém será riscado do Livro pra sempre (confira a história do riscado rei Saul em I Sm 16:14-23 e 31:1-6 e compare-a com a do salvo Sansão descrita anteriormente!). Nunca ocorre a situação em que Jesus pede para o divino Espírito sair de alguém por Ele riscar o nome desse indivíduo. 
por (Hendrickson Rogers)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os males são resultado do destino?

Há pessoas que não se constrangem em acusar a Deus pelos males que acontecem. É certo que Deus não apenas disciplina e corrige os Seus filhos errantes (Apocalipse 3:19), mas também castiga e destruirá, finalmente, a todos os ímpios impenitentes (Mal. 4:1; Judas 5-7; Apocalipse 20:11-15). Mas essa disciplina e esse castigo são sempre a reação divina, misericordiosa e justa, à manifestação destrutiva do pecado (Rom. 6:23). Assim, não podemos jamais responsabilizar a Deus pelos males que existem no mundo.
Ao longo das Escrituras encontramos inúmeros incidentes em que pessoas, fazendo uso de seu livre-arbítrio, afastaram-se do plano de Deus, e acabaram tendo de suportar as desastrosas conseqüências de suas próprias ações. Foi assim que o pecado entrou no mundo (Gênesis, capítulo 3), e apesar das advertências divinas (Gênesis 2:15-17). Foi também assim que muitos idólatras israelitas acabaram perdendo a vida, em decorrência de sua atrevida desobediência às leis divinas (Êxodo 32 e 20:1-6). E será pela obstinada recusa de aceitar o convite divino à salvação que muitos se perderão, apesar da vontade de Deus ser que “nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pedro 3:9). O princípio da escolha e de suas conseqüências é claramente enunciado nas palavras “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).
Existem males que nos sobrevêm, e que não podem ser qualificados como castigo divino nem como resultado de nossa imprudência pessoal. Eles ocorrem devido à própria presença do pecado (2a Tim. 3:1-7) e à atuação das forças demoníacas (Efésios 6:10-12). Os sofrimentos de Cristo (Mateus 26 e 27) e do apóstolo Paulo (2aCor. 11:23-27) confirmam essa realidade (João 15:20; 16:33). Mas, além da maravilhosa promessa de que Deus não permite que ninguém seja tentado além de suas forças (1a Cor. 10:13), temos também a confortadora certeza de que Ele é poderoso para transformar males em bem, de forma que “todas as coisas” cooperem eventualmente para o nosso próprio bem (Romanos 8:28).
Num mundo habitado por criaturas morais, dotadas de livre-arbítrio, Deus não predetermina ou predestina tudo o que acontece. Portanto, não podemos culpar o “destino” pelas conseqüências de nossos atos ou pelos males provocados pelos poderes das trevas, antagônicos (contrários) à vontade divina. Mas, como disse alguém, apesar de Deus nunca ter prometido “eliminar todas as tempestades de nossa vida, Ele nos deu a certeza de estar conosco em meio às tempestades”.

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