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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Participa Satanás da expiação?



O texto de Levítico 16:10 é claro em afirmar que o bode emissário participa da expiação. Se esse bode representa Satanás, isso significaria sua participação na expiação ao lado de Cristo?

O texto em questão afirma: “O bode sobre que cair a sorte para bode emissário [azazel] será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação [kaphar] por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário” (Lv 16:10).

A palavra “Azazel” só ocorre nesse texto de Levítico e tem sido objeto de muita discussão entre os eruditos bíblicos. Diversos significados têm sido propostos para o termo: um lugar no deserto, “bode emissário”, um demônio do deserto, ou o próprio Satanás. No pseudepígrafo 1 Livro de Enoque (8:1; 10:12; 13:1), Azazel é o chefe dos anjos caídos.

Uma análise do papel dos dois bodes no ritual do Dia da Expiação aponta para Azazel como um ser pessoal, em oposição ao Senhor (Yahweh): um bode era “para o Senhor”- um ser pessoal (Lv 16:8), o outro “para Azazel” (Lv 16:8) – que, em oposição ao Senhor, deve ser também um ser pessoal. O bode “para o Senhor” era sacrificado (Lv 16:15) – representando o sacrifício de Cristo; o outro bode era enviado ao deserto (Lv 16:20-22) – representando Satanás, que, durante o Milênio, vagará pela Terra desolada e desértica (Ap 20:1-3).

Assim, sendo Azazel símbolo de Satanás, como entender, em Levítico 16:10, a expressão “para fazer expiação [kaphar] por meio dele”? Se esse bode não era imolado em sacrifício, como participa da expiação?

Frank B. Holbrook, em sua obra O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2002), na página 143, argumenta, com propriedade, que o vocábulo “expiação” (kaphar) tem mais de um significado na Bíblia:

1. Expiação em sentido “redentivo”, Isso se dava quando o pecado do penitente era perdoado e apagado por meio da morte de um substituto. Essa expiação redentiva é a mencionada em Levítico 4:34- 35: “Então, o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado e o porá sobre os chifres do altar do holocausto. [...] Assim, o sacerdote, por essa pessoa, fará expiação [kaphar] do seu pecado que cometeu, e lhe será perdoado.” O mesmo tipo de expiação era feito com o sangue do ”bode para o Senhor” (Lv 16:15-19). Essa expiação “redentiva” era símbolo da que é efetuada pelo precioso sangue de Cristo, “como de cordeiro sem defeito e sem mácula” (1 Pe 1:19).

2. Expiação em sentido “punitivo”, quando o pecador perde a vida devido ao castigo por seus delitos. No livro de Números, ocorrem dois exemplos de expiação ”punitiva”:

1) quando o imoral simeonita Zimri e sua parceira sexual Cosbi foram atravessados com uma lança pelo sacerdote Fineias (ver Nm 25:6-18). É dito que, com a morte desses dois pecadores impenitentes, se fez “expiação [kaphar] pelos filhos de Israel” (Nm 25:13);

2) quando um homicida era executado por seu crime (ver Nm 35:16, 30-33). Com isso, Deus deixou claro que ”o sangue profana a terra; nenhuma expiação [kaphar] se fará pela terra por causa do sangue que nela for derramado, senão com o sangue daquele que o derramou” ( Nm 35:33).

Esse tipo de expiação punitiva é a que acontecia com o bode emissário (Lv 16:10), o qual levava sobre si, não vicariamente, mas punitivamente, os pecados confessados, perdoados e apagados do povo de Israel. O bode Azazel é símbolo apropriado de Satanás, autor e instigador de todo o pecado, o qual levará sobre si, durante mil anos,
os pecados que fez o povo de Deus cometer.

Interessante é que Ellen G. White também fala em expiação nos aspectos “punitivo” e “redentivo”:

“Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado será encerrada pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores” [Patriarcas eProfetas, p. 358 [grifos acrescentados]).

E então, participa Satanás da expiação? A resposta é ”sim”, se levarmos em conta a expiação “punitiva”, e “não”, se temos em vista a expiação “redentiva”, a qual é feita somente através de Jesus Cristo e seu precioso sangue.

Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira.

domingo, 4 de novembro de 2012

Quem representa o bode Azazel?



Os Adventistas são freqüentemente criticados, através de publicações preconceituosas e destituídas de embasamento bíblico, de fazerem de satanás um “co-redentor”, juntamente com Cristo, devido à interpretação que damos à figura do bode utilizado no serviço do santuário de Israel, no Dia da Expiação. Entretanto, um estudo coerente e livre de preconceitos mostrará que a Igreja Adventista está correta em sua interpretação acerca desse bode, chamado de AZAZEL. Vejamos...



O DIA DA EXPIAÇÃO

Lv 16:1-34 traz a descrição dos eventos que ocorriam no Dia da Expiação, que era o encerramento do calendário judaico, e a ocasião na qual se realizava uma “purificação” do santuário (v. 19).

O v. 5 declara que os dois bodes seriam tomados para servirem de oferta pelo pecado, porém os vv. 7-9 mostram que era feito um “sorteio” (heb. GOWRAL) para saber qual seria o bode que realmente seria utilizado no serviço de expiação. O v. 5 diz que os dois eram, inicialmente, tomados como oferta pelo pecado (heb. CHATTAAH), porque ainda não havia sido realizado o sorteio; por isso, a princípio, os dois eram apresentados como podendo ser o animal da oferta pelo pecado.

Os vv. 9-10 descrevem claramente que havia uma visível diferença na participação dos dois bodes, pois apenas um era oferecido como oferta, enquanto que o outro (o chamado AZAZEL, ou “bode emissário”) deveria ser levado ao deserto, para morrer por lá, sem ter seu sangue derramado no serviço do Dia da Expiação, no santuário. Ora, o próprio livro de Levítico esclarece que apenas pelo sangue se poderia fazer a expiação pelos pecados (17:10-12), por isso não se pode afirmar, com base bíblica, que o bode AZAZEL também seria um tipo de Cristo, pois o seu sangue não era derramado (cf. Hb 9:22).

Para deixar mais claro ainda, temos a límpida declaração do v. 20, que diz que apenas após ter “acabado” (heb. KALAH) o serviço da expiação pelos pecados, é que o bode vivo deveria ser trazido, ou seja, é evidente que ele não participava em nenhum momento da cerimônia de expiação.



Portanto, não é correto dizer que os Adventistas fazem de satanás um co-participando no plano de redenção, tomando-se como base para tão absurda declaração o nosso ensinamento sobre a figura de AZAZEL ser um símbolo de satanás, pois a Bíblia é bastante clara em afirmar que ele levará sobre seus ombros o peso de ter sido o mentor da destruição da raça humana, através do pecado (cf. Ap 20:1-10; 12:9-12; Lc 13:16; At 5:3; etc.).

Dos dois bodes, como vimos, apenas um tinha parte no plano da redenção esboçado no serviço do santuário – e este era aquele que derramava seu sangue, prefigurando ao sacrifício de Jesus na Cruz do Calvário.



Prof. Gilson Medeiros

www.elpisteologia.net

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