SÉCULO I
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados, Sábado
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados, Ellen White
Segue a transcrição, de forma sucinta, dos Dez Mandamentos conforme apresentados no livro Os Escolhidos (versão na linguagem de hoje do livro Patriarcas e Profetas, cap. 27, de Ellen G. White):
1. “Não terás outros deuses além de Mim” (Êxodo 20:3). Qualquer coisa que acariciamos, que tenda a minimizar o nosso amor a Deus ou venha a interferir no culto que deve ser prestado somente a Ele, fazemos disso um deus.
2.“Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem. […] Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto” (Êxodo 20:4). A intenção de representar o Eterno por meio de objetos materiais rebaixa nossos conceitos de Deus. Nossa mente é atraída para a criatura e não para o Criador. Quando os conceitos a respeito de Deus são rebaixados, da mesma forma o homem também é degradado.
3. “Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o Seu nome em vão” (Êxodo 20:7). Esse mandamento nos proíbe de usar o nome de Deus de maneira descuidada. Ao mencionar Deus impensadamente na conversação comum e pela frequente repetição irrefletida de Seu nome, nós O desonramos.
4. “Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo” (Êxodo 20:8). O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como um tempo que foi estabelecido desde a criação. […] O sábado é um sinal de nossa lealdade a Ele. O quarto mandamento é o único entre os dez que traz tanto o nome como o título do Legislador, o único que mostra por autoridade de quem a lei foi dada. Portanto, ele contém o selo de Deus. […] Todo trabalho desnecessário deve ser estritamente evitado.
5.“Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá” (Êxodo 20:12). Os pais têm o direito a um grau de amor e respeito que a nenhuma outra pessoa devem ser dados. Rejeitar a legítima autoridade dos pais é rejeitar também a autoridade de Deus.
6.“Não matarás” (Êxodo 20:13). Todos os atos de injustiça praticados (até mesmo desejar intimamente o mal de alguém), ser negligente no cuidado dos necessitados e até o excesso de trabalho que venha a prejudicar a saúde – todas essas coisas, em maior ou menor grau, são uma forma de transgressão ao sexto mandamento.
7.“Não adulterarás” (Êxodo 20:14). A lei de Deus requer pureza não somente na vida exterior, mas também quanto às intenções e emoções secretas do coração.
8.“Não furtarás” (Êxodo 20:15). Esse mandamento exige estrita integridade nos mínimos detalhes da vida. Proíbe negócios duvidosos e requer o pagamento justo de dívidas e salários. Toda tentativa de obter vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outros é registrada como fraude nos livros do Céu.
9.“Não darás falso testemunho contra o teu próximo” (Êxodo 20:16). Toda intenção de enganar se constitui uma falsidade. Um olhar, um movimento da mão, uma expressão do rosto podem representar uma falsidade tão eficaz quanto o que se diz por palavras. Toda tentativa de prejudicar a reputação do próximo é considerada uma transgressão do nono mandamento.
10.“Não cobiçarás” nada do teu próximo (Êxodo 20:17). Esse mandamento atinge a própria raiz de todos os pecados; proíbe o desejo egoísta, do qual nasce o ato pecaminoso.
Via Megaphone Adventista
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados, Ellen White
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados, Sábado
“Pois até à Lei, havia pecado no mundo; o pecado, porém, não é levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte imperou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram de modo semelhante à transgressão de Adão, que é figura daquele que devia vir” (A Bíblia de Jerusalém).
Muitas interpretações têm sido apresentadas para estes versos, mas o caminho mais fácil para uma solução, de acordo com o que Paulo tencionava dizer, é estudá-los no contexto dos versos 12 a 21. Ele nos relata que Adão através de seu pecado trouxe a morte para todos os homens, mesmo àqueles que não pecaram a sua semelhança.
Adão, o primeiro homem, é um tipo de Cristo, que Paulo chama de “segundo homem” ou “o último Adão” (1Coríntios 15:45 e 47). É digno de menção que o único vulto do Velho Testamento a ser chamado expressamente de tipo de Cristo é Adão. (Há personagens do Velho Testamento que implicitamente são tratados como “tipos” de Cristo, sendo talvez o mais notável Melquisedeque).
A frase de Thomas Goodwin, presidente do Magdalene College, de Oxford, é muito significativa: “Diante de Deus há dois homens, Adão e Jesus Cristo, e todos os outros estão pendurados em seus cinturões“.
O relato bíblico nos informa que quando um homem falha Deus escolhe outro para o substituir (Davi substituiu Saul).
A desobediência de Adão trouxe a morte para todos, a obediência de Cristo trouxe vida a todos que O aceitaram.
Sobre esta verdade, assim se expressou F.F. Bruce:
“Assim, se a queda de Adão colocou toda a sua posteridade sob o domínio da morte, a obediência de Cristo introduziu triunfalmente uma nova raça nos domínios da graça e da vida” (Comentário de Romanos, pág. 104).
Não esquecer que Cristo é um tipo de Adão por contraste.
Em Adão encontramos um ato de transgressão (Versos 12, 15, 17, 19).
Em Cristo, um ato de Justiça (Verso 18).
Em Adão, todos condenados à morte.
Em Cristo todos têm a possibilidade da justificação para a vida.
O Problema do Texto
Vários comentaristas têm achado este texto muito difícil, e até apresentado explicações que não podem ser aceitas, por colidirem com outras doutrinas da Bíblia.
“Todavia, a morte imperou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram de modo semelhante à transgressão de Adão…”
Em poucas e simples palavras, o verso nos mostra que a morte reinou devido à transgressão de Adão, por que então morrer? O argumento de Paulo é que, pelo pecado de Adão, todos pecaram mesmo antes da lei ter sido dada por escrito no Sinai (verso 13).
O comentarista Nygreen diz o seguinte sobre esta passagem:
“Adão tinha recebido definido mandamento de Deus, instruindo-o com respeito ao seu comportamento. Portanto quando ele pecou, sua ação tinha o caráter de direta transgressão. Antes de falar em transgressão precisa haver um mandamento ou uma lei. Tal era o caso de Adão, mas não o caso daqueles que vieram depois, até que a lei foi dada através de Moisés”.
Havia ou não lei desde Adão até Moisés?
A leitura de apenas dois versos (14 e 15) de Romanos 2 esclarece esta pergunta:
“Quando, pois, os gentios que não têm lei procedem por natureza de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos.
Estes mostram a norma da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes a consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se”.
Duas expressões precisam ser realçadas destes versos:
Eles possuíam a lei da consciência.
A lei gravada no coração era a mesma escrita em tábuas de pedra.
De vários comentários lidos, o mais expressivo a meu ver é o do The Interpreter’s Bible, vol. 9, pág. 464, que se segue:
“A dificuldade que acabamos de mencionar é o de explicar a morte como penalidade do pecado em vista do fato de que a morte reinou de Adão até Moisés. Pode-se argumentar que, uma vez que foi Moisés quem deu a lei, não poderia haver transgressão nem portanto punição pela transgressão antes de seu tempo; porém, a morte havia de fato reinado. A resposta de Paulo não é tão persuasiva quanto se ele houvesse aqui feito uso da concepção de ‘lei natural’ à qual aludira anteriormente (2:14-15). Sua verdadeira resposta é dizer que embora o pecado não seja levado em conta onde não há lei, ele estava, não obstante, no mundo.
Mas poder-se-ia perguntar: ‘Se não era levado em conta, por que então deveria o homem morrer por causa dele? Cogita-se por que Paulo não responde apelando para a lei ‘gravada no coração’. Em outras palavras, a lei foi dada muito antes de Moisés, e Deus estava assim em posição de ‘levar em conta’ e punir o pecado desde o princípio. A descrição dos que foram desde Adão até Moisés como aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão pode ajudar a explicar o silêncio de Paulo aqui. Sanday e Headlam entendem a frase ‘não … à semelhança da transgressão de Adão ‘como significando ‘não em violação de um mandamento expresso'”.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
Para melhor compreender este verso é preciso estudá-lo bem no seu contexto, especialmente Colossenses 2:14-17:
“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.
Nosso estudo tem como finalidade primordial provar que a palavra “sábados”, de Colossenses 2:16, se refere aos sábados cerimoniais; logo, é distinta do vocábulo sábado – o sétimo dia da semana. O termo sábado é usado 59 vezes em o Novo Testamento para o sétimo dia da semana e uma vez, no plural, nesta passagem, com referência a festas cerimoniais.
Os que se opõem à lei de Deus se apegam a algumas passagens, que no seu entender “refutam o conceito sabatista”. Dentre estas passagens, uma das mais citadas é Colossenses 2:16.
Russell Norman Champlin apresenta extenso comentário para este verso visando provar que o vocábulo “sábados” se refere ao sábado do quarto mandamento. Segue-se uma pequena parte:
“… ou sábados … O plural com frequência representa o singular, talvez por analogia com ‘dias de festa’ (plural). Alguns eruditos pensam que o sábado normal está particularmente em foco, neste ponto ou pelo menos, que o mesmo não é excluído… Mas parece certo que está mesmo em foco o sétimo dia da semana (e que o plural é usado em lugar do singular)” (O Novo Testamento Interpretado, vol. 5, pág. 124).
Valter R. Martin, no livro The Truth About Seventh-day Adventism, se valeu da mesma dialética e textos bíblicos usados pelas igrejas tradicionais para refutar algumas de nossas crenças, como a vigência da lei e do sábado na dispensação cristã. Como prova de que os cristãos não necessitam mais de guardar o sábado ele menciona Colossenses 2:13-17:
“Primeiro, nós que estávamos mortos, temos sido vivificados em Cristo, e foram-nos perdoados todos os nossos pecados e transgressões. Somos livres da condenação da lei em todos os seus aspectos, pois Cristo assumiu nossa condenação na cruz. Como já foi observado, não há duas leis, moral e cerimonial, mas apenas uma lei contendo muitos mandamentos, todos perfeitamente cumpridos na vida e morte do Senhor Jesus Cristo”.
Na página 162 ele afirma: “De todas as declarações do Novo Testamento, estes versos são os que mais fortemente refutam a reivindicação sabatista para observar o sábado judeu”. Declara ainda que “o sábado como lei se cumpriu na cruz e não é mais obrigatório para os cristãos”.
Crê ele que estamos desobrigados de guardar a lei porque ela é contra nós e foi pregada na cruz. Afirma que suas declarações são irrefutáveis porque se baseiam em leis da gramática e no contexto.
Cremos nós que suas afirmações são facilmente contestadas.
1º) Não há diferença entre lei moral e cerimonial.
Inúmeros comentaristas protestantes fazem esta distinção. Mateus Henry, presbiteriano, em seu Comentário das Escrituras, declarou:
“Sob o Evangelho ficamos libertos do jugo da lei cerimonial e da maldição da Lei moral…”.
“A lei moral não foi senão para a localização da ferida, e a lei cerimonial serviu como sombra precursora do remédio; Cristo, porém, é o fim de ambas”.
A Confissão de Fé de Westminster, A Segunda Confissão Helvética, e outros credos protestantes, assinalam as diferenças entre estas duas leis.
2º) A lei foi cumprida pela vida e morte de Cristo.
Sim Cristo cumpriu a lei, mas isto jamais quis dizer que a lei foi anulada, significa sim que o Senhor Jesus viveu inteiramente de conformidade com a lei. Se cumprir a lei significa suprimi-la, cumprir a justiça de Mateus 3:15, quer dizer extingui-la. Esta afirmação é simplesmente absurda.
3º) A lei é contra nós.
Como pode alguma coisa que é contra nós ser chamada pelo apóstolo Paulo de santa, justa e boa (Romanos 7:12)? Paulo jamais condenou a lei, mas, sim, o mau uso da lei (legalismo). Em seus escritos ele salientou bem esta verdade: A lei não tem função salvadora.
Em sua defesa de que o termo “sábados” de Colossenses 2:16 se refere ao sétimo dia da semana, Walter R. Martin cita Vine, Alford e Vincent como autoridades que defendem a conveniência de traduzir a palavra “sábados” pelo singular sábado. Acrescenta ele que “a erudição moderna e conservadora estabelece a tradução singular de sábado”.
Esta não é bem a realidade, desde que os eruditos não defendem que é preciso traduzi-la no singular, mas meramente afirmam que pode ser traduzida de uma ou de outra maneira.
Não podemos desconhecer o fato de que muitas formas plurais, tanto na Septuaginta como em o Novo Testamento, devem ser traduzidas pelo singular, como nos confirmam as seguintes passagens: Êxodo 16:23 e 25; 20:8; Deuteronômio 5:12; Mateus 12:1; 28:1; Lucas 4:16.
Várias explicações têm sido apresentadas para esta peculiaridade da língua grega, porém, a que mais nos satisfaz é a do eminente estudioso A. F. Robertson, em A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research, págs. 95, 105. Sugere ele que as duas formas, sábbaton e sábbata, conquanto aparentemente sejam o singular e o plural da mesma palavra, em realidade são o singular de palavras diferentes. Defende ele que o termo hebraico shabbath, “sábado”, é a fonte lógica do termo comum grego sábbaton. Nos tempos pós-exílicos, porém, o aramaico era generalizadamente usado na Palestina, e seu termo para “sábado” é shabbethá, palavra que bem poderia haver sido introduzida no grego como sábbata. Assim sábbaton foi sempre um termo singular, ao passo que sábbata poderia ser singular ou plural, dependendo se era usada como derivada do aramaico ou como o plural de sábbaton.
Diante desta exposição é evidente que o nosso argumento do uso do plural em Colossenses 2:16 para os sábados cerimoniais não apresenta muita estabilidade, em face de que o original sábbaton, ali usado, pode tanto ser singular como plural.
O argumento mais válido para comprovar a natureza cerimonial desses “sábados” se encontra em seu contexto.
O “sábado” a que o apóstolo Paulo se refere está relacionado com comidas, bebidas, festas judaicas e lua nova. Eram observâncias dos judeus que Paulo classifica como sombras das coisas futuras. A frase “sombra das coisas futuras” ou “que haviam de vir”, como aparece em outras traduções, é a chave que nos abre o entendimento para a compreensão do verso 16.
O Comentário Bíblico Adventista acrescenta: “Todos os itens alistados neste verso são sombras ou tipos representativos da realidade que é Cristo”.
Sobre esta passagem, Albert Barnes, comentador presbiteriano, bem observou:
“Não existe nenhuma evidência nesta passagem que ele (Paulo) pudesse ensinar de não haver nenhuma obrigação de observar algum tempo sagrado, porque não há a mais leve razão para crer que ele pretendesse ensinar que um dos dez mandamentos tivesse cessado a sua obrigatoriedade para o ser humano. Ele tinha seus olhos sobre o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festas, como parte de sua lei cerimonial e típica, e não a lei moral ou os dez mandamentos. Nenhuma parte da lei moral, nenhum dos 10 mandamentos poderia ser chamado como ‘uma sombra das coisas por vir’.Estes mandamentos são da natureza da lei moral, de aplicação perpétua e universal”.
Infelizmente existem pessoas bem intencionadas, mas pouco esclarecidas quanto às doutrinas bíblicas que desconhecem o fato de que as Escrituras mencionam o sábado da criação ou do decálogo e os sábados, feriados religiosos dos judeus, que caíam nos diferentes dias da semana como acontece com as nossas datas cívicas, natalícias etc.
Nesses dias festivos havia uma “santa convocação”, pois eram também dias de descanso, por isso a mesma palavra hebraica é usada para o sábado e para os dias de festa.
João 19:31 é assim traduzido em A Bíblia na Linguagem de Hoje:
“Então os líderes judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos que tinham sido crucificados e mandasse tirá-los das cruzes. Pediram isso porque era sexta-feira e não queriam que, no sábado, os corpos ainda estivessem nas cruzes. E aquele sábado era especialmente santo”.
A razão para esta santidade especial é simplesmente esta. Nele também se comemorava a páscoa, outro dia feriado, dia de descanso, isto é, outro sábado cerimonial.
Nos capítulos 16 e 23 de Levítico, e 28 e 29 de Números, estão enumerados os chamados sábados cerimoniais, ou sejam: o Dia da Expiação, a Páscoa, a Festa dos Pães Asmos, a Festa da Colheita (ou Pentecostes), a Festa das Trombetas e a Festa dos Tabernáculos.
Arnaldo Christianini, em Subtilezas do Erro, pág. 110 escreveu:
“É irrecusável que a Bíblia chama de ‘sábados’ estes dias festivais que nada tinham a ver
com o descanso semanal, ou o sábado do decálogo. Estes sábados cerimoniais estavam no livro de Moisés, e não nas tábua dos dez mandamentos, que só mencionam o sábado do sétimo dia, comemorativo da Criação, ‘porque em seis dias fez o Senhor os céus, a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou'” (Êxodo 20:11).
“Os sábados festivais foram instituídos no Sinai, após a entrega da lei de Deus, ao passo que o sábado semanal o foi na Criação (Gênesis 2:2-3) e incorporado na lei moral, precedido de um imperativo ‘Lembra-te‘. Não pode haver confusão. Além disso, a própria Bíblia estabelece uma linha divisória entre eles, no verso 38, de modo a não deixar dúvidas: ‘Estas são as festas do Senhor independentemente dos sábados do Senhor.’ E também independentemente de ofertas, sacrifícios e outras exigências. Eram festas especiais e soleníssimas. Bem distintas. Convenhamos que os sábados do Senhor, os do sétimo dia, já existiam quando foram instituídos os sábados festivais. ‘Exceptio sabbatis Domino…’ – diz a versão de Jerônimo”.
Sobre Colossenses 2:16 e 17, eis o que diz o mesmo autor:
“a) Estes “sábados” aí estão associados a dias de festa e Lua nova, que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados fixos. Ora, o sábado do decálogo não tem esta natureza. Não era festivo nem típico;
“b) Estes “sábados” estão incluídos entre instituições que eram ‘sombras das coisas futuras’ – prefigurações de fatos que ainda estavam por vir. O sábado do decálogo é comemorativo de um fato passado: a Criação. Não era sombras de coisas futuras. Sem dúvida, o texto se refere aos sábados cerimoniais” (pág. 112 do livro já citado).
Os comentários acima são respaldados pelas opiniões de eruditos tais como Jamieson, Fausset, Brown, Adam Clarke e Albert Barnes, entre outros, todos da comunidade evangélica.
“Em Oseias 2:11 está profetizado o fim da observância de todos os tipos de sábados por parte do povo judeu. Mas isto em função do castigo divino que tornaria a terra de Israel uma desolação, com a destruição do templo e seus serviços religiosos. Basta ler o contexto da passagem, ou mesmo to do o livro de Oséias, para percebê-lo” (O Atalaia, dezembro de 1977, pág. 22).
A citação de Colossenses 2:14-17 como prova de anulação do quarto mandamento do decálogo é um dos maiores disparates no campo da exegese bíblica.
Walter R. Martin acusa os adventistas de não fazerem exegese (explicação correta), mas eisegesis (extrair um sentido não explícito). Além disso ainda nos acusa de ignorarmos a gramática e o contexto. São incríveis suas afirmações quando se constata que não há nada no contexto para provar que a expressão “sábados” se refira ao sétimo dia da semana.
Temos uma destas provas na tradução de Colossenses 2:17 em O Novo Testamento Vivo:
“Estes eram preceitos apenas temporários, que terminaram quando Cristo veio. Eram apenas sombras da realidade do próprio Cristo”.
Paulo torna claro este fato: os ensinos bíblicos visando orientar os homens para a vinda de Cristo perderam toda a significação após a Sua vinda.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados, Sábado
Uma das afirmações mais absurdas no domínio da exegese de passagens bíblicas é a referente a Mateus 5:17, última parte: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir”.
Que argumentos podem ser invocados para concluir que cumprir a lei signifique não estar mais em vigor?
Apenas um desconhecimento completo do significado das palavras pode levar alguém a afirmar que cumprir signifique apenas cessar, deixar de vigorar. Embora a palavra tenha também este significado, qualquer dicionário nos informará que significa também: observar, obedecer, realizar, completar. A prova máxima, e que o sentido dado por Mateus não é o de cessar ou deixar de vigorar, se encontra na mesma passagem e no verso seguinte: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas”. “Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei”.
Com propriedade escreveu Arnaldo Christianini, em Subtilezas do Erro: “Cumprir não é fazer passar uma lei ou cessar-lhe a vigência, por tê-la satisfeito em exigência ou atendido a seus preceitos, pois se o fosse, então seria nada menos do que ab-rogá-la pura e simplesmente. Mas, no texto, Cristo declarou inequivocamente: não vim ab-rogar. Diz o grande lexicógrafo Webster: ‘cumprir é obedecer‘. É um atendimento à exigência legal, uma satisfação ao preceito. Um cidadão cumpre o dever de votar, por exemplo. Extingue-se a instituição do voto, por ele tê-lo cumprido? Não! A exigência é permanente; o cumprimento é transiente. O cumprimento afeta a pessoa, não a exigência; liga a pessoa à exigência, mas não remove a exigência. Esta só é removível por força de lei superior que expressamente o declare. É princípio de direito e de doutrina. Cristo cumpriu o batismo, mas não o aboliu. Em Gálatas 6:2, se diz: ‘Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo’. Imagine o leitor, se isto significa abolir!”
O que os comentaristas bíblicos disseram sobre esta expressão nos ajuda a equacionar o problema de acordo com o sentido que Cristo lhe deu.
J. Broadus explica Mateus 5:17 assim: “Cumprir é a tradução de uma palavra grega, significando tornar claro, encher… Significa executar plenamente, realizar, aplicado a qualquer obra ou dever”.
Strong, por ser batista, pensa de modo diferente do nosso com respeito à lei, por isso suas a firmações sobre a lei são valiosas. Em sua Teologia Sistemática, comentando Mateus 5:17, afirma: “Jesus devia cumprir a lei e os profetas mediante completa execução da vontade revelada de Deus… Desde que a lei é um transcrito da santidade de Deus, suas exigências como uma regra moral são imutáveis”.
Spurgeon, referindo-se a Mateus 5:17, declarou: “Para mostrar que Ele jamais pensou em ab-rogar a lei, nosso Senhor exemplificou (cumpriu) todos os preceitos em Sua própria vida”.
Jamieson, Fausset e Brown afirmam ser este o sentido de Mateus 5:17: “Não espereis encontrar em meu ensino algo de derrogativo aos oráculos do Deus vivo. Não vim ab-rogar, mas estabelecer a Lei e os Profetas”.
Não há necessidade de acrescentar mais nenhuma prova.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados
Por Joe Crews
Falsificações confusas de Satanás
Suponha que você tivesse que resumir a Bíblia inteira em apenas duas palavras. Que palavras você escolheria? Eu tenho pensado sobre isso, e eu acredito que pecado e a salvação pode ser a resposta mais precisa. Afinal, Satanás entrou em cena muito cedo para levar o homem ao pecado e para roubar sua salvação. Aliás, que também foi o ponto de viragem para a família humana. Você vê, Deus tinha tudo com base na obediência. Ele tinha fornecido todos os presentes maravilhosos de vida, de caráter justo, domínio sobre a terra, e uma bela casa no Jardim. Então, Ele prometeu que essas bênçãos iriam continuar sem interrupção com uma única condição: Obedeça e viva, desobedece e morre.
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados, Amazing Facts, Fé
Um dos livros menos conhecidos de John Bunyan é intitulado Vida e morte do Sr. Homem-mau.[1] Nele, Bunyan narra a história de um indivíduo que era “completamente corrupto” desde a sua mocidade. Mesmo em sua infância, ele era o “cabeça dos pecadores” entre as demais crianças. Ele era muito dado a furtar, começando com pequenos atos como roubar frutas de pomares. Contudo, pecadilhos não confrontados inevitavelmente crescem mais e mais. Assim foi com o Sr. Homem-mau.
Depois de algum tempo, o Sr. Homem-mau decidiu que queria uma esposa, ou, mais especificamente, o dinheiro dela. Seguindo os perversos conselhos de seus companheiros ímpios, ele simulou religiosidade e conquistou a mão de uma donzela piedosa e rica. Credores prontamente vieram a ele em busca do dinheiro do casal. Com o dinheiro de sua esposa piedosa, ele lhes pagou o valor dos bens que prodigamente adquirira para os seus amores ilícitos. Sua esposa morreu de coração partido, porém descansando em Cristo, seu Salvador. Contudo, o Sr. Homem-mau continuou descendo pelo caminho da destruição.
O oitavo mandamento – “Não furtarás” (Êxodo 20.15) – parece direto na superfície. A maioria das pessoas confiantemente declara: “Eu jamais roubei um banco, logo, sou bom nesse particular”. Contudo, a Palavra inspirada do Deus que conhece a profundidade de nossos corações pecaminosos pinta um quadro muito mais amplo do que é proibido e requerido nesse mandamento. Foi esse o discernimento dos pastores e teólogos de Westminster, os quais conheciam as habilidades de seus corações manchados pelo pecado.
A base desse mandamento é o direito divino de propriedade: o fato de o Criador haver “de tal modo constituído o homem, que ele deseja e necessita do direito à exclusiva posse e gozo de certas coisas. […] [Essa] é a única segurança para o indivíduo e para a sociedade” (Charles Hodge). Assim, o mandamento nos proíbe de tomar injustamente qualquer coisa que não seja propriamente nossa. O furto pode assumir muitas formas, incluindo o roubo (Marcos 10.19), o seqüestro (Êxodo 21.16), o tráfico de seres humanos (1 Timóteo 1.10), a receptação de coisas furtadas (Provérbios 29.24), as transações fraudulentas (1 Timóteo 3.8), o uso de pesos e medidas falsos (Provérbios 20.10), a violação dos marcos de propriedade (Deuteronômio 19.14), a injustiça nos contratos (Deuteronômio 24.15), a extorsão (Salmo 62.10), os contratos de empréstimo imorais (Salmo 37.21), o tomar emprestado e não devolver (Êxodo 22.14), o ingresso em demandas forenses injustas (1 Coríntios 6.7), o plágio e assim por diante (ver Catecismo Maior de Westminster, P&R 142). O furto envolve não apenas a propriedade tangível, mas também reputações e idéias. Nossos tempos modernos e tecnologicamente avançados trouxeram à tona inúmeros modos de o coração pecaminoso e maquinador obter aquilo que não é seu por direito.
Na grande cidade de Éfeso, Paulo ministrou por três anos em sua terceira jornada missionária. Ele passou dois daqueles anos na escola de Tirano (Atos 19.9-10). Depois de ensinar durante o dia e passar tempo com seus pupilos, Paulo provavelmente se ocupava em seu ofício de fazer tendas, no amanhecer e no entardecer. Não surpreende, portanto, que ele diga na epístola aos Efésios: “Aquele que furtava, não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha que repartir com o que tiver necessidade” (Efésios 4.28). Em síntese, ele condena o furto e recomenda o trabalho diligente.
Isso naturalmente nos leva a considerar os deveres requeridos no oitavo mandamento, isto é, “a lícita obtenção e aumento das riquezas e do estado exterior, tanto nosso como do nosso próximo” (Breve Catecismo de Westminster, P&R 74). Nós recebemos a oportunidade e o privilégio de trabalhar, a fim de encontrarmos satisfação e realização no trabalho, de modo que possamos licitamente sustentar a nós mesmos e nossa família, assim como estar aptos a aliviar, de modo caridoso e generoso, as necessidades legítimas de outros. Desse modo, o nosso trabalho deve ser feito com diligência e alegria, pela percepção de que, em última instância, estamos servindo ao Senhor e Cristo (Colossenses 3.23-24). Paulo disse com franqueza aos crentes de Tessalônica: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2 Tessalonicenses 3.10). Ele falou isso como ummandamento (vv. 10, 12), não uma sugestão. Quando o final do dia chega, depois de havermos labutado com diligência e honestidade (e alegria) e colhido o fruto de nossos esforços, precisamos reconhecer que tudo o que temos vem da mão bondosa e graciosa de Deus. Ele escolheu nos abençoar e aquilo que recebemos dele não nos foi dado para desperdiçarmos, abusarmos ou perdermos. “O que é negligente na sua obra é também irmão do desperdiçador” (Provérbios 18.9, ACF).
O que aconteceu com o Sr. Homem-mau afinal? Ele chegou ao fim de sua vida enfermo em seu corpo e tão desesperadamente perdido quanto o ladrão impenitente do Calvário. A fim de não pensarmos presunçosamente que não somos semelhantes a ele em seu caminho de roubo, precisamos ser lembrados de que somos todos violadores da lei. Nossos primeiros pais furtaram da árvore proibida e todos os seus descendentes têm sido ladrões desde então. Os ladrões de todos os demais violadores da lei de Deus precisam ser lavados, santificados e justificados por intervenção divina (1 Coríntios 6.10-11). Contudo, o fato de vivermos como pecadores perdoados que foram lavados no sangue de Cristo não nos isenta da tentação de furtar. Precisamos vigiar atenta e constantemente os nossos corações e estar cônscios das sutilezas do pecado e da ardileza do tentador. Sendo assim, que lutemos para viver de modo irrepreensível, de modo a não levantar em ninguém a menor suspeita de que sejamos parentes do Sr. Homem-mau.
Notas:
[1] N.T.: “The Life and Death of Mr. Badman”, sem tradução em português.
Por: Robert W. Carver. © 2015 Ligonier Ministries. Original: You Shall Not Steal.
Este artigo faz parte da edição de junho de 2015 da revista Tabletalk.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Não Furtarás.
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados
Marcadores: A Lei de Deus e Temas Relacionados
You can replace this text by going to "Layout" and then "Page Elements" section. Edit " About "