Segundo algumas pessoas, o fato de a Bíblia não mencionar
tarde e manhã em relação ao dia de sábado, em Gênesis 2:1-3 (como ocorre com os
demais dias da semana em Gênesis 1), “significa que o repouso no sétimo dia não
é literal”. Porém, por mais lógica que possa parecer o argumento, ele é
insustentável à luz de uns poucos textos bíblicos:
Gênesis 2:3: “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou;
porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.”
O sétimo dia é chamado de “dia” e aparece sequencialmente
após o sexto dia da semana da criação (Gênesis 1:31). Indiscutivelmente, isso
significa que o sétimo dia seria de 24 horas, assim como o dia anterior, o
sexto dia.
Um dos motivos para não ser necessária a utilização da
sentença tarde e manhã em relação ao sétimo dia, é o fato deste ter sido o
último dia da semana, não havendo um oitavo dia sequencialmente, por exemplo.
Os demais dias da semana foram seguidos de tarde e manhã porque viria um dia
“diferente” na sequência (primeiro dia, segundo dia, terceiro dia, quarto dia,
quinto dia, sexto dia). Como, após o sábado, não existiria outro dia
“diferente” (o novo ciclo semanal apenas iniciaria novamente no “primeiro
dia”), nenhuma necessidade existiria em dizer: “houve tarde e manhã, o sétimo
dia”.
Êxodo 20:11: “porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a
terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o
SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.”
O claro mandamento de Êxodo 20:8-11 leva a mente do leitor
para a criação. Neste verso há a sentença: “porque, em seis dias fez o Senhor
os céus…”. Só quem não quer não enxerga que Moisés está associando Êxodo
20:8-11 a Gênesis 2:1-3, de modo que a alegação de alguns “apologistas”, de que
não se deve guardar o sábado “porque não encontramos a palavra sábado em
Gênesis” é absurda, para não dizer, no mínimo, ridícula.
Isso indica que, se Deus tinha em mente um dia de 24 horas para
Israel adorá-Lo, é óbvio que Ele está indicando que o sábado prescrito no Éden
também tinha 24 horas. O argumento divino para os Israelitas observarem o
sábado, desviando-se assim da idolatria praticada pelas nações vizinhas, só
teria peso se Ele estivesse pedindo que eles observassem um dia de 24 horas
conforme havia sido dado na criação.
Além disso, se o sábado fosse somente um “símbolo do
descanso eterno”, seria totalmente desnecessário Deus exigir do povo de Israel:
“Lembra-te” (do dia de sábado).
É óbvio que a lembrança foi exigida porque o dia estava
sendo esquecido, e porque o Senhor esperava uma observância literal do sábado,
dentro de um período de tempo de 24 horas.
Êxodo 16: o milagre do maná – Quando eles trabalharam no
sábado (Êxodo 16:27), indo à procura do maná ou pão do céu que Deus já havia
enviado em dobro no sexto dia da semana (Êxodo 16:22-26), o Senhor em Seu amor
os repreendeu: ” Até quando vocês se recusarão a obedecer aos meus mandamentos
e às minhas instruções?” (Êxodo 16:28).
Essa repreensão só teria razão de existir se o sábado
tivesse sido compreendido não como um descanso simbólico, mas como um momento
de adoração dentro de um intervalo de tempo literal.
Gerhard F. Hasel, em seu artigo Dias Literais ou Períodos de
Tempos Figurados?, foi convincente na quantidade de dados que apresentou para
comprovar a literalidade de todos os dias da criação, inclusive do sábado, como
possuindo 24 horas. Ele diz que “os seis “dias” da criação associam-se em todas
as instâncias com um numeral, na sequência de 1 a 6 (Gênesis 1:5, 8, 13, 19,
23, 31). O dia seguinte ao “sexto dia”, o “dia” em que Deus repousou, é
designado como o sétimo dia [Gênesis 2:2 (duas vezes), e verso 3]. O que parece
ser significativo é a ênfase dada à sequência dos numerais de 1 a 7, sem
qualquer hiato ou interrupção temporal. Este esquema de sete dias, o esquema da
semana de seis dias de trabalho seguidos por um sétimo dia como dia de repouso,
interliga os dias da criação como dias normais em uma sequência consecutiva e
ininterrupta. Quando a palavra yôm, “dia”, é empregada juntamente com um
numeral, o que acontece 150 vezes no Velho Testamento, refere-se
invariavelmente a um dia literal[1] de 24 horas.[2]”.
Que você, amigo leitor, deixe de lado argumentos
aparentemente lógicos que, na realidade, são insustentáveis. Que sua decisão
seja a mesma do povo de Israel após uma conscientização de que Deus deseja
nossa adoração e obediência, apesar de imperfeitas:
“Então o povo descansou no sétimo dia.” (Êxodo 16:30).
[1] Segundo Hasel, “A única exceção, em números de 1 a 1000,
encontra-se em um texto escatológico em Zacarias 14:7. A expressão hebraica yôm
‘echad empregada em Zacarias 14:7 tem sido traduzida de várias maneiras: “Mas
será um dia singular” (Almeida revista e atualizada); “e haverá dia contínuo”
(New Revised Standard Version); “será dia contínuo” (Revised English Bible); ou
“o dia será um” (108). O “dia contínuo” ou o “um dia” do futuro escatológico
será um dia no qual o ritmo normal de tarde e manhã, dia e noite, como
conhecido hoje, será alterado de tal forma que naquele dia escatológico haverá
“luz à tarde” (versículo 7). É geralmente aceito que este é um texto difícil da
língua hebraica, mas que dificilmente pode ser usado para alterar o uso direto
do vocábulo em Gênesis 1”.
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