Durante a história, muitos judeus têm afirmado ser o Messias prometido no Antigo Testamento. Todos esses tiveram seguidores, mas logo o movimento deles desapareceu. Por que Jesus de Nazaré é o único Messias que ainda tem seguidores? Por que muitos judeus de Sua época acreditavam que Ele cumpria as profecias antigas? Este artigo é uma adaptação de dois textos preparados por Jacques Doukhan, intitulados
“O Messias – por que e como?” e
“O Messias – quando e quem?”. Doukhan é um estudioso judeu que acredita que Jesus é o Messias. Depois de estudar em um seminário teológico rabínico (
yeshiva), ele concluiu dois doutorados (D.H.L. e Th.D) em Bíblia Hebraica e cultura judaica. Atualmente, ele é professor de Bíblia Hebraica e diretor do Instituto de Estudos Judaico-Cristãos na Andrews University, Estados Unidos. Ele é reconhecido por judeus e cristãos.
O estudo a seguir está organizado em perguntas e respostas. Nas respostas, são citados textos do Antigo Testamento e antigos comentários judaicos. A tradução bíblica usada é a Nova Versão Internacional, salvo outra indicação. O nome próprio de Deus, Yahweh, é mencionado como SENHOR, tanto na Bíblia quanto na literatura judaica. “O Santo” é outra maneira pela qual os judeus se referiam a Deus.
1. Por que existe a necessidade de um Messias?
Deus disse a Adão e Eva:
“Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2:17). Devido ao pecado, merecemos a morte e não há nada que possamos fazer para salvar a nós mesmos.
“Depois de expulsar o homem, [Deus] colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida” (Gn 3:24).
A crença na vinda do Messias é central para a fé judaica. O artigo de fé (em hebraico,
Yigdal) nº 12 de Maimônides afirma: “[Deus] finalmente enviará Seu Messias para redimir aqueles que esperam e aguardam o fim.” Esse artigo se tornou o “Hino dos Mártires” (
Ani Maamin) durante o Holocausto nazista.
A esperança messiânica é a esperança mais antiga de Israel. Em
Gênesis 49:10, Jacó abençoa a Judá e fala sobre a vinda de Siló (o Messias). O texto hebraico diz:
“O cetro não se arredará de Judá, nem bastão de entre seus pés, até que os homens venham a Shiloh, e a Ele será a obediência dos povos” (Bíblia da Jewish Publication Society).
Números 24:17 afirma: “Eu O vejo, mas não agora; eu O avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel. Ele esmagará as frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete.” A estrela representa a vinda do Messias. É interessante notar que a estrela de David (
Magen David), que se tornou o emblema de Israel, é o símbolo da esperança messiânica.
2. Qual foi a primeira promessa de Deus para a humanidade?
Deus disse à serpente:
“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente [ou semente ou filho] dela; Este lhe ferirá a cabeça, e você Lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3:15).
A luta com o mal (
yetser ha-ra) terminará graças à vinda do Messias, porque “em seguida, o Santo (bendito seja) vai matar o mal” (
Sukkah 52a).
A ideia de “descendente” ou “semente” é muito importante nas Escrituras hebraicas. Deus prometeu a Abraão e Jacó uma descendência formada por reis, que abençoaria a todas as nações da Terra (
Gn 17:6, 16; 35:11). A esperança dos israelitas era de que um descendente de Davi seria o Rei eterno (
Sl 2; 72; 89:4, 20, 24-29, 36; 110:1, 4).
3. Quem é representado pelo “descendente” da mulher em Gênesis 3:15?
“O SENHOR disse ao meu Senhor: ‘Senta-Te à Minha direita até que Eu faça dos Teus inimigos um estrado para os Teus pés’. [...] O SENHOR jurou e não Se arrependerá: ‘Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque’” (Sl 110:1, 4).
O descendente da mulher é o Rei e sacerdote eterno. É interessante observar que, durante a história de Israel, a classe dos reis e dos sacerdotes sempre permaneceu separada. Jamais houve alguém que fosse, ao mesmo tempo, rei e sacerdote. Apenas o Messias ocuparia as duas funções.
4. Como sabemos que a “semente” da mulher em Gênesis 3:15 representa um indivíduo?
“Novamente Adão teve relações com sua mulher, e ela deu à luz outro filho, a quem chamou Sete, dizendo: ‘Deus me concedeu um filho no lugar de Abel, visto que Caim o matou’” (Gn 4:25).
Gênesis 3:15 e 4:25 possuem palavras em comum em hebraico: “descendente” ou “filho”, “mulher”. Isso mostra que existe ligação entre os dois textos. Assim como, em
Gênesis 4:25, o “descendente” é um indivíduo (nesse caso, Caim), assim também em
Gênesis 3:15.
Em
Gênesis 3:15, quem fere a cabeça da serpente é mencionado como “Ele”. Os antigos rabinos que produziram a Septuaginta (tradução grega das Escrituras hebraicas) traduziram a palavra como
autós, que é usado somente para a terceira pessoa singular masculina.
Em outras palavras, a tradução literal é aquela citada na pergunta 2:
“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente [ou semente ou filho] dela; Este [ou Ele] lhe ferirá a cabeça.”
Uma recente tese doutoral mostra que Gênesis 3:15 tem o seguinte sentido: “Porei inimizade entre você [o tentador, singular] e a mulher [singular, Eva], entre a sua descendência [coletivo plural, todos os seguidores do tentador] e a descendência [coletivo plural, todos aqueles que seguem a Deus] dela; Ele [o Messias, singular] lhe ferirá a cabeça, e você [o tentador, singular] Lhe [ao Messias, singular] ferirá o calcanhar (Afolarin Olutunde Ojewole, “The Seed in Genesis 3:15: An Exegetical and Intertextual Study” [tese de Ph.D, Andrews University, 2002]).
5. Quem é representado pela serpente?
“Naquele dia, o SENHOR, com Sua espada severa, longa e forte, castigará o Leviatã, serpente veloz, o Leviatã, serpente tortuosa; matará no mar a serpente aquática” (Is 27:1).
“Depois disso Ele [Deus] me mostrou o sumo sacerdote Josué diante do Anjo do SENHOR, e Satanás, à sua direita, para acusá-lo. O Anjo do SENHOR disse a Satanás: ‘O Senhor o repreenda, Satanás! O Senhor que escolheu Jerusalém o repreenda! Este homem não parece um tição tirado do fogo?’” (Zc 3:1, 2).
De acordo com os rabinos, a serpente, Satanás e
yetser ha-ra (o tentador) representam o mesmo poder do mal (
Baba Bathra 16a).
6. Como o Messias realizaria a salvação, de acordo com Gênesis 3:15?
“O SENHOR Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (Gn 3:21). A primeira morte (um sacrifício) ocorreu como resultado do pecado. Em hebraico, existe um jogo de palavras (trocadilho) em
Gênesis 3:15. “Ferir a cabeça” e “ferir o calcanhar” indica que a serpente seria morta quando o descendente da mulher realizasse um “sacrifício” e Ele mesmo morresse para nos libertar do mal.
7. Segundo o ritual de sacrifício, como o Messias realizaria a salvação?
“Assim o sacerdote fará propiciação [purificação do pecado] em favor dele por qualquer desses pecados que tiver cometido, e ele será perdoado. O restante da oferta pertence ao sacerdote, como no caso da oferta de cereal” (Lv 5:13).
Os rabinos acreditavam que os sacrifícios estavam relacionados ao Messias. “O rabi Eleazar disse em nome do rabi Josei: ‘Essa é uma
halakhá [lei tradicional] a respeito do Messias’” (
Zebahim 44b,
Sanhedrin 51b).
“Por que o templo sagrado é chamado de Líbano (o branco)? Porque ele embranquece os pecados de Israel” (Yoma 39).
8. Como a Bíblia descreve a natureza sobrenatural e sobre-humana do Messias?
“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os Seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is 9:6).
“E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2, Almeida Revista e Atualizada).
“Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na Terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o Seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa” (Jr 23:5, 6).
O Talmude explica o seguinte sobre Jeremias 23:5 e 6: “O Messias terá o nome do Santo (bendito seja), pois é dito em Jeremias: ‘Será este o Seu nome, com que será chamado: O SENHOR Justiça Nossa’” (Talmude b.
Baba Bathra 75b).
Sobre Miqueias 5:2, o Talmude declara: “E tu, Belém Efrata, que tem sido muito pequena para ser contada entre os milhares da casa de Judá, de ti sairá o Messias que reinará sobre Israel, e cujo nome tem sido pronunciado desde a eternidade” (
Targum de Jonatã). Em hebraico, ter o “nome” pronunciado significa ter existência.
As Escrituras hebraicas mostram que Deus pode tomar a forma que desejar: tocha de fogo (
Gn 15:17, 18); nuvem e coluna de fogo (
Êx 24:12-18; 33:9-11); anjo (
Gn 16:10-13; 31:11-13; Jz 6:11-24; Os 2:3, 4) e homem (
Gn 18; Ez 1:26-28; Dn 7:9). Portanto, crer que o Messias é um Ser divino que nasceria como homem (veja pergunta 9) não contradiz as Escrituras.
Muitos judeus acreditavam que o Messias era um Ser divino, “o SENHOR menor”, que existia no Céu antes de vir à Terra (veja Robert L. Odom,
Israel’s Angel Extraordinary [Bronx, NY: Israelite Heritage Institute, 1985]; idem,
Israel’s Preexistent Messiah [Bronx, NY: Israelite Heritage Institute, 1985]).
9. O que a Bíblia ensina sobre o nascimento sobrenatural do Messias?
“Por isso o SENHOR mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e O chamará Emanuel” (Is 7:14). Em hebraico, existe também outra palavra para “virgem”, que é
betulah. Mas
Isaías 7:14 usa a palavra
almah. Por isso, alguns dizem que a tradução “virgem” está equivocada. A palavra
almah significa “jovem em idade de se casar, que entrou na puberdade” e corresponde exatamente a “donzela” ou “moça”, em português. Essa palavra aparece outras oito vezes nas Escrituras hebraicas e sempre se refere a uma virgem (
Gn 24:43; Êx 2:8; 1Cr 15:20; Sl 46 [título]; 68:25; Pv 30:19; Ct 1:3; 6:8).
A Septuaginta (primeira tradução das Escrituras hebraicas), produzida no século 3º a.C., traduz a palavra como
parthenos, que em grego significa “virgem”. Isso mostra que os antigos judeus entendiam que
Isaías 7:14 se refere a uma virgem.
Isaías 7-12 é conhecido pelos estudiosos como o “Livro do Emanuel”. No capítulo 9, o profeta menciona a mesma criança que a virgem daria à luz. Essa criança seria sobre-humana:
“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os Seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is 9:6). Seu reinado seria eterno e pacífico (Is 9:7; 11:1-9).
“O Redentor que um dia Eu [Deus] trarei não terá pai, como foi dito: Eis um homem cujo nome é Renovo e que germinará por Si mesmo, como Isaías disse: ‘
Porque foi subindo como renovo perante Ele e como raiz de uma terra seca’ [Is 53:2]. Sobre Ele as Escrituras dizem:
‘Eu hoje Te gerei’ [Sl 2:7]” (
Bereshith Rabbati sobre Gênesis 37:22).
10. Qual será a relação entre o Messias e Deus?
“O Espírito do SENHOR repousará sobre Ele, o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e temor do SENHOR” (Is 11:2).
“‘O Espírito de Deus Se movia sobre a face das águas’ [Gn 1:2] mostra que o Espírito do Rei Messias estava presente, como está escrito em Isaías:
‘O Espírito do SENHOR repousará sobre Ele’ [Is 11:2]” (
Gênesis Rabá 2:4).
11. Como o Messias realizaria a salvação, de acordo com a imagem do Servo Sofredor em Isaías 53?
“Contudo, foi da vontade do SENHOR esmagá-Lo e fazê-Lo sofrer, e, embora o SENHOR tenha feito da vida dEle uma oferta pela culpa, Ele verá Sua prole e prolongará Seus dias, e a vontade do SENHOR prosperará em Sua mão. Depois do sofrimento de Sua alma, Ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo Seu conhecimento Meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles” (Is 53:10, 11).
Ao comentar Isaías 53:4, o Talmude explica: “Qual é o nome do Messias? Nossos sábios disseram: Leproso é o Seu nome, segundo os rabinos, porque está escrito: ‘Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus [em hebraico, leproso], por Deus atingido e afligido’” (Talmude Babilônico
Sanhedrin 98b).
12. Quem é o Servo Sofredor em Isaías 53?
“Mas Ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre Ele, e pelas Suas feridas fomos curados” (Is 53:5).
Sobre Isaías 53:5, os rabinos explicavam o seguinte: “O rabi Huna disse em nome do rabi Akha: ‘Todos os sofrimentos foram divididos em três porções: uma para as gerações antigas e os antepassados, um para a geração da apostasia e uma para o Rei Messias, pois é dito: Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões’” (Midrash
Shemuel 16:1).
Esse servo não pode ser Israel. Antes de 49:5 e 6, o povo de Israel às vezes é chamado de “servo do SENHOR”. Mas, a partir desse texto, o Servo é alguém distinto de Israel, que fará que Israel retorne a Deus. Em Isaías 50:10, o profeta se dirige a Israel na segunda pessoa do plural (vós, vocês) e faz clara distinção entre Israel e o Servo: “Quem entre vocês teme ao SENHOR? Quem entre vocês obedece à mensagem do servo do SENHOR?” (tradução literal). Outra prova clara de que o servo do SENHOR não é Israel é o fato de ser “esmagado por causa de nossas iniquidades”, ou seja, dos israelitas (
Is 53:5).
13. Que palavras em Isaías 53 ajudam a identificar o Servo Sofredor?
A palavra “prole” ou “semente” (
zera), em
Isaías 53:10, refere-se aos descendentes de Davi (veja
Is 41:8; 43:5; 44:3; 45:19, 25).
A expressão técnica “escondem o rosto” ou “rosto escondido” (
panim hester), em
Isaías 53:3, é sempre ligada a Deus no livro de Isaías. Em outras palavras, é apenas de Deus que os israelitas
“escondem o rosto” (Is 56:8; 65:15; 50:6).
A vinda do Servo é identificada como a revelação do
“braço do SENHOR” (Is 53:1). A manifestação do Messias equivale à manifestação de Deus.
14. De que tribo e família de Israel deveria vir o Messias?
“E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2, Almeida Revista e Atualizada).
Israel “servirá ao SENHOR, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhe levantarei” (Jr 30:9, Almeida Revista e Atualizada).
“O rabi Judá disse em nome de Rab: ‘Um dia, o Santo (bendito seja) levantará outro Davi, pois é dito em Jeremias: Servirão ao SENHOR, seu Deus, e a Davi, seu rei, que darei a eles’” (Talmude
Sanhedrin 98b).
15. Qual seria o alcance da influência do Messias?
“Então purificarei os lábios de todas as nações, para que todas invoquem o nome do SENHOR e O sirvam juntas” (Sf 3:9, tradução literal). Os rabinos explicam: “Então darei aos povos uma linguagem pura, que possam invocar o nome do SENHOR, para servi-Lo de comum acordo. O nome do SENHOR não é outra coisa senão o Rei Messias” (
Bereshith Rabbati 41:44).
16. Pode um profeta bíblico prever o tempo exato de um evento futuro?
“Toda esta terra se tornará uma ruína desolada, e essas nações estarão sujeitas ao rei da Babilônia durante setenta anos” (Jr 25:11).
“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, compreendi pelas Escrituras, conforme a palavra do SENHOR dada ao profeta Jeremias, que a desolação de Jerusalém iria durar setenta anos” (Dn 9:2).
Daniel foi “um dos maiores profetas. Cremos que ele conversava com Deus, pois não apenas profetizou acontecimentos futuros, mas também determinou o momento de seu cumprimento” (Flávio Josefo,
Antiguidades XI, 7).
17. Qual é o propósito da profecia das 70 semanas?
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos” (Dn 9:24, Almeida Revista e Atualizada).
“A respeito do Rei Messias está escrito que Ele iria ‘trazer a justiça eterna’” (
Bereshith Rabbati sobre Gênesis 14:18).
18. Que tipo de Messias está implícito na profecia das 70 semanas?
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido [em hebraico, Messias], ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido [o Messias] e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas” (Dn 9:25, 26, Almeida Revista e Atualizada).
A introdução do capítulo (
Dn 9:2) fala sobre a vinda de Ciro, que foi um libertador de Israel e é chamado de “ungido” (em hebraico, messias) (
Is 45:1). Ciro encerra um período sabático (7 vezes 10 anos), enquanto que o Messias encerra um período de jubileu (7 vezes 7 vezes 10 anos).
Uma comparação entre o sentido das palavras da frase mostra que o primeiro “messias”, Ciro, seria um libertador local, apenas para Israel (“nossa visão”, “a visão de”, etc.). Já o Messias seria um libertador universal, para todos os povos (“visão”, “pecados”, “profetas”, etc.).
19. Qual é o ponto de partida das 70 semanas?
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido [em hebraico, Messias], ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos” (Dn 9:25, Almeida Revista e Atualizada).
“Dessa maneira, os líderes dos judeus continuaram a construir e a prosperar, encorajados pela pregação dos profetas Ageu e Zacarias, descendente de Ido. Eles terminaram a reconstrução do templo conforme a ordem do Deus de Israel e os decretos de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, reis da Pérsia” (Ed 6:14).
20. Por que devemos considerar o decreto de Artaxerxes como o cumprimento da profecia?
“E você, Esdras, com a sabedoria que o seu Deus lhe deu, nomeie magistrados e juízes para ministrarem a justiça a todo o povo do território situado a oeste do Eufrates, a todos os que conhecem as leis do seu Deus. E aos que não as conhecem você deverá ensiná-las. [...]
“Bendito seja o SENHOR, o Deus de nossos antepassados, que pôs no coração do rei o propósito de honrar desta maneira o templo do Senhor em Jerusalém, e que, por Sua bondade, favoreceu-me perante o rei, seus conselheiros e todos os seus altos oficiais. Como a mão do SENHOR, o meu Deus, esteve sobre mim, tomei coragem e reuni alguns líderes de Israel para me acompanharem” (Ed 7:25, 27, 28).
Foi o último decreto. O decreto mais completo, pois também diz respeito ao templo, o centro da vida dos israelitas. O único decreto que é seguido por uma benção (v. 27, 28). Após esse decreto, o livro de Esdras deixa de ser escrito em aramaico (o idioma do exílio) e passa a ser escrito em hebraico (o idioma da restauração nacional de Israel).
21. Que tipo de “semanas” estão envolvidas na profecia das 70 semanas?
“Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas de dias” (Dn 10:2, tradução literal).
Em hebraico, o texto diz “semanas de dias”. Isso mostra que as semanas mencionadas antes (no capítulo 9) são outro tipo de “semanas”.
“Determinei que o número de dias seja equivalente ao número de anos da iniquidade dela, ou seja, durante trezentos e noventa dias você carregará a iniquidade da nação de Israel” (Ez 4:5).
“Teus dias são como os de qualquer mortal? Os anos de Tua vida são como os do homem?” (Jó 10:5).
Os textos de Ezequiel e Jó, entre dezenas de outros das Escrituras, mostram que, para os hebreus, existia uma relação muito forte entre “dias” e “anos”. “Uma semana na profecia de Daniel significa uma semana de anos” (Talmude b.
Yoma 54a). Na expressão “uma semana”, em Daniel 9:27, “uma semana representa um período de sete anos” (
Lamentações de Rabbah 34).
22. Que datas estão envolvidas na profecia das 70 semanas?
Decreto de Artaxerxes: 457 a.C.
70 semanas de anos = 70 vezes 7 = 490 anos
457 a.C. + 490 anos = 34 d.C.
23. Que momento marca o fim das 69 semanas e, portanto, a chegada do Messias?
“Quando todo o povo estava sendo batizado, também Jesus o foi. E, enquanto Ele estava orando, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como pomba. Então veio do céu uma voz: ‘Tu és o Meu Filho amado; em Ti Me agrado’” (Lc 3:21, 22).
De acordo com os cálculos da resposta anterior, as 69 semanas se cumpriram em 27 d.C. Nesse ano, ocorreria a chegada do Messias.
24. O que aconteceria com o Messias e como esse evento afetaria “o sacrifício e a oferta” do templo?
“Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (Dn 9:27).
25. Que outro evento também foi predito na profecia das 70 semanas?
“Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido [o Messias] e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas” (Dn 9:26).
“Daniel escreveu a respeito do governo romano e que nosso país seria assolado por eles” (Flávio Josefo,
Antiguidades 10, 11, 7).
“As declarações dos profetas antigos diziam que a cidade de Jerusalém seria tomada e o santuário seria queimado durante a guerra” (Flávio Josefo,
Guerras Judaicas 4, 6, 3).
“Rabba disse: ‘De fato, se sabia que o templo seria destruído, mas como se poderia saber quando?’ Abay respondeu: ‘Eles sabiam quando seria destruído porque está escrito: ‘Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade’” (Talmude Babilônico
Nazir 32b).
26. Daniel 9:25-27 fala sobre o Messias e sobre a cidade de Jerusalém. Os dois assuntos parecem estar misturados. Como saber que assunto é mencionado em cada parte do texto?
Daniel 9:25-27 possui três frases. Cada uma ocupa um versículo inteiro. A primeira metade de cada frase fala sobre o Messias, e a segunda metade, sobre Jerusalém. Para facilitar a leitura, podemos organizar
Daniel 9:25-27 da seguinte maneira:
Messias: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido [em hebraico, Messias], ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas. Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido [o Messias] e já não estará. Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares.”
Jerusalém: “As praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. Sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.”
27. Como muitos judeus responderam a Jesus?
“Todos falavam bem dEle [Jesus], e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de Seus lábios. Mas perguntavam: ‘Não é este o filho de José?’” (Lc 4:22).
“Nessa época, viveu Jesus, um homem sábio. Ele realizou milagres e ensinou as pessoas que receberam Seus ensinos com alegria. Muitos O seguiram” (Flávio Josefo,
Antiguidades Judaicas, 18, 3, 3).
28. Qual foi o principal argumento que convenceu a muitos judeus de que Jesus era o Messias?
“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta” (Mt 1:22).
“Para cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías” (Mt 4:14).
“Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas” (Mt 26:56).
“E [Jesus] disse-lhes: ‘Foi isso que Eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a Meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’” (Lc 24:44).
“Assim combinaram encontrar-se com Paulo em dia determinado, indo em grupo ainda mais numeroso ao lugar onde ele estava. Desde a manhã até a tarde ele lhes deu explicações e lhes testemunhou do Reino de Deus, procurando convencê-los a respeito de Jesus, com base na Lei de Moisés e nos Profetas” (At 28:23).
29. Entre muitos judeus que afirmaram ser o Messias, qual é o único que superou o tempo e que ainda tem seguidores?
Disse o rabino Gamaliel ao Sinédrio: “Portanto, neste caso eu os aconselho: deixem esses homens em paz e soltem-nos. Se o propósito ou atividade deles for de origem humana, fracassará; se proceder de Deus, vocês não serão capazes de impedi-los, pois se acharão lutando contra Deus” (At 5:38, 39).
30. É possível para um judeu crer que Jesus é o Messias e permanecer sendo judeu?
Disse Paulo: “Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui instruído rigorosamente por Gamaliel na lei de nossos antepassados, sendo tão zeloso por Deus quanto qualquer de vocês hoje” (At 22:3).
O Talmude relata uma série de rabinos famosos (por exemplo: Elisha ben Abuyah, Simeão ben Zoma e outros) que eram identificados como cristãos e ainda eram aceitos como judeus. Eles foram até mesmo considerados como sábios e líderes respeitados e tratados por seu povo “com sensível consideração” (veja Samson H. Levy, “The Best Kept Secret of Rabbinic Tradition”,
Judaism [1972], p. 469).
(Traduzido e adaptado por Matheus Cardoso para o blog www.criacionismo.com.br)