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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Os Três Convites da Salvação



Jesus Cristo é o autor da salvação (Hebreus 5:9), e Ele veio a este mundo para “buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10). Sua vida e obra tinham por objetivo chamar os pecadores ao arrependimento e estender-lhes Sua graça salvadora.

Durante o Seu ministério terrestre, Cristo convidou homens e mulheres a se tornarem súditos do Seu reino. Porém, dentre todos os convites que Ele fez aos pecadores seres humanos, talvez não haja outros tão significativos como os que o evangelista Mateus registrou no seu evangelho, e que representam o chamado ao ingresso nas três fases do processo de salvação.

“Vinde após Mim” (Mateus 4:19).

Pedro e André, seu irmão, seguiam seus labores quotidianos, como pescadores no mar da Galiléia, quando Cristo deles se aproximou e os convidou para serem Seus seguidores. “Vinde após Mim…” – eis o Seu misericordioso convite! “Então eles deixaram imediatamente as redes, e O seguiram” (Mateus 4:20).

De igual forma, o pecador que segue sua própria vontade é convidado a deixar essa direção centralizada no “eu”, para tornar-se um seguidor de Cristo. (ver Mateus 16:24, 10:38).

Quando, contritos e arrependidos, submetemos nossa vontade ao divino Mestre, nossos pecados são perdoados, somos salvos da culpa do pecado, e Deus nos justifica através de Cristo; porque “perdão e justificação são uma e a mesma coisa” [1].

Somos então promovidos do império das trevas para sermos cidadãos do reino de Cristo (Colossenses 1:13-14). Isto não envolve apenas uma troca de cidadania, mas também de filiação. Sendo “por natureza filhos da ira” (Efésios 2:3), tornamo-nos agora filhos do celeste Pai, por adoção (Gálatas 4:4-7), o que resulta em profunda e genuína paz interior (Romanos 5:1).

Esta experiência, a Justificação, ocorre num instante apenas, quando aceitamos a Cristo como nosso Salvador e somos colocados num correto relacionamento com Deus, no caminho da salvação.

“Vinde a Mim…e aprendei de Mim” (Mateus 11:28-29)

Cristo, porém, não nos chama para um mero contato esporádico, mas para uma vida de discipulado e de constante comunhão com Ele. “Vinde a Mim…e aprendei de Mim” eis o Seu gracioso convite ! E o apóstolo Paulo acrescenta: “Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nEle” (Colossenses 2:6).

É exatamente neste aspecto da salvação que milhares de cristãos têm falhado – aceitaram a Cristo com sinceridade de coração, mas não mais permanecem nEle. Sua experiência cristã é resumida apenas ao primeiro e único encontro com Cristo; entretanto, a Santificação “não é obra de um momento, de uma hora, de um dia, mas da vida toda. Não se alcança com um feliz vôo dos sentimentos, mas é o resultado de morrer constantemente para o pecado, e viver constantemento para Cristo” [2]. Na verdade, “santificação é a obra de uma existência, seja ela longa ou curta” [3]. Para o ladrão na cruz foram apenas algumas horas; para Enoque, mais de três séculos. Não importa qual seja o período de duração, uma coisa é certa: sem a santificação “ninguém verá a Deus” (Hebreus 12:14).

Santificação é comunhão com Deus. “Temos apenas uma fotografia perfeita de Deus, e esta é Jesus Cristo” [4]. Em constante comunhão com Cristo, somos salvos do poder do pecado. Contemplando o Seu amorável semblante e ouvindo Sua terna voz “de fé em fé” (Romanos 1:17), recebemos “graça sobre graça” (João 1:16) e vamos sendo transformados “de glória em glória na Sua própria imagem” (2 Coríntios 3:18), “até que a graça se perca na glória” e sejamos tais quais o nosso Mestre.

Não ! A vida cristã não é uma vida de incerteza e insegurança. “Aquele que tem o Filho tem a vida”, vida eterna ! (1 João 5:12).

“Vinde Benditos de Meu Pai” (Mateus 25:34).

Dentro em breve Jesus Cristo se manifestará nas nuvens do céu com poder e glória para a salvação dos Seus filhos. “Vinde benditos de meu Pai ! entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – eis então o Seu glorioso convite ! E “transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar dos olhos” (1 Coríntios 15:51-52), para sermos salvos da presença do pecado.

Esta experiência, a Glorificação, ocorrerá “num momento”, mas suas consequências serão tão vastas como a própria eternidade. Será uma gloriosa cena ! Um glorioso reino, com gloriosos súditos – os vencedores eternos amigos de Cristo ! “A rebelião não se levantará segunda vez. Jamais poderá entrar o pecado no Universo. Todos estarão por todos os séculos garantidos contra a apostasia” [5].

Porém os convites de Cristo para a salvação são sequenciais – a Glorificação será a consequência da Santificação, e esta, por sua vez, é precedida pela Justificação. Portanto, só ouvirão o convite final da salvação aqueles que aceitaram os dois primeiros que o antecedem. Mas para aqueles que hoje abrirem a porta do seu coração para Cristo, aceitando-O como Salvador e Senhor de sua vida, vivendo em constante comunhão com Ele, dentro em breve os portais de pérola da Nova Jerusalém se abrirão de par em par, e ouvirão então as inefáveis palavras do Salvador, convidando-os para o Lar Eterno: “Vinde Benditos de Meu Pai…”.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1 João 3:2-3).

Referências

1. Comentários de Ellen G.White, SDA Bible Commentary, vol 06, pág 1070.
2. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, pág 560.
3. Leola Rosenvold, Ministry, Junho de 1976, pág 42.
4. Comentários de Ellen G.White, SDA Bible Commentary, vol 07, pág 906.
5. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, (Ed. pOpular, pág 22).

Texto de autoria de Alberto Ronald Timm, publicado na Revista Adventista brasileira de Maio de 1983.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

1 Adventista X 850 funcionários do diabo

Base: 1Reis 18
Quero convidar você a refletir comigo sobre um dos acontecimentos mais conhecidos do Antigo Testamento – a batalha no Monte Carmelho.
Elias foi um profeta que surgiu em cena na história bíblica de forma inesperada e repentina. Muito pouco é mencionado a seu respeito (1Reis 17:1). Ele surge em um momento de grande apostasia espiritual, durante o reinado do ímpio Acabe e sua esposa Jezabel.
Sob influência da rainha idólatra, Acabe havia levado o reino à completa apostasia em relação a Jeová. Baal estava agora presente nos templos e nos locais de culto, antes consagrados ao Deus de Israel.
Como conseqüência de sua rebelião, uma forte seca é determinada sobre Israel, através dos lábios do valente profeta Elias. Deus o estava utilizando para reconduzir o povo à adoração verdadeira.


DESAFIANDO OS PROFETAS DE BAAL (1Rs 18:19-25)


Eu sempre fiquei curioso por saber o porquê de Elias ter escolhido o Monte Carmelo. Até que descobri o motivo, pois de acordo com o Dicionário Bíblico Universal, o Carmelo era um bonito monte, que sempre estava recoberto por uma vegetação vistosa e verdejante.
Porém, devido à seca, o Carmelo estava “morto”. A vegetação havia secado, e ele se tornara um símbolo perfeito da desaprovação de Deus pelo procedimento idólatra do povo. Foi neste contexto que Elias propõe uma prova na qual apenas o verdadeiro Deus poderia sair vitorioso. O povo deveria fazer sua escolha ao final do embate: ou Jeová ou Baal (v. 21)
É interessante notar que o Senhor já havia feito milagres semelhantes no passado (Gn 15:17), e Elias sabia que Ele poderia realizá-los novamente. Como Baal era um deus importante e responsável pela chuva, o insulto de Elias com relação à seca havia deixado os seus adoradores muito constrangidos. Agora era a oportunidade para Baal mostrar que merecia a adoração que lhe estava sendo oferecida por Israel.


ADORAÇÃO A BAAL X ADORAÇÃO A JEOVÁ (vv. 26-29)


Os profetas de Baal iniciaram de manhã cedo um ritual de súplicas ao seu deus, que durou toda a manhã, sem nenhum êxito. Ao meio-dia eles iniciam um ritual ainda mais humilhante e ineficaz, passando a manquejar e pular de uma perna só, para que Baal os atendesse.
O povo de Israel, que estava ao pé do Carmelo, teve a oportunidade de ver o quanto é ridículo adorar a um deus falso. Certamente, puderam se lembrar da beleza da adoração no santuário, do sacerdócio levítico e de como Deus Se fazia presente no meio do Seu povo (ah como estava fazendo falta o Shekináh!).
Já percebendo que não estavam conseguindo resultados satisfatórios, os profetas de Baal iniciam um processo de autoflagelação, tão comum entre comunidades idólatras e pagãs (você já deve ter visto algo parecido na televisão). Fico impressionado com a coragem de Elias, pois a Bíblia diz que ele aproveitou a situação ridícula dos profetas de Baal, para zombar de seu estado patético (v. 27).
Porém, após todo um dia de gritarias, danças e rituais sanguinários, nada aconteceu (v. 29). Já era de se esperar...


CONVIDANDO O POVO A UMA RECONSAGRAÇÃO (vv. 30-35)


Elias começa sua “cerimônia”, fazendo um convite ao povo: “venham para perto de mim”.
Durante todo o dia eles puderam ver a diferença entre adorar ao Deus Verdadeiro ou a outro qualquer. Como deveriam estar decepcionados consigo mesmo pela maneira ingrata com que agiram contra o Pai!
O convite de Elias representou o convite de Deus – “cheguem-se a Mim”. Você já ouviu esse convite alguma vez? Já sentiu que por algum momento estava tão distante do Pai, que Ele necessitou “gritar” para que você O ouvisse? Eu já senti... O verso 30 diz que “todo o povo atendeu ao apelo” – eles estavam carentes do aconchego do Pai. Baal só lhes trazia amargura, remorso e desilusão... Agora eles podiam novamente sentir o amor de Deus sendo dirigidos a eles... que cena linda deve ter sido!
Em seguida, Elias restaura o altar (vv. 30-32). Todo o sistema sacrifical que Deus havia instituído estava esquecido. O altar havia sido desprezado por tanto tempo. Mas agora eles deveriam restaurá-lo antes que Deus operasse o milagre.
Para dificultar ainda mais, e mostrar ao povo que Deus não necessita de ajuda humana, 12 “baldes” de água foram jogados sobre o sacrifício. Quão valente e corajoso era Elias! Em um período de extrema seca, ele solicita um “desperdício” tão grande de água. Mas isto também fazia parte da lição que Deus queria lhes ensinar.


DEUS ATENDE A ORAÇÃO HUMILDE E SINCERA DO PROFETA (vv. 36-39)


Ao contrário da ladainha proferida durante todo o dia pelos profetas de Baal, Elias inicia uma oração singela e objetiva, provinda de um coração que sabia que somente o poder e a misericórdia de Deus é que poderiam tirar o povo daquele estado de apostasia.
Elias nos dá um grande exemplo para estes últimos dias. Enquanto muitos pregam um culto a Deus cheio de emoção e sensacionalismo, com gritarias, danças, e tudo que for para exaltar o emocional, Elias mostra que Deus Se agrada mesmo é de uma adoração humilde, racional e sincera. Que lição para os que acham que o culto só é “inspirado” se tiver muita música alta, orações “gritadas”, palmas, coreografias, etc.!
Após umas poucas palavras de oração do profeta, o fogo desce veloz do céu. Todos puderam comprovar que Jeová ainda estava vivo. Puderam ver que o Senhor não abandonara Seu povo, e que Ele estava disposto a restaurá-los à Sua comunhão.
O resultado não poderia ser outro. Deus ouviu a oração do Seu servo e reconduziu o povo à adoração verdadeira (v. 39).


O QUE POSSOAPRENDER DA HISTÓRIA DE ELIAS?
A trajetória de Elias foi de grandes vitórias. No Carmelo ele mostrou que confiava em Deus e estava pronto para provar a Israel que Jeová estava vivo e continuava com Seu povo. Elias saiu vitorioso porque permaneceu firme no que era correto, apesar de aparentemente todos os demais terem se acovardado e apostatado.
Nos dias atuais também nos defrontaremos com ocasiões em que precisaremos permanecer firmes, apesar de parecer que todos os demais abandonaram a Deus. Como jovens, precisaremos aceitar o chamado para sermos o “Elias do Tempo do Fim”, e em todos os lugares (escola, trabalho, amigos, família) representarmos a Deus de forma digna e confiante.
Você lembra de algum momento em que “apenas você” (pelo menos de forma aberta) estava defendendo os princípios de Deus? Talvez até mesmo algum outro jovem da Igreja estivesse por perto, mas preferiu se calar, enquanto você levou todo o peso que os fiéis e sinceros devem suportar...


Aceite o chamado de Deus para ser Seu representante, um “Elias” Moderno, e levantar bem alto a bandeira do Jeová Vivo.


A parte mais difícil Ele já fez por você... 
Fonte: Gilson Medeiros

sábado, 12 de maio de 2012

Questões Conflitantes Entre Lei e Graça


COMO ENTENDER AS CONFLITANTES DECLARAÇÕES DE PAULO E TIAGO SOBRE LEI E GRAÇA, FÉ E OBRAS, JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO?


Nesta seqüência de 10 itens a proposta é de um estudo racional e objetivo da questão da lei divina em face da mensagem da salvação pela graça, um tema muitas vezes mal compreendido pelos cristãos em geral.


O apóstolo Paulo claramente diz que a salvação é tão-só pela fé, sem qualquer mérito humano (Efés. 2: 8 e 9). O profeta Isaías já dissera que até nossas obras de justiça são meros “trapos de imundície” (Isa. 64:6). Nenhuma obra realizada pelo homem é aceitável a Deus—cuja lei é “perfeita” (Sal. 19:7)—em termos de obter méritos para a salvação. Até nossas orações, um ato tão santo de fervor religioso, só conseguem ser ouvidas pela intercessão do Espírito Santo (Rom. 8:26).


Mas após falar da salvação em nada dever-se às obras em Efésios 2:8 e 9, Paulo acrescenta no verso 10: “Somos feituras dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Tiago lembra que “a fé, se não tiver obras, é morta” (2:17) e Jesus também declarou: “Se me amais, guardareis os Meus mandamentos” (João 14:15).


Assim, temos uma clara tensão entre o salvar-se pela fé, independentemente das obras da lei, mas a necessidade de demonstrar essa fé pela fiel obediência à lei. Como entender isso?


Introdução


O tema da lei divina em confronto com o da graça não poderia deixar de surgir em matérias teológicas, páginas de ministérios de “apologia cristã” e confronto de idéias em fóruns evangélicos. Todavia, já que prometemos tratar do assunto, temos que primeiramente levantar esta indagação pertinente e abrangente do que será tratado neste estudo:


• As leis do Velho Testamento são, de fato, caducas e não mais aplicáveis aos cristãos sob o novo concerto?


1) A resposta é—sim e não. Há leis que caducaram por cumprirem sua função prefigurativa, como as regras sobre ofertas de cordeiros e manjares, os sacrifícios e normas várias para sacerdotes e povo. Quando João Batista apontou a Cristo como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29) lembrava aos ouvintes o sentido dos muitos cordeiros sacrificados pelos israelitas como expiação dos pecados. Eram o antitipo do grande Tipo, Jesus Cristo.


Contudo, se há leis de caráter temporário, também as há de caráter perene, que se caducassem trariam somente o caos a nível público e privado: “Honra o teu pai e a tua mãe”, “não matarás”, “não furtarás”, “não adulterarás”. . .


Esses preceitos são lembrados pelos vários autores neotestamentários como normativos aos cristãos (ver Efés. 6:1 e 2; Tia. 2:8-10). Paulo deixa isso claro ao mostrar a validade de algumas regras e nulidade de outras para os cristãos, como veremos mais adiante.


As leis bíblicas dividem-se em categorias claras quanto a seus objetivos e vigência. Ao longo dos séculos documentos e autores cristãos têm definido essas leis como sendo moral (expressa nos Dez Mandamentos), cerimoniais, civis, higiênicas, etc.


As mais representativas Confissões de Fé da cristandade, tanto protestante quanto católica, sempre ensinaram essa “divisão” das leis nesse sentido, como é claramente apresentada na Confissão de Fé de Westminster e nos 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra.
Há quem alegue que a Bíblia trata sobre “lei” indicando um só “pacote” uno, indivisível, mas a “divisão” das leis é óbvia pelo próprio fato de que Deus proclamou com Sua própria voz, sobre o Sinai, aos ouvidos do povo reunido, somente os Dez Mandamentos, depois os transcrevendo nas tábuas de pedra, e “nada acrescentou” (Deu. 5:22). Todas as demais regras cerimoniais, civis, higiênicas, etc., foram ditadas para Moisés transcrevê-las nos rolos da lei.


Conclusão: Há mandamentos que eram importantes, mas não devem mais ser cumpridos, e mandamentos que importa obedecer, como o apóstolo Paulo mostra numa clara “divisão” da leis bíblicas ao dizer em 1 Cor. 7:19: “A circuncisão nada é, e também a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus”.


2) Eruditos evangélicos modernos e antigos, bem como confissões de fé históricas (inclusive alguns dentre os principais Reformadores) têm o Decálogo na conta de norma válida de conduta cristã.


Em suas confissões de fé eles jamais alegam que a lei divina foi abolida, substituída por uma “lei de Cristo” (supostamente menos rigorosa) nem levantam a tese de que observar esses mandamentos seria estar apegando-se à “letra da lei” em lugar de inspirar-se apenas em seu “espírito”. Antes, definem as leis divinas como tendo preceitos cerimoniais, civis e morais, estes últimos sintetizados nos Dez Mandamentos.


Entre as declarações eruditas e credos da cristandade com essas claras posições citamos o popular Dicionário da Bíblia de John Davis, a Segunda Confissão Helvética da Igreja Reformada, de 1566; os 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra (de 1571) em seu Artigo VII; os Artigos de Religião Irlandeses (1615); a Confissão de Fé de Westminster (1647); a Declaração de Savóia das Igrejas Congregacionais (1658); a Confissão Batista de 1688 (Filadélfia) com base na confissão de 1677 de Londres; os Artigos Metodistas de Religião (1784); o Pequeno Catecismo presbiteriano, etc. e autores tais como Spurgeon, Wesley, e mais modernamente Billy Graham, Orlando S. Boyer, Harold Brokke, Antônio Neves Mesquita, Pr. Myer Pearlman , Pr. Nilson do Amaral Fanini e vários outros de diferentes denominações evangélicas.


Em hinários de batistas, presbiterianos, congregacionais, metodistas, etc., como o Salmos e Hinos, Cantor Cristão, Harpa Cristã, acham-se hinos de louvor a Deus falando da lei de Deus como norma vigente para todos. Um desses hinos chega a dizer: “Salvação por homens dada, paz fingida, paz comprada, lei de Deus falsificada, tudo rejeitai! Lei de Deus não muda, o Senhor ajuda a quem cumprir sem desistir. . .”


Conclusão: Grandes eruditos cristãos e credos da cristandade sempre reconheceram os diferentes tipos e objetivos das leis divinas segundo seus aspectos civis, cerimoniais, higiênicos. São códigos diversos regidos pela lei moral básica, tal como a Constituição é a “Carta Magna”, base de toda a legislação civil com seus muitos códigos (Código Criminal, Código Comercial, Código Trabalhista, etc.). Os códigos podem ser abolidos e mudados, o que não interferirá na Constituição, enquanto se esta for alterada, afetará tudo o mais.


3) Faz-se necessário que os cristãos entendam melhor os conceitos de justificação e santificação. A justificação é inteiramente pela fé e por ela é que se estabelece “paz com Deus” (Rom. 5:1). Significa a obra de Deus por nós para a salvação, centralizada na cruz de Cristo. Em conseqüência da aceitação desse fato, dá-se a regeneração, ou novo nascimento, iniciando-se daí o processo de santificação, que representa a obra de Deus em nós por conceder-nos o Seu Espírito e derramar o Seu amor em nossos corações (Rom. 5:5). Trata-se de uma obra vitalícia de crescimento gradual e contínuo na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Ped. 3:18)—conseqüência, não base, da experiência de salvação.


Conclusão: A obediência aos mandamentos da lei de Deus situa-se no campo da santificação, e não da justificação. Significa a aceitação de Cristo como Senhor após tê-Lo aceito como Salvador.


4) O princípio da genuína obediência, que resume o teor de todos dos mandamentos divinos, é o amor. Assim Jesus resumiu (não substituiu) os mandamentos em a) amar a Deus sobre todas as coisas e b) amar ao próximo como a nós mesmos. Ele está citando declarações do Velho Testamento (Mat. 22: 34-36, cf. Deu. 6:5; Lev. 19:18). O mesmo princípio básico de amor é também o do Seu “novo” mandamento: João 13:24.


Conclusão: Sobre esse princípio moral do amor é que se constroem os concertos, tanto o novo quanto o velho (ver também Rom. 13:8-10). As leis divinas sempre, em todos os tempos, se basearam no amor.


5) Certos expositores bíblicos fazem grande confusão em púlpitos, prelos e processadores de texto quanto ao tema da lei nas epístolas paulinas. Essa incompreensão é perigosa, à luz de II Ped. 3: 15 e 16, pois os que assim agem são chamados de “ignorantes”, “instáveis” e “insubordinados”.


Não percebem o sentido das palavras do apóstolo Paulo quando fala negativamente sobre a lei em alguns textos, tratando, porém, dela noutros lugares em termos positivos e citando seus mandamentos como válidos. Isso se deve entender à luz dos conceitos de justificação pela fé e santificação. Vejamos estes paradoxos bíblicos:


a) Textos em que Paulo trata “negativamente” da lei: Rom. 3:20-24; 5:20; 6:14, 15; 7:6; 8:3; Gál. 2:16-19; 3:10-13; 5:4; Efé. 2:7, 8; 15.


b) Textos em que Paulo confirma a validade da lei como norma de conduta para os cristãos e a exalta, dizendo que tem “prazer” na mesma: Rom. 3:31; 7: 7, 14, 22; 8: 4; 13:9-10; 7:19; Gál. 5:14; Efé. 6:1, 2.


Como entender isso? A explicação é simples—aqueles que têm a lei como fonte ou meio de salvação, colocando sua obediência na área da justificação, só podem estar sob a sua maldição pois “pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rom. 7:7). Estes podem até vir a perder a salvação se antes estivessem firmados na graça: “De Cristo vos desligastes vós que procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes” (Gál. 5:4). Deixando de confiar nos méritos de Cristo por incluir suas obras como meio de salvação, negam sua experiência de genuína fé na obra completa, perfeita e meritória de Cristo para a salvação de todo aquele que crê.


6) Dois episódios ilustram a harmonia entre a lei e a graça tanto no Velho quanto no Novo Testamento:


a) No Velho Testamento: Ao proclamar solenemente a lei dos Dez Mandamentos no Sinai Deus declarou, antes mesmo de pronunciar o primeiro mandamento: “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito” (Êxo. 20:2). Esta é uma revelação de Sua graça. Segue-se a enunciação da lei nos vs. 3 a 17.


b) No Novo Testamento: Ante a mulher pecadora Cristo primeiro apresentou-lhe Sua graça perdoadora—“Nem eu tão pouco te condeno”. A seguir, apresenta-lhe a lei: “vai e não peques mais” (João 8:10, 11).


Assim, a obediência aos mandamentos de Deus (obras) não contraria o princípio de justificação pela fé somente, antes é sua conseqüência, situando-se no campo da santificação. Daí a declaração do apóstolo Tiago: “A fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tia. 2:17, cf. Efé. 2:10).


Conclusão: Como dois trilhos de uma ferrovia correm paralelamente e dão o equilíbrio necessário para o avanço da composição, assim se dá com a graça e a lei, a fé e as obras, a ação de Deus e a resposta do homem no processo de justificação, santificação até a glorificação final.


7) Um fator de incompreensão do tema das leis bíblicas é o que Paulo diz em 2 Coríntios 3 sobre o “o ministério da morte, gravado com letras em pedras” em contraste com o “ministério da justiça”, pelo qual os cristãos se apresentam como cartas escritas “não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração” (vs. 9 e 3).


Paulo aí contrasta os que vivem sob o regime da “condenação”, por não terem experimentado a salvação em Cristo, com os que aceitaram os termos do novo concerto, portanto tendo a lei divina, não meramente como letra gravada em pedras, mas escrita em seus corações e mentes pelo Espírito de Deus, segundo a promessa desse novo concerto (Heb. 8:6-10). O salmista fala de tal experiência (Sal. 40:8).


Os que viviam ainda sob o “velho concerto” eram aqueles mesmos que Cristo tanto criticou, por se preocuparem mais com a letra “que mata” do que com o espírito da lei. Foi o caso de Suas críticas à prática do dizimar (Mat. 23:23).


Cristo não os condenava por dizimarem, mas por se preocuparem tanto com as tecnicalidades do ato, no dividir o endro, a hortelã e o cominho, que perdiam de vista os aspectos espirituais da ordenança.


Paulo não viveu em época tão posterior à de Cristo, e ele mesmo havia sido fariseu, portanto conhecedor da mentalidade de seus ex-companheiros de fé. Confundir a lei, que ele considerava “santa, justa, boa, prazenteira, digna de se ter em mente” (Rom. 7:12, 14, 22, 25) com um “ministério da condenação” não faz sentido, sobretudo quando ele confirma que “a lei é boa se alguém dela usar legitimamente” (1 Tim. 1:8). Iria Deus mandar reunir Seu povo para o solene evento da entrega da lei, e oferecer-lhe uma lei de morte?!


Ademais o problema desse “ministério de morte” não estava na lei, que é perfeita (Sal. 19:7), e sim no povo, que não percebia o caráter mais profundo e espiritual da mesma.


Conclusão: Por não entenderem a diferença entre “lei”, “concerto” e “ministério do Espírito” e “ministério da condenação” muitos deixam de perceber que Paulo não está diminuindo a importância da lei moral como norma de conduta cristã, em II Coríntios 3, e sim contrastando atitudes quanto à lei.


Ele contrasta o que significa viver sob o regime do velho concerto, mais preocupados com a letra, com a vida dos cristãos que compara com cartas escritas com o Espírito divino, tendo a lei, não como letras nas frias tábuas de pedra, mas registrada em seus corações aquecidos pela divina graça (ver Rom. 8:3 e 4 e Sal. 40:8).


8) Longe de ensinar que o Novo Testamento representa um novo concerto sem a lei moral divina básica expressa nos Dez Mandamentos, o autor de Hebreus mostra que aos que aceitarem os termos do Novo Concerto (ou Novo Testamento) o próprio Deus escreveria a Sua lei em seus corações e a imprimiria em suas mentes (Heb. 8:6-10; 10:16).


Já vimos como Paulo compara o cristão sob o novo concerto com uma “carta, escrita em nossos corações, conhecida por todos os homens . . . escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2 Cor. 3:1-11).


No novo concerto, firmado sobre “superiores promessas”, Deus escreve a Sua lei nos corações dos que aceitarem os seus termos, tirando-a das frias tábuas de pedra para gravá-la nos corações aquecidos pela graça divina (ver Heb. 8:6).


Note-se que essa “lei de Deus” é a mesma que constava da promessa original dirigida aos filhos de Israel em Jeremias 31:31-33 e não outra. O ônus da prova fica com quem negue este fato, claramente estabelecido nestes textos. Heb. 10:16 confirma: Deus escreve a Sua lei nos corações de Seus filhos sob a nova aliança.


Os leitores hebreus-cristãos da epístola entenderiam isto perfeitamente. E a promessa de assistência divina para obediência a essa lei acha-se também em Eze. 36:26, 27.


Conclusão: O contexto destes versos (capítulos 8 e 10 de Hebreus) claramente define que se aplicam ao novo “Israel” de Deus, aqueles da dispensação cristã. Afinal, o novo concerto é agora disponível a todos, judeus e gentios, pois o muro de separação foi desfeito com a abolição da “lei cerimonial”—não da “lei moral” (Efé. 2:11 a 22).


Portanto, o tema da lei divina não é coisa do Velho Testamento. Pelo contrário, é componente fundamental do próprio Novo Testamento, por certo em seus aspectos morais, não cerimoniais.


9) Há quem ensine que a “lei de Cristo”, ou Seus mandamentos (como em João 14:15), nada tem a ver com o Decálogo sendo tal “lei de Cristo” a nova norma para os cristãos que traz somente nove dos 10 mandamentos da lei “antiga”, “caduca”, etc. (como se Cristo tivesse rompido com o Pai estabelecendo lei diferente). Embora fale repetidamente da “lei de Cristo”, Paulo também fala da “lei de Deus” com igual força de validade (comparar Rom. 7:22, 25; 13:8-10; com Gál. 6:2 e 1 Cor. 9:21).


Tiago fala da lei como baseada no amor, e a chama de “lei da liberdade” (Tia. 2:8-12). João fala da lei de Deus e de Cristo como se fossem uma só e a mesma, sem distinção, ao longo de suas epístolas, 1 e 2 João (ver, por exemplo, 1 João 2:7; 3:2-4; 21-24; 4: 7-11, 19-21; 5:1-3 e 2 João vs. 5 e 6).


No Apocalipse, o povo remanescente de Deus é caracterizado como os que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” (Apo. 12:17 e 14:12). João descreve uma visão que teve do Templo de Deus, dentro do qual contemplou “a arca da aliança” (Apo. 11:19). Aqueles que conhecem sua Bíblia sabem que nessa arca foram guardados os Dez Mandamentos (Deut. 10:1-5). Por que a João foi mostrada essa “arca da aliança” num contexto claramente escatológico? É que ela representa o trono de Deus que se assenta sobre a justiça (a lei) e a misericórdia (o propiciatório).


Conclusão: A lei de Cristo e a lei de Deus são uma só e a mesma. Jesus declarou: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). Ele acentuou o princípio do amor a Deus e amor ao próximo como base de Seus mandamentos segundo os mesmos princípios básicos da lei de Deus desde o princípio (Deut. 6:5; Lev. 19:18, cf. Mat. 22:37-40). Para Paulo, estar “sob a lei de Cristo” é comparável a estar em harmonia com a lei de Deus (1 Cor. 9:21).


10) Ocorre às vezes um claro equívoco quanto ao teor dos debates de Cristo com os líderes judaicos sobre a validade de suas curas no sábado. Jesus SE DEFENDE da acusação de fariseus e saduceus (e certos religiosos contemporâneos da cristandade) de que violava o sábado esclarecendo ser LÍCITO (em harmonia com a lei) curar no sábado (Mat. 12:12).


O que Cristo condenava não era a prática do sábado por eles, pois Ele próprio era um observador desse mandamento (Luc. 4:16), mas o espírito errado em que o praticavam. Por isso disse que “o sábado foi feito por causa do homem [não só do judeu] e não o homem por causa do sábado” (Mar. 2:27), além de declarar-Se “Senhor do sábado” (Mat. 12:8).


Conclusão: Os líderes judaicos não pervertiam só o sentido do mandamento do sábado, mas também do 5º. mandamento, por exemplo (Mar. 7:8-10), como a prática do dizimar (Mat. 23:23), como visto acima. Cristo, porém, disse ao povo de Seu tempo que era para praticar o que eles diziam, embora sem seguir o mau exemplo deles de “faça o que eu digo, mas não o que faço” (ver Mat. 23:2 e 3). Entre as coisas certas que eles diziam estava a insistência na fiel observância do sábado (Luc. 13:14).


Autor: Prof. Azenilto G. Brito – Ministério Sola Scriptura
Bessemer, Ala., EUA

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Obediência e Santificação


“E andai em amor, como também Cristo vos amou e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” (Efés. 5:2). Em toda a plenitude de Sua divindade, em toda a glória de sua imaculada humanidade, Cristo Se entregou a Si mesmo por nós, como sacrifício completo e amplo, e todo aquele que vai ter com Ele deve aceitá-Lo como se fosse o único indivíduo pelo qual foi pago o preço. Assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo; pois os obedientes serão ressuscitados para a imortalidade, e os transgressores ressurgirão dentre os mortos para sofrer a morte, a penalidade da lei que eles violaram.



Obediência à lei de Deus é santificação. Há muitos que têm idéias erradas a respeito dessa obra na vida, mas Jesus orou que Seus discípulos fossem santificados pela verdade, e acrescentou: “A Tua Palavra é a verdade.” (João 17:17). A santificação não é uma obra instantânea, mas progressiva, assim como a obediência é contínua. Enquanto Satanás nos importunar com suas tentações, a batalha pela vitória sobre o próprio eu terá de ser travada reiteradas vezes; mas pela obediência, a verdade santificará a alma. Os que são leais à verdade irão, pelos méritos de Cristo, vencer toda debilidade de caráter que tem feito com que sejam moldados por toda e multiforme circunstância da vida.


Embuste e Cilada de Satanás


Muitos têm adotado o conceito de que não podem pecar porque estão santificados, mas isto é uma enganosa cilada do maligno. Há constante perigo de cair em pecado, pois Cristo nos admoestou a vigiar e orar para que não entremos em tentação. Se estivermos cientes da debilidade do próprio eu, não seremos presunçosos nem indiferentes ao perigo, mas sentiremos a necessidade de recorrer à Fonte de nossa força: Jesus, Justiça nossa. Iremos em arrependimento e contrição, com pungente senso de nossa própria fraqueza finita, e aprenderemos que precisamos apropriar-nos diariamente dos méritos do sangue de Cristo, a fim de que nos tornemos vasos preparados para uso do Mestre.


Confiando assim em Deus, não seremos achados a pelejar contra a verdade, mas sempre seremos habilitados a colocar-nos ao lado do que é direito. Devemos apegar-nos ao ensino da Bíblia e não seguir os costumes e tradições do mundo, as palavras e os atos de homens.


Quando surgem erros e são ensinados como verdade bíblica, os que têm ligação com Cristo não confiarão no que diz o pastor, mas, à semelhança dos nobres bereanos, examinarão as Escrituras todos os dias para ver se essas coisas são de fato assim. Quando eles descobrem qual é a recomendação do Senhor, colocam-se ao lado da verdade. Ouvem a voz do verdadeiro Pastor dizendo: “Este é o caminho; andai nele.” (Isa. 30:21). Assim sereis ensinados a fazer da Bíblia o vosso conselheiro, e não ouvireis nem seguireis a voz do estranho.


Duas Lições


Para que o ser humano seja purificado, enobrecido e habilitado para as cortes celestiais, há duas lições a serem aprendidas – abnegação e domínio-próprio. Alguns aprendem essas importantes lições com mais facilidade do que outros, porque são adestrados pela simples disciplina que o Senhor lhes aplica com brandura e amor. Outros requerem a morosa disciplina do sofrimento, para que o fogo purificador possa livrar-lhes o coração do orgulho e da confiança em si mesmo, da paixão terrena e do egoísmo, a fim de que apareça o verdadeiro ouro do caráter e eles se tornem vitoriosos pela graça de Cristo.


O amor de Deus fortalecerá o indivíduo, e em virtude dos méritos do sangue de Cristo podemos permanecer ilesos no meio do fogo da tentação e prova. Mas nenhuma outra ajuda poderá ser útil para salvar, senão Cristo, Justiça nossa, o qual se nos tornou sabedoria, santificação e redenção.


Verdadeira santificação não é nada mais nem menos do que amar a Deus de todo o coração e andar irrepreensivelmente em Seus mandamentos e preceitos. Santificação não é uma emoção, mas um princípio de origem celestial que coloca todas as paixões e desejos sob o domínio do Espírito de Deus; e essa obra é efetuada por meio de nosso Senhor e Salvador.


A falsa santificação não glorifica a Deus, mas leva os que dizem possuí-la a exaltar e glorificar a si mesmos. Tudo que surge em nossa experiência, quer de alegria ou de tristeza, que não reflete a Cristo nem aponta para Ele como seu autor, dando-Lhe glória e deixando o próprio eu fora de vista, não constitui verdadeira experiência cristã.


Quando a graça de Cristo é implantada na alma pelo Espírito Santo, seu possuidor tornar-se-á humilde de espírito e buscará a companhia daqueles cuja conversação é sobre as coisas celestiais. Então o Espírito tomará as coisas de Cristo e no-las revelará, e glorificará, não o recebedor, e, sim, o Doador. Se, portanto, tiverdes no coração a sagrada paz de Cristo, vossos lábios estarão cheios de louvor e ações de graça a Deus. Vossas orações, o desempenho de vosso dever, vossa benevolência, vossa abnegação, não serão o assunto de vosso pensamento ou conversação, mas engrandecereis Aquele que Se entregou a Si mesmo por vós quando ainda éreis pecadores. Direis: “Eu me entrego a Jesus. Achei Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas.” Enaltecendo-o, tereis uma preciosa bênção, e todo o louvor e glória pelo que é efetuado por vosso intermédio será restituído a Deus.


Não Turbulento nem Indomável


A paz de Cristo não é um elemento turbulento nem indomável manifestado em altas vozes e exercícios corporais. A paz de Cristo é uma paz inteligente, e não faz com que os que a possuem se caracterizem pelo fanatismo e extravagância. Não é um impulso casual, mas procede de Deus.


Quando o Salvador comunica Sua paz à alma, o coração estará em perfeita harmonia com a Palavra de Deus, pois o Espírito e a Palavra estão de acordo. O Senhor honra Sua palavra em todas as Suas relações com os homens. Ela é Sua própria vontade, Sua própria voz, que é revelada aos homens, e Ele não tem outra vontade, nem outra verdade, à parte de Sua Palavra, para revelar a Seus filhos. Se tendes uma maravilhosa experiência que não está em harmonia com as explícitas instruções da Palavra de Deus, bem podeis pô-la em dúvida, pois sua origem não é do alto. A paz de Cristo advém do conhecimento de Jesus a quem a Bíblia revela.


Se a felicidade é extraída de fontes exteriores, e não da Fonte Divina, será tão variável como as multiformes circunstâncias podem torná-la; mas a paz de Cristo é uma paz constante e duradoura. Ela não depende de qualquer circunstância na vida, da quantidade de bens materiais, nem do número de amigos terrenos. Cristo é a fonte de águas vivas, e a paz e a felicidade extraídas dEle nunca se esgotarão, pois Ele é a origem da vida. Os que confiam nEle podem dizer: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a Terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. … Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.” Sal. 46:1-4.


Temos motivo para incessante gratidão a Deus porque Cristo, por Sua perfeita obediência, reconquistou o paraíso que Adão perdeu pela desobediência. Adão pecou, e os filhos de Adão partilham de sua culpa e suas conseqüências; mas Jesus assumiu a culpa de Adão, e todos os filhos de Adão que correrem para Cristo, o segundo Adão, podem livrar-se da penalidade da transgressão. Jesus recuperou o Céu para o homem suportando a prova a que Adão deixou de resistir; pois Ele obedeceu perfeitamente à lei, e todos os que têm correta compreensão do plano da redenção verão que não podem estar salvos enquanto continuam na transgressão dos santos preceitos de Deus. Precisam cessar de transgredir a lei e apegar-se às promessas de Deus que se acham à nossa disposição por meio dos méritos de Cristo.


Não Confiar em Pessoas


Nossa fé não deve apoiar-se na habilidade dos homens, e, sim, no poder de Deus. Há perigo em confiar em homens, mesmo que tenham sido usados como instrumentos de Deus para realizar grande e boa obra. Cristo deve ser nossa força e nosso refúgio. Os melhores homens podem cair de sua firmeza, e o melhor da religião, quando corrompido, é o que há de mais perigoso em sua influência sobre as mentes. A religião pura e viva se encontra na obediência a toda palavra que procede da boca de Deus. A justiça exalta as nações, e sua ausência degrada e arruina o homem.


“Crede, Tão-Somente Crede!”


Dos púlpitos modernos são proferidas as palavras: “Crede, tão-somente crede! Tende fé em Cristo; nada tendes que ver com a velha lei; tão-somente confiai em Cristo.” Quão diferente é isso das palavras do apóstolo, o qual declara que a fé sem as obras é morta! Diz ele: “Sede cumpridores da Palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tiago 1:22). Precisamos ter aquela fé que opera pelo amor e purifica a alma. Muitos procuram substituir a retidão de vida por uma fé superficial, pensando obter deste modo a salvação.


O Senhor requer neste tempo o mesmo que Ele requereu de Adão no Éden – perfeita obediência à lei de Deus. Precisamos ter justiça sem um defeito, sem uma mancha. Deus deu o Seu Filho para morrer pelo mundo, mas Ele não morreu para revogar a lei que era santa e justa e boa. O sacrifício de Cristo no Calvário é um argumento irrefutável que mostra a imutabilidade da lei. Sua penalidade foi sentida pelo Filho de Deus em favor do homem culpado, para que por Seus méritos o pecador pudesse obter a virtude de Seu caráter imaculado pela fé em Seu nome.


Proporcionou-se ao pecador uma segunda oportunidade para guardar a lei de Deus na força de seu divino Redentor. A cruz do Calvário condena para sempre a idéia de que Satanás colocou diante do mundo cristão, a saber: que a morte de Cristo aboliu não somente o sistema típico de sacrifícios e cerimônias, mas também a imutável lei de Deus, o fundamento de Seu trono, a transcrição de Seu caráter.


Por meio de todo artifício possível, Satanás tem procurado invalidar o sacrifício do Filho de Deus, tornar inútil Sua expiação e Sua missão um fracasso. Ele tem afirmado que a morte de Cristo tornou desnecessária a obediência à lei e possibilitou que o pecador caísse nas boas graças de um Deus santo sem abandonar o seu pecado. Ele tem declarado que a norma do Antigo Testamento foi rebaixada no evangelho e que os homens podem ir a Cristo, não para serem salvos de seus pecados, mas em seus pecados.


Quando, porém, João contemplou a Jesus, disse qual era Sua missão, declarando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29. A toda alma penitente, a mensagem é: “Vinde, então, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” (Isaías 1:18).


Artigo de Ellen G.White publicado na revista Signs of The Times, de 19 de maio de 1890.


Sétimo Dia

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O jejum e a santificação



“Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda” (Isaías 58:8).
Em sua obra Coma Pouco e Viva Muito, Jean Rialland, fala dos benefícios físicos do jejum: “A finalidade do jejum, higienicamente é, portanto, contribuir para o repouso do organismo e permitir-lhe o trabalho de purificação. Com efeito deste, o organismo é deixado a si mesmo, sem influência alimentar ou medicamentosa, e começa imediatamente uma ordem e um expurgo que se denomina de desintoxicação’’.
Segundo Ellen G. White, o jejum realmente tem um poder terapêutico: “A intemperança no comer é muitas vezes a causa da doença, e o que a natureza precisa mais é ser aliviada da indevida carga que lhe foi imposta. Em muitos casos de doença, o melhor remédio é o paciente jejuar por uma ou duas refeições, a fim de que os sobrecarregados órgãos digestivos tenham oportunidade de descansar” (Conselhos Sobre Regime Alimentar, pág. 189). Porém, além de revitalizar o organismo, o jejum pode gerar um positivo resultado espiritual: “Agora e daqui por diante até ao fim do tempo, deve o povo de Deus ser mais fervoroso, mais desperto, não confiando em sua sabedoria, mas na sabedoria de seu Líder. Devem pôr de parte dias de jejum e oração. Pode não ser requerida a completa abstinência de alimento, mas devem comer moderadamente, do alimento mais simples” (Conselhos Sobre Regime Alimentar, págs.188-189).
O jejum na Bíblia - No Antigo Testamento, o jejum só era prescrito na lei para o Dia da Expiação, mas em determinadas épocas se multiplicavam os dias de jejum por comemoração de aniversários de lutos. Temos exemplos de pessoas que jejuaram por vários motivos. Os israelitas jejuaram após a morte dos filhos de Benjamim (Juízes 20:26). Davi e seus companheiros jejuaram por causa da morte de Saul (2 Samuel 1:12). Davi também jejuou quando intercedia pelo seu filho com Bate-Seba (2 Samuel 12:21-23); e Ester jejuou antes de interceder pelos judeus perante o rei Assuero (Ester 4:16). Josafá quando estava para enfrentar os filhos de Moabe e os filhos de Amom, convocou todo o Judá para jejuar ( II Crônicas 20:5)
O Novo Testamento fala que Jesus jejuou quarentas dias. Os judeus piedosos jejuavam duas vezes por semana, na segunda e na quinta-feira. Esta prática, em si mesma, não foi aprovada ou reprovada por Jesus, mas Ele ensinou que o jejum fosse sincero e não tivesse a finalidade de aparentar maior santidade. Como motivo de orgulho espiritual, a prática foi reprovada: “Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa’’ (Mateus 6:16).
O jejum e a santificação - Por outro lado, o jejum praticado por Jesus, tinha três objetivos fundamentais. Primeiro, estava ligado à oração e comunhão com o Pai. Segundo, como um meio para vencer os ataques de Satanás. Terceiro, um modelo espiritual para todos nós.
“Quando Cristo Se via mais tenazmente assaltado pela tentação, não comia nada. Confiava-Se a Deus, e mediante fervorosa oração e perfeita submissão à vontade de Seu Pai, saía vencedor. Os que professam a verdade para estes últimos dias, acima de todas as outras classes de professos cristãos, devem imitar o grande Modelo na oração” (Conselhos Sobre Regime Alimentar, pág. 186).
Para os nossos dias o jejum pode nos trazer vários benefícios espirituais. Dentre esses queremos destacar três: purificação do coração, cria uma situação favorável para a meditação na Palavra de Deus e para a oração. A orientação profética para nós é seguinte: “Para certas ocasiões, o jejum e oração são recomendáveis e apropriados. Na mão de Deus são o meio de purificar o coração e promover uma disposição de espírito receptiva. Obtemos resposta às nossas orações porque humilhamos nossa alma perante Deus” (Conselhos Sobre Regime Alimentar, págs. 187-188).
Em muitas ocasiões especiais o jejum foi praticado por Jesus e foi um recurso fundamental para que Ele se saísse vitorioso em todos os confrontos com as hostes satânicas. Agora pense: se Cristo que tinha uma visão espiritual tão profunda, necessitou do jejum, imagine nós. Como você tem enfrentado as suas lutas e provações? Tem usado esta ferramenta poderosa? Se não por que? Gostaria de lhe convidar para começar um programa de jejum semanal até o fim dessa jornada, aceita o desafio? Caso não tenha costume de jejuar sem ingerir nenhum alimento, comece um jejum com sucos naturais ou com uma refeição em 24 horas conforme aprendeu no SEE II. Certamente, como Jesus e os demais crentes, você deve ter lutas, tentações e provações no seu dia a dia, então em nome de Jesus passe a jejuar e sua vida espiritual vai ser outra. Vivendo essa experiência as pessoas por quem você está orando serão mais abençoadas e você será ainda mais do que elas. Aceita o desafio? Então em oração fale para a Trindade que a partir de agora você será mais um cristão a entrar nas fileiras daqueles que jejuam.
O verdadeiro jejum – Colocando em prática essa experiência sagrada a nossa mente será mais aberta para as necessidades do próximo, ou seja aquele que padece necessidade que está mais próximo a mim, em especial familiares, visinhos e amigos. Vivendo na presença do Pai da abundância será impossível ser indiferente ás necessidades dos que sofrem. Afinal quem são as mãos e pernas do Criador e Mantenedor dos necessitados? Não porventura as minhas? O jejum no seu sentido amplo está diretamente relacionado a esse assunto, ele tem um sentido também um sentido pró-ativo, escutemos o profeta Isaías a esse respeito: “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Isaías 58:6-7).
Alice Gray, em seu livro Histórias Para o Coração, pág. 46, narra um fato que nos leva a refletirmos sobre “o verdadeiro jejum” do qual fala o profeta Isaías.
Logo depois do término da Segunda Guerra Mundial, a Europa começou a juntar os cacos que restaram. Grande parte da Inglaterra fora destruída e encontrava-se em ruínas. Talvez o lado mais triste da guerra tenha sido assistir às crianças órfãs morrendo de fome nas ruas das cidades devastadas.
Certa manhã muito fria de Londres, um soldado americano estava retornando ao acampamento. Quando ele virou a esquina, dirigindo um jipe, avistou um menino com o nariz pressionado contra o vidro de uma confeitaria. Lá dentro, o confeiteiro sovava a massa para uma fornada de rosquinha. Faminto e com os olhos arregalados, o menino observava todos os movimentos do confeiteiro. O soldado parou o jipe junto ao meio-fio, desceu, e caminhou em silêncio até o local onde o menino se encontrava. Através do vidro embaçado pela fumaça, ele viu aquelas rosquinhas quentes e de dar água na boca retiradas do forno. O menino salivou e deu um leve gemido quando o confeiteiro as colocou no balcão de vidro com todo o cuidado.
Em pé, ao lado do menino, o soldado comoveu-se diante daquele órfão desconhecido.
– Filho… você gostaria de comer algumas rosquinhas?
O menino assustou-se.
– Ah, sim… eu gostaria!
O soldado entrou na confeitaria e comprou uma dúzia de rosquinhas; colocou-as dentro de um saco de papel e dirigiu-se ao local onde o menino se encontrava, sob a neblina gelada da manhã de Londres. Ele sorriu, entregou-lhe as rosquinhas, e disse simplesmente:
– Aqui estão.
Quando o soldado se virou para se afastar, sentiu um puxão em sua farda. Ele olhou para trás e ouviu o menino perguntar baixinho:
– Moço… você é Deus?
Lógico que aquele homem não era Deus, mas ele praticou um ato divino. O mundo não será transformado por pessoas que apenas fazem longos jejuns e orações, mas quando homens e mulheres estiverem dispostos a quebrarem o jejum do faminto e atenderem as orações do próximo.
O verdadeiro jejum, pode aproximar o homem das verdades contidas na palavra de Deus, mas não pode distanciar o homem do sofrimento humano.
Miguel Pinheiro Costa é teólogo

domingo, 23 de outubro de 2011

Sinopses sobre Justificação e Santificação pela Fé

JUSTIFICAÇÃO
Lutero, antes de conhecer a justificação pela fé, não entendia como Deus poderia salvá-lo em Sua Justiça, sendo que entendia que justiça é dar a pessoa o que ela merece.
Justificação forense é ser declarado legalmente justo.
Imaginem que vocês tenham uma conta bancária em que está negativa em R$200.000,00, e não tendo como pagar.
Então imaginem que um milionário liga para seu banco e diz que quer unir a conta dele com a sua, ou seja, abrir uma conta conjunta.
O que pertence a ele passa a pertencer também a você. É creditado, transferido para sua conta. E então a sua dívida é coberta pela imensa fortuna deste milionário. Como o gerente trataria agora você? Trataria como um milionário. Isto é imputação.
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. (II Coríntios 5:21).


Na cruz Cristo tomou nosso lugar, ele foi declarado, atribuído, imputado, de forma forense os nossos pecados. Pecado sobre Ele, mas não nEle.


Da mesma forma nós somos com Sua justiça declarados justos. Você passa a ter justiça sobre você, mas não em você.


Somos declarados justos da mesma forma que Cristo foi declarado pecado. E isso é a Graça de Deus, um favor imerecido.


O fundamento da justificação é a graça de Deus, e não a fé: a fé em si, é apenas o instrumento, o meio, pelo qual nos apropriamos da (recebemos a) graça.


Corremos o risco muitas vezes de fazer da fé, outro tipo de obras. Esta questão fica clara quando é lido o texto “Porque pela graça sois salvos, mediante [através] a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Efésios 2:8).


“Mediante a fé, recebemos a graça de Deus; mas a fé não é nosso Salvador. Ela não obtém nada. É a mão que se apega a Cristo e se apodera de Seus méritos, o remédio contra o pecado. E nem sequer nos podemos arrepender sem o auxílio do Espírito de Deus. Diz a Escritura de Cristo: "Deus com a Sua destra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados." Atos 5:31. O arrependimento vem de Cristo, tão seguramente como vem o perdão” (Desejado de Todas as Nações, pág. 175).


A fé não é auto-gerada, você não a produz; ter fé é como se apaixonar; você se apaixona não devido a sua habilidade de produzir amor, mas devido à habilidade da outra pessoa de despertar amor em você. Da mesma forma a fé é baseada na habilidade de Cristo despertar fé em você.


A fé não é contra as obras, no ensino dos apóstolos, ela é somente contra quando obras se tornam um método de salvação, criando uma forma de competição com Cristo.


Quando nós estamos doentes, esperamos melhorar quanto para ir ao médico? Acaso não vamos até ele doentes? E os doentes (físicos e espirituais) que encontraram Jesus, eles continuaram doentes?


Santificação
Santificação é o resultado da justificação. Justificação não depende da santificação, mas a santificação depende da justificação. Logo elas não devem ser confundidas, mas também não devem ser separadas.
Justificação é aceitação da obra de Cristo por mim; santificação, em mim.
Uma é a raiz, a outra o fruto.
Uma é fundamento de nossa paz, a outra é base da nossa pureza
Uma é remoção da culpa do pecado, a outra é a remoção do poder do pecado
Uma é a justiça imputada, a outra é a justiça comunicada.
Uma é o nosso título para o céu, a outra nossa adequação para o Céu.
Uma tem haver com Cristo como Nosso Substituto, a outra como Nosso Exemplo, Modelo. 
Uma árvore não produz frutos para provar que está viva, ela produz frutos por que está viva.
O significado de santificação é separar para uso particular, especial. Separação do pecado.
Nós não vencemos como Cristo venceu, mas vencemos porque Ele venceu.
Nossa luta, nossa dedicação, fervor, surgem da gratidão, da vontade de agradá-Lo, cumprindo a vontade de Deus em nós.
A forma que os perfeccionistas consideram a Cristo, apenas como um modelo, e não um substituto também, simplesmente se torna algo frustrante, pois quando está se alcançando o ideal, ele se reprojeta para mais longe.
Nunca chegaremos a um estágio aqui nesta terra, que não nos seja necessário dizer: Pai Nosso, perdoa as nossas dívidas...
Na santificação, obra de uma vida toda, não estamos avançando para a santidade, como fosse um alvo a ser atingido, na verdade estamos avançamos em santidade.
Em busca da perfeição, não nos tornamos cada vez mais independentes de Cristo, por termos nos tornados (pretensamente) mais fortes espiritualmente, mas a santificação verdadeira é você tomar consciência crescente de que você depende de Cristo.
Um menino estava visitando um monumento em Washington, um enorme obelisco branco de granito e mármore de 170 metros de altura, o menino impressionado, tira uma moeda de um quarto de dólar, 25 centavos, e diz: - pai eu gostaria de comprar esse monumento.
O pai em solidariedade diz: - vá conversar com o guarda do parque e fale de seu plano.
O garoto vai ao guarda e diz, tirando novamente do bolso sua moeda brilhante de 25 centavos:
- Eu gostaria de comprar!
O guarda passa a mão sobre a cabeça do garoto e diz:
- filho, primeiro, não está à venda, em segundo lugar, o seu dinheiro não é o suficiente para comprá-lo, e em terceiro lugar, como americano, já é seu.
A salvação é assim, não está à venda, não poderíamos comprá-la, mas se você está em Cristo ela já pertence a você. Pela graça de Deus a salvação é sua.
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Via Arauto do Advento

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Reforma Espiritual e a Conduta Cristã

Não existe reforma espiritual que não seja refletida na conduta e estilo de vida do cristão. Isso por que reforma “significa uma reorganização, uma mudança nas ideias e teorias, hábitos e práticas”[2]
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento Deus nos faz um chamado para sermos diferentes, a fim de que possamos iluminar o mundo (Mt 5:14-16), fazendo a diferença na sociedade:
“Consagrem-se, porém, e sejam santos, porque eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Obedeçam aos meus decretos e pratiquem-nos. Eu sou o Senhor que os santifica.” (Lv 20:7, 8).
“Sejam santos, porque eu sou santo” (1Pe 1:16)
Portanto, Deus deseja que os filhos dEle de todas as épocas demonstrem que a boa religião (Tg 1:27) muda as pessoas para melhor.
Atualmente, é apresentado nos círculos cristãos um conceito sobre “graça” que mais parece uma “desgraça”. A afirmação de que a pessoa salva pela graça de Jesus (Ef 2:8, 9) “não precisa se preocupar com aquilo que faz”, nada tem a ver com a santificação apresentada na Bíblia, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
“Santificação” é a terceira fase do processo de salvação[3] pela qual toda pessoa precisa passar (Rm 6:22) antes de se encontrar com Jesus Cristo em Sua segunda vinda (Lc 21:36). Nesta fase, o caráter[4] vai se tornando “santo”, semelhante ao caráter de Cristo por que o Espírito Santo “escreve” e “imprime” no coração do crente a Lei moral de Deus e a vontade de obedecê-Lo (Hb 8:10).
Perceba que, mesmo a salvação não sendo por meio de nossa conduta (Ef 2:8), obrigatoriamente ela nos torna “novas criaturas” (2Co 5:17).  Consequentemente, nosso estilo de vida refletirá a transformação que Deus vem efetuando em nós, de maneira que o “aroma” do fruto do Espírito[5] será sentido por todos os que estiverem sob nossa influência!
Como ser uma pessoa santa
Nas Escrituras, ser santo não é o mesmo que ser “sem pecado”. É a mesma coisa que não ser “pecadeiro”: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” (1Jo 3:9, versão Almeida, Revista e Atualizada).
Vou explicar. Ao aceitarmos a Jesus Cristo como nosso salvador e Senhor (Lc 6:46) continuamos sendo pecadores, que necessitarão que Deus efetue em nós o “querer e o realizar” (Fp 2:13) todos os dias de nossa vida. Porém, não seremos mais “pecadeiros”, no sentido de fazer do pecado um “estilo de vida”.
Ser “santo” é o mesmo que ser “separado”[6]. É aceitar o convite divino para separar-se das práticas erradas daqueles que não seguem a Deus, de acordo com Isaías 52:11: “Afastem-se, afastem-se, saiam daqui! Não toquem em coisas impuras! Saiam dela e sejam puros, vocês, que transportam os utensílios do Senhor.”
Porém, é importante não esquecermos que a “santificação” não vem do dia para a noite. É obra de uma vida de íntimo relacionamento com a Divindade e de constante negação do eu para que Jesus viva em nós[7]:
“Não existe tal coisa como seja santificação instantânea. A verdadeira santificação é obra diária, continuando por tanto tempo quanto dure a vida.”[8]
O que faz uma pessoa santa[9]
Quem aceita o chamado de Deus para ser diferente (santo) e passa por uma reforma espiritual não deixará de:
  1. Relacionar-se com Cristo todos os dias (Mt 11:28-30). A boa conduta deve ser o resultado do relacionamento com Jesus e não simplesmente o esforço pessoal para ser melhor. Do contrário, o crente se tornará um legalista, que faz do comportamento um “meio” de salvação;
  2. Amar a sua esposa, marido, filhos e dedicar tempo e atenção a eles (Ef  5:22-33; 6:1-4);
  3. Auxiliar os órfãos e as viúvas (Tg 1:27);
  4. Praticar o jejum espiritual de Isaías 58;
  5. Ir à igreja e manter bom relacionamento com os irmãos na fé (At 2:42-47) sem ser mexeriqueiro (Lv 19:16) e orgulhoso, achando-se “mais santo” que os demais (Lc 18:10-14).[10]
  6. Crescer em pureza moral (Mt 5:8; 1Co 6:18-20)[11];
  7. Suportar e perdoar as pessoas (Cl 3:13, 14; Mt 6:14, 15).
  8. Estudar toda a Bíblia diariamente (Dt 17:19; Lc 24:27, 44);
  9. Orar “sem cessar” (1Ts 5:17) e de forma perseverante (Rm 12:12);
  10. Obedecer aos Dez Mandamentos (Ex 20), pela fé (Rm 16:26), assim como o seu principal modelo de conduta: Jesus (Mt 5:17-19; Jo 15:10; Hb 8:10);
  11. Administrar sabiamente as próprias finanças, sendo fiel a Deus nos dízimos e nas ofertas, para que a igreja tenha recursos a fim de que outras pessoas conheçam o plano de salvação (Ml 3:8-10; Mt 23:23);
  12. Recrear-se de maneira saudável, evitando lugares que a façam sentar-se “na roda dos escarnecedores” (Sl 1:1, 2);
  13. Respeitar as leis do seu país (Rm 13:1-7)[12];
  14. Cuidar da natureza (Sl 8:6-8; Ap 11:18);
  15. Vestir-se de acordo com os princípios de modéstia, decência e discrição cristãs claramente definidos em 1 Timóteo 2:9, 10[13]. De acordo com o texto, isto envolve: (1) não se enfeitar com jóias e (2) não usar roupas caras, pois, tais práticas chamam mais a atenção para o exterior do que para o aspecto interior. O verso 10 afirma os enfeites mais bonitos do cristão são suas “boas obras”.
Deus não desiste de nós
Não estamos sozinhos em nossa caminhada para sermos pessoas cada vez melhores. O Espírito Santo, além de nos guiar a toda verdade (Jo 16:13), desenvolverá em nós um caráter semelhante ao de Cristo (Jo 13:15; 2Co 7:1), para que sejamos felizes de verdade (Sl 32:11; Fp 4:4) e nos tornemos cidadãos do reino dos céus (Fp 3:20).
Portanto, não desanimemos se o nosso caráter ainda não reflete tudo aquilo que Deus quer. Ele é paciente conosco e promete em Sua Palavra que, se fizermos a nossa parte em perseverarmos até o fim em segui-Lo (Lc 21:19) e o amarmos de todo o nosso coração e entendimento (Mt 22:37, 38), Ele completará em nós a obra de transformação que já começou!
“Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.” (Fp 1:6).
“Deus é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria” (Jd 1:20, adaptado).
Isso só não acontecerá apenas se não quisermos (Ap 22:17). Minha decisão eu já tomei e quero mantê-la até o fim, com a ajuda de Deus. E você? Já fez a sua?

[1] A versão bíblica adotada é a Nova Versão Internacional (NVI), salvo sob indicação.
[2] Ellen G. White, Reavivamento Verdadeiro: a maior necessidade da igreja” (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 14.
[3] A primeira fase é a “justificação”, que é o mesmo que ser “tornado justo”, pelos méritos de Cristo. Isso ocorre unicamente pela fé em Jesus (Rm 5:1) e não pelas obras da lei (Gl 2:21). Já a terceira fase é a “glorificação”, momento em que os salvos serão glorificados, totalmente transformados e arrebatados visivelmente para o céu na volta de Jesus Cristo (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
[4] Convém destacar que a santificação bíblica inclui a transformação do SER em seus aspectos físico, mental e espiritual, como lemos em 1 Tessalonicenses 5:23, 24.
[5] Nome de nove lindas qualidades de caráter mencionadas Gálatas 5:22, 23.
[6] Este é o sentido etimológico da palavra nas línguas originais da Bíblia.
[7][7] Ver Gálatas 2:20.
[8] Ellen G. White, Santificação, p. 10.
[9] Para uma abordagem abrangente sobre o estilo de vida e conduta cristã, ver Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 748-802.
[10] É importante ressaltar que o verdadeiro “santo” não usa de palavras duras para com seus irmãos na fé e muito menos para com outras pessoas (Cl 4:6; 2Tm 2:24-26).
[11] A escolha de bons filmes, literatura, boa música, bons sites e programas de rádio e TV facilitam tal processo!
[12] A única exceção é quando as leis humanas tentam nos levar a desobedecer às leis de Deus. Ver Atos 5:29.
[13] Diz o texto, na Nova Versão Internacional: “Da mesma forma, quero que as mulheres se vistam modestamente, com decência e discrição, não se adornando com tranças e com ouro, nem com pérolas ou com roupas caras, mas com boas obras, como convém a mulheres que declaram adorar a Deus.”
Leandro Quadros é apresentador do programa Na Mira da Verdade da TV Novo Tempo

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