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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Posição Oficial da Igreja Adventista Sobre o Serviço Militar



A Batalha: Devem os Adventistas Servir às Forças Armadas?
Por Ted N. C. Wilson

A questão do serviço militar surgiu cedo na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Oficialmente organizada em 1863, no auge da Guerra Civil Americana, a nova denominação precisou lidar com a maneira como seus membros responderiam a convocação para a guerra. 

Da mesma forma como em outras questões difíceis, os lideres pioneiros estudaram o assunto usando a Bíblia como guia e concluíram que a posição consistente com os princípios bíblicos era a de não combatente (por questão de consciência, objeção ao porte de armas). A razão principal para essa posição era que os adventistas, servindo as forças armadas americanas, poderiam ser forçados a transgredir sua lealdade a Deus caso obedecessem aos comandantes de suas companhias. Dois mandamentos bíblicos estavam diretamente relacionados a questão: o quarto, sobre a guarda do sábado, e o sexto, “não mararás".

A Posição de não Combatente

Por um tempo, as congregações adventistas ajudaram seus rapazes a evitar o serviço militar, pagando a taxa de comutação de 300 dólares. Mas em 1864, a jovem igreja apelou com sucesso para o governo federal dos Estados Unidos para uma designação oficial de não combatente. Essa posição, atualizada ao longo dos anos, declara que o “serviço não combatente” significa:

a. “Serviço em qualquer unidade das forças armadas que seja desarmada em todos os momentos";

b. “Serviço no departamento médico em qualquer setor das forças armadas";

c. “Qualquer outra atribuição da função primordial que não requeira o uso de armas em combate, desde que a outra atribuição seja aceitável para o individuo em causa e não requeira o porte de armas ou que seja treinado a usa-las".¹

Ao tomar uma posição oficial de não combatente, a igreja abriu o caminho para que seus membros convocados para o serviço militar, servissem em funções em que pudessem levar cura e restauração. Desde esse tempo, milhares de homens e mulheres adventistas tem servido nas forças armadas de seu país como padioleiros, médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde. Muitos outros conseguiram ocupar cargos no serviço civil em lugar do serviço militar compulsório.

Serviço Compulsório

No entanto, a opção de não combatente não existe em alguns países e os adventistas têm a obrigação de prestar o serviço militar de seu país. Mesmo assim, esses jovens adventistas têm buscado maneiras de ser fiéis a Deus enquanto servem sua pátria.

Durante a II Guerra Mundial, Franz Hasel. um fiel adventista da Alemanha, foi convocado para o exército alemão. Sofrendo todos os tipos de provocações e abusos de seus colegas soldados e comandantes devido a sua fidelidade a Deus, Franz passou a ser respeitado pela excelente pontaria durante o treinamento. Porém, quando foi enviado para as linhas de frente, Franz tirou sua pistola do coldre e secretamente a jogou em um lago, substituindo-a por uma pistola de madeira. Dos 1.200 soldados de sua unidade, apenas sete sobreviveram ao exército russo. Franz foi um deles.²

No teatro do Pacífico, Sigeharu Suzuki, de 16 anos de idade, foi convocado pela marinha japonesa e designado para a infame unidade dos Kamikazes. Todas as noites, enquanto seus amigos pilotos militares saiam para beber, Sigeharu ficava para engraxar as botas dos colegas. Por quê? Porque sua avó adventista o havia ensinado a, sempre que possível, fazer algo bom.

Vinte anos após a guerra, durante uma reunião de sobreviventes da unidade Kamikaze, Sigeharu soube que o fato de engraxar as botas havia salvado sua vida. “Todas as noites eu via você engraxando as botas de seus amigos soldados disse-lhe o comandante aposentado da Companhia, “e sempre que seu nome aparecia nos registros de voo, eu o trocava para o fim da lista".

Serviço Militar Voluntário

Em tempos mais recentes, o serviço militar voluntário, em lugar do compulsório, tem sido cada vez mais a opção de muitos países. Como incentivos para servir, os governos oferecem muitos benefícios como bolsa de estudos, cursos profissionalizantes, bônus financeiros e muito mais. Além desses benefícios, algumas pessoas têm o desejo de servir seu pais como uma expressão de patriotismo ou de seus ideais políticos.

A pergunta é: Como nós, adventistas e como igreja mundial, devemos nos posicionar em relação ao serviço militar voluntario?

Gary Councell, diretor do Ministério Adventista de Capelania, aborda a questão em seu livro, Seventh-day Adventists in Military Service (Adventistas do Sétimo Dia no Serviço Militar): "Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia defenda a posição de não combate, o pacifismo, o serviço militar, ou a posição de não combatente não são testes para os membros da igreja. A denominação não age como a consciência de qualquer membro ou comandante militar, mas procurará informar a consciência e o comportamento de ambos, a fim de que as decisões possam ser tomadas com máxima reflexão e compreensão".³

Assim, enquanto a posição oficial da igreja é a de não combate - por questão de consciência, objeção ao porte de armas - a decisão de prestar ou não 0 serviço militar e portar armas é deixado a critério da consciência de cada indivíduo. No entanto, a igreja não incentiva ninguém a ingressar no serviço militar por razões que incluem o conceito bíblico do não combate, da dificuldade para observar 0 sábado e outros desafios independentemente da decisão individual de cada um, a igreja tem 0 compromisso de prestar assistência pastoral e apoio a todos os seus membros, inclusive aos que estão no serviço militar e respectivas famílias.

Posição Reafirmada

A posição oficial de não combate da igreja foi reafirmada na década de 1950, e mais uma vez no Concilio Anual da Associação Geral de 1972.

Uma parte do documento diz 0 seguinte:

“O cristianismo genuíno é manifestado pela boa cidadania e lealdade ao governo civil. A declaração de guerra entre os homens não altera em nada a fidelidade e responsabilidade suprema do cristão para com Deus nem modifica a sua obrigação de praticar suas crenças e colocar Deus em primeiro lugar.

“Essa parceria com Deus, por meio de Jesus Cristo que veio a este mundo não para destruir a vida dos homens, mas para salva-los, faz com que os adventistas do sétimo dia defendam  a posição de não combate[...] .”4

O Heroísmo de um Opositor por Questão de Consciência

Provavelmente 0 soldado adventista não combatente mais conhecido foi Desmond Doss, que serviu como enfermeiro padioleiro no Exército dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial. O Cabo Doss, cuja história heroica foi contada em um filme de 2004, “The
Conscientious Objector" (O Objetor de Consciência), é muito conhecido pelo fato de salvar a vida de 75 de seus colegas soldados durante uma batalha feroz, na ilha de Okinawa. Sob constante fogo inimigo, Doss recusou procurar abrigo. Pelo contrário, carregou os soldados feridos, um a um, colocando cada um deles em uma maca amarrada com corda, que ele mesmo tinha inventado, Cada homem ferido foi conduzido para um local seguro, quase onze metros abaixo do local em que estava acontecendo a batalha.

Esse ato de coragem conferiu a Desmond Doss a mais alta honra que seu pais podia conceder - a U.S. Congressional Medal of Honor. Ele foi o primeiro e um dos três únicos objetores de consciência a receber essa honra.

Testemunha da Paz

Os adventistas do sétimo dia tem mantido seu testemunho histórico em favor da paz e do não combate pelos 151 anos de existência da igreja. Essa posição nunca foi escondida: da maneira mais pública possível, os líderes da igreja tem solicitado periodicamente aos líderes do mundo que evitem os conflitos e procurem o Príncipe da Paz. Observe a carta aberta, publicada três anos após o fim da I Guerra Mundial, na capa interna da Advent Review and Sabbath Herald
(Revista Adventista e Arauto do Sábado), a revista oficial da igreja. A Carta foi assinada pelo presidente, secretário e tesoureiro da Associação Geral:

"Como adventistas do sétimo dia, em acordo com outros grupos religiosos, defendemos sobremaneira a limitação de armamentos e, se fosse possível no presente estado da sociedade, defenderíamos a abolição de todas as guerras entre as nações dos homens. Somos forçados a essa posição pela própria lógica de nossa crença nAquele que é o Príncipe da Paz, e de nossa experiência como súditos de Seu reino".5

Pessoas de Oração

Como adventistas do sétimo dia, necessitamos ser um povo de oração. Enquanto o mundo esta envolvido em batalhas que podem ser vistas, todos os dias acontecem muitas batalhas reais do grande conflito, porém invisíveis. Satanás e seus anjos estão guerreando contra cada um de nós, lutando para, finalmente, declarar que este mundo lhes pertence. As profecias de Daniel e Apocalipse nos dizem que estamos vivendo no fim dos tempos. Jesus está chegando!

Precisamos orar por nosso país, onde quer que estejamos no mundo, e pelos líderes de nosso país, para que tomem decisões sábias e defendam a liberdade religiosa e de consciência. Precisamos orar uns pelos outros e por aqueles que se encontram em situações muito difíceis em todo mundo. Mas, acima de tudo, precisamos orar pela paz - a paz que somente Jesus pode oferecer agora e no Seu reino vindouro, onde não haverá mais guerras.

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap. 21:4, ARA).

É hora de nos levantarmos e proclamar a Cristo, o Príncipe da Paz, nosso Rei que está voltando. 


1 Da posição oficial da lgreja Adventista do Sétimo Dia sobre o não combate, http://www-adventistchaplains-org.gcnetadventist.org/noncombatancy
2 Veja Mil Cairão ao Teu Lado, por Susi Hasel Mundy e Maylan Schurch, Casa Publicadora Brasileira, 2003.
3 Seventh-day Adventists and Military Service, por Gary R. Councell, Adventist Chaplaincy Ministries, 2011, p. 30, 31.
4 Posição oficial sobre o não combate, http://www-adventistchaplains-org.gcnetadventist.org/noncombatancy
5 ("Adress to President Harding," Advent Review and Sabbath Herald, 8 de dezembro de 1921, p. 2).

Fonte: Artigo retirado da revista Adventist World, agosto de 2014, páginas 8 a 10.


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