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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O Rico e Lázaro: como interpretar a parábola em Lucas 16:19-31?

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O Rico e Lázaro é a nova novela da Record (que está sendo exibida desde 13 de março) inspirada em uma parábola bíblica relatada em Lucas 16:19-31 contada por Jesus aos seus discípulos, e que ganhará contornos dramáticos e folhetinescos através do texto da autora Paula Richard. O assunto da parábola do rico e Lázaro é questionado por muitas pessoas. Portanto, devemos entender corretamente o que Cristo quis ensinar através dela. Através do texto a seguir, de autoria de Alberto R. Timm (Centro White), teremos uma melhor compreensão desta parábola explanada por Jesus.

Alguns sugerem que o relato de Lucas 16:19-31 deveria ser interpretado literalmente, como uma descrição do estado do homem na morte. Mas essa interpretação nos levaria a uma série de conclusões inconsistentes com o restante das Escrituras. Em primeiro lugar, teríamos de admitir que o Céu e o inferno se encontram suficientemente próximos para permitir uma conversa entre os habitantes de ambos os lugares (versos 23-31). Teríamos de acreditar também na vida após a morte, enquanto o corpo jaz na sepultura, continua existindo de forma consciente uma espécie de alma espiritual que possui “olhos”, “dedo” e “língua”, que inclusive pode sentir sede (versos 23-24).

Se esta fosse uma descrição real do estado do homem na morte, então o Céu certamente não seria um lugar de alegria e de felicidade, pois os salvos poderiam acompanhar de perto os infindáveis sofrimentos de seus entes queridos que se perderam e até mesmo dialogar com eles (versos 23-31). Como poderia uma mãe sentir-se feliz no Céu, contemplando ao mesmo tempo as agonias incessantes, no inferno, de seu amado filho? Num contexto como esse, seria praticamente impossível o cumprimento da promessa bíblica de que então “não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21:4).

Diante disso, a maioria dos eruditos bíblicos contemporâneos considera a história do rico e Lázaro (Lc 16:19-31) como uma parábola, da qual nem todos os detalhes podem ser interpretados literalmente. George E. Ladd, por exemplo, diz que essa história era provavelmente “uma parábola de uso corrente no pensamento judaico e não tenciona ensinar coisa alguma acerca do estado dos mortos”. (O Novo Dicionário da Bíblia [São Paulo: Vida Nova, 1962], vol. 1, p. 512). Sendo esse o caso, temos que procurar entender qual o verdadeiro propósito da parábola.

Nos capítulos 15 e 16 de Lucas, Cristo apresenta várias parábolas em resposta à preconceituosa discriminação dos escribas e fariseus para com as classes marginalizadas da época (Lc 15:1 e 2; 16:14 e 15). A parábola de Lucas 16:19-31, que aparece no final desses dois capítulos, é caracterizado por um forte contraste entre “certo homem rico” e bem vestido (verso 19) e “certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas” (verso 20). O relato ensina pelo menos duas grandes lições. A primeira é que o status e o reconhecimento social do presente não são o critério de avaliação para a recompensa futura. Em outras palavras, aqueles que, à semelhança dos escribas e fariseus, se julgam mais dignos do favor divino podem ser os mais desgraçados espiritualmente aos olhos de Deus (comparar com Mt 23).

A segunda lição é que o destino eterno de cada pessoa é decidido nesta vida, e jamais poderá ser revertido na era vindoura, nem mesmo pela intervenção de Abraão (Lc 16:25 e 26). A referência à impossibilidade de Abraão salvar o homem rico do seu castigo reprova o orgulho étnico dos fariseus, que se consideravam merecedores da salvação por serem descendentes de Abraão (ver Lc 3:8; 13:28; Jo 8:39 e 40, 52-59).

É importante lembrarmos que um dos princípios básicos da interpretação bíblica é que não devemos fundamentar doutrinas nos detalhes acidentais de uma parábola, sem primeiro verificar se as conclusões obtidas estão em perfeita harmonia com o consenso geral das Escrituras. A própria parábola de Lucas 16:19-31 afirma que, para obter vida eterna, o ser humano precisa viver em plena conformidade com a vontade de Deus revelada através de “Moisés e os profetas” (verso 29; comparar com Mt 7:21), ou seja, através da “totalidade da Escritura” (L. L. Morris).

Mesmo não tencionando esclarecer o estado do homem na morte, esta parábola declara, em harmonia com o restante das Escrituras, que os morto só podem voltar a se comunicar com os vivos através da ressurreição (Lc 16:31). E, se analisarmos mais detidamente o que “Moisés e os profetas” têm a nos dizer sobre o estado na morte, perceberemos que os mortos permanecem inconscientes na sepultura até o dia da ressurreição final (ver Jó 14:10-12; Sl 6:4-5; Ec 9:5, 10; Jo 5:28 e 29; 11:1-44; I Co 15:16-18; I Ts 4:13-15).

"Na parábola do rico e Lázaro, Cristo mostra que nesta vida os homens decidem seu destino eterno. Durante o tempo da graça de Deus, esta é oferecida a toda a humanidade. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, afastam-se da vida eterna. Não lhes será concedida nova oportunidade. Por sua própria escolha cavaram entre eles e Deus um abismo intransponível. Essa parábola traça um contraste entre o rico que não confiara em Deus e o pobre que nEle depositara confiança. Cristo mostra que se está aproximando o tempo em que a posição das duas classes será invertida. Os que, embora pobres nos bens deste mundo confiam em Deus e são pacientes no sofrimento, um dia serão exaltados sobre os que agora ocupam as mais elevadas posições que o mundo pode dar, mas não submeteram sua vida a Deus." (Extraído do livro Parábolas de Jesus, cap. 21 "Como é decidido nosso destino", de EGW)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A Parábola do Rico e Lázaro – Lucas 16:19-31



Deus, através do salmista Davi, prometeu conduzir-nos às águas tranquilas. Esta água é a água viva, clara e puríssima, oferecida não somente à mulher samaritana, mas a todos aqueles que com ela desejam saciar-se. Há muitos, porém, que abandonam esta límpida fonte para se abeberarem em cisternas rotas, cujas águas têm sido maculadas por ideias espúrias e pelo ceticismo.

Temos que escolher entre a fonte divina, o imenso lago saudável, a Bíblia, e as águas poluídas por ideias espúrias não defensáveis pelo Santo Livro.

Este trabalho exegético tem como objetivo uma interpretação bíblica da controvertida parábola do Rico e Lázaro, de acordo com os parâmetros divinos, e não com as ideias engendradas em cogitações humanas.

Sendo que o assunto desta parábola é um dos que mais vem à baila pelos defensores da imortalidade da alma, creio ser oportuno entender corretamente o que Cristo nos quis ensinar.

Sendo o ensino por parábolas perfeitamente adaptável à mentalidade do povo judeu, Cristo sabiamente o usou, para transmitir as mais sublimes e eternas verdades de maneira simples e natural.

O que é uma Parábola?

Para a boa compreensão deste assunto é necessário saber o que é e o que não é uma parábola. A palavra parábola provém do vocábulo grego parabolê, que literalmente significa colocar ou atirar ao lado, mas que hoje significa comparação ou ilustração, visando ensinar-nos uma verdade. Em outras palavras, o emprego de circunstâncias comuns do dia-a-dia para ilustrar verdades religiosas.

Laudelino Freire, em seu dicionário, assim a define: “espécie de alegoria que envolve algum preceito de moral”. Notemos bem que, se é uma alegoria, não pode ser real ou literal.

Propósito das Parábolas

Este método foi usado por Jesus porque ele é mais fácil do que outros processos didáticos para fixar na memória uma verdade. Por ser mais eficiente, as mais profundas mensagens religiosas foram expressas em linguagem parabólica.

W. G. C. Murdoch, ex-diretor de nosso Seminário na Andrews University, escreveu no livro A Symposium on Biblical Hermeneutics, pág. 219, o seguinte: “O propósito da parábola é ensinar por comparação, analogia e ilustração. Jesus, o maior professor, empregou este método com grande sucesso. Ele usou parábolas para expor profundas verdades espirituais. Ele contou histórias da vida real para esclarecer os seus ouvintes sobre o verdadeiro significado da vida. Estas apresentavam lições que explicavam os mistérios do seu reino. Jesus não estava preocupado com a proposição de problemas. O propósito fundamental de suas parábolas era conseguir um compromisso dos seus ouvintes para entrarem neste reino. Por isso é que muitas parábolas são uma exposição do valor do reino do Céu. Ele estava mais ansioso para revelar mistérios deste reino do que escondê-los”.

Interpretação de Parábolas

No livro já citado, o Professor Murdoch nos orienta com segurança sobre a interpretação desta figura de estilo:

“Há certos princípios indispensáveis que nos devem guiar na interpretação de parábolas:

1º) Uma parábola geralmente tem um ponto principal e uma mensagem central a transmitir. Muitas vezes se comete injustiça na interpretação da parábola quando introduzimos minúcias estranhas à mensagem central da ilustração.

2º) A parábola deveria ser examinada com uma visão das circunstâncias que determinam sua apresentação. Foi a parábola proferida em resposta a uma pergunta? Se esse é o caso, qual a natureza da pergunta? Quem estava presente quando a parábola foi apresentada?

3º) A parábola deve ser compreendida levando em consideração a sua base histórica, as maneiras, os costumes e a cultura do povo. Por exemplo: se a parábola se refere à agricultura, precisamos compreender a agricultura da época antes de compreendermos completamente a parábola. Ao considerarmos o contexto histórico da parábola, o Velho Testamento e sua terminologia não devem ser negligenciados, pois esta era uma parte real na vida do povo a quem a parábola foi dada.

4º) As parábolas devem ser estudadas em seu contexto, para determinarmos se o significado da parábola tem sido dado.

5º) “Se uma parábola é usada para moldar o pensamento doutrinário, devemos estar certos de que a nossa interpretação está fundamentada estritamente na interpretação dada pelos escritores inspirados.

Veja, por exemplo, a parábola do homem rico e Lázaro, muitas vezes malcompreendida e mal interpretada. Esta história é frequentemente citada para provar o conceito popular da inata imortalidade da alma e dar-nos um lampejo da vida futura. Nessa interpretação, as almas dos bons, supostamente, entram em eterno gozo, ao passo que as dos ímpios, em eterno castigo. Se essa interpretação fosse literal o abismo entre o céu e o inferno é demasiadamente grande para as pessoas atravessarem, porém, suficientemente pequeno para que pudessem conversar através dele. Na realidade, Jesus estava usando aqui um argumento em que Seus ouvintes criam, mas que Ele não endossava” (A Symposium on Biblical Hermeneutics, págs. 220-221).

O Comentário Bíblico Adventista, vol. 5 – “Mateus a João”, págs. 199-200, nos apresenta sete princípios fundamentais na interpretação de parábolas. Dada a sua oportunidade para o assunto em tela, eles também serão aqui transcritos:

“No estudo das parábolas de Jesus é muito importante seguir princípios corretos de interpretação. Estes princípios podem ser brevemente sumariados como seguem:

1º) Uma parábola é um espelho pelo qual a verdade pode ser vista; mas não é a própria verdade.

2º) O contexto no qual é dada a parábola – o lugar, as circunstâncias, as pessoas diante de quem ela foi proferida, e o problema em discussão – deve ser considerado e utilizado como chave para a interpretação.

3º) A própria introdução e a conclusão de Cristo à parábola, de modo geral, deixam claro o seu propósito fundamental.

4º) Cada parábola ilustra um aspecto fundamental de uma verdade espiritual. Os pormenores de uma parábola são significativos apenas como contribuição para o esclarecimento de um ponto particular da verdade.

5º) Antes que o significado da parábola, no campo espiritual, possa ser compreendido é necessário ter um quadro claro da situação na parábola, nos termos dos costumes orientais, peculiares de pensamento e expressão. As parábolas são vívidos quadros verbais que devem ser vistos, assim como foram faladas, a fim de que possam ser compreendidos.

6º) Em virtude do fato fundamental de que uma parábola é dada para ilustrar a verdade, e comumente uma verdade particular, doutrina alguma pode ser baseada em detalhes incidentais de uma parábola.

7º) A parábola, no seu todo ou em parte, deve ser interpretada nos termos da verdade que se deseja ensinar, como exposta em linguagem literal no contexto imediato e noutros lugares da Escritura”.

John Davis, no Dicionário da Bíblia, pág. 444, escreveu: “A interpretação das parábolas exige um estudo cuidadoso das circunstâncias em que foram proferidas e da doutrina, ou argumentos que elas tinham em vista”.

Para nossa melhor compreensão neste assunto, as palavras de A. Almeida, encontrada no livro Manual de Hermenêutica Sagrada, pág. 76, são oportunas:

“É princípio geral de interpretação que a nenhum texto se pode dar um sentido contrário ao ensinamento geral e claro das Escrituras, sobre o mesmo assunto. Os passos mais obscuros interpretam-se pelos mais claros; a linguagem simbólica ou metafórica se esclarece pelo ensino explícito do mesmo assunto em linguagem literal”.

É este relato uma Parábola?

Os estudiosos estão divididos neste assunto, uns acentuando como fato histórico e, outros, como parábola. Os adventistas consideram-na parábola e estão bem assessorados, desde que a maioria pensa desta maneira.

Bloomfield declarou com segurança: “Os melhores comentadores, tanto antigos como modernos, com razão consideram-na uma parábola”.

O Comentário Bíblico Adventista, vol. 5 – “Mateus a João”, referente Lucas 16:19, menciona o fato de que o antigo manuscrito (D) a chama de parábola.

“Muitos têm afirmado que este relato de Cristo não é uma parábola, pelo fato de Ele não ter mencionado como tal. Esta declaração é improcedente, desde que há outras parábolas aceitas como parábolas, sem que Jesus as mencionasse como pertencendo a este gênero literário (Lucas 15:8 e 11; 16:1)”.

A Parábola do Rico e Lázaro e sua interpretação

Esta parábola foi relatada apenas pelo evangelista Lucas, em seu Evangelho (Lucas 16:19-31).

Dentre as parábolas relatadas por Cristo, nenhuma tem sido tão mal interpretada e malcompreendida como a do Rico e Lázaro. Há muitos que a ela se apegam para provar uma doutrina contrária ao contexto geral da Bíblia – a imortalidade da alma.

Sendo que o ministério público de Jesus estava chegando ao seu término, Ele lançou, motivado pelo amor, os últimos apelos aos publicanos e pecadores para que todos aceitassem a salvação que lhes estava sendo oferecida.

Os escribas e fariseus O criticavam por sua atitude (Lucas 15:2). Nestas circunstâncias, Cristo relata uma série de parábolas, culminando com a do Rico e Lázaro. A primeira delas é a da ovelha perdida; segue-se a da moeda perdida; depois, a do Filho Pródigo; e, então, do administrador infiel.

O ponto culminante das três primeiras parábolas é o mesmo – a grande alegria pela recuperação do que se havia perdido.

Com o propósito de impressionar aquelas pessoas, o Mestre narra a parábola do mordomo infiel, cuja atitude astuciosa, fraudulenta e sagaz é condenada pelo Mestre. Mesmo reprovando o procedimento deste homem, dele Cristo tira uma útil lição. Jesus aprovou a sabedoria com que ele agiu, mas não o seu método. Cristo jamais aprovaria a desonestidade, pois, se chegássemos a esta conclusão, esta seria absurda, porque o objetivo da parábola não é este.

O objetivo da parábola é claro em Lucas 16:8 – “Até mesmo o ímpio toma providências para seu futuro terrestre; quanto mais importante é que o filho de Deus tome em conta a vida por vir. Os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”.

Completando a lição dada pela parábola deste mordomo, Cristo lhes relata outra relacionada com a necessidade de se estar preparado para o dia da morte – esta é a do Rico e Lázaro. Ela foi dada por causa dos fariseus, que eram avarentos, e não faziam provisão para o futuro, isto é, para a vida eterna (Lucas 16:14). Pelo fato da vida deles se centralizar no dinheiro, Cristo queria mostrar-lhes o que acontece ao homem quando ele não se prepara para a vida eterna.

Jesus não estava discutindo o estado do homem na morte, nem tão pouco o tempo em que o galardão lhe seria dado. Ele apenas estava fazendo uma clara distinção entre esta vida e a próxima.

Pode uma Parábola ser, ao mesmo tempo, literal e figurada?

A resposta a esta pergunta é retirada do livro Questões de Doutrina, editado pelos adventistas. Do relato, merece destaque esta parte:

“Admitem todos que a história tem que ser fato literal, acontecimento real, ou é simples parábola. Não pode ser ambas as coisas. Se literal, tem de ser verdadeira e coerente em todos os pormenores. Se, porém, é parábola, então, só poderemos nela buscar a verdade moral, que se quer transmitir. E a história seria então sujeita às reconhecidas leis e limitações de uma parábola. Assim, tudo é compreensível. Como vemos, é nitidamente incoerente a aplicação literal, e cai ao peso de seu próprio absurdo. Cristo não está aqui revelando pormenores da vida além-túmulo. Antes emprega uma impressionante história daqueles tempos para advertir e reprovar os que recusavam aceitar Seus ensinos quanto ao carreto uso das riquezas” (Pág. 554).

Nesta parábola se encontra a figura literária denominada prosopopeia, por intermédio da qual damos ação, movimento, ou voz às coisas inanimadas, e que faz falar as pessoas ausentes, e até os mortos.

Se este relato fosse literal teríamos que admitir estes absurdos: se são almas desencarnadas, como explicar que têm dedos e língua? Se tinham dedos e língua, deviam também ter mãos e cabeça. Se falavam e ouviam, tinham os órgãos da fala e os auditivos. Se possuíam as partes do corpo, então não eram almas.

O relato declara que eles estavam na sepultura (v. 22). Logo, não podiam estar no céu e no inferno.

Se não eram almas e não eram corpos, se haviam morrido e foram sepultados e estavam conversando, só o poderiam fazer em alegoria, como as árvores de Juízes 9, onde lemos: “Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram…” (verso8).

Todos se convencem, diante deste relato, que há aqui uma figura, e não fatos reais.

Por que não aceitamos esta Parábola como uma descrição real?

As declarações bíblicas são bastante convincentes em nos mostrar que os mortos, quer justos, quer ímpios, descansam inconscientes na sepultura até o dia daressurreição. Destacam-se: Jó 14:12-15 e 20-21; 17:13; Salmos 6:5; 115:17; Eclesiastes 9:5-6; e Isaías 38:18.

Em Mateus 25:31-41, o próprio Cristo nos indica o tempo em que os justos serão recompensados e os ímpios castigados:

“E, quando o Filho do homem vier em Sua glória, Ele dirá aos que estiverem à Sua direita: ‘Vinde benditos de Meu Pai, possui por herança o reino…’, e, aos que estiverem à Sua esquerda: ‘Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno’”.

A interpretação literal da parábola dá a recompensa ao rico e a Lázaro no dia da morte, porém, os declarações bíblicas são estas:

“Eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse 22:12).

“Recompensado te será na ressurreição dos justos” (Lucas 14:14).

Sendo uma alegoria, os personagens não podem ser reais, por isso cremos, que nem o rico nem Lázaro existiram. Se a declaração fosse real, nela não haveria ideias pagãs, conceitos da tradição talmúdica e metáforas judaicas.

A Bíblia não descreve um céu onde os justos são vistos pelos ímpios e nem um inferno de onde os perversos contemplam os justos e com eles mantêm conversação. No além não haverá lembranças das ações desta vida: “Não haverá lembranças das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Isaías 65:17).

Que lições nos ensinam esta Parábola?

1ª) A primeira e grande lição que ela nos ensina é esta: nesta vida temos a única oportunidade de preparar-nos para a vida do além.

O ensino bíblico é de uma clareza meridiana em nos esclarecer de que não haverá segunda oportunidade para ninguém após a morte. Quando esta vier, tudo estará definido. Ninguém poderá passar para o outro lado. É nesta vida que formamos o caráter que nos qualificará para a vida por vir.

O comentarista Plummer declara:

“Não há na parábola o propósito de dar informações acerca do mundo invisível. Nela é mantida a ideia geral de que a glória e miséria depois da morte são determinadas pelo procedimento do homem antes da morte”.

2ª) A segunda destacada lição pode ser assim sintetizada: os judeus criam ser a riqueza um sinal da bênção de Deus, e, pobreza, indício do Seu desagrado. Cristo lhes mostrou que este conceito era errado. A Bíblia nos ensina que os ricos têm a obrigação de gastar o seu dinheiro não de acordo com os ditames de sua consciência, mas de conformidade com o desprendimento ensinado por Cristo. A parábola ensina a lição: os ricos avarentos não herdarão a vida eterna.

Cumpre ter bem em mente que o rico da parábola não foi condenado por ser rico, mas por ser egoísta. O mendigo também não foi salvo por ser pobre ou por causa dos seus sofrimentos.

3ª) A parábola não visa revelar-nos o que acontece após a morte, mas enfatizar mais uma vez que as revelações dadas por Deus na Sua Palavra são suficientes para nos conduzir à salvação. Quando o rico pediu que Lázaro fosse enviado à Terra para advertir outros acerca do inferno, Abraão lhe respondeu: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos”. O relato prossegue: “Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lucas 16:29 e 31).

Cristo, com esta declaração, estabeleceu uma dupla salvaguarda:

a) Moisés e os Profetas seriam os guias seguros para os vivos, concernentes ao seu destino, após a morte.

b) Ensinou-nos, ainda, que a única maneira de alguém voltar dentre os mortos é através da ressurreição.

Antes de concluir este comentário, não seria demais lembrar uma declaração unânime de teólogos e comentaristas: jamais poderemos alicerçar doutrinas bíblicas numa parábola ou alegoria.

Conclusão

Dentre os princípios de interpretação da Bíblia, o mais preeminente é este: é necessário permitir que a Escritura explique a Escritura, ou, expressando-nos de outra maneira, é preciso deixar que a Bíblia interprete a si mesma. Observando este princípio, muitas explicações erradas seriam evitadas e problemas bíblicos aparentemente insolúveis seriam superados. Este princípio foi a mola propulsora que nos guiou neste estudo exegético.

Esta parábola não pode contradizer os claros ensinos das Sagradas Escrituras concernentes ao castigo final e à destruição dos ímpios.

Outra verdade que não deve ser esquecida é esta: a Bíblia declara que todos teremos de enfrentar um juízo final, quando o nosso futuro não poderá ser alterado.

Agora é o tempo em que devemos assegurar a nossa salvação.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Parábola do Rico e Lázaro



1. Hoje responderemos a uma questão levantada pelos imortalistas: Se os adventistas não crêem que os justos vão para o Céu e os ímpios vão para o Inferno, logo após a morte, como podem explicar a história do Rico e Lázaro, narrada pelo próprio Cristo? Se o relato não ensina que o homem vai ou para o Céu ou para o Inferno, então, o que ensina a história?

2. Começaremos dizendo que realmente NÃO CREMOS que os justos vão para o Céu e os ímpios para o inferno logo após a morte. Este não é o ensino da Bíblia. A Bíblia ensina que os mortos tanto justos como injustos vão todos para a sepultura e aguardam a ressurreição e o Juízo, e só depois serão destinados para diferentes lugares, conforme os resultados do Juízo.

3. Mas, então, COMO ENTENDER a História do Rico e Lázaro?

Luc 16:19-31:

"19  Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente.
20  Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele;
21  e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras.
22  Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.
23  No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
24  Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
25  Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.
26  E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.
27  Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,
28  porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.
29  Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.
30  Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.
31  Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos."


I – JESUS CONTOU UMA PARÁBOLA

[1] Jesus contou uma "estória". Vamos assentar em primeiro lugar que Ele não contou uma história verídica. Ele contou uma estória imaginária, tirada das crenças populares. Ele contou simplesmente uma parábola.

Alguns insistem dizendo que Jesus contou não uma parábola, mas uma história verdadeira, uma história real pelo modo como se iniciou: "Ora, certo homem, ..." (16:19). Isto não é uma forma de se contar uma história?

Resposta: Jesus contou as 2 parábolas anteriores, iniciando com as mesmas palavras. (Lc 15:11; 16:1). Portanto, não há nenhum problema em começar uma parábola desta forma, iniciando como se fosse contar uma história qualquer.

[2] o que é uma parábola?

Parábola é uma história imaginada, tendo o objetivo de ensinar algumas lições, sem a preocupação de que os pormenores sejam verdadeiros. Uma parábola, embora tenha mais de uma lição, sempre tem uma lição principal.

Mas por que nós insistimos em dizer que isto é uma parábola? Ora, se é apenas uma parábola, [a] Não é verdadeira, nunca aconteceu, nem acontecerá. [b] Se é apenas uma parábola, deve possuir uma lição principal, e isto é o que é importante, e não o enredo ou os pormenores. [b] Se é uma parábola, não serve para ensinar doutrina, conforme a regra.

[3] Qual é a 1ª REGRA DE INTERPRETAÇÃO das parábolas?

[a] A grande regra de interpretação das parábolas é a seguinte: "Não podemos tirar uma DOUTRINA de qualquer parábola, quando essa doutrina entra em choque com as outras passagens mais claras da Escritura."

[b] O Dr. William Smith, em seu Dicionário da Bíblia, vol. 2, p. 1.038: "É impossível firmar a prova de uma importante doutrina teológica numa passagem que reconhecidamente é abundante em metáforas judaicas."

[c] o Dr. Edershein, em seu livro sobre a Vida de Jesus [Life and Times of Jesus], afirma categoricamente: "A doutrina da vida após à morte não pode ser extraída desta parábola."

II - INCOERÊNCIAS NA PARÁBOLA

Há alguns pontos de incoerências que não podem ser aceitos em uma história verídica. Vamos apresentar 4 deles.

[1] Os Personagens não eram Almas (v. 23, 24).

Eles têm olhos, e portanto: rosto, cabeça, pescoço. Têm dedos: mão, braço, antebraço, tronco. Têm língua: boca, aparelho digestivo. Ora, uma alma, conforme a crença popular, (1) não tem funções físicas da matéria, (2) não precisa de água, e (3) não pode ser queimada no fogo.

Mas na parábola, o castigo do Inferno é no corpo e não na alma. Isso contradiz a crença popular de que ao morrer, a alma do rico é que foi para o Inferno. Quando Cristo falou do Inferno, Ele disse: "Convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno." (Mt 5:30). Cristo ensinou que o castigo será no corpo, e não na alma desencarnada.

Entretanto, uma alma, como geralmente é descrita, sendo imaterial, incorpórea, imponderável, invisível, de forma simples, etérea como um espírito intangível – sendo tudo isso [embora nunca jamais alguém tenha visto semelhante coisa para afirmar com certeza] – essa alma/espírito não pode sentir a ação do fogo porque o fogo só queima coisas materiais. Portanto, se o rico está no Inferno em tormentos, não podia estar a sua alma, porque o tormento do fogo só é sentido no corpo, e não na alma.

[2] O Inferno está próximo do Céu


Como pode o Céu estar tão próximo do Inferno, de tal modo que é possível a comunicação de justos com injustos?

Será isso possível? Se isso fosse possível, imagine o desespero, a aflição e a angústia de uma mãe cujos filhos se perderam e se encontram nas chamas crepitantes do Inferno, e podendo vê-los e se comunicar com eles, e eles rogando misericórdia e ela sem poder fazer nada para aliviar o seu sofrimento que se estenderá por toda a eternidade! Certamente, o Céu para essa mãe seria um outro Inferno! Como poderia ela ser feliz?

A Bíblia não contém a doutrina do Céu próximo do Inferno de modo que os justos que estão no Céu podem ver os perdidos, a tal ponto que podem contemplar o seu sofrimento e falar com eles! Deus é muito sábio para cometer esse erro! Ele é muito justo para praticar esta injustiça! Ele é muito amorável para permitir que os salvos sofram ainda as consequências do pecado por toda a eternidade!

[3] Há um grande abismo entre justos e ímpios (26)

Se havia um grande abismo, como o rico não viu isso? Se havia um grande abismo, como podiam falar entre si? Se o Céu está tão próximo do Inferno, de tal modo que podem falar entre si, como há um grande abismo?

Se havia um grande abismo, como poderia Lázaro estender a ponta do dedo até a boca do rico? O seu braço não alcançaria tamanho abismo. E como poderia uma simples gota de água ser suficiente para refrescar a língua de alguém que está num lago de fogo? Certamente, antes de chegar a gota, haveria de evaporar-se.

[4] Abraão chama ao rico de "Filho"! (25)

Mas quem são os filhos de Abraão? "Os da fé é que são filhos de Abraão!" disse o apóstolo Paulo (Gál 3:7). A parábola não disse que ele era um homem de fé. Pelo contrário, ele não tinha ligação com Deus. Não era um homem religioso. Nem tampouco o pobre mendigo para que fosse para o Céu. Portanto, nenhum deles era filho de Abraão.

Estas são incoerências que não podem ser admitidas em uma história verdadeira.

III – OITO ENGANOS TEOLÓGICOS

Por que essa parábola não pode ser uma história verídica? Por que não podemos retirar dela uma doutrina dos mortos?

Há Oito Enganos, há OITO EQUÍVOCOS TEOLÓGICOS na parábola que estão em CONTRADIÇÃO com as demais doutrinas da Bíblia. Isso não pode acontecer.

1º Engano: Existe Vida Após a Morte

A estória diz que o rico e o pobre morreram e foram ambos levados pelos anjos para viver em diferentes lugares. Eles morreram. Mas eis que estão vivos! Abraão, o rico e Lázaro morreram, mas aparecem vivos na parábola. 

Mas o que é morte? Morte é cessação da vida. Morte é o contrário da vida. Depois da morte, não há vida. Notem o que disse o patriarca Jó inspirado por Deus: Jó 14:10, 11-12, 14: "O homem, ... morre e fica prostrado; expira o homem e onde está?" Onde está o homem que morre? A pergunta é retórica e contém uma resposta evidente: "Ele não está mais presente! Ele está morto!" Mas Jó ainda continua: "Como as águas do lago se evaporam, e o rio se esgota e seca, assim o homem se deita e não se levanta; enquanto existirem os céus, não acordará, nem será despertado do seu sono." (vs. 11-12). Como um rio seca, assim o homem morre e não se levanta, não tem vida, não pode se mexer. Está seco, vira pó. Não está vivo.

A doutrina de muitos hoje é que o homem morre e continua vivo, em algum lugar. Mas a Bíblia diz que a morte é a cessação da vida. "Morrendo o homem, porventura tornará a viver?" (v. 14). A resposta dada pelo mesmo Jó é um categórico "Não!". A vida do homem morto depende da ressurreição. Antes disso, ele continuará morto, aguardando a manhã da ressurreição, quando então, acordará de seu sono profundo e imperturbável.

E quanto a Abraão? Não estaria no Céu o pai da fé?  Não. A Bíblia diz que ele ainda não foi ressuscitado (Hb 11:8,13,16,39). Abraão não pode estar no Paraíso, porque ele ainda não obteve a concretização da promessa.

2º Engano: A Recompensa Será Depois da Morte

Lázaro recebeu a sua recompensa logo após a sua morte. Foi para o seio de Abraão, entrou na bemaventurança eterna. Mas isso contradiz a própria doutrina que Jesus Cristo nos deixou. Ele disse em Luc 14:14: "A tua recompensa, ... tu a receberás na ressurreição dos justos." A recompensa dos justos será dada apenas no dia da Ressurreição. Portanto, não devemos esperar que os mortos antes da ressurreição sejam galardoados. Você receberá a sua recompensa só na ressurreição, não antes. A parábola não está de acordo com as próprias palavras de Cristo, ao ensinar a doutrina escatológica.

A recompensa não será após a morte, mas após a Ressurreição. Ora, se a parábola entra em choque com a doutrina de  Cristo, é evidente que Ele não desejava ensinar a doutrina que a parábola sugere.

3º Engano: Os Mortos Vão para Lugares Diferentes

O rico foi para o inferno; e Lázaro foi para o seio de Abraão. Ambos foram para lugares diferentes, após a sua morte. Será que isso é verdade? Não. O que a Bíblia ensina sobre ricos e pobres, após à morte? Para onde vão os ricos e para onde vão os pobres? E por analogia, para onde vão os animais, logo que morrem?


Lemos em Ecl 3:19-20: "O que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade.   Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão." O profeta não está falando do corpo dos mortos, mas das pessoas mortas. Ricos e pobres vão para o mesmo lugar. Justos e ímpios vão para o mesmo lugar. Todos são iguais diante de Deus. O destino do homem não será diferente no momento da morte. Todos vão para a sepultura. Assim também ocorre com os animais.

4º Engano: Os Mortos Estão Conscientes

O rico está conversando com Abraão, e suplicando misericórdia, e portanto, estão conscientes depois da sua morte. É possível isso? Não de acordo com o ensino da Bíblia. A Palavra de Deus ensina que os mortos estão inconscientes.

Disse mais o sábio Salomão em Ecl 9:5-6: "Os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol"

Os mortos estão em completa inconsciência, eles não podem se comunicar com os vivos, eles não sabem o que se passa com os vivos, eles não se falam entre si mesmos, eles não podem se comunicar com os anjos, eles não podem adorar nem louvar a Deus, porque eles estão inconscientes num sono sem sonhos e sem pesadelos. De fato, eles estão mortos e completamente mortos, e isso significa que não participam de nenhuma espécie de vida.   

O próprio Cristo falou de Lázaro, o seu amigo, quando ele morreu, que ele estava dormindo o sono da morte (Jo 11:11-14). Mas uma pessoa que está dormindo está em completa inconsciência. E não era só o corpo de Lázaro que dormia. Era ele mesmo quem dormia inconsciente. Cristo não poderia se contradizer. Na parábola, Ele está ilustrando outra coisa. Não a doutrina dos mortos.  E Ele nunca Se contradiz.

Com efeito, toda a Bíblia ensina que os mortos estão inconscientes, no pó da terra, dormindo o sono da morte, aguardando a ressurreição. E nenhuma parábola pode desfazer a verdade dessa doutrina firmemente estabelecida na Bíblia.

5º Engano: Pedir a Intercessão dos Santos Mortos


O rico pede a intercessão do pai Abraão (Lc 16:24). Hoje muitas pessoas estão fazendo a mesma coisa e cometendo o mesmo erro, pedindo a intercessão dos santos que já morreram. Eles pensam que os santos que estão no Céu podem falar a Deus e convencê-lO a nos ajudar mais prontamente do que nós que estamos tão longe.

O apóstolo Paulo no entanto, afirmou que só há um Intercessor. Em 1Tim 2:5-6: "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a Si mesmo se deu em resgate por todos" A Bíblia ensina que temos um único Advogado e Intercessor, que é Jesus Cristo o nosso Senhor, que morreu por nós na Cruz. Ninguém mais é chamado a interceder por nós diante de Deus, além de Jesus.

6º Engano: O Paraíso dos Justos é o Seio de Abraão

O Céu é pintado com anjos e o pai Abraão, em cujo seio o mendigo foi abrigado. Esse paraíso é muito estranho. Não se compara com o verdadeiro Paraíso que Deus está preparando para os justos.

Qual é o verdadeiro Cenário do Céu? Qual é o Paraíso da habitação de Deus? Isaías contemplou a Deus no seu alto e sublime trono, cercado de anjos serafins, louvando a Trindade e cantando: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos" (Isa 6:1-3). Estêvão teve uma visão na qual ele contemplou a Deus no Seu trono e a Jesus em pé à Sua direita (Atos 7:56).

João contemplou o Céu e viu um Santuário, com os dois compartimentos, no qual Cristo administra, e intercede por nós.  Ele viu o trono de Deus, no qual está assentado o Pai, e o Seu Filho, Jesus Cristo, e ao Seu redor bilhões de anjos que louvam a Trindade, cantando: "Santo, Santo, Santo é o Senhor".  Este é o cenário do Céu. Além disso, Ele viu Novos Céus e Nova Terra, onde habitarão os justos. Ele viu a nova Jerusalém descendo do Céu. O pai Abraão, abrigando mendigos, nem é mencionado, e nem foi encontrado, embora estará também entre os salvos.

7º Engano: O Inferno já Existe Presentemente

A parábola diz: "No inferno, estando em tormentos..." (v. 23). Dizem os imortalistas que a parábola ensina o tormento eterno. Porém, o relato, embora fale em tormento infernal, não diz que ele será eterno.

O que é o Inferno? A Bíblia fala nos informa que o Inferno é um lugar de tormentos destinado a Satanás e os seus anjos que com ele entraram em rebelião contra Deus. E todos os ímpios que se identificam com o Diabo e escolhem o pecado e a rebeldia, também sofrerão o castigo no mesmo lugar (Mt 25:41).

Mas, será que o Inferno já existe? A parábola diz que o rico morreu e foi direto para o Inferno. Mas o que diz a Bíblia sobre a época do castigo? O tempo do castigo é no presente ou no futuro? Será que o castigo dos ímpios no Inferno é aplicado logo após a morte?  

A Bíblia ensina sobre o tempo em que acontecerá o Inferno: Apo 20:7, 15: "Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão... E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo." Quando será o Inferno? No final do Milênio, e só então, ocorrerá o Juízo Executivo, o Lago de Fogo, quando os ímpios receberão o castigo de suas obras. Nesse tempo, o fogo que castiga os ímpios também os destrói, porque o Lago de fogo é chamado "a segunda morte", e morte significa cessação de vida.

Portanto, o Inferno não existe agora, presentemente. Não existe agora um lugar de tormento. Os imortalistas não precisam se preocupar, porque os seus parentes mortos que não se salvaram não estão queimando agora, e não serão atormentados para sempre.

8º Engano: A Salvação Vem Pelo Mérito da Pobreza

Por que o rico se perdeu? E por que Lázaro se salvou? O rico se perdeu porque era rico, e Lázaro se salvou porque era pobre. Ainda mais: o rico não era mau, não era ímpio, nem Lázaro era bom, e muito menos religioso. Mas Lázaro se salvou pelo mérito da pobreza e miséria em que se encontrava na terra.  

Certa vez um cristão se aproximou de um mendigo que lhe pediu uma esmola. Então, ele lhe passou uma esmola, e querendo ajudar mais com a mensagem do Evangelho, disse ao mendigo, que também era paralítico: "Você já aceitou a Jesus Cristo como o seu Salvador pessoal?" O mendigo lhe falou: "Por quê?" "Ora", disse o cristão "porque Cristo pode curar a você, você será salvo e perdoado dos seus pecados, e levado para o Céu, e viverá eternamente!" "Mas, por que você acha que eu estou sofrendo tudo isso? Eu suporto a fome, o desprezo dos outros, eu sou paralítico! Quando eu morrer eu vou direto para o Céu, porque Deus vai me dar a recompensa, porque eu já paguei todos os meus pecados! Por isso eu estou sofrendo aqui na terra. E todos os ricos vão pagar no fogo do Inferno!" Ledo engano. Tudo errado.

Quais são as condições da salvação? O apóstolo Paulo ensina que tanto ricos como pobres são salvos pela graça de Deus pela fé que resulta em boas obras (Efé 2:8-10). A Bíblia fala que muitos ricos hão de se salvar, como Jó, Davi, Salomão, Nicodemos, Zaqueu. Mas também fala que muitos pobres vão se perder, junto com os ricos, e os grandes deste mundo (Apo 6:15-17).

Tudo indica que a Parábola do Rico e Lázaro não passa de uma alegoria, uma estória, uma simples parábola. Encontramos em Isaías uma estória semelhante, a Alegoria da Queda de Babilônia, em que os reis mortos falam entre si na sepultura a respeito do rei de Babilônia, que também foi morto e sepultado entre eles (Is 14:9-10). Também encontramos no livro de Juízes o Diálogo das Árvores em que elas falavam com outras 4 árvores pedindo-lhes que reinassem sobre elas (Jz 9:8-15). Esses são exemplos de alegorias e não podem ser tomadas ao pé da letra. 


Portanto, a estória do Rico e o Mendigo não é verdadeira, é uma estória imaginada da época conforme as ideias populares. E Jesus usou essas crendices e montou a parábola, a fim de advertir ao povo em seus próprios termos e em suas próprias estórias.

IV - LIÇÃO PRINCIPAL

Toda parábola tem uma lição principal, que serve de base e objetivo por que a parábola foi contada. E aqui temos a lição principal: Busque a Deus, enquanto você tem vida aqui nesta terra, porque depois da morte, não haverá mais oportunidade de salvação.

De que modo devemos buscar a Deus?

1. Devemos buscar a Deus prioritariamente.

Cristo contou essa parábola para os fariseus. O que acontecia com eles? Luc 16:14: Os fariseus "eram avarentos." As suas prioridades estavam nos bens materiais. A sua confiança estava no dinheiro e só se preparavam para as coisas desta vida, não para o futuro. Eles não estavam buscando a Deus; antes, buscavam as riquezas, e serviam a Mamon. Disse Cristo portanto: Preparai-vos para o amanhã de Deus. "Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Lc 16:13). "Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mt 6:33).

2. Devemos buscar a Deus reverentemente.

Luc 16:14: "Os fariseus ouviam tudo isso e O ridicularizavam". Não manifestavam reverência para com Cristo que lhes dizia a verdade. E Ele era Deus. Hoje muitas pessoas têm esta mesma atitude: Eles ouvem a verdade de Cristo, mas como não estão dispostos a abandonar os seus pecados, ridicularizam-nO, debocham dEle, e O rejeitam. Mas, a semelhança do rico da parábola, podem se perder para sempre. Esta é uma advertência para todos os que tratam as coisas de Deus levianamente, de modo debochado, ridicularizado. Mas Ele com infinito amor ainda estende o Seu convite: "Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei." (Mt 11:28).

3. Devemos buscar a Deus presentemente. 

Busque a Deus hoje, agora, antes que seja tarde demais. Para o rico, foi tarde demais. Os fariseus consideravam que uma pessoa rica era abençoada por Deus e já era por isso um candidato certo para a salvação eterna. Mas Cristo ensinou que isso era um engano. Ricos e pobres têm que buscar a Deus hoje porque depois da morte não haverá mais oportunidade de nos prepararmos para a eternidade. Hoje é o dia da salvação. Preparai-vos hoje para o amanhã de Deus.

CONCLUSÃO

1. Portanto, aqui temos não uma história verídica, mas uma parábola que não pode nos ensinar sobre o estado dos mortos, que jazem nas sepulturas, aguardando a ressurreição.

2. Mas a parábola tem uma lição principal como todas as parábolas: Busque a Deus antes que seja tarde demais.

3. Portanto, busquemos a Deus em primeiro lugar, busquemos a Deus prioritária, reverente, e presentemente.

4. Somente assim você poderá evitar o Inferno e alcançar o Céu.



PR. ROBERTO BIAGINI
Teólogo, Mestre em Teologia. Realizou vários cursos de Extensão Teológica da Andrews University e do Centro de Educação Contínua da DSA. Trabalhou como distrital de várias igrejas do centro, norte e sul do país. É casado com a Profª. Silvane Luckow Biagini, e tem dois filhos, Ângela e Roberto.





sexta-feira, 1 de junho de 2012

Marcos 4:10-12. Jesus queria frustrar algumas pessoas com o objetivo de que não se salvassem?


Vamos ler Marcos 4:10 a 12: “Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas. Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas,  para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles”.
 Este é um verso Bíblico que precisa de reflexão para ser entendido. A pergunta que muitos fazem, inclusive nosso ouvinte, é: “Será que Jesus usou parábolas para propositadamente frustrar certa classe de pessoas que desejavam se converter?”.
Apocalipse 22:17 torna claro que quem “quiser” pode vir e ser aceito no reino de Deus. II Pedro 3:9, nos diz que o Senhor “é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, se não que todos cheguem ao arrependimento”. Portanto, obviamente não há intenção de Jesus em esconder qualquer verdade que possa levar uma pessoa ao arrependimento e à conversão.
O significado dessas palavras é completamente esclarecido quando lemos o relato paralelo do evangelho de Mateus. Ele dá a razão pela qual as pessoas “não ouvem” e “não vêem”. “Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados” (Mateus 13:15).
De acordo, portanto, com Mateus 13:15, o ato arbitrário de as pessoas não verem não é da parte de Deus, mas delas próprias. Zacarias declara: “verdadeiramente, eles tornaram seus corações como diamante a fim de que não escutem a lei…” (Zacarias 7:12).
Todos nós poderemos confirmar em nossa própria experiência que as muitas vezes que temos nos afastado de Deus não é devido a uma falta dEle, mas por causa de nossa dureza de coração. Reconheçamos essa nossa fraqueza e peçamos a Deus que tire nosso coração de pedra e nos dê um coração de carne. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Como interpretar a parábola do rico e Lázaro em Lucas 16:19-31?

 
Alguns sugerem que o relato de Lucas 16:19-31 deveria ser interpretado literalmente, como uma descrição do estado do homem na morte. Mas essa interpretação nos levaria a uma série de conclusões inconsistentes com o restante das Escrituras. Em primeiro lugar, teríamos de admitir que o Céu e o inferno se encontram suficientemente próximos para permitir uma conversa entre os habitantes de ambos os lugares (versos 23-31). Teríamos de acreditar também na vida após a morte, enquanto o corpo jaz na sepultura, continua existindo de forma consciente uma espécie de alma espiritual que possui “olhos”, “dedo” e “língua”, e que inclusive pode sentir sede (versos 23 e 24).


Se esta fosse uma descrição real do estado do homem na morte, então o Céu certamente não seria um lugar de alegria e de felicidade, pois os salvos poderiam acompanhar de perto os infindáveis sofrimentos de seus entes queridos que se perderam e até mesmo dialogar com eles (versos 23-31). Como poderia uma mãe sentir-se feliz no Céu, contemplando ao mesmo tempo as agonias incessantes, no inferno, de seu amado filho? Num contexto como esse, seria praticamente impossível o cumprimento da promessa bíblica de que então “não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21:4).


Diante disso, a maioria dos eruditos bíblicos contemporâneos considera a história do rico e Lázaro (Lc 16:19-31) como uma parábola, da qual nem todos os detalhes podem ser interpretados literalmente. George E. Ladd, por exemplo, diz que essa história era provavelmente “uma parábola de uso corrente no pensamento judaico e não tenciona ensinar coisa alguma acerca do estado dos mortos”. (O Novo Dicionário da Bíblia [São Paulo: Vida Nova, 1962], vol. 1, p. 512). Sendo esse o caso, temos que procurar entender qual o verdadeiro propósito da parábola.


Nos capítulos 15 e 16 de Lucas, Cristo apresenta várias parábolas em resposta à preconceituosa discriminação dos escribas e fariseus para com as classes marginalizadas da época (Lc 15:1 e 2; 16:14 e 15). A parábola de Lucas 16:19-31, que aparece no final desses dois capítulos, é caracterizado por um forte contraste entre “certo homem rico” e bem vestido (verso 19) e “certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas” (verso 20). O relato ensina pelo menos duas grandes lições. A primeira é que o status e o reconhecimento social do presente não são o critério de avaliação para a recompensa futura. Em outras palavras, aqueles que, à semelhança dos escribas e fariseus, se julgam mais dignos do favor divino podem ser os mais desgraçados espiritualmente aos olhos de Deus (comparar com Mt 23).


A segunda lição é que o destino eterno de cada pessoa é decidido nesta vida, e jamais poderá ser revertido na era vindoura, nem mesmo pela intervenção de Abraão (Lc 16:25 e 26). A referência à impossibilidade de Abraão salvar o homem rico do seu castigo reprova o orgulho étnico dos fariseus, que se consideravam merecedores da salvação por serem descendentes de Abraão (ver Lc 3:8; 13:28; Jo 8:39 e 40, 52-59).


É importante lembrarmos que um dos princípios básicos da interpretação bíblica é que não devemos fundamentar doutrinas nos detalhes acidentais de uma parábola, sem primeiro verificar se as conclusões obtidas estão em perfeita harmonia com o consenso geral das Escrituras. A própria parábola de Lucas 16:19-31 afirma que, para obter vida eterna, o ser humano precisa viver em plena conformidade com a vontade de Deus revelada através de “Moisés e os profetas” (verso 29; comparar com Mt 7:21), ou seja, através da “totalidade da Escritura” (L. L. Morris).


Mesmo não tencionando esclarecer o estado do homem na morte, esta parábola declara, em harmonia com o restante das Escrituras, que os mortos só podem voltar a se comunicar com os vivos através da ressurrreição (Lc 16:31). E, se analisarmos mais detidamente o que “Moisés e os profetas” têm a nos dizer sobre o estado na morte, perceberemos que os mortos permanecem inconscientes na sepultura até o dia da ressurreição final (ver Jó 14:10-12; Sl 6:4-5; Ec 9:5, 10; Jo 5:28 e 29; 11:1-44; I Co 15:16-18; I Ts 4:13-15).


Texto de autoria do Dr. Alberto Timm. Via Setimo Dia

domingo, 6 de novembro de 2011

Desenhos Bíblicos para Colorir- Os Trabalhadores da Vinha

 História Biblica: Os Trabalhadores da Vinha


Base Bilica: Mateus - Capitulo 20 - vers. 1 ao 16


Versículo para Memorizar:"Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos..." Mateus 20.16
Introdução


Falar as crianças sobre Parabola - o Senhor Jesus gostava de ensinar através de parábolas, ou seja, de um fato corriqueiro - que acontecia normalmente - trazer verdades bíblicas e falar sobre o reino do Céu e Salvação.


Hora da Historia:
Um dia Jesus disse: "Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha." Como era costume, esse pai de família combinou com os trabalhadores o salário de uma moeda de prata por dia e mandou que fossem trabalhar em sua plantação. 


Às nove horas, saiu outra vez, foi à praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: "Vão vocês também trabalhar na minha vinha, que é a plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo." Eles foram. 


Ao meio dia e às três da tarde fez a mesma coisa com outros trabalhadores. 


Eram quase cinco horas da tarde quando o dono da plantação voltou à praça. Viu outros homens que estavam ali e perguntou: "Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?" Eles responderam: "É porque ninguém nos contratou. Então ele disse: "Vão vocês também trabalhar na minha vinha.


No fim do dia ele disse ao administrador: Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com osque foram contrastados por último e terminando pelos primeiros". 


Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os que foram contratados primeiro pensaram que iam receber mais, porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão dizendo: "Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós aguentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto o pagamento deles foi igual ao nosso!"


Aí o dono da vinha disse a um deles: "Escute amigo, eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. 


Pois eu quero dar a este homem que foi contrastado por último o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? 


Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?" Jesus terminou citando o versículo que hoje aprendemos: "Aqueles que são os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como entender a Parábola do Rico e Lázaro, de Lucas 16:19-31?

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Alguns pensam que a história contada por Cristo, do rico e de Lázaro, registrada em Lucas 16:19-31, prova a imortalidade da alma.
Esta história nada diz sobre almas imortais partindo do corpo dos mortos. Ao contrário, o rico após a morte tinha “olhos”
e “língua”, isto é, partes muito reais do corpo. Ele pedira que Lázaro “molhasse na água a ponta do seu dedo”. Se a narrativa deve ser tomada literalmente, então os bons e maus, após a morte, não se transformam em espíritos intangíveis, mas vão para lugares da sua recompensa como seres reais, na posse de seus membros. No entanto, como poderiam eles ir para lá em corpo, uma vez que este havia sido colocado na sepultura?
Ainda, se isto é um relato literal, então o céu e o inferno se encontram bastante próximos para permitir uma conversação entre os habitantes de ambos os lugares – situação um tanto indesejável, pelos menos.
Se os que crêem na imortalidade inerente pretendem que esse seja um quadro literal da geografia do Céu e do Inferno, devem então aceitar também literalmente o texto referente às “almas debaixo do altar” clamando por vingança contra seus perseguidores. (Apocalipse 6:9-11). Se os justos podem ver os ímpios em tortura, que necessidade têm de clamar por vingança?
Quando o rico pediu que Lázaro fosse mandado de volta à Terra a fim de avisar a outros quanto ao inferno, Abraão
respondeu: “Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos”. E: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”. (versos 29 e 31). A narrativa, portanto, em parte alguma fala de espíritos desincorporados, nem que voltem para avisar os homens. Ao contrário, quando fala nessa volta usa o termo “ressuscitar”.
Os principais teólogos concordam unanimemente que não se podem alicerçar doutrinas sobre parábolas ou alegorias. Uma parábola, como outras ilustrações, é geralmente usada para tornar claro um determinado assunto. Procurar formar doutrinas de qualquer porção da narrativa resultaria em absurdo, ou mesmo perfeita contradição. É fora de dúvida que procurar na ilustração a prova para uma crença que seja o extremo oposto da que defende o próprio autor da ilustração, seria violar os mais rudimentares princípios que regem o assunto.
Usar esta parábola para provar que os homens recebem sua recompensa ao morrer, coloca Cristo em situação de contradizer-se a Si próprio.
Em outra parte Cristo declara explicitamente qual o tempo em que os justos receberão sua recompensa e os ímpios serão
lançados no fogo consumidor: “E quando o Filho do homem vier em Sua glória … todas as nações serão reunidas diante Dele;… então dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino… Então dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”. Mateus 25:31-41.
Não há necessidade que volte alguém para dar aviso sobre o destino depois da morte, porque os vivos “têm Moisés e os profetas; ouçam-nos”. Ou seja, dispomos da Bíblia Sagrada.
Nós, os vivos, somos portanto certamente justificados em compreender a parábola em harmonia com o que os profetas têm dito. Malaquias, por exemplo declara que “aquele dia vem” (é um acontecimento futuro) em que os ímpios sofrerão os tormentos do fogo abrasador. (Malaquias 4:1-3.) Os escritos do Velho Testamento são muito explícitos em afirmar que os mortos, justos ou ímpios, descansam em silêncio e inconsciência na sepultura até o dia da ressurreição (Jó 14:1, 12-5, 20 e 21; 17:13, 19:25-27; Eclesiastes 9:3-6 e 10).
Portanto, a história de Lucas 16:19 a 31 é uma parábola, tendo sido este o método usualmente empregado por Cristo nos Seus ensinos, muito embora aqui como em vários outros exemplos, Ele não afirme isso especificamente. Por isso procuremos saber justamente qual a lição que Cristo pretende ensinar, e não tentemos fazer com que a parábola prove qualquer coisa além disso.
Evidentemente, Cristo estava desejoso de repreender os fariseus, “que eram avarentos”. Lucas 16:14. Esses fariseus, bem como muitos dos judeus, mantinham a crença de que as riquezas eram um sinal do favor de Deus, e a pobreza um indício do Seu desagrado. Cristo ministrou-lhes a importante lição de que a recompensa que aguarda os ricos avarentos – os quais nada mais reservam para os pobres do que migalhas de pão – é justamente o oposto ao que os judeus acreditavam.
Isto é o que a parábola pretende ensinar. Seria tão incoerente pretendermos que Cristo ensinasse por ela que os justos fossem literalmente para o “seio de Abraão”, e que o Céu e o inferno estivessem a uma distância ao alcance da voz, como deduzirmos que Ele ensinasse ser a recompensa concedida imediatamente após a morte. Cristo protegeu esta lição que estava ministrando aos judeus, contra a dedução de conclusões errôneas, apresentando-a em forma de uma história.
A vida eterna é uma realidade unicamente em Cristo Jesus. Qualquer tipo de vida ou fagulha de imortalidade sem Cristo é
pretensiosa, pois só Deus é imortal (I Timóteo 6:16). 

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