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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Salmo 39 – Depressão e Esperança


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Vamos estudar o Salmo 39. É um salmo de Davi que estava enfrentando alguns problemas particulares. Trata-se de um dos mais belos poemas escritos por Davi, embora expresse muita tristeza, depressão e descontentamento. Mas ainda reflete a esperança nAquele que atende as nossas mais ardentes súplicas, à semelhança do livro de Jó.
O contexto do Salmo 39 indica que Davi estava

sábado, 25 de outubro de 2014

O Salmo 150 e o uso da percussão no louvor


Enviei um e-mail para os estudiosos da SBB e pude contar com a intermediação do irmão Denis, da Secretaria de Tradução e Publicações, para manter contato com o Dr. Vilson Scholz, consultor de Traduções da SBB.

Fiz duas perguntas a ele e fui muito bem atendido. E, por se tratar da resposta mais equilibrada que já li sobre o assunto, irei publicá-la na íntegra, em forma de entrevista, com a devida autorização.

- Vamos a pergunta, a primeira questão que apresentei à SBB foi:

Necessito de uma explicação sobre o Salmo 150, pois, há teólogos questionando a tradução do mesmo. Eles alegam que o instrumento conhecido como “adufe” não está presente no original do texto. Porém, creio que a SBB tem razões linguísticas para traduzir assim o verso [...] 

Dr. Scholz: [...] O texto hebraico traz a palavra “tôf” que, em Êxodo 15.20, foi traduzida por “tamborim”. Vejo que um grande número de traduções – a rigor, todas as que pude consultar rapidamente – trazem um termo parecido com “adufe” ou “tamborim”. Poderia ser, também, pandeiro. Às vezes essa palavra, que ocorre 17 vezes na Bíblia Hebraica, é traduzida por tambores, tamboril. O mesmo termo ocorre também em Jz 11.34, naquele episódio da filha de Jefté. Ali é traduzida por adufe. Não há nenhuma dúvida quanto ao significado desse termo. Quanto a “adufe”, o Dicionário Houaiss registra que se trata de “um tipo de pandeiro quadrado de origem árabe, usado por portugueses e brasileiros”. Portanto, algo do contexto oriental, bem ao sabor do mundo bíblico. E, além disso, algo que os portugueses e brasileiros supostamente conhecem. 

Estranho que pessoas tenham dúvidas quanto a essa tradução. O que eu tenho ouvido – e recebido em forma de crítica – é a presença da palavra “danças”, em Sl 150.4, na Almeida Revista e Atualizada. Acontece que a Almeida Revista e Corrigida, por uma razão que ignoro, traz “flautas” naquele lugar. E há uma diferença entre dança e flauta! Mas o termo hebraico é, claramente, “dança”, por mais que isto incomode algumas pessoas. E as traduções tendem a seguir na linha da Revista e Atualizada. 

Espero que isto o ajude na resposta àqueles que perguntam a respeito desse texto bíblico. 

Grande abraço fraterno!


- A segunda pergunta feita ao Dr. Scholz, foi esta:

[...] É verdadeira a afirmação de que, entre os instrumentos tocados no templo (inclusive no segundo), os adufes não mais estavam presentes? 

Dr. Scholz: Esta é uma argumentação baseada na diferença entre o que afirmam dois textos: 2Crônicas 29.25-26 (acrescido de Ed 3.1) e Salmo 150, colocados numa suposta ordem cronológica. Há dois problemas envolvidos nessa discussão: a questão da cronologia e os argumentos tirados do silêncio. 

Comecemos com a questão da cronologia. Somos nós que colocamos os textos numa sequência cronológica (na medida em que eles se apresentam sem data, no cânone) e somos nós que interpretamos o silêncio dos textos neste ou naquele particular. Se a colocação de Sl 150 após 2Crônicas é vista como fruto de pré-concepção, não menos preconcebida (e difícil de sustentar, em termos históricos) é a ideia de que Sl 150 é anterior a 2Crônicas. (Será difícil encontrar um biblista que pensa que o Salmo 150 é de “algum período pré-Santuário”. O fato de encerrar o Livro de Salmos sugere que foi escrito mais adiante, na história de Israel. Mas, de novo, não há como comprovar isso.) A colocação de Sl 150 antes de 2Crônicas se deve, não a argumentos históricos, mas ao desejo de provar que, a partir de certo momento, os tambores foram excluídos do culto, mesmo que o texto não afirme isso. 

A questão do argumento do silêncio dos textos também é problemática. O fato de 2Crônicas não mencionar “adufes” não significa que não os houvesse naquele momento (tampouco que não vieram a existir ou a serem usados depois; é possível que, no período posterior a Ezequias, os adufes foram incluídos entre os instrumentos usados no culto). Mas o mais importante é que um texto não “desmente” o outro abertamente. Se 2Crônicas dissesse, com todas as letras, “revogando o que havia anteriormente, conforme o Sl 150”, o problema estaria resolvido. Acontece, porém, que o texto não diz isso. Tampouco o Sl 150 diz: “aumentando a lista de 2Crônicas”. Assim, do mesmo modo como é possível argumentar a favor da sequência: “presença de adufes” (Sl 150) seguida de “ausência de adufes” (2Crônicas), é igualmente possível argumentar pela sequência “ausência de adufes” (2Crônicas) – “presença de adufes” (Sl 150). Os textos, em si, não estabelecem um diálogo; quem os coloca lado a lado é o intérprete. E, em termos históricos, a sequência 2Crônicas – Sl 150 é mais crível do que a sequência contrária. 

A rigor, temos textos bíblicos que mencionam os adufes e textos que não os mencionam. E não temos nenhuma indicação no sentido de que, a partir de certo momento, adufes não podiam mais ser usados. Na medida em que esses instrumentos são citados, são lícitos (ou eram lícitos em determinado momento). E enquanto não se disser, no texto bíblico, que não são lícitos, não podemos concluir que não sejam. 

É claro que existem duas maneiras de argumentar (e aqui já passo à aplicação disso aos nossos dias): Primeiro, que só se pode usar o que é citado (ou ordenado) na Bíblia. Neste caso, nenhum instrumento elétrico ou eletrônico poderia ser usado! Segundo, que tudo que não é proibido na Bíblia, é lícito para uso. (Eu me identifico com este ponto de vista.) Como a Bíblia não proíbe os adufes ou tambores, que sejam usados por quem entender que é bom e possível usá-los. (É claro, há quem argumente que o Novo Testamento não ordena o uso deste ou daquele instrumento, no culto, o que poderia sugerir que não se deve usar instrumento algum. Por outro lado, o Novo Testamento não proíbe o uso de nenhum instrumento. No Apocalipse, aparecem harpas e trombetas.) 

Diante do silêncio do texto, vale o princípio de que “Tudo é lícito, mas nem tudo convém”. E o que não convém é aquilo que destrói, em vez de edificar; que ofende, em vez de animar. Como saber? Isto depende de onde se está e quem está envolvido na situação. Em outras palavras, não existe como definir de antemão aquilo que “não convém”. Se as pessoas se sentirem mortalmente ofendidas com a presença de um pandeiro, a ponto de deixarem a igreja, é preferível que saia o pandeiro, pelo menos até que essa situação seja esclarecida e as pessoas possam entender por que o pandeiro faz parte da banda. Se as pessoas não estão “nem ligando” e falta animação na banda, por que não incluir um pandeiro ou dois? Mais do que ter argumentos, nestes casos é preciso ser sábio. 

Dr. Vilson – SBB


PALAVRAS FINAIS 

Gostei muito da resposta bem embasada do Dr. Scholz e poderia destacar vários aspectos dela. Porém, me atenho ao bom senso que ele apresentou, ao levar em conta (1) o princípio bíblico de que não devemos “escandalizar” nossos irmãos (1Co 8:1-13; 10:32, 33; 11:1), bem como (2) o contexto sócio-religioso em que cada cristão se encontra.

Se tanto tradicionalistas quanto liberais (inclusive eu, que tento ficar entre o meio termo) seguirem tal princípio, e não esquecerem que o amor é uma das características distintivas dos seguidores de Jesus (Jo 13:35), haverá nos debates menos disputa (para se ter razão) e mais preocupação com aquilo que o outro sente durante o debate.

Creio que Deus quer isso.

Leandro Quadros

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Salmo 38 – Doença por causa do pecado?


Vivemos em um mundo de sofrimento e doenças. Apesar do desenvolvimento da ciência médica, continuamos com nossas doenças, que geram muito sofrimento e dor. Muitos de nós sofremos e nos perguntamos: “Por quê?” “Por que eu estou sofrendo desta doença? Que mal eu fiz, qual é o pecado de minha alma, pelo qual sofre o meu corpo?”

Muitas vezes, o sofrimento vem de outras causas que não estão relacionadas com algum pecado particular. Jó é um exemplo clássico desta verdade. Após perder todos os filhos e as propriedades, ele sofria de dores lancinantes e intensas na flor da pele, e os seus amigos o “consolavam” dizendo que ele era culpado de pecado. Mas no final da história da grande provação desse patriarca, ficou provado que o seu sofrimento não era causado pelo pecado de que tanto o acusavam. Ele estava sendo provado por Deus e o expunha como um homem íntegro diante de todo o universo.

No tempo de Cristo, os discípulos viram um cego de nascença, e Lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” E Jesus, percebendo logo o erro e o engano em que estavam envolvidos os discípulos, respondeu prontamente: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3). Portanto, nem sempre a doença é o resultado direto de algum pecado.
Entretanto, isso foi diferente no caso de Davi, como ele mesmo descreve no Salmo 38, onde lemos sobre os seus sofrimentos por causa de doença que foi claramente o resultado do seu pecado.

Este Salmo pode ser dividido em 3 partes, e são 3 palavras que se destacam: DOENÇA, DESAMPARO e DECISÃO.

I – DOENÇA (1-8)

“1Ó Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor. 2 Porque as tuas flechas se cravaram em mim, e sobre mim a tua mão pesou. 3 Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; nem há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. 4Pois já as minhas iniquidades se elevam acima de minha cabeça; como carga pesada excedem as minhas forças. 5 As minhas chagas se tornam infectas e purulentas, por causa da minha loucura. 6 Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando o dia todo.7 Pois os meus lombos estão cheios de ardor, e não há parte sã na minha carne. 8 Estou aflito e muitoquebrantado; dou gemidos por causa do desassossego do meu coração.”

Davi começa com uma súplica a Deus, a fim de que ele não fosse repreendido, nem castigado pela Sua ira. Muitas pessoas começam negando a ira de Deus, afirmando que Ele não tem ira, que Deus nunca fica irado. Mas não podemos negar a ira divina, que ocorre na Bíblia cerca de 700 vezes. Este não é o caminho, muito menos a explicação. A melhor atitude é orar como Davi, para que Deus desvie a Sua indignação de nós e use de Sua imensa misericórdia.

Neste ponto é bom sabermos que a ira divina, mencionada na Bíblia não é uma ira apaixonada como a ira humana. É por isso que muitos querem negar a ira de Deus. Não podem aceitar que um Deus de amor e cheio de misericórdia tenha acessos de ira. Confundem a ira divina com a ira humana. Mas a ira divina, pelo contrário, é uma indignação motivada e despertada pelo nosso pecado, reclamando a justiça.

Davi usa uma linguagem figurada para descrever a ação da ira de Deus sobre ele. “2 Porque as tuas flechas se cravaram em mim, e sobre mim a tua mão pesou.” E no verso 3, ele relaciona 3 coisas: a doença, a ira e o pecado: “Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; nem há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado.” Aqui está a verdadeira causa da ira divina. O pecado, a iniquidade, a desobediência e a rebelião trazem a ira e a manifestam. E aqui está a verdadeira causa de muitas doenças. Davi sofria de uma doença que desconhecemos, mas como ele mesmo reconhece, era motivada pelo seu pecado.

O pecado traz a indignação, a ira e o furor divino. Paulo tinha em mente a mesma verdade quando escreveu aos Romanos: “Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” (Rm1:18). Davi sentia agora em sua própria carne a realidade da ira divina. Mas não deixou de esclarecer que isso era motivado pelo pecado de sua alma: “4 Pois já as minhas iniquidades se elevam acima de minha cabeça; como carga pesada excedem as minhas forças.”Doente, com a saúde debilitada, sem forças, sentindo um fardo pesado, os seus ferimentos estavam infeccionando: “5 As minhas chagas se tornam infectas e purulentas, por causa da minha loucura.” Davi não esconde que o culpado de todo esse sofrimento é ele mesmo.

Muitas pessoas são apressadas em culpar a Deus por seus problemas, doenças e todo o tipo de sofrimentos. “Por que Deus permite que eu sofra tanto assim?” perguntam. Mas, muitas vezes, nós somos os culpados. Quebramos as regras da saúde, desobedecemos a Deus, transgredimos as Suas leis, e ainda inculpamos ao nosso amorável Criador.

Muitos estão sofrendo de câncer do pulmão por causa do vício de fumar. Outros sofrem de cirrose no fígado, pelo vício de beber. Muitos estão sofrendo de obesidade por culpa de sua intemperança no comer. Ainda outros estão sofrendo com o vírus da AIDS, por motivo de sua imoralidade. Outros estão doentes por causa vício das drogas.

Conheci um jovem que era cego, mas reconhecia que ficou assim devido à sua diabete, que por sua vez ocorreu por causa de suas extravagâncias anteriores. Mas conheci outro jovem, ainda, que ficou paralítico por causa de sua bebedeira, que resultou em um grave acidente de moto, e ao visitá-lo, culpava a Deus por sua infelicidade. Conheci um jovem que estava à beira da morte, sofrendo do vírus da AIDS, e mesmo convertido, agora lamentava a devassidão de sua vida passada.

Entretanto, não somos deixados sem esperança. Assim como Davi, seja lá qual for o nosso caso, podemos clamar a Deus e pedir que a Sua ira seja aplacada pela Sua misericórdia, a fim de que afaste de nós o Seu justo castigo de nossos merecidos pecados. Como Habacuque orou: “Na Tua ira, lembra-Te da misericórdia” (Hb 3:2).

II – DESAMPARO (vs. 9-12)

“9Na tua presença, Senhor estão os meus desejos todos, e a minha ansiedade não te é oculta. 10 Bate-me excitado o coração, faltam-me as forças, e a luz dos meus olhos, essa mesma já não está comigo. 11 Os meus amigos e companheiros afastam-se da minha praga, e os meus parentes ficam de longe. 12 Armam ciladas contra mim os que tramam tirar-me a vida; os que me procuram fazer o mal dizem coisas perniciosas e imaginam engano todo o dia.”

Por quem foi Davi desamparado?

1. Davi não foi desamparado por Deus. “Na Tua presença, Senhor!” (v.10). Ele sente a presença do Senhor. Pode ter alguma esperança uma pessoa que está muito doente porque viveu em vícios e pecados? Será que Deus abandona uma pessoa que de tanto pecar ficou enferma? Somos fracos pecadores, muitas vezes despertamos a indignação de Deus contra nós por causa de nossos pecados, mas Ele nunca nos abandona, nunca nos desampara. Se nos voltarmos a Ele com fé e confiança, Ele voltará para nós com perdão, paz e proteção. Jesus Cristo não abandonou ao paralítico de Cafarnaum, que ficou doente por pecados de extravagante imoralidade. E Deus não abandonou a Davi, que sofria uma doença por causa de seus pecados. 

Então, Davi apresenta uma oração modelo para aqueles que estão aflitos e em pecado: ele apresenta todos os seus desejos e toda a sua ansiedade diante de Deus, não ocultando nada do que se passa em seu coração. Davi apresenta todos os seus motivos diante do Senhor. Assim disse o apóstolo Pedro que devemos fazer: “lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1Pe 5:7).

Amigo, quais são os desejos do seu coração? Pode ser que você queira a cura divina, o restabelecimento de uma doença incurável e pede um milagre de Deus. Você pode pedir ao Todo-poderoso que é grande em poder e misericórdia. Pode ser que você muito mais do que um milagre, deseje o Seu perdão, a cura da alma, a vitória sobre um pecado ou um vício oculto. Mas este é o maior milagre que pode ser visto em nossa vida. O que você deseja? Apresente todos os seus desejos diante da presença de Deus, que é rico em graça e abundante em misericórdia.

2. Davi foi desamparado pelos seus “amigos”. “Bate-me excitado ocoração” (v. 10). Ele está com o seu coração tenso, agitado, pulsando descompassadamente. Mas por quê?Qual é o problema que o aflige tanto? Aqui estão os seus problemas: “Os meus amigos e companheiros afastam-se da minha praga, e os meus parentes ficam de longe” (v. 11). Esta era a sua grande tribulação: ele estava doente, quase cego (v. 10), com feridas purulentas, fétido, e as pessoas se afastavam dele. Já aconteceu isso com você? As pessoas se afastaram de você quando você estava doente? Quando você ficou pobre, por acaso os seus amigos ainda permaneceram com você? Quando mais precisamos dos “amigos” parece que eles somem.

Os amigos de Davi se transformaram em inimigos: “Os meus amigos e companheiros afastam-se da minha praga, e os meus parentes ficam de longe” (v. 11). Os amigos e até os seus parentes se afastaram dele, como se ele estivesse leproso. É uma situação muito triste ficar doente e perder os amigos e ver os parentes se afastando e dando desculpas esfarrapadas. Davi se sentiu triste e solitário.

Os amigos de Davi se transformaram em inimigos cruéis: “Armam ciladas contra mim, os que tramam tirar-me a vida.” (v. 12). Havia um perigo de morte contra o rei de Israel. Havia aqueles que desejavam a sua morte, mas se fingiram de “amigos” até que pudessem dar o golpe e ser promovidos. Como em nosso tempo, quando você se sobressai em seu emprego ou negócio ou nos estudos, ou mesmo dentro da igreja você se destaca em um cargo especial, sempre há os invejosos querendo o seu lugar, e tramando derrubar a sua reputação.

De que modo os inimigos de Davi planejavam conseguir os seus maus intentos? “Dizem coisas perniciosas, e imaginam engano todo o dia” (v. 12, úp). Eles não falavam de paz, eles não falavam das grandes obras que o rei havia realizado, nem da segurança do reino que Davi tinhaalcançado. Não falavam das grandes vitórias do grande herói de Israel. Eles falavam de coisas perniciosas, malévolas ou malignas. Falavam de como poderiam enganar os outros contra o rei.

Hoje mais do que nunca precisamos de pessoas que falem de coisas boas, agradáveis e encorajadoras a respeito dos outros. Já estamos cansados de tanto falatório e maledicência contra pessoas íntegras, pessoas na liderança ou fora dela, mas que são um alvo certo das palavras ameaçadoras, palavras malévolas, que estragam a reputação dos melhores homens e mulheres que temos em nossa igreja.

Como é com você, amigo? Você sempre tem palavras sinceras, palavras agradáveis, palavras que constroem a boa reputação dos seus irmãos? Não podemos nem calcular a influência das palavras que refletem para o bem ou para o mal de uma pessoa. Não nos esqueçamos da advertência que nos deixou Cristo em Mateus 12: “36Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. 37  Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12).

III – DECISÃO (vs. 13-22)

“13 Mas eu, como um surdo, não ouço; e sou qual um mudo que não abre a boca. 14 Assim eu sou como homem que não ouve, e em cuja boca há com que replicar. 15 Mas por ti, Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, responderás. 16 Rogo, pois: Ouve-me, para que eles não se regozijem sobre mim e não se engrandeçam contra mim quando resvala o meu pé. 17  Pois estou prestes a tropeçar; a minha dor está sempre comigo.
18Confesso a minha iniquidade; entristeço-me por causa do meu pecado. 19 Mas os meus inimigos são cheios de vida e são fortes, e muitos são os que sem causa me odeiam.20 Os que tornam o mal pelo bem são meus adversários, porque eu sigo o que é bom. 21 Não me desampares, ó Senhor; Deus meu, não te alongues de mim. 22 Apressa-te em meu auxílio, Senhor, minha salvação.”

Qual foi a reação de Davi diante da triste situação que ele estava enfrentando? Ele decidiu fazer quatro coisas.

1. Davi decidiu calar. V. 13: “Mas eu, como um surdo, não ouço; e,qual mudo, não abro a boca. Sou, com efeito, como quem não ouve, e em cujos lábios não há réplica” (v. 13-14). Diante de tantas acusações que lhe chegavam, diante de tantas infâmias, diante de tantas maledicências, Davi resolveu se calar. Ele sabia que há muita sabedoria em se calar em certas circunstâncias. Noutro Salmo, ele orou ao Senhor: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios” (Sl 141:3). Este foi o conselho do profeta Miqueias, no mesmo contexto: “Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca” (Mq 7:5). E Cristo diante das acusações dos Seus inimigos, “guardou silêncio”, “nada respondeu” (Mt 26:63; Mc 15:5), vindo os governantes a se admirar sobremaneira.

Muitas vezes, deveremos seguir o mesmo exemplo de Davi, de Miqueias e de nosso Senhor Jesus Cristo. Sabiamente, Salomão disse que há um “tempo de estar calado e tempo de falar” (Ec 3:7). Quando os nossos inimigos estiverem rugindo suas maledicências contra nós, quando estiverem ofendendo as nossas sensibilidades, machucando injustamente os nossos sentimentos, então é o “tempo de estar calado”.

2. Davi decidiu confiar. Somente Deus poderia ajudá-lo e atendê-lo em sua aflição. “Pois em Ti, SENHOR, espero; Tu me atenderás, Senhor, Deus meu” (v. 15). Há aqui 3 invocações feitas por Davi. Na primeira, ele usa a palavra Jeová, no original, que significa “o Eterno” (Yahweh,Jehovah). Ele resolveu confiar em um Deus Eterno. Na segunda invocação, ele usa a palavra Adonay, que significa Senhor, e, como Senhor do universo, Ele é digno de obediência. Davi, ao usar essa palavra, decide ter uma nova vida de obediência e submissão ao Senhor de sua vida.

Na terceira invocação, Davi usa as palavras messiânicas “Deus meu”, que foram as palavras usadas por Cristo na Cruz, ao dizer: “Deus meu, Deus meu, por que Me desamparaste?” (Mt 27:46). Cristo foi desamparado, a fim de que jamais fôssemos desamparados por Deus. Cristo foi abandonado, a fim de que jamais fôssemos abandonados. Assim como Davi, podemos decidir confiar nesse Deus maravilhoso que fez um imenso sacrifício entregando o Seu amado Filho numa infamante Cruz, a fim de nos salvar. Podemos decidir colocar a nossa suprema esperança e gloriosa confiança em nosso Deus, ainda que todos estejam contra nós, assim como todos estavam contra Davi.

3. Davi decidiu confessar. Davi estava em uma grande angústia, padecendo pela sua doença, em um intenso sofrimento, tendo a sua dor continuamente presente: “Pois estou prestes a tropeçar; a minha dor está sempre perante mim” (v. 17). O que você faria se estivesse doente por causa de seu pecado, se todos os seus amigos estivessem acusando-o e prometendo matá-lo, tendo sido abandonado por seus parentes, e sofrendo ainda a dor de ter magoado o coração de Deus, por causa de seu pecado? Davi decidiu confessar o seu pecado que tanto o atormentava: “Confesso a minha iniquidade; suporto tristeza por causa do meu pecado.” Este é o verdadeiro arrependimento: Confissão, tristeza e abandono do pecado que se confessa e pelo qual se sente tristeza por ter ofendido a Deus.

Conhece a história dos dois irmãos, em que o menino escravizava a irmã? Ambos moravam com seus pais numa fazenda. Num belo dia, a menina brincava como irmão que era mais velho, e jogou uma pedra que acertou no pato, e ele depois de agonizar um pouco, morreu. Disse o irmão: “Vou contar para a mamãe que você matou o pato!” “Não, por favor, não conta. Ela vai brigar muito comigo, porque esse era o seu pato predileto.”

Daí, o menino, querendo se aproveitar do fato, disse: “Então, me puxa no carrinho comigo dentro!” Ela concordou para não sofrer que ele contasse a história do pato para a sua mãe. Mas os dias foram passando e o irmão sempre fazia a mesma chantagem, apelando para a ameaça de contar a história do pato morto para a mamãe, se a irmã não fizesse tudo o que ele queria. Então, veio-lhe uma grande ideia: ela decidiu contar ela mesma para a mamãe e foi confessar o que tinha feito. A mãe a perdoou, e disse que já sabia de tudo e que só esperava que ela contasse, para se livrar da escravidão que o irmão tinha imposto a ela.

Assim, quando todos estavam condenando a Davi por seu pecado, e quando ele já estava doente por causa de tudo isso, então, ele mesmo foi contar ao seu Pai celeste, tudo o que ele tinha feito, e confessou todo o seu pecado e a sua iniquidade diante de Deus. Quando você se sentir abandonado por todos, com a consciência acusando de pecado, siga o exemplo de Davi, confessando o pecado ao nosso amorável Deus que é grande em misericórdia.

4. Davi decidiu comungar. “21 Não me desampares, Senhor; Deus meu, não te ausentes de mim. 22 Apressa-Te em socorrer-me, Senhor, salvação minha!” Comungar significa aproximar-se, comunicar-se, manter comunhão. Davi queria o seu Deus perto dele, em uma feliz comunhão. Então, ele teria a certeza de não ser desamparado. Então, ele teria o socorro que vem de um Deus eterno. Então, ele teria a salvação do Senhor.

CONCLUSÃO

Davi começou procurando livrar-se da repreensão e do castigo de Deus, em Sua ira. Contou de sua doença, do seu abandono de seus amigos, que eram fortes e vigorosos e injustos, pois lhe pagavam o mal pelo bem que receberam, procurando tirar-lhe a própria vida com ódio sem causa no coração (v. 19,20). Mas então, Davi decidiu agir e finalmente se entregou completamente nas mãos de um Deus eterno, alcançando a certeza da salvação em seu Senhor. Siga o seu exemplo, amigo.

Quando se sentir doente, fraco, abatido, vacilante, busque a Deus. Não se desespere, mas confie. Pede ao Senhor que lhe conceda a Sua misericórdia, pede-Lhe a Sua gloriosa graça, apresente-Lhe os argumentos da Cruz do Calvário, em que foi morto o Senhor Jesus Cristo para salvar a sua vida do pecado e do mal, e garantir a sua entrada no Céu.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com
12/09/2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Salmo 37 - Como podem os ímpios prosperar?


Como pode um Deus justo ficar aparentemente inerte frente à injustiça da prosperidade dos ímpios? O tema do salmo 37 está expresso nas palavras do verso 7, e trata do grande problema da prosperidade dos ímpios, que muitas vezes nos deixa perplexos e sem resposta.
Esta era a preocupação do salmista Davi: Como podem os ímpios prosperar? Como Deus aparentemente não vê tanta iniquidade, tanta violência e tanto crime, adicionados a tanta roubo, opressão e corrupção descabidos? Como podem prosperar os perversos e corruptos, quando os justos e bons muitas vezes estão sofrendo na miséria?
Em suas profundas meditações e grande experiência de alguém já idoso (V.25), além de ser poeta e profeta inspirado e rei da nação israelita, Davi apresenta os imperativos para todo o seguidor de Jeová Deus e de Jesus Cristo, a fim de que tenha esse assunto claro em sua mente, e não venha a decair em sua fé. Ele responde a indagação com um salmo em forma de acróstico, no original. Ele apresenta como resposta mais convincente o destino dos ímpios em contraste com a recompensa dos justos.
Qual deve ser a nossa atitude frente ao problema da prosperidade imerecida dos ímpios? OS 10 IMPERATIVOS do salmista nos ajudam a enfrentar o problema. O primeiro imperativo de sua coleção é este, embora pareça estranho:
1 – NÃO TE INDIGNES (V. 1)
Não te indignes por causa dos malfeitores” (v.1) Este é o primeiro imperativo de Davi.
Davi passou por essa experiência. Imagine o salmista encerrado em uma caverna, escondido para que o seu rei [Saul] a quem ele tanto ajudara, não o mate com o seu exército armado. Imagine o grande rei Davi com vestes reais, atravessando um rio gelado com a família, mulheres e crianças, acompanhados de amigos fiéis, levando bagagem pesada, passando fome e frio pelo caminho, enquanto que os seus adversários estavam festejando a vitória sobre ele. Não estaria ele se perguntando: Como podem prosperar os ímpios na sua iniquidade? Como pode um Deus Todo-poderoso deixar que isso aconteça? Ele diz: “Não te indignes por causa dos malfeitores.”
Mas Davi não nos deixa apenas no seu imperativo. Ele nos dá a resposta divina para a nossa inquietação e perplexidade no verso 2: “Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.” Ou seja: Não se preocupe se os ímpios prosperam. A prosperidade deles é passageira, efêmera, porque eles mesmos passarão, e tudo quanto possuem será dado aos justos que possuirão a terra de modo exclusivo e final. Ora, se os ímpios são tão fugidiços, tão transitórios, por que você gastaria tempo e energia em se preocupar com eles?
Aqui podemos ver claramente o Destino dos Ímpios. A maioria dos teólogos protestantes e católicos prega a doutrina do castigo eterno em que os ímpios sofrerão eternamente nos fogos ardentes do Inferno. Eles dizem que enquanto os justos recebem a vida eterna no Céu, os ímpios sofrerão a vida eterna no Inferno. Mas isto seria multiplicar a impiedade, o pecado, a irreverência e a transgressão, porque preservar o malfeitor equivale a preservar o mal e a iniquidade. Graças a Deus, esta doutrina não encontra eco nas Escrituras.
Além disso, prolongar a vida  dos perversos a fim de prolongar eternamente o seu castigo não se combina com a justiça de um Deus cujo caráter é amorável e justo por excelência. Como poderia o ímpio sofrer com justiça por toda a eternidade, enquanto Deus existir, se pecou por muito pouco tempo, cerca de 70 anos, em comparação com a eternidade? No mínimo, isso seria completamente desproporcional. Mas a Bíblia afirma que há gradações de culpa (Lc 12:47-48), além de também afirmar a extinção dos ímpios. Mesmo a retribuição de um ser humano depois de um certo tempo se limita e clama, dizendo: “Basta! Deixai-o, já sofreu tanto que chega!”
Robert G. Ingersoll (1833-1899), crítico da religião cristã, se tornara cético e crente no agnosticismo, após ouvir a mentira de que o fogo do Inferno arderá por toda a eternidade a queimar pobres e indefesas criaturas humanas. Ele atacou a Bíblia, usou todos os argumentos da incredulidade contra as Escrituras, e morreu na descrença. Eu li os ataques dele contra a Bíblia. Mas, se eu pudesse lhe entregar uma mensagem de esperança, eu lhe diria: Robert, não se preocupe, porque, embora você tenha combatido contra Deus e contra as Sagradas Escrituras, o “fogo eterno” do Inferno não arderá eternamente; isso foi um engano dos seus líderes espirituais!” Mas, infelizmente, não posso dar esse recado ao meu xará, porque os mortos não têm mais a possibilidade de saber ou se comunicar conosco (Ec 9:5-6).
O que nos diz o salmista Davi? Ele apresenta a doutrina bíblica a respeito dos malfeitores: Os ímpios não participam da vida eterna, nem no Céu nem no Inferno. Seu castigo será terrível; porém, não eterno. O seu fim logo virá. Eles serão consumidos para sempre. Isto é dito no Antigo e Novo Testamentos. Note o que disse o salmista neste Salmo 37:  
1 - Os ímpios murcharão: “Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde” (v. 2,20).
2 - Os ímpios serão exterminados: “Os malfeitores serão exterminados” (v. 9, 22,28,34,38).
3 - Os ímpios passarão: “Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás” (v. 10).
4 - Os ímpios serão traspassados: “A sua espada ... lhes traspassará o próprio coração” (15).
5 - Os ímpios serão quebrados: “Pois os braços dos ímpios serão quebrados” (v. 17).
6 - Os ímpios perecerão: “Os ímpios perecerão” (20).
7 - Os ímpios serão aniquilados: “Os inimigos do Senhor serão... aniquilados” (v. 20).
8 - Os ímpios se desfarão: “Se desfarão em fumaça” (v. 20).
9 - Os ímpios serão destruídos: “Quanto aos transgressores, serão, à uma, destruídos” (v. 38).
10 - Os ímpios desaparecerão: “Vi um ímpio prepotente a expandir-se qual cedro do Líbano. Passei, e eis que desaparecera; procurei-o, e já não foi encontrado” (v. 35-36).                                   
Depois destas 10 afirmações, exceto se passou por uma lavagem cerebral, ninguém pode em sã consciência afirmar que os malfeitores continuarão a sua vida denegrindo o caráter de Deus com as suas blasfêmias no Inferno por toda a eternidade. As afirmações mais categóricas do salmista são usadas para responder à pergunta: Para onde irão estes ímpios que prosperam apesar de sua impiedade?
O seu destino já está reservado: eles serão destruídos, se desfarão em cinzas, serão exterminados completamente, e desaparecerão para sempre. Jamais serão vistos novamente, jamais lembrados, jamais viverão outra vez. Extinção completa, aniquilamento e esquecimento total. Nada de Inferno eterno. O Universo inteiro será purificado da mácula do pecado para sempre. Voltará a felicidade dos justos eternamente.
2 – NÃO TENHAS INVEJA (V. 1)
Nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade”.
A prosperidade é algo que atrai a inveja dos que desejam ter uma vida fácil e confortável. É por isso que muitos enveredaram pelo caminho do tráfico das drogas e da corrupção. Mas, quem, em um momento de lucidez, invejaria um ímpio que prospera? É muito interessante a afirmação de um pregador: “Quem  invejaria ao boi gordo com faixas e grinaldas que o decoram, quando é levado ao matadouro? Pois bem, … o ímpio rico não é mais que um animal engordado para o matadouro.”
Colocados um ao lado do outro estes dois imperativos [Não te indignes, nem tenhas inveja] longe de serem sinônimos, são antagônicos. Indignação é uma repulsa, enquanto que a inveja é um desejo de posse. Indignação é agressiva, enquanto que a inveja parece passiva. Aqui temos dois sentimentos contrários. O indignado rejeita, o invejoso aceita. Entretanto, muitos que parecem indignados, estão apenas lamentando por não estar na posição dos invejados.
Portanto, considerando a nossa natureza sutil, uma pessoa que se demonstra externamente indignada, irada, revoltada, está às vezes, revelando a sua inveja interna. Isso aconteceu com os líderes judeus que se indignaram diante da alegada blasfêmia de Cristo apenas por inveja (Mc 2:7; 15:10). Mas eles estavam apenas acariciando sentimentos maus contra um homem justo, o que é totalmente inaceitável.
Ora, se é inaceitável qualquer sentimento de ira ou mesmo de inveja contra um justo, alguém poderia dizer que isto é justificável para com os ímpios e maus. Entretanto, qualquer sentimento de ira, inveja ou vingança contra eles será um julgamento contra a administração de Deus, que, com Sua infinita e insondável sabedoria, preserva os ímpios mesmo em sua mais crassa impiedade e corrupção.  Nunca esqueçamos as palavras do sábio Salomão: “Não te aflijas por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos perversos”. “O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos.” Pv 24:19;  Pv 14:30.
3 – CONFIA NO SENHOR (V. 3)
Este é o 3º imperativo, um imperativo duplo, porque um completa e resulta no outro: “Confia no Senhor e faze o bem”.
No contexto deste salmo, é mister confiar em Deus, quando nos vem à lembrança que os ímpios estão prosperando e nós indo de mal a pior, em posições contrárias (2Tm 3:13). Há homens do passado que tiveram de confiar em Deus, depois de passarem por idêntico problema.
O patriarca Jó que sofria sem saber por quê e acusado pelos amigos (Jó 21); José como escravo do Egito (Gn 39:1,20); Davi neste Salmo (Sl 37) e Asafe que quase desistiu (Sl 73: 2-3), além de Jeremias que disse: “Por que prospera o caminho dos perversos, e vivem em paz todos os que procedem perfidamente?” (12:1), e o povo do tempo de Malaquias que dissera: “Ora, pois, nós reputamos por felizes os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e escapam.” (Ml 3:15)  – todos estes alcançaram a vitória porque confiaram em Deus plenamente.   
Confiar em Deus é uma necessidade de todos os que se sentem fracos e dependem de Alguém que é Todo-poderoso. Precisamos confiar em Deus quando os ímpios tramam contra nós enfurecidos, rangendo os dentes (v. 12). Precisamos confiar em Deus quando “os ímpios arrancam da espada e distendem o arco para abater o pobre e necessitado, para matar os que trilham o reto caminho” (v. 14). Precisamos confiar em Deus quando temos pouco e os ímpios tem em abundância, sabendo que o pouco dos justos vale mais (v. 16).
Precisamos confiar em Deus para não sermos envergonhados no dia do mal, e nos dias da fome sermos fartos (v. 19), porque o justo jamais será desamparado (v. 25). Devemos confiar em Deus quando “o perverso espreita ao justo e procura tirar-lhe a vida” (v. 32), sabendo que o Senhor não nos deixará nas mãos homicidas dos ímpios, nem nos condenará no dia em que formos julgados em tribunal (v. 33).
Mas muitas pessoas ficam só na primeira parte do imperativo. Muitos ficam numa confiança imóvel. Entretanto, temos que agir: “Faze o bem” (v. 3), diz o poeta. O que significa fazer o bem? “Habita na terra e alimenta-te da verdade” (v. 3), ou seja: Vive no lugar em que Deus o colocou em amor e justiça, e na esfera em que Ele deseja que você atue; você não precisa ficar vagueando de um lugar para outro, pela sua segurança e estabilidade. Fazer o bem significa praticar as obras da justiça divina no lugar onde Deus determinou para nós.
Então, demonstre que a verdade de Deus tem poder em sua vida, porque você se alimenta dela. Alimentar-se da verdade é alimentar-se do próprio Cristo que é a Verdade, o Pão que desceu do Céu: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o Pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.” “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a Mim.” (Jo 6:35,45; 14:6).
E mais: Você poderá dizer ao mundo ímpio que você é livre mesmo quando eles o prenderem em suas celas, porque a verdade liberta os seus possuidores, e você estará pronto a dar o seu testemunho a favor da verdade, só a verdade e nada menos do que a verdade. Disse Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32). Especialmente quando a verdade é um alimento diário, quando temos o privilégio de nos alimentarmos dela continuamente, assim como nos alimentamos de nosso pão cotidiano. 
Enquanto confiamos em Deus, fazemos o bem e andamos na verdade. Esta será a maior arma contra os inimigos que desejam nos condenar: eles não terão nada de que nos acusar, a não ser buscar alguma coisa em nossa devoção. Isso aconteceu com Daniel, mas ele foi logo livrado da boca dos leões famintos. Ele confiava em Deus, mas continuou a fazer o bem, orando ao Altíssimo, habitando na terra onde Deus o colocara, alimentando-se da verdade, e levando a sério a sua devoção, sem se importar com o que os outros diziam.   
4 – AGRADA-TE DO SENHOR (V. 4)
Aqui temos um imperativo seguido de uma promessa: “Agrada-te do Senhor e Ele satisfará os desejos do teu coração” (v. 4). A Bíblia tem ordens e imperativos, mas sempre acompanhados de promessas e bem-aventuranças. Quando obedecemos às ordens, podemos esperar o cumprimento das promessas. “Ele satisfará os desejos do teu coração.”
O que significa esse imperativo? Agradar-se do Senhor é uma experiência de relacionamento pessoal de amor para com Deus, de tal modo que O amamos independentemente das circunstâncias que nos envolvem. O cristão vive para agradar-se de Deus, através de um relacionamento de amor que ele obtém dEle, porque “Deus é amor” (1Jo 4:8). Isto inclui mesmo passarmos por sofrimento ocasionado por ímpios que nos afligem e prosperam. Não podemos concordar com os maus; porém, nos agradamos de Deus que nunca nos decepcionou. E como Maria, mãe de Jesus, a música de nosso coração será: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lc 1:46-47).
Agradar-se do Senhor é ser, viver e fazer tudo para agradá-lO. E como nós podemos agradar ao Senhor? Fazendo a Sua vontade, que é boa, agradável e perfeita (Rm 12:2). Quando fazemos a vontade de Deus sinceramente, nós nos agradamos do Senhor. Mas de que modo conseguimos isto? Guardando a Sua Lei e os Seus mandamentos que são santos, justos e bons (Rm 7:12). Nisto, temos o exemplo do próprio salmista Davi que se deleitava em Deus. Ele mesmo disse: “Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a Tua lei” (Sl 40:8). E neste salmo (37:31), ele diz de todo justo que “no coração tem ele a Lei do Seu Deus”.
Agradar-se do Senhor, significa que teremos a maior alegria em recebê-lO no Seu santo dia: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor” (Is 58:13-14). Então, “deleitar-te-ás, ... no Todo-Poderoso e levantarás o rosto para Deus” (Jó 22:26).
Mas o que significam as palavras da promessa: “Ele satisfará os desejos do teu coração”? Pareceria que agora temos o cumprimento de nossos mais íntimos desejos e tendências, mesmo que irrelevantes ou pecaminosos? Bastaria nos agradar de Deus? Temos aí a garantia de que todas as nossas orações ainda nem apresentadas serão atendidas? De fato, como serão os nossos desejos, quando nós nos deleitamos em Deus? É evidente, como vimos, que nossos desejos estarão afinados de acordo com a justiça e sabedoria da Lei de Deus, gravada em nosso coração (Sl 37:30-31).
Deleitar-se em Deus é tanto um privilégio como um dever. Mas Ele não prometeu satisfazer os apetites pervertidos do corpo, a sua intemperança ou o temperamento da vaidade, mas os desejos da alma renovada e santificada. Qual é o desejo de um homem renovado que tem a Lei de Deus no coração? É conhecer, amar e servir a Deus. Os seus desejos serão lícitos e justos, além de serem também agradáveis a Deus, que Se deleita nos filhos que se agradam dEle (Mt 3:17). Nisto consiste a sua alegria e a recompensa apenas segue como um resultado: “Ele satisfará os desejos do teu coração.”
5 – ENTREGA O TEU CAMINHO AO SENHOR (V. 5).
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará” (v. 5). Uma ordem, seguida de outra ordem, porque ambas se explicam, seguidas de uma grande promessa.
Uma das coisas mais difíceis de fazer é entregar o nosso caminho a Deus. Muitos não entregam o seu caminho a Deus porque se julgam mais sábios do que Ele, ou têm receio de que a Sua vontade exija sacrifícios de sua parte. Queremos dirigir os nossos passos em um caminho que já traçamos por nossa própria sabedoria, e julgamos que vamos indo muito bem. E até nos elogiamos por nossas proezas. No final, vemos que perdemos tempo, energia e propriedades, simplesmente por não seguirmos o caminho de Deus. Então, resta lamentar e prometermos a nós mesmos não fazer mais isso, apenas para repetirmos a mesma rotina no dia seguinte.
O que significa entregar o nosso caminho a Deus? Salomão nos ajuda a identificar o nosso caminho, em um verso paralelo, dizendo: “Confia ao Senhor as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos” (Pv 16:3). Nosso caminho são as nossas obras, todos os afazeres e negócios da vida, as coisas que fazemos, e nas quais andamos. Devemos entregar todas as nossas obras, os nossos planos, as nossas afeições, os nossos sentimentos, e desejos do coração. Tribulações, provações, aflições pelas quais estamos andando. Tudo deve ser entregue a Deus, em forma submissa e contente.
Portanto, entregar o caminho ao Senhor é outra maneira de dizer “Confia no Senhor” (v. 3), pois aqui estão as palavras do salmista, em seu duplo imperativo: “Entrega o teu caminho ao Senhor, [ou seja:] confia nEle” (v. 5), em forma de paralelismo sinônimo. Quando entregamos o nosso caminho a Cristo Jesus, Senhor nosso, nós confiamos a Ele todas as coisas em que estamos envolvidos, buscando dEle a direção, quanto às nossas vontades e necessidades, certos de que Ele cumprirá todas as Suas promessas.
Portanto, há um estreito relacionamento entre confiar e entregar. Quando você entrega, é porque você já confia. Por exemplo: Você entregaria o seu carro, a uma pessoa que você sabe que não tem carteira de motorista? Você só entrega se você confia. Se você não confia, você não vai entregar. Desse modo, é por isso que o salmista está repetindo a ideia de confiar (V. 3) e vai repeti-la por  mais 3 vezes (vs. 7,9,34). Entregar e confiar estão muito relacionados. Entregar já contém a confiança implícita. Porque confiar é essencial para todas as coisas espirituais.
Enfim, entregar o caminho a Deus significa mais: “Consagre-se a Deus pela manhã; faça disso a sua primeira atividade. E ore: ‘Toma-me, ó Senhor, para ser Teu inteiramente. Deponho todos os meus planos a Teus pés. Usa-me hoje para o Teu serviço. Fica comigo, e que tudo o que eu fizer seja operado por Ti.’ Essa e uma questão diária. Cada manhã consagre-se a Deus para aquele dia. Entregue-Lhe todos os seus planos para saber se devem ser levados avante ou não, de acordo com o que Sua providência indicar. Assim, dia após dia, você poderá entregar sua vida nas mãos de Deus, e ela será cada vez mais moldada segundo a vida de Cristo.” (EGW, Caminho a Cristo, p.  45).
Você tem problemas, tribulações, privações? Entrega isso a Deus. Você precisa se casar? Entrega isso ao Senhor. Você precisa estudar e não sabe em que faculdade? Entrega isso a Deus. Você precisa fazer compras? Entrega isso ao Senhor. Você precisa viajar, mas tem alguma dúvida? Entrega isso a Deus. Você precisa pregar e não sabe qual é o assunto que Deus deseja que você pregue? Entrega isso a Ele. Você precisa falar com o patrão sobre o sábado? Entrega isso a Deus, e Ele lhe dirá as palavras mais sábias e oportunas. Portanto, entregar o nosso caminho a Deus significa uma completa dependência dEle, em todas as coisas de nossa vida.
É uma questão de prioridades: Antes de qualquer coisa, entregue o seu caminho a Deus. Antes  dos seus planos, coloque os planos de Deus. Antes de suas opiniões, coloque as opiniões de Deus. Antes da sua vontade, antes dos seus desejos, antes das suas afeições, coloque a vontade, os desejos e as afeições de Deus. Antes dos seus pensamentos, palavras e atos, coloque os pensamentos, palavras e os atos de Deus em sua vida. Antes da sua visão e antes da suas prioridades, coloque a visão e as prioridades de Deus no seu dia a dia. Faça de Deus a sua maior prioridade e coloque tudo nas Suas mãos.
E aqui temos a Sua promessa que acompanha o imperativo de entregarmos tudo a Deus: “Ele tudo fará” (v. 5). Isso não significa que ficaremos na ociosidade, de braços cruzados, sem fazer nada, apenas esperando que Deus faça todas as coisas por nós. De fato, aquilo que nós podemos realizar, Ele Se nega a fazer. Lázaro estava morto, e diante da sepultura do Seu amigo, Cristo ordenou que tirassem a pedra que cobria a entrada. Jesus podia ter dado um sopro e a pedra seria rolada e removida. Mas Ele não faz aquilo que nós podemos fazer.
Ele não poderá fazer tudo se não entregarmos tudo a Ele. Portanto, entregar o nosso caminho a Deus significa entregarmos tudo o que temos a Deus, e esperar que Ele faça tudo de acordo com a Sua vontade. E a Sua vontade inclui fazermos tudo o que Ele nos ordenar, independentemente daquilo que já planejamos em contrário. “Buscai, pois, o reino de Deus e a Sua justiça e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).
O que mais o Senhor fará? “Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia” (v.6). Qual é a nossa justiça? Nossa justiça está em Cristo, nosso Salvador e “Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23:6; 33:16). De nós mesmos não temos justiça própria, mas Deus nos dá a justiça de Cristo e o direito de nossa vida está em Suas mãos. Ele nos cobre simbolicamente com as vestes da justiça de Cristo que passa ser nossa e resulta em atos de amor e justiça dos cristãos. O apóstolo João escreveu acerca disso: “O linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19:8).
A promessa do salmo é que a nossa justiça há de sobressair como o sol ao meio dia. Cristo, o Sol da justiça será visto em nossa vida, de modo fulgurante, e todos poderão contemplar a salvação de Deus em nós. Foi por isso que Jesus disse no sermão do monte: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:16).
6 – DESCANSA NO SENHOR (V. 7)
O 6º imperativo é triplo: “Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.” Aqui temos a ordem tríplice para descansar, esperar, e não se irritar.  E aqui de modo mais claro se destaca o tema deste salmo: “por causa do homem [ímpio] que prospera em seu caminho!”
Deus sabe que precisamos de descanso. Estamos cansados deste mundo de pecado,  cheio de mentiras, desonestidades e  crimes. Estamos cansados de ver pessoas cansadas da justiça. Como disse o grande Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto" (Obras Completas, v. 41, t. 3, 1914, p. 86).
Jesus Cristo sabe que necessitamos de descanso. Ele ainda nos convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11:28-30).
Descansar em Deus no original hebraico é ficar em silêncio diante dEle. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46:10). É preciso parar de falar, parar de reclamar e de se indignar diante dos ímpios e perante Deus. É preciso parar de acusar a Deus porque os ímpios não são castigados logo que cometem a iniquidade, ou porque os justos não são recompensados ou reconhecidos de imediato. Temos que aprender a calar ou descansar na sabedoria divina, e esperar nEle, confiando em todas as ocasiões, que tudo está em Suas mãos e que Ele a Seu tempo dará um final justo e perfeito ao nosso mundo para testemunho do universo.
7 – DEIXA A IRA (V. 8)
“Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a terra” (v. 8-9).
Aqui temos novamente um imperativo em ampliação: Há aqui outro imperativo tríplice: “Deixa a ira (1), abandona o furor (2), não te impacientes (3).” Há uma admoestação: “Certamente isso acabará mal!” Há uma razão convincente: “Porque os malfeitores serão exterminados!” E há também uma promessa alvissareira: “Os que esperam no Senhor possuirão a terra.”
Observando as condições prevalecentes em nosso mundo moderno, vemos tantos malfeitores, tantos pecadores, tantos perversos, ladrões, assassinos e corruptos. Mas muitas vezes não podemos deixar de ficar impacientes ao ver como prosperam os ímpios em sua maldade. Como ficar inertes diante de bandidos que roubam a sua casa e ainda matam toda a sua família diante dos seus olhos e você impotente tem que contemplar a barbárie de homens ímpios, perversos e maus, que ainda saem dando risadas escarnecedoras? Este sentimento de ira não precisa ser erradicado, mas controlado. Como disse Lutero sobre o Salmo 37: “Aqui está a paciência dos santos.”
Com efeito, o cristão não é caracterizado pela ira, pelo furor, ou pela impaciência, mas pela mansidão. Mas eles não podem competir com os justos porque a garantia é de que os malfeitores serão exterminados e desaparecerão do universo, “mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz” (v. 10, 11). Cristo usou essas palavras e acrescentou um elogio aos mansos no Seu Reino (Mt 5:5): “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” Esta é a promessa de Cristo e está em toda a Bíblia.
Há uma crença errônea de que os justos hão de morar no Céu, eternamente, com os anjos. Assim dizem muitos teólogos protestantes e católicos. Mas os ensinos e as promessas da Palavra de Deus indicam para outra direção. A Bíblia ensina no Apocalipse que haveremos de morar com Deus no Céu onde Ele está hoje, por mil anos (Ap 20), mas depois disso, todos os justos e anjos virão para esta Terra, quando a Nova Jerusalém descerá do Céu (Ap 21:2), e Deus estabelecerá o Seu trono de glória aqui neste mundo (Ap 21:3) para sempre (Dn 7:14).
A razão para isto está no fato de que Cristo esteve aqui pessoalmente, morrendo na Cruz do Calvário, e derramando o Seu precioso sangue por nossa Salvação, exaltando a importância desta Terra por toda a eternidade e diante de todo o Universo.
Então, se cumprirá a promessa: “Os que esperam no Senhor possuirão a terra” (v. 9); “Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz” (v. 11); “Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre” (v. 29); “Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas” (Is 65:17); “Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pe 3:13); “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1).
8 – APARTA-TE DO MAL (V. 27)
Aparta-te do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada.  Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para sempre” (v. 27-30)
No grande conflito entre o bem e o mal, o salmista nos orienta: “Aparta-te do mal e pratica o bem” (v. 27). Vivemos em um mundo cheio de mal; porém, precisamos nos apartar do mal, hoje mais do que nunca. Quando deixamos a ira, estamos nos apartando do mal. Quando evitamos os maus sentimentos, estamos nos apartando do mal. Quando deixamos de lado a violência, estamos nos apartando do mal. Quando evitamos a sensualidade, estamos nos apartando do mal.
Os homens santos do passado tinham a coragem de obedecer a este imperativo, que é o clamor da consciência espiritual: “Aparta-te do mal.” Isso requer muito poder espiritual, porque o mal em nossa natureza clama por satisfação. Não basta dizer como a grande maioria sem Cristo diz: “Eu sou bom, porque eu não mato, não roubo, não adultero, não desejo o mal para o meu próximo, não fumo, não bebo, não uso drogas,...” e a lista vai longe de coisas que não fazem, mas que, contudo, não se constituem  numa forte tentação.
É preciso ir mais a fundo e perceber a maldade da natureza nas coisas mais sutis, mais básicas como a cobiça, o egoísmo, a avareza, a preguiça, a gulodice, a inveja, a luxúria, e por aí vão os pecados capitais. Destes pecados devemos nos apartar com o auxílio do Espírito Santo, que nos fortalece a vida espiritual.
Mas mesmo isso não é suficiente. Não basta nos apartarmos do mal, negativamente. É preciso ir além disso. Muitos pensam que a vida cristã se resume em não fazer o que é considerado mal. Não praticam o pecado e se satisfazem com isso, achando que esta é a sua parte. Mas isso não é suficiente. O 10º imperativo duplo se completa ao dizer mais: “Faze o bem!” Não só nos aparatamos do mal, mas ao mesmo tempo fazemos o que é bom, e praticamos o bem.
Acerca de Jó, lemos que ele se desviava do mal (Jó 1:1). Mas ele não ficou só nisto, por mais importante que isto seja. Jó adorava ao verdadeiro Deus, negando os falsos ídolos (Jó 31: 24-28); ele repartia o seu pão com os pobres e com as viúvas (v. 16-17); ele cobria os necessitados com roupas e cobertas (v. 19); praticava a justiça nos tribunais e defendia os órfãos (v. 21); ele atendia bem aos seus servos, dando-lhes a razão (v. 13); ele respeitava os seus inimigos (29-30); hospedava os estrangeiros e praticava a hospitalidade sem acepção para com os viajantes (v. 32). Leia o capítulo todo (Jó 31), e você verá o que significa realmente apartar-se do mal e praticar o bem!
Para fazer o bem, precisamos amar a verdade, amar a justiça e odiar o pecado. De Cristo, lemos: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade” (Hb 1:9). Certa vez, um pastor encontrou um membro de sua igreja fumando. Quando ele percebeu que não podia mais se esconder e disfarçar o cigarro, disse ao pastor: “Você me pegou. Mas eu odeio esse vício.” O pastor lhe perguntou: “Até que ponto você o odeia? Você odeia esse vício a ponto de largá-lo?” Então, o homem lhe disse: “Agora, você me pegou de novo. Eu quero deixá-lo e de agora em diante, eu odeio isso de fato, e deixo de fumar!” O pastor fez uma oração e aquele homem nunca mais voltou ao vício. Ele agora estava pronto para fazer o bem. Para fazer o bem, é preciso se purificar primeiro, apartar-se do mal, odiando o pecado e a iniquidade, e praticar a verdade e a justiça.
E qual será a recompensa? Qual é a promessa? Leia de novo essas palavras cheias de esperança, no v. 27: “E será perpétua a tua morada!” Que gloriosa promessa! Que esperança estimulante! Vivemos em um mundo em que a nossa morada é transitória e passageira. Outras pessoas vão nos substituir, e ocupar ao nosso lugar, onde agora habitamos. Mas, se nos separamos do mal, praticamos o bem, então, satisfeitas as condições, a promessa nos pertence, com todas a letras!
Logo, temos a segurança de quem nos deu a promessa, v. 28-29: “Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os Seus santos; serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada. Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre.” A nossa morada será perpétua, eterna, junto a um Deus imortal! Nunca temos um imperativo sem uma gloriosa promessa. Pois se Deus ama a justiça, os Seus santos refletem essa justiça: “A boca do justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo” (V. 30).
9 – ESPERA NO SENHOR (V. 34)
Espera no Senhor, segue o Seu caminho, e Ele te exaltará para possuíres a terra.Aqui temos um outro imperativo duplo e uma promessa de exaltação e prosperidade para os humildes e mansos.
Ninguém gosta de esperar, mesmo que seja por Deus. Aliás, a tendência é pensar que, se Deus é Todo-poderoso, então, não precisamos esperar por Ele; Ele é que tem que esperar por nós que somos tão limitados. Mas, Ele pensa diferente de nós, tem planos que para nós são impenetráveis e desconhecidos, e muitas vezes, perdemos a paciência com Ele, e há certas pessoas que até dizem que Deus os decepcionou. Mas, pacientemente, depois de esperar muitas vezes por nós, Ele nos ordena que esperemos igualmente por Ele: “Espera no Senhor!”
E, se o único Senhor de toda a Bíblia é Jesus Cristo (1Co 8:6; Ef 4:5), então, esperar no Senhor é esperar em Jesus Cristo, o nosso Salvador, que morreu por nós. Portanto, temos em Cristo Aquele que é o nosso Salvador mas também é o nosso Senhor. Nunca nos esqueçamos de que primeiro Ele nos salva e depois, recebemos o Seu amorável convite: “Segue-Me!” (Mt 9:9). E, como Mateus, que ouviu este convite, haveremos de segui-Lo, deixando tudo para trás. Portanto, Davi se dirige a nós e nos diz neste penúltimo imperativo duplo do Salmo 37: “Segue o Seu caminho!” (v. 34). Se já seguimos o  Seu caminho como nosso Salvador, por que não O seguiríamos como o Senhor de nossa vida? Se Ele já deu a Sua vida por nós, o que não faríamos por Ele?
Daí, teremos o cumprimento de Sua promessa: “Ele te exaltará para possuíres a terra” (v. 33). Davi sabia muito bem o que era ser humilhado, diante do seu povo, diante de sua família e diante de Deus. Mas também sabia o que era ser exaltado, porque, depois de tanta humilhação, ele foi enaltecido como o rei de Israel como ninguém jamais fora, além de ser um tipo de Cristo, e pai do Messias.
Mas, mesmo depois de ser assim exaltado, Davi ainda não chegou a possuir a terra,  porque ele, como outros heróis da fé, ainda não pôde ver a concretização da promessa (Hb 11:32,39). Isso acontecerá após o Milênio (Ap 20-21). Então, todos os justos serão exaltados para receber o reino eterno de Deus para todo o sempre (Dn 7:27).
10 – OBSERVA O HOMEM ÍNTEGRO (V. 37)
Observa o homem íntegro e atenta no que é reto; porquanto o homem de paz terá posteridade (v. 37).
A Bíblia disse a respeito de Jó, cito novamente o patriarca do sofrimento e da paciência: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1:1). Por que será que isso foi escrito na Bíblia? Foi escrito para que nós pudéssemos observar homens íntegros, a fim de aprendermos deles, e imitarmos o seu exemplo em nossa vida.
Jó foi um dos homens de Deus que enfrentou o grande problema da prosperidade dos ímpios. Ele não podia entender esse assunto e disse: “Como é, pois, que vivem os perversos, envelhecem e ainda se tornam mais poderosos? ... Passam eles os seus dias em prosperidade e em paz descem à sepultura. E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós!” (Jó 21:7, 13-14). Mas Jó saiu vitorioso e recebeu de volta em dobro todas as coisas e os filhos que perdeu. Mas qual foi o segredo de Jó? Apesar de muitas dúvidas a respeito das razões do seu sofrimento, pôde dizer: “Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
 Disse o salmista em seu décimo imperativo: “Observa o homem íntegro!” Contemple o patriarca Noé. Disse Deus a respeito dele: “Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.” (Gn 6:9).
Ao observarmos a esse homem íntegro, veremos que ele era de tal fibra de caráter, não em uma cidade celestial, mas em uma terra cheia de corrupção e violência (v. 11). No entanto, pôde revelar aos homens antediluvianos que ele era diferente, porque andava com Deus. Aqueles homens ímpios não terão desculpas no dia do Juízo. O homem que é íntegro se torna vitorioso. Ele não se intimida com o problema da prosperidade dos ímpios, porque todos eles serão exterminados, assim como aconteceu no Dilúvio.
Mas o último imperativo também é duplo e nos diz mais: “Atenta no que é reto” (v.37). Assim como observamos aos homens íntegros, contemplamos a retidão, as virtudes que são a expressão da justiça de Deus, e continuamos praticando o que agrada a Deus e seguindo o caminho reto. E pela contemplação seremos transformados.
E qual será a nossa recompensa? A promessa que nos estimula ao cumprimento do seu último imperativo? “O homem de paz terá posteridade” (v. 37). Os transgressores serão destruídos e a descendência dos ímpios será exterminada (v. 38), mas os justos terão uma posteridade abundante como a areia do mar, senão aqui lá no Céu. Imagina, quantos filhos, quantos amigos e companheiros e anjos que nunca pecaram nós teremos lá! Sem contar com os amigos dos bilhões de mundos afora em todo o universo! Lá poderemos contar a nossa história e de quão maravilhoso foi Jesus Cristo para conosco! Esta é a verdadeira posteridade e com ela a verdadeira prosperidade.
CONCLUSÃO
Como Davi termina este salmo? Quais são as últimas promessas inspiradas na conclusão do Salmo? “Vem do Senhor a salvação dos justos; Ele é a sua Fortaleza no dia da tribulação. O Senhor os ajuda e os livra; livra-os dos ímpios e os salva, porque nEle buscam refúgio.” (v. 39-40). Portanto, vamos buscar o refúgio em nosso grande e maravilhoso Deus, que certamente nos dará a salvação hoje e eternamente. Vamos confiar em Deus e entregar o nosso caminho e todos os nossos projetos ao Todo-poderoso. Vamos descansar e esperar nEle, e vamos seguir o Seu Caminho. Porque disse Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6).
O contexto dessa mensagem é o grande problema e a grande solução para a prosperidade dos ímpios, mas esta grande solução serve para todos os maiores problemas e tribulações da existência. Portanto, guarde bem para os 10 IMPERATIVOS:
1-   NÃO TE INDIGNES
2-   NÃO TENHAS INVEJA
3-   CONFIA NO SENHOR
4-   AGRADA-TE DO SENHOR
5-   ENTREGA O TEU CAMINHO
6-   DESCANSA NO SENHOR
7-   DEIXA A IRA
8-   APARTA-TE DO MAL
9-   ESPERA NO SENHOR
10-       OBSERVA O HOMEM ÍNTEGRO
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com

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