Você tem medo de que?
Costumo definir medo como aquilo que sentimos diante de algo em relação ao qual somos frágeis, vulneráveis e que pode nos oferecer algum perigo. Por isso algumas pessoas sentem medo de escuro, de viajar de avião, de dirigir, de altura, entre tantos outros medos.Essa sensação de vulnerabilidade e perigo, em alguns casos, é benéfica. Imagine se não tivéssemos medo de algumas coisas, como andar em um carro em alta velocidade! Possivelmente os acidentes automobilísticos seriam ainda mais constantes. Mas, da mesma forma que o medo limita nossa ação nos protegendo do perigo, em medidas inadequadas ele pode limitar nossa qualidade de vida.
Ter medo de dirigir em alta velocidade nos mantém dirigindo na velocidade permitida pelas leis de trânsito e evita acidentes e multas. Contudo, ter medo de dirigir (independente da velocidade) pode gerar diversos transtornos no dia a dia, pois, ao depender de outras pessoas para deslocar-se, a pessoa que tem medo de dirigir torna-se limitada para realizar diversas atividades como sair para fazer compras ou ir a um encontro social quando quiser.
Nossos medos
Alguns estudiosos afirmam que os medos infantis podem ser divididos em três categorias: os que estão presentes desde o nascimento (inatos), os que aparecem ao longo do crescimento e os que surgem devido a eventos traumáticos ou induzidos pelo meio. Na primeira categoria encontram-se ruídos repentinos, flashes luminosos, movimentos súbitos e perda do apoio. Ao longo do crescimentos alguns medos são deixados e outros adquiridos naturalmente devido às novas condições cognitivas. No entanto, alguns medos surgem devido a experiências desagradáveis que marcam profundamente a vida das pessoas. Problemas de autoconceito e autoestima (desenvolvidos, muitas vezes, na infância) estão muito relacionados aos medos dos adultos.
1. Desde quando o ser humano convive com esse sentimento chamado medo?
“E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” Gênesis 3:10
Enquanto o ser humano se relacionava bem com Deus, ele ainda não havia experimentado sentir medo. Contudo, quando optou por desobedecer a Deus, homem e mulher reconheceram sua fragilidade e vulnerabilidade diante do SENHOR do universo. Desde então, aproximar-se de Deus não era mais algo tão agradável ao ser humano, mas perigoso.
2. Leia Êxodo 20:18-21. Por que o povo pediu que Moisés falasse com eles no lugar de Deus?
18 E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe.
19 E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos.
20 E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis.
21 E o povo estava em pé de longe. Moisés, porém, se chegou à escuridão, onde Deus estava.
O ser humano manchado pelo pecado corre perigo diante da santidade de Deus. Em Êxodo 33:18 Moisés pede a Deus que mostre-lhe Sua glória. A esse pedido Deus responde dizendo: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.” Êxodo 33:20. A fragilidade do ser humano diante da santidade de Deus deve produzir em nós respeito para com o SENHOR. Precisamos reconhecer que é perigoso estar diante de Deus.
Mas, se é perigoso estar diante de Deus, como podemos nos relacionar com Ele?
3. Leia Mateus 14:27; 17:7; 28:10. Que expressão Jesus utilizou em várias situações para com os discípulos?
“Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais.” Mateus 14:27.
“E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo.” Mateus 17:7.
“Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão.” Mateus 28:10.
Em Mateus 17:1-8 lemos a história da transfiguração de Jesus. No verso 5 Deus, através de uma nuvem luminosa reafirma a divindade de Cristo dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.”. Ouvindo a voz de Deus, os discípulos foram tomados por grande medo (verso 6). Então, Jesus se dirige a eles dizendo “não temais” (verso 7).
Por diversas vezes Cristo usou a expressão “não temais”. É somente através de Cristo que podemos ir à Deus sem temor. É em Seu nome que podemos nos dirigir a Deus em oração. É pelos Seus méritos que podemos pedir perdão por nossos pecados. Somente Cristo é capaz de restaurar o relacionamento entre Deus e o homem, livre do medo adquirido no Éden.
Mas, sobre os outros tipos de medo que não se referem a Deus, o que a Bíblia nos ensina?
“Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” Josué 1:9
“E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança.” Mateus 8:26
“E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” Mateus 10:28
A Bíblia nos ensina que temos um Deus poderoso a quem devemos temer. Confiando em Deus, não precisamos temer desafios, nem perigo de natureza alguma. Ele nos capacita a enfrentar os desafios segundo Sua vontade, e nos livra de todo mal e perigo de acordo com o Seu santo querer.
Que maravilha é servir a um Deus que diz “não temais”. Vivendo a Seu lado não há o que temer.
Leia Salmos 91 e medite no cuidado de Deus para conosco.
Para refletir:
"Em sua consciente culpabilidade, sentindo-se ainda sob o desagrado divino, não podiam suportar a luz celestial, a qual, se houvessem eles sido obedientes a Deus, tê-los-ia enchido de alegria. O medo acompanha a culpa. A alma que está livre de pecado não deseja esconder-se da luz do Céu." Patriarcas e Profetas, p. 330 "Sermos revestidos de humildade não significa devermos ser de intelecto medíocre, aspirações deficientes, e covardes em nossa vida, esquivando-nos de cargos com medo de não sermos bem-sucedidos. A verdadeira humildade cumpre o propósito de Deus, confiante no Seu poder." Parábolas de Jesus, p. 363.
Estudo 08 da Série Saúde Emocional