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sábado, 8 de dezembro de 2012

Teria Deus criado o mal?


PERGUNTA : Isaías 45:7 diz claramente que Deus criou o mal. Seria Ele o responsável pelo pecado e pelas coisas ruins em nosso mundo? 


Um princípio exegético importante é o de que a Bíblia não se contradiz, visto ser inspirada pelo Espírito Santo (2 Pe 1:21). Muitos versos bíblicos afirmam que Deus é o autor ou criador do que é bom (Gn 1:31; lTm 4:4, etc.). Assim sendo, como poderia Ele ser autor do mal? 

O texto de Isaías (45:7) deve ser entendido dentro de seu contexto (capitulos 44-49), que é o de Ciro (44:28; 45:1, 13; 48:14) conquistando a Babilônia (47:1, 5; 48:14,20), libertando o povo judeu e permitindo a volta dele para a Palestina (44:28; 45:13).

Com esse contexto em mente, analisemos o verso 7 de Isaías 45:

• "Eu formo a luz": "Foi no tempo de Ciro, ou pouco depois, que o Zoroastrismo se tornou a religião da Pérsia. O grande deus dessa religião e Ahura-Mazda, O deus da luz e da vida, aquele que esta em constante conflito com as hostes das trevas lideradas pelo deus Ahriman. Deus fez conhecido a Ciro e, por meio dele ao mundo, que Ele é o criador do mundo, o verdadeiro Deus da luz" (SDABC, v. 4, p. 267). Essa expressão também nos remete a criação, quando Deus disse: "Haja luz" (Gn 1:3).

• "...e crio as trevas": novamente e evocada a cena da criação, quando é dito que Deus "fez separação entre a luz e as trevas" (Gn 1:4). Ao dizer que faz tanto a luz quanta as trevas, Deus esta chamando a atenção dos seres humanos para Sua soberania sobre tudo e sobre todos. Como diz o salmista: "...até as próprias trevas não Te serão escuras" (Sl 139:12).

• "... faço a paz": No manuscrito 1QIsª (achado numa caverna em Qumrã, região do Mar Morto), se diz: "faço o bem" (ibid.). É Deus quem estabelece a paz: "Estabelecerei paz na terra; deitar-vos-eis, e não haverá quem vos espante; farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada" (Lv 26:6).

• "... e crio o mal": "Era uma doutrina hebraica comum que Deus é a causa única de tudo; e isso fazia dEle a causa do mal, por igual modo. ... Devemos relembrar que a teologia dos hebreus era fraca quanto a causas secundárias, pelo que, equivocadamente, atribuía tudo à agência divina, até mesmo as coisas más" (R.N. Champlin, O Antigo Testamento Interpretado, v. 5, p. 2.917). Ou seja, tudo o que Deus permitia era como se Ele tivesse feito. Platão tinha razão ao dizer: "Deus, se Ele é bom, não é o autor de todas as coisas, conforme muitos asseveram, mas é a causa somente de algumas coisas, e não da maior parte das coisas que acontecem aos homens. Pois poucos são os pontos bons da vida humana, e muitos são os males; e somente o que é bom deve ser atribuído a Ele. Quanto ao que é mal, outras causas têm que ser descobertas" (A República, II, 379, in: ibid.).

No contexto em que esta, Isaias 45:7 mostra a soberania de Deus sobre a história e todas as coisas. É Ele quem domina sobre a luz e as trevas (e não Ahura-Mazda, nem Ahriman ou qualquer outro deus). Ele "faria a paz" para seu povo cativo, na Babilônia, através do rei Ciro. Esse rei, ao conquistar Babilônia, permitiu a volta dos judeus para a Palestina. Mas Deus também "criaria o mal" para os cruéis babilônicos. Ou seja, permitiria que eles fossem conquistados pelos Medo-Persas, sob o comando de Ciro. O contexto, portanto, mostra que os vocábulos trevas/mal indicam punição para os babilônios; enquanto que luz/paz indicam salvação para o povo de Deus. (C. F. Keil & F. Delitzsch. Commentary on the Old Testament, v. 7, p. 220.)

Um dia, acontecerá o mesmo: Deus castigará os ímpios e recompensará os justos (Mt 25:31-46). Em que grupo estaremos?

Hoje é o dia de se fazer a escolha. 


Ozeas C. Moura - Doutor em Teologia Bíblica

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Deus criou o mal? Isaías 45:7



Isaías 45:7, a princípio, parece contradizer 1 João 4:8, 16, Tiago 1:13, etc. Mas, quando entendemos o significado da palavra hebraica para “mal” empregada no texto, o aparente problema fica resolvido. Vou lhe ajudar:

A palavra hebraica para designar mal no verso é ‘ra e significa: “mal moral”, “a natureza perversa” e também “males como inundações, terremotos, tempestades de granizo”. Nesse contexto, ao compararmos com Isaías 47:11, vemos o termo “mal” se refere à “desolação” e às “calamidades” que Deus permitiria vir sobre os babilônicos por não terem se arrependido dos pecados deles! Leiamos Isaías 47:11:

“Pelo que sobre ti virá o mal que por encantamentos não saberás conjurar; tal calamidade cairá sobre ti, da qual por expiação não te poderás livrar; porque sobre ti, de repente, virá tamanha desolação, como não imaginavas.” (Grifo acrescentado)

O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia comenta sobre Isaías 45:7:

“Crio o mal – Deus é o autor da luz e da paz. Ele permite o mal para que os homens e os anjos possam testificar o resultado do afastamento dos eternos princípios da justiça. Na Escritura, Deus muitas vezes é representado como causando aquilo que ele não evita”em> (Grifos acrescentados).

Aqui é exposto um princípio muito importante para análise do texto: o idiomatismo hebraico (forma de os hebreus se expressarem) apresenta Deus fazendo coisas que na verdade Ele não impede de acontecerem. Esse é o caso de 1 Samuel 16:14.

Quando entendemos o termo no original e a forma como o hebreu se expressa (apresenta Deus a fazer algo, mas, que na verdade Ele não impediu), conseguimos entender tais questões difíceis. E, quando lemos o contexto geral das Escrituras, concluímos que Deus realmente não é o autor do mal moral, mas sim que Ele permite que calamidades e desolações sobrevenham a nações rebeldes (Isaías 45:7 e 47:11):

“Pois tu não és Deus que se agrade com a iniqüidade, e contigo não subsiste o mal.” Salmo 5:4.

Por Leandro Quadros

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Deus cria o mal? Como o “espírito maligno” que se apossou de Saul poderia vir “da parte de Deus”? (1Sm 18:10)


Saul se afastara completamente dos propósitos divinos para a sua vida, e acabou sendo rejeitado por Deus (ver 1Sm 15:1-29). Não permitindo mais que o poder santificador do Espírito Santo fizesse nele morada (ver Ap 3:20), Saul acabou se colocando voluntariamente sob a influência satânica (ver Lc 11:24-26). O texto bíblico é claro em afirmar que ele foi possuído por um “espírito maligno” (1Sm 16:14; 18:10; 19:9).
Esse “espírito maligno” é mencionado no livro de I Samuel como vindo “da parte de Deus” (1Sm 18:10) e “da parte do Senhor” (1Sm 19:9; ver também 16:14). Descrevendo esse espírito satânico como de procedência divina, o texto bíblico emprega mais uma vez o idiomatismo semítico em que Deus é tido como causando aquilo que Ele apenas permite que aconteça. Deus, portanto, não pode ser responsabilizado pela possessão demoníaca de Saul.
Fonte: Sinais dos Tempos, setembro/outubro de 2001. p. 30

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Problema do Pecado e a Solução antes da Cruz

A maioria dos cristãos concorda com uma verdade fundamental: a salvação sempre foi realizada de uma só maneira – através da morte substitutiva de Jesus Cristo.


Todos os salvos que chegarem ao Céu, só chegarão lá por intermédio de Jesus, mesmo que não O conheçam por nome. Alguns saberão muito sobre o plano da salvação, outros, pouco; alguns terão vivido aqui debaixo de muita luz, outros, na escuridão.


Assim é que muito antes da plena revelação concedida no Calvário, Deus já estava ensinando ao Seu povo o que iria fazer para salvar o mundo do pecado.


O Problema do Pecado


Na Bíblia, o pecado é visto como uma inclinação (Rom.8:7). Nas próprias palavras de Cristo, o pecado é uma forma de escravidão (João 8:34). A grande ironia não é descobrir que os maus sejam maus, mas que os “bons,” podem ser muito maus. Para o apóstolo Paulo, “todos estão debaixo do pecado” (Rom.3:9); “Não há justo, nem um sequer” (Rom 3:10). A queda de Adão envolveu toda a raça humana. Os efeitos dessa catástrofe histórica levaram este planeta a ser habitado por uma raça de pecadores, cuja mente carnal está em inimizade contra Deus (Rom. 8:7,8). A doença chamada “pecado” é incurável pelos métodos convencionais. Ela não traz apenas escravidão, infelicidade e morte, mas a condenação divina. O homem não está apenas doente: ele está perdido.


De Adão, o pai da raça, não herdamos a culpa do seu ato, mas uma compulsão, uma tendência, uma inclinação para escolher o mal, uma natureza em rebelião. Quer gostemos disto ou não, creiamos ou não, admitamos ou não, cada pessoa que nasce neste pequeno planeta, a despeito dos resíduos da imagem de Deus nele, nasce com uma orientação para o mal que precisa ser radicalmente corrigida. O pecado, portanto, é universal, espontâneo, e impossível de ser erradicado por recursos humanos.


Misturado com o orgulho, o pecado induz a crer que nossas opiniões e limitados poderes de raciocínio, e a “sabedoria” coletiva da humanidade, são superiores à revelação de Deus. O pecado é extremamente perigoso e fatal para se entrar em negociação com ele. Não podemos, com segurança, fazer acordo com ele, nem por um momento.


1. As várias definições de pecado


Muitos entendem o pecado apenas em termos de uma única definição: pecado é a “transgressão da lei” (I João 3:4). Assim, o pecado passa a ser entendido apenas em termos de atos específicos do comportamento. Embora tal definição seja bíblica e correta, ela não é a única. Veja por exemplo Tiago 4:17: “Aquele, pois que sabe o bem que deve fazer e não o faz, comete pecado.” Aqui, pecado é mais do que aquilo que praticamos contrário à lei. A omissão, isto é, aquilo que não fazemos, quando sabemos o que deve ser feito, constitui pecado! Colocada nestes termos, a questão do pecado se torna muito mais séria. Em Romanos 14:23, aprendemos ainda que “…tudo o que não provém da fé é pecado.” Pecado aqui é colocado na esfera do relacionamento de fé e confiança. Pense nas implicações desta outra definição. Neste caso, mesmo ações corretas em si mesmas, se não motivadas pela fé, constituem-se pecado. Em outras palavras, uma boa ação pode ser envenenada pela intenção que a motiva.


O Antigo Testamento registra vários termos diferentes para definir pecado. Por exemplo, pecado é rebelião (Isa.1:2), envolvendo a idéia de revolta contra Deus. Pecado é deixar de cumprir o dever, errar o alvo. Pecado é desobediência (Rom.5:19). A diversidade das facetas do pecado indica a complexidade desta doença crônica que afeta a todos.


2. Pecado e Pecados


Outro aspecto sobre o pecado que deve ser compreendido é que as Escrituras fazem uma distinção entre pecado e pecados. Os “pecados” (no plural) são os atos, a conseqüência, o sintoma da doença. O “pecado” (no singular) é a condição, o estado, a doença em si. Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Ironicamente, a maioria dos cristãos está mais preocupada com os “pecados” (os atos) do que com o “pecado” (a condição que produz os atos). Os pecados são os sintomas do pecado, que é, como vimos, um estado básico de rebelião contra Deus. Pecado não é primariamente a quebra da lei, mas o rompimento da relação com Deus. Neste sentido, antes de ser a transgressão da lei, o pecado é o resultado da separação de Deus (Isa.59:2).


3. O pecado nos impede de perceber as verdades espirituais – II Cor.4:3-4; Rom.1:21 e 22


Sendo seres mergulhados no pecado, como podemos entender completamente a magnitude do pecado? Realmente não podemos. É como tentar olhar para um quadro-negro em um quarto escuro. E embora não possamos entender completamente o pecado, ainda podemos compreender o suficiente para saber sua natureza maligna. O pecado, para ser entendido como pecado, deve ser considerado no contexto de quem somos em relação a Deus. Deve ser visto como um estado da existência tanto como os atos e as ações. Realmente, os próprios atos são resultantes do estado de pecado em que existimos. Então, o pecado é tanto quem somos como o que fazemos, porque, no fim, fazemos o que fazemos porque somos o que somos.


4. O pecado leva inevitavelmente à morte – Rom.6:23; I João 5:19


O pecado em todas as suas variedades e graduações paga sempre o mesmo salário: a morte. Embora prometa muito e frequentemente seja até agradável (Heb.11:25), o pecado é enganoso (Heb.3:13) e degradante, sem nenhum resultado verdadeiramente benéfico.


A destruição física exterior causada pelo pecado é só uma parte do problema. O pecado vai muito mais fundo do que os resultados físicos. Em última instância, é rebelião contra a soberania de Deus. É a recusa de aceitar Sua autoridade na vida, na conduta e no destino final, e se manifesta em diferentes comportamentos morais, espirituais e éticos que inevitavelmente levam ao sofrimento e à morte.


A Medida Extrema Necessária para nos Livrar da Condenação do Pecado


“É necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja.” Luc. 24:7


“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” II Cor. 5:21


“Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; pelas suas feridas fostes sarados.” I Ped. 2:24


Caim e Abel e o Evangelho antes da Cruz


Vale a pena relembrar os comentários de Ellen White no livro Patriarcas e Profetas:


“Caim e Abel, filhos de Adão, diferiam grandemente em caráter. Abel tinha um espírito de fidelidade para com Deus; Caim, porém, acariciava sentimentos de rebeldia, e murmurava contra Deus por causa da maldição pronunciada sobre a Terra e sobre o gênero humano, em virtude do pecado de Adão. Caim permitiu que sua mente se deixasse levar pelo mesmo conduto que determinara a queda de Satanás, condescendendo com o desejo de exaltação própria e pondo em dúvida a justiça divina.


Esses irmãos foram provados, assim como o fora Adão antes deles, para mostrar se creriam na Palavra de Deus e obedeceriam à mesma. Estavam cientes da providência tomada para a salvação do homem, e compreendiam o sistema de ofertas que Deus ordenara.


Abel apreendeu os grandes princípios da redenção. Viu-se como um pecador e trazia morta a vítima, aquela vida sacrificada, reconhecendo assim as reivindicações da lei, que fora transgredida. Por meio do sangue derramado olhava para o futuro sacrifício, Cristo a morrer na cruz do Calvário; e, confiando na expiação que ali seria feita, tinha a confiança de que sua oferta era aceita.


Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar estas verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não fora eleito para ser aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. Abel escolheu a fé e a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia. Nisto consistia toda a questão.


Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o final do tempo. Uma dessas classes se prevalece do sacrifício indicado para o pecado; a outra, arrisca-se a confiar em seus próprios méritos; o sacrifício desta é destituído da virtude da mediação divina, e assim não é apto para levar o homem ao favor de Deus. É unicamente pelos méritos de Jesus que nossas transgressões podem ser perdoadas. Aqueles que não sentem necessidade do sangue de Cristo, que acham que sem a graça divina podem pelas suas próprias obras conseguir a aprovação de Deus, estão cometendo o mesmo erro de Caim. Se não aceitam o sangue purificador, acham-se sob condenação. Não há outra providência tomada pela qual eles possam se libertar da escravidão do pecado.


A classe de adoradores que segue o exemplo de Caim inclui a grande maioria do mundo; pois quase toda a religião falsa tem-se baseado no mesmo princípio – de que o homem pode confiar em seus próprios esforços para a salvação. Alguns defendem que a espécie humana necessita não de redenção, mas de desenvolvimento – que ela pode aperfeiçoar-se, elevar-se e regenerar-se. Assim como Caim julgava conseguir o favor divino com uma oferta, a que faltava o sangue de um sacrifício, assim esperam estes exaltar a humanidade acima da norma divina. A história de Caim mostra qual deverá ser o resultado. Mostra o que o homem se tornará separado de Cristo. A humanidade não tem poder para regenerar-se. Ela não tende a ir para cima, para o que é divino, mas para baixo, para o que é satânico. Cristo é a nossa única esperança. “Nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” “Em nenhum outro há salvação.” (Atos 4:12).


A verdadeira fé, que confia inteiramente em Cristo, manifestar-se-á pela obediência a todos os mandamentos de Deus. Desde o tempo de Adão até o presente, o grande conflito tem se dado com referência à obediência à lei de Deus. Em todos os séculos houve os que pretendiam ter direito ao favor de Deus, mesmo enquanto estavam a desatender algumas de Suas ordens. Mas as Escrituras declaram que pelas obras a “fé foi aperfeiçoada”, e que, sem as obras da obediência, a fé “é morta”. (Tia. 2:22 e 17). Aquele que faz profissão de conhecer a Deus, “e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade”. (I João 2:4).


A escolha dependia de Caim mesmo. Se ele confiasse nos méritos do Salvador prometido, e obedecesse às ordens de Deus, desfrutaria de Seu favor. Mas, se persistisse na incredulidade e na transgressão, não teria motivos de queixa por ser rejeitado pelo Senhor.


Mas Caim viveu apenas para endurecer o coração, para fomentar a rebelião contra a autoridade divina, e tornar-se o chefe de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos.


A tenebrosa história de Caim e seus descendentes foi uma ilustração do que teria sido o resultado de permitir ao pecador viver para sempre, para prosseguir com sua rebelião contra Deus. A paciência de Deus apenas tornou o ímpio mais ousado e desafiador em sua iniqüidade.


A sentença divina, abreviando uma carreira de desenfreada iniqüidade, e livrando o mundo da influência dos que se tornaram endurecidos na rebeldia, era uma bênção e não maldição.


Satanás está constantemente em atividade, com intensa energia e sob mil disfarces para representar falsamente o caráter e governo de Deus. Com planos extensos e bem organizados, e com poder maravilhoso está ele a agir para conservar sob seus enganos os habitantes do mundo. Deus, o Ser infinito e todo sabedoria, vê o fim desde o princípio, e, ao tratar com o mal, Seus planos foram de grande alcance e compreensivos. Foi o Seu intuito não somente abater a rebelião, mas demonstrar a todo o Universo a natureza da mesma. O plano de Deus estava a desdobrar-se, mostrando tanto Sua justiça como Sua misericórdia, e amplamente reivindicando Sua sabedoria e justiça em Seu trato com o mal.”


1. O sacrifício substitutivo do cordeiro – Gên.3:21 – Gên.4:1-5


O fato de que Abel trouxe uma “oferta do primogênito de suas ovelhas” (Gên. 4:4) sugere que ele tivesse aprendido isto de seus pais, o que certamente seria algo também conhecido por Caim. Além disto, Moisés, ao escrever esta narrativa, o faz com base em toda a informação subseqüente, que lhe havia sido comunicada sobre o serviço do santuário. Isto, de certa forma, justifica as omissões de todos os detalhes da narrativa.


A real diferença entre os dois irmãos está na atitude, de fé ou incredulidade, das quais as ofertas eram uma manifestação exterior.
As atitudes dos dois irmãos, à luz do que sabemos deles no Novo Testamento, são também símbolos daqueles que se aproximam de Deus em obediência e submissão ou seguem seus próprios métodos, em rebelião e arrogância. O fato de que o Senhor “não atentou para a oferta de Caim” (Gên. 4:5) confirma que aquilo “que não provém da fé é pecado” (Rom. 14:23).


2. O conceito divino de obras más e obras justas – I João 3:11-12


A história de Caim e Abel costuma ser considerada o primeiro exemplo do contraste entre os que aceitam a justiça de Cristo pela fé e os que buscam obter a salvação por suas “boas obras”. As obras de Caim foram consideradas más porque foram praticadas na tentativa de obter a salvação, enquanto as obras de Abel, partindo de um coração que entendia a necessidade de um sacrifício pelo pecado, foram consideradas justas. Em outras palavras, só os que entendem sua total dependência de Deus para a salvação, sua total dependência de um Substituto, podem produzir o que seria considerado “boas obras”. O valor das obras deve ser visto, talvez, nos motivos que lhes dão origem: as obras feitas por um coração que busca obter a salvação são consideradas más, enquanto as obras praticadas por alguém que expressa gratidão pela salvação já efetuada são consideradas justas.


3. A “Síndrome de Caim”


Alguns cristãos sofrem o que poderia ser chamado de Síndrome de Caim. Ele achava que a oferta de trabalho das suas mãos seria suficiente para Deus. Você já se surpreendeu pensando assim, especialmente levando em conta as boas coisas que fez a fim de estar bem com Deus?


A oferta de Caim não exprimia arrependimento do pecado. Achava, como muitos agora, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir exatamente o plano indicado por Deus, confiando sua salvação inteiramente à expiação do Salvador prometido. Preferiu a conduta da dependência própria. Viria com seus próprios méritos. Não traria o cordeiro, nem misturaria seu sangue com a oferta, mas apresentaria seus frutos, produtos de seu trabalho. Apresentou sua oferta como um favor feito a Deus… Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer um sacrifício; … porém … a parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor, ficou excluída.” – Ellen White, Patriarcas e Profetas, pág.72.


Caim exemplificava o princípio universal da falsa religião – que ensina que os seres humanos podem depender dos seus próprios esforços para obter a salvação. Caim estava disposto a adorar a Deus, mas à sua própria maneira e por seus próprios méritos. Ele poderia agradecer a generosidade de Deus, mas não estava disposto a reconhecer sua culpa nem a necessidade de um novo coração, ou de um Cordeiro. Por trás dessa obstinada auto-suficiência estava o orgulho e a ira, que o levaram a matar seu irmão, cujos esforços para oferecer o cordeiro exigido por Deus eram uma afronta intolerável para a auto-estima de Caim.


Abraão e o Evangelho antes da Cruz


Os cristãos vêem nesta experiência – o cordeiro sacrificado em lugar do filho – um símbolo do plano de salvação, da morte de Jesus em nosso lugar. Em Abraão encontramos outro extraordinário modelo de fé e submissão.


1. Nem mesmo um ato de abnegação total era suficiente para expiar o pecado – Gên.22:1-19


Uma das coisas que Deus nos diz aqui pelo evangelho é que nem mesmo um ato voluntário de abnegação total – de Abraão sacrificar o próprio filho – era suficiente para expiar o pecado. O problema do pecado era muito profundo para que qualquer de nós, pecadores, tivéssemos como resolvê-lo. Nem mesmo um ato como o que Abraão estava disposto a fazer, por fé e submissão, era suficiente. Só o próprio Senhor podia cuidar do problema do pecado; só Ele podia prover o Cordeiro necessário.


2. Abraão compreendia o plano da salvação


Está claro que, por mais que Abraão entendesse o plano de salvação anteriormente, passou a entendê-lo melhor ainda. Sem dúvida, aquela foi uma lição dolorosa.


A declaração de Abraão: “Deus proverá para Si, meu filho, o cordeiro para o holocausto” (Gên.22:8) revela que ele compreendia a essência do evangelho.


A experiência vivida por Abraão nos mostra como Deus provê para nós o que necessitamos durante os tempos de prova.


3. Deus condena sacrifícios humanos – Lev.20:1-5


Deus não estava dando um precedente para os sacrifícios humanos. Ao contrário, estava dando um exemplo expressivo da suprema verdade do evangelho, de que na plenitude dos tempos Ele permitiria que Seu Filho unigênito morresse pelos pecados do mundo. Antes de Abraão poder consumar o sacrifício, Deus proveu um cordeiro em lugar de Isaque.


4. Uma conversa de pai para pai


Ninguém mais do que Abraão pode compreender o quão doloroso foi para Deus o plano da salvação; o ter de consentir na morte de Seu próprio Filho para resgatar a humanidade da prisão do pecado. Somente quem experimentou de perto tal experiência pode ter uma dimensão mais próxima da extrema gravidade do pecado e de suas terríveis consequências.


Abraão, na última hora, teve a vida de Seu filho poupada pela morte substitutiva do cordeiro. Mas com Deus, o Pai, não foi assim.


5. Isaque era um símbolo do Filho de Deus


Abraão confiou que Deus devia ter um plano mais amplo, muito embora não pudesse ver qual era esse plano.


“Deus designara que o oferecimento de Isaque prefigurasse o sacrifício de Seu Filho. Isaque era uma figura do Filho de Deus, que foi oferecido como sacrifício pelos pecados do mundo. Deus desejava impressionar Abraão com o evangelho da salvação aos homens; e a fim de tornar a verdade uma realidade, e de testar sua fé, Ele requereu que Abraão matasse seu querido Isaque. Toda a agonia que Abraão suportou durante essa prova negra e terrível tinha o propósito de impressioná-lo profundamente com a compreensão do plano da redenção para o homem caído.” – The SDA Bible Commentary, vol. 1, pág. 1.094. Deus estava não apenas testando a fé de Abraão, mas estava também oferecendo uma compreensão mais profunda de Seu incrível dom de salvação.


6. A construção do templo de Jerusalém


Quase um milênio mais tarde, o templo de Jerusalém foi construído no monte Moriá (II Crôn.3:1), estando o Calvário nas proximidades. Essa convergência de locais e eventos mostra a clareza e a continuidade do propósito de Deus.


7. A relação entre fé e obras


Paulo (Rom. 4) e Tiago (cap. 2), não estão em conflito. Eles são complementares. Paulo combate uma falsa noção de obras: obras como sendo meritórias para a salvação. Tiago combate um falso conceito de fé: fé como crença, como mera profissão, sem a correspondente expressão de obediência e submissão. Como no caso de Abraão, as obras não são a base da fé, mas a evidência dela. Fé verdadeira não nos isenta da obediência, mas dá-nos uma nova motivação para obedecer!


A Serpente no Deserto e o Calvário – Núm 21:4-9


Um aspecto interessante nesta história é o fato de que o povo devia olhar para a cópia de uma serpente a fim de viver. Por que, entre todas as criaturas, logo para uma serpente, que na Bíblia, como também na própria literatura antiga, era símbolo do mal? (Gên. 3:1; Apoc. 20:2)


Em João 3:14 e 15 está clara a idéia de que a serpente era um símbolo de Cristo. Mas, por que afinal um símbolo do mal seria usado para representar a Cristo? Alguns acham que a resposta é a natureza da morte de Cristo. Na cruz, Ele levou o nosso pecado, e não só o nosso, mas do mundo inteiro. Ele até Se tornou pecado por nós (II Cor. 5:21). E é exatamente através desta morte em nosso lugar que podemos buscar e encontrar salvação do mal que de outra forma nos destruiria. Este é um dos grandes paradoxos da fé cristã: Jesus Cristo Se tornou na cruz o enfoque de todo mal. Vem daí a serpente como símbolo de Cristo, Aquele que tomou todo o mal do mundo.


1. Exemplo de confiança em Deus


Ponha-se na posição de um israelita que acabava de ser picado por uma serpente mortal, que já havia matado outros ao seu redor. Alguém lhe diz que a única maneira de viver é olhar para uma cópia da serpente. Este é um bom exemplo do que significa viver pela fé, confiar naquilo que você não entende completamente e aceitar sua absoluta incapacidade para salvar a si mesmo.


“A mesma lição que Cristo ordenou a Moisés que desse aos filhos de Israel no deserto, destina-se a todas as pessoas que sofrem sob a mácula da praga do pecado. Da entumecida nuvem Cristo falou a Moisés e disse-lhe que fizesse uma serpente de metal e colocasse numa haste, e mandasse então a todos os que fossem mordidos pelas serpentes ardentes que olhassem e vivessem. Que seria se, em lugar de olhar como Cristo lhes ordenara, eles dissessem: ‘Não creio que me faça o mínimo beneficio o olhar. Sofro demasiado com a picada da venenosa serpente.’ Obediência, eis o objetivo a alcançar; obediência implícita e cega, sem deter-se para indagar a razão ou a ciência do assunto. A palavra de Cristo era: ‘Olha e vive’.” – Ellen White, Nossa Alta Vocação, pág. 20.


Qual a probabilidade de alguém ser curado de uma picada mortífera e sobreviver, simplesmente por olhar à imagem de uma serpente suspensa em um poste? Do ponto de vista humano, nenhuma, assim como banhar-se sete vezes nas águas do Jordão não poderia curar alguém de uma doença como a lepra (II Reis 5:10). A cura dos israelitas aflitos não dependia da eficácia da serpente de bronze mais do que a cura de Naamã dependia das águas de um rio insignificante, quase estagnado. A questão apresenta um paradoxo deliberado. A dramática provisão do Senhor exige uma resposta pessoal de fé em Sua graça, misericórdia e instrução. A serpente do deserto é um símbolo da oferta da cruz e toda a história que ela simboliza, a qual “é loucura para os que se perdem, mas o poder de Deus para os que se salvam” (I Cor. 1:18)


2. A frustrada expectativa de um futuro imediatamente glorioso


Os israelitas achavam que suas reclamações no deserto pareciam perfeitamente justificáveis. Eles esperavam um futuro glorioso logo imediatamente após serem salvos do Egito. Mas, ao contrário, estavam na pior das viagens enquanto vagavam pelo deserto. Deus nos acalma, dizendo que “em vos converterdes e em sossegardes está a vossa salvação, no sossego e na confiança está a vossa força” (Isa.30:15). Devemos aprender a confiar nas ordens simples e diretas de Deus mesmo quando estamos enfrentando os percalços da viagem no deserto desta vida.


Apelo: A Terapia da Libertação do Pecado


Jesus veio para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo (Heb.9:26). Os capítulos 6 a 8 de Romanos nos guiam não só à doutrina, mas também à terapia por meio de processos práticos pelos quais Cristo liberta da lei do pecado e da morte, e dá uma nova natureza que opera em harmonia com os justos requisitos da lei divina. Ele fez provisão para que o pecado não tenha mais domínio sobre nós, mas para que Sua graça reine suprema em nossa vida (Rom.6:14).


Texto de Autoria do Dr. Mauro Braga – IASD Brooklin

domingo, 13 de novembro de 2011

A Origem do Mal

A origem do mal é um mistério


Os anjos haviam sido criados cheios de bondade e amor. Amavam uns aos outros sem parcialidade e supremamente a Deus. Movidos por este amor, deleitavam-se em realizar a Sua vontade. A lei de Deus não lhes era um pesado jugo, antes compraziam-se em obedecer a Seus mandamentos e em ouvir a voz de Sua Palavra. Porém, nesse estado de paz e pureza, o mal originou-se com aquele que havia sido perfeito em todos os seus caminhos. O profeta disse a seu respeito: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor.” Ezequiel 28:17. O pecado é algo misterioso e inexplicável. Não havia razão para a sua existência; tentar explicá-lo é procurar uma razão para ele, e isto seria justificá-lo. O pecado apareceu num Universo perfeito, algo que se revelou inescusável. — The Signs of the Times, 28 de Abril de 1890.


Deus possuía conhecimento dos eventos futuros, antes mesmo da criação do mundo. Ele não adaptou Seus propósitos para que estes se amoldassem às circunstâncias, mas permitiu que as coisas se desenvolvessem. Não agiu para que certas condições surgissem, mas sabia que elas ocorreriam. O plano que se colocaria em ação no caso de se rebelar alguma das elevadas inteligências celestiais — este era o segredo, o mistério oculto desde as eras passadas. Um oferecimento foi preparado pelos eternos propósitos, para realizar o próprio trabalho que Deus empreendeu em favor da humanidade caída. — The Signs of the Times, 25 de Março de 1897.


A entrada do pecado no Céu não pode ser explicada. Fosse isto possível, arranjar-se-ia alguma razão para o pecado. Mas não houve a menor escusa para ele, e sua origem permanecerá cercada de mistério. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


Deus não criou o mal. Ele fez apenas o bem, à Sua própria semelhança. … O mal, o pecado e a morte… são o resultado da desobediência, originada em Satanás. — The Review and Herald, 4 de Agosto de 1910.


Os primeiros sinais do mal


Houve um tempo em que Satanás se encontrava em harmonia com Deus, quando era sua alegria executar os divinos mandamentos. Seu coração encontrava-se cheio de amor e regozijo em servir ao Criador, até que começou a imaginar que sua sabedoria não derivava de Deus, sendo antes inerente a ele próprio, e que ele era tão digno quanto Deus de receber honra e poder. — The Signs of the Times, 18 de Setembro de 1893.


Embora Deus houvesse criado Lúcifer nobre e belo, e lhe houvesse atribuído grande honra entre os anjos, não o colocara, todavia, fora da possibilidade de fazer o mal. Se Satanás decidisse pelo caminho errado, poderia escolhê-lo e assim perverter seus dons. Poderia haver permanecido no favor de Deus, amado e honrado por toda a multidão angélica, presidindo em sua exaltada posição com generoso e abnegado cuidado, exercendo seus nobres poderes para abençoar outros e glorificar seu Autor. Contudo, pouco a pouco, começou ele a procurar sua própria honra, e a empregar suas faculdades para atrair atenção e obter louvor para si mesmo. Gradualmente também conduziu os anjos, sobre os quais presidia, a lhe prestarem serviço, em vez de devotarem todas as suas energias ao serviço do Criador. — The Spirit of Prophecy 4:317.


Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria. … Se bem que toda a sua glória proviesse de Deus, este poderoso anjo veio a considerá-la como pertencente a si próprio. — Patriarcas e Profetas, 35.


Deus apresenta a verdadeira posição de Cristo


Antes que se iniciasse a grande luta, todos deveriam ter uma apresentação clara a respeito da vontade dAquele [Deus] cuja sabedoria e bondade eram a fonte de toda a sua alegria.


O Rei do Universo convocou os exércitos celestiais perante Ele, para, em sua presença, apresentar a verdadeira posição de Seu Filho, e mostrar a relação que Este mantinha para com todos os seres criados. … Perante os habitantes do Céu, reunidos, o Rei declarou que ninguém, a não ser Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderosos conselhos de Sua vontade. — Patriarcas e Profetas, 36.


O grande Criador reuniu os seres celestiais para poder, na presença de todos os anjos, conferir honra especial a Seu Filho. Este estava sentado no trono com o Pai, com a multidão celestial de santos anjos reunida à volta. Então o Pai fez saber que Ele próprio ordenara que Cristo, Seu Filho, fosse igual a Ele, de modo que, onde o Filho estivesse, estaria a Sua própria presença. A palavra do Filho deveria ser obedecida tão prontamente quanto a do Pai. O Filho fora investido de autoridade para comandar o exército celestial. Deveria Ele agir especialmente em união com o Pai no projeto de criação da Terra. …


Satanás estava com inveja e ciúmes de Jesus Cristo. Não obstante, quando todos os anjos se inclinaram diante dEle para reconhecer Sua supremacia, elevada autoridade e direito de governar, Satanás também se prostrou, ainda que seu coração estivesse cheio de inveja e ódio. Cristo formava parte do conselho especial de Deus para a consideração de Seus planos, ao passo que Satanás os desconhecia. Não conhecia, nem lhe era permitido conhecer os propósitos de Deus. Por outro lado, Cristo era reconhecido como Soberano do Céu com poder e autoridade iguais aos do próprio Deus.


Satanás acreditou que ele próprio era o favorito no Céu, entre os anjos. Havia sido grandemente exaltado, mas… aspirava alcançar a altura do próprio Deus. Glorificava-se em sua própria altivez. Sabia que os anjos o honravam. Tinha uma missão especial a cumprir. Estivera próximo ao grande Criador, e os incessantes raios de luz gloriosa que rodeavam o Deus eterno haviam resplandecido especialmente sobre ele. Pensou em como os anjos haviam obedecido a seu comando com prazenteira espontaneidade. Não eram as suas vestiduras brilhantes e formosas? Por que, então, deveria Cristo ser honrado acima dele? — The Spirit of Prophecy 1:17, 18.


Os anjos alegremente reconheceram a supremacia de Cristo, e, prostrando-se diante dEle, extravasaram seu amor e adoração. Lúcifer curvou-se com eles; mas em seu coração havia um conflito estranho, violento. A verdade, a justiça e a lealdade estavam a lutar contra a inveja e o ciúme. A influência dos santos anjos pareceu por algum tempo levá-lo com eles. … De novo, porém, achou-se repleto de orgulho por sua própria glória. Voltou-lhe o desejo de supremacia, e uma vez mais condescendeu com a inveja de Cristo. — Patriarcas e Profetas, 36, 37.


Lúcifer inicia a campanha contra Cristo


Satanás… iniciou a obra de rebelião entre os anjos que estavam sob seu comando, procurando difundir entre eles o espírito de descontentamento. Agiu de modo tão ardiloso que muitos dos anjos se comprometeram com ele antes que seus propósitos fossem plenamente conhecidos. — The Review and Herald, 28 de Janeiro de 1909.


Satanás… ambicionava as mais elevadas honras que Deus concedera a Seu Filho. Tornou-se invejoso de Cristo e começou a semear entre os anjos que o honravam como querubim cobridor, o sentimento de que não recebera a honra que sua posição demandava. — The Review and Herald, 24 de Fevereiro de 1874.


Mediante sutis insinuações de que Cristo usurpara o lugar que pertencia a ele, Lúcifer lançou as sementes da dúvida na mente de muitos dos anjos. — The Educational Messenger, 11 de Setembro de 1908.


Sua [de Lúcifer] obra de engano foi efetuada com tão grande sigilo que os anjos em posições menos elevadas supuseram que ele era o governante do Céu. — Este Dia com Deus, 254.


Os anjos leais e sinceros procuraram reconciliar este anjo poderoso e rebelde com a vontade do Criador. Justificaram o ato de Deus de conferir honra a Jesus Cristo, e com poderosos argumentos tentaram convencer Satanás de que ele próprio não possuía agora menor honra do que antes de o Pai proclamar a honra especial conferida ao Filho. Mostraram-lhe claramente que Jesus era o Filho de Deus, existindo com Ele antes que os anjos houvessem sido criados, e que sempre estivera à destra de Deus, sem que Sua terna e amorável autoridade jamais tivesse sido questionada; tampouco dera Ele qualquer ordem que os seres celestiais não houvessem cumprido alegremente. Argumentaram que o fato de haver Cristo recebido honras especiais por parte do Pai, na presença dos anjos, não diminuía a honra que ele [Satanás] recebera até então. — The Spirit of Prophecy 1:19.


[Lúcifer] obteve a simpatia de alguns de seus companheiros ao sugerir pensamentos de crítica no tocante ao governo de Deus. A semente daninha foi espalhada de modo sedutor; e depois que ela brotou e desenvolveu raízes na mente de muitos, recolheu ele as idéias por ele mesmo implantadas na mente de outros, e as apresentou diante das mais elevadas ordens de anjos como sendo os pensamentos de outras mentes contra o governo de Deus. — The S.D.A. Bible Commentary 4:1143.


Lúcifer havia a princípio dirigido suas tentações de tal maneira que ele próprio não pareceu achar-se comprometido. Os anjos que ele não pôde trazer completamente para o seu lado, acusou-os de indiferença aos interesses dos seres celestiais. Da mesma obra que ele próprio estava a fazer, acusou os anjos fiéis. Consistia sua astúcia em perturbar com argumentos sutis, referentes aos propósitos de Deus. Tudo que era simples ele envolvia em mistério, e por meio de artificiosa perversão lançava a dúvida sobre as mais claras declarações de Jeová. E sua elevada posição, tão intimamente ligada com o governo divino, dava maior força a suas representações. — Patriarcas e Profetas, 41.


O primeiro esforço de Satanás para destruir a lei de Deus — esforço este feito entre os santos habitantes do Céu — pareceu por algum tempo ser coroado de êxito. Grande número de anjos foram seduzidos. — Patriarcas e Profetas, 331.


O governo de Deus incluía não apenas os habitantes do Céu, como ainda todos os mundos criados. Satanás pensou que, se fosse capaz de arrastar consigo à rebelião as inteligências celestiais, também dominaria os outros mundos. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


Aqui, por certo tempo, Satanás esteve em vantagem; exultou a este respeito, em sua arrogante superioridade, sobre os anjos do Céu e até mesmo sobre Deus. … Ele [Lúcifer] se disfarçara num manto de falsidade, e durante algum tempo foi impossível remover a máscara, para que a deformidade abominável de seu caráter pudesse ser percebida. Foi necessário esperar que ele próprio revelasse suas obras cruéis, astutas e más. — The Spirit of Prophecy 4:319.


Concede-se tempo a Lúcifer para executar seus planos


Deus, em Sua sabedoria, não expulsou Satanás imediatamente do Céu. Tal ato não haveria modificado seus planos, antes o teria fortalecido na rebelião, pois haver-lhe-ia acrescentado simpatia, como alguém com quem se lidara injustamente; e um maior número de anjos teria sido arrastado em rebelião junto com ele. Deveria ele receber mais tempo para o pleno desenvolvimento de seus princípios. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


Satanás queixou-se dos supostos defeitos na administração das coisas celestiais, havendo procurado encher a mente dos anjos com sua insatisfação. Visto não ser ele supremo, lançou sementes de dúvida e descrença. Em virtude de não ser como Deus, esforçou-se para instilar na mente dos anjos sua própria inveja e descontentamento. Assim as sementes da alienação foram plantadas, para depois serem apresentadas diante das cortes celestiais como sendo originárias, não da mente de Satanás, e sim da dos anjos. Desta maneira o enganador poderia mostrar que os anjos pensavam como ele. …


Aquilo que Satanás havia inculcado na mente dos anjos — uma palavra aqui, outra ali — abriu o caminho para uma longa lista de suposições. Em sua forma astuta, extraiu ele expressões de dúvida da parte deles. Assim, quando foi questionado, acusou os que ele próprio havia doutrinado. Colocou toda a desafeição nos lábios daqueles que havia dirigido. — The Review and Herald, 7 de Setembro de 1897.


[Lúcifer] começou a insinuar dúvidas com respeito às leis que governavam os seres celestiais, dando a entender que, conquanto pudessem as leis ser necessárias para os habitantes dos mundos, não necessitavam de tais restrições os anjos, mais elevados por natureza, pois que sua sabedoria era um guia suficiente. — Patriarcas e Profetas, 37.


Lúcifer… tentou abolir a lei de Deus. Pretendeu que as inteligências não caídas do santo Céu não necessitavam de lei, sendo antes capazes de governarem a si mesmas e de preservarem imaculada integridade. — The Signs of the Times, 28 de Abril de 1890.


Nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu [de Lúcifer] caráter. Esta é a razão por que Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse feito, os santos anjos não teriam percebido o amor e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à bondade de Deus teria sido como má semente, que produziria o amargo fruto do pecado e da desgraça. Por isto foi poupado o autor do mal, para desenvolver plenamente seu caráter. — Parábolas de Jesus, 72.


Os anjos debatem as questões


Enquanto alguns dos anjos se uniam a Satanás em rebelião, outros procuravam dissuadi-lo de seus propósitos e defendiam a honra e sabedoria de Deus em conceder autoridade a Seu Filho. Contudo Satanás se perguntava, por que razão teria Cristo recebido poder ilimitado e posto de comando mais elevado que o dele! — Spiritual Gifts 3:37.


Satanás recusou-se a ouvir. Apartou-se então dos anjos leais e sinceros, acusando-os de servilismo. Esses anjos, fiéis a Deus, assombraram-se ao ver o êxito de Satanás em promover a rebelião. Ele prometeu-lhes um novo governo, melhor do que aquele que até então haviam conhecido, no qual tudo seria liberdade. Um grande número dos anjos revelou sua disposição em aceitar Satanás como líder e comandante-chefe. Ao perceber ele que suas propostas alcançavam sucesso, gabou-se de que chegaria a ter a seu lado todos os anjos, tornando-se igual ao próprio Deus, e que sua voz de autoridade seria ouvida em comando a todo o exército do Céu.


Uma vez mais os anjos leais admoestaram Satanás, assegurando-lhe de quais seriam as conseqüências se persistisse em rebelião; que Aquele que criara os anjos poderia, mediante Seu poder, subverter toda a autoridade deles e a terrível rebelião. E imaginar que um anjo pudesse resistir à lei de Deus, tão sagrada quanto Ele mesmo! Exortaram os rebeldes a fecharem os ouvidos aos enganadores raciocínios de Satanás e aconselharam Satanás e todos os que por ele haviam sido afetados, a ir a Deus confessando seu erro em haverem permitido até mesmo o pensamento de questionar a Sua autoridade. — The Spirit of Prophecy 1:20.


Satanás foi astuto em apresentar o seu ponto de vista da questão. Tão logo percebia que determinada posição era vista em seu verdadeiro caráter, trocava-a por outra. Tal não ocorreu com Deus. Ele podia operar com apenas uma classe de armas — a verdade e a justiça. Satanás podia usar o que Deus não usaria: o engano e a fraude. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


A ação subversiva [de Satanás] foi tão sutil que não apareceu diante dos seres celestiais do modo como em realidade era. … Tal estado de coisas persistiu por longo tempo antes de Satanás ser desmascarado. — The S.D.A. Bible Commentary 4:1143.


Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse. — O Grande Conflito, 495, 496.


O espírito de descontentamento e desafeição nunca antes havia sido conhecido no Céu. Era um elemento novo, estranho, misterioso, inexplicável. O próprio Lúcifer não estivera a princípio ciente da natureza verdadeira de seus sentimentos; durante algum tempo receou exprimir a ação e imaginações de sua mente; todavia não as repeliu. Não via para onde se deixava levar. Entretanto, esforços que somente o amor e a sabedoria infinitos poderiam imaginar, foram feitos para convencê-lo de seu erro. Provou-se que sua desafeição era sem causa, e fez-se-lhe ver qual seria o resultado de persistir em revolta. Lúcifer estava convencido de que não tinha razão. Viu… que os estatutos divinos são justos, e que, como tais, ele os deveria reconhecer perante todo o Céu.


Houvesse ele feito isto, e poderia ter salvo a si mesmo e a muitos anjos. Ele não tinha naquele tempo repelido totalmente sua lealdade a Deus. Embora tivesse deixado sua posição como querubim cobridor, se contudo estivesse ele disposto a voltar para Deus, reconhecendo a sabedoria do Criador, e satisfeito por preencher o lugar a ele designado no grande plano de Deus, teria sido reintegrado em suas funções. Chegado era o tempo para um decisão final; deveria render-se completamente à soberania divina, ou colocar-se em franca rebelião. Quase chegou à decisão de voltar; mas o orgulho o impediu disto. — Patriarcas e Profetas, 39.


Deus enfrenta o desafio de Satanás


Nos concílios celestiais decidiu-se que, com base nos princípios pelos quais se atuaria, o poder de Satanás não fosse imediatamente destruído. O propósito de Deus era colocar todas as coisas sobre uma base de eterna segurança. Dever-se-ia conceder tempo para que Satanás desenvolvesse os princípios que constituiriam o fundamento de seu governo. O universo celestial deveria contemplar o resultado dos postulados que Satanás declarara serem superiores aos princípios de Deus. O sistema de Deus deveria ser contrastado com o sistema satânico. Os princípios corruptores do governo de Satanás deveriam ser revelados. Dever-se-ia demonstrar que os princípios de justiça expressos na lei de Deus são imutáveis, perfeitos e eternos. — The Review and Herald, 7 de Setembro de 1897.


Os anjos leais apressaram-se em ir até o Filho de Deus e em informá-Lo do que estava ocorrendo entre os anjos. Encontraram o Pai em consulta com Seu amado Filho, determinando os meios pelos quais, em benefício dos anjos fiéis, a autoridade assumida por Satanás seria anulada para sempre. O grande Deus poderia haver expulsado imediatamente do Céu a este arquienganador; tal não era, porém, o Seu propósito. Daria ao rebelde uma chance justa de medir forças com Seu próprio Filho e os anjos leais. Nessa batalha cada anjo escolheria por si mesmo de que lado ficar, e manifestaria sua posição diante de todos os demais. — The Spirit of Prophecy 1:21.


Lúcifer torna-se Satanás


Satanás… determinou-se a se tornar um centro de influência. Uma vez que não podia ser a mais alta autoridade no Céu, tornar-se-ia a mais elevada autoridade em rebelião contra o governo do Céu. Seria cabeça, exerceria controle e não seria controlado. — The Review and Herald, 16 de Abril de 1901.


Muitos dos simpatizantes de Satanás ficaram inclinados a atender o conselho dos anjos leais, e se arrependerem de sua insatisfação, e readquirirem a confiança do Pai e de Seu Filho amado. O grande revoltoso declarou então que estava familiarizado com a lei de Deus, e se ele se submetesse em obediência servil, sua honra lhe seria tirada. Não mais receberia o encargo de sua exaltada missão. Disse-lhes que tanto ele quanto os outros haviam ido longe demais para agora voltar, e que ele suportaria as conseqüências; que jamais se curvaria diante do Filho de Deus em adoração servil; que Deus não perdoaria, e que agora teriam de assegurar a liberdade deles e obter pela força a posição e autoridade que não se lhes havia sido concedida voluntariamente. — The Spirit of Prophecy 1:20, 21.


Tanto quanto dizia respeito ao próprio Satanás, era verdade que ele havia ido agora demasiado longe para que pudesse voltar. Mas não era assim com os que tinham sido iludidos pelos seus enganos. Para estes, os conselhos e rogos dos anjos fiéis abriram uma porta de esperança; e, se houvessem eles atendido a advertência, poderiam ter sido arrancados da cilada de Satanás. Mas ao orgulho, ao amor para com seu chefe, e ao desejo de uma liberdade sem restrições permitiu-se terem o domínio, e as instâncias do amor e misericórdia divinos foram finalmente rejeitadas. — Patriarcas e Profetas, 41.


Os anjos comparecem diante do Pai


Toda a multidão angélica foi convocada a comparecer diante do Pai, para que cada caso fosse decidido. Satanás manifestou ousadamente sua insatisfação porque a Cristo fora dada preferência em relação a ele próprio. Ergueu-se orgulhosamente e sustentou que deveria ser igual a Deus, sendo convidado a participar com o Pai em Seus propósitos. Deus informou a Satanás que somente ao Filho revelaria Seus propósitos secretos, e que requeria de toda a família celestial, inclusive de Satanás, a mais implícita e inquestionável obediência; e que ele se demonstrara indigno de ocupar um lugar no Céu. Então Satanás apontou exultantemente a seus simpatizantes, que compreendiam quase metade dos anjos, e exclamou: “Esses estão comigo! Tu os expulsarás também, deixando um grande vazio no Céu?” Declarou então que se achava pronto a resistir à autoridade de Cristo, e a defender seu lugar no Céu pelo poder, força contra força. — The Spirit of Prophecy 1:22.


Até ao final da controvérsia no Céu, o grande usurpador continuou a justificar-se. Quando foi anunciado que, juntamente com todos os que com ele simpatizavam, deveria ser expulso das habitações de bem-aventurança, o líder rebelde confessou então ousadamente seu desdém pela lei do Criador. Reiterou sua pretensão de que os anjos não necessitam ser dirigidos, mas que deveriam ser deixados a seguir sua própria vontade, que sempre os conduziria corretamente. Denunciou os estatutos divinos como restrição à sua liberdade, declarando ser de seu intento conseguir a abolição da lei; que, livres desta restrição, os seres do Céu poderiam entrar em condições de existência mais elevada, mais gloriosa.


Concordemente, Satanás e seu exército lançaram a culpa de sua rebelião inteiramente sobre Cristo, declarando que se eles não houvessem sido acusados, não se teriam rebelado. — O Grande Conflito, 499, 500.


O conhecimento possuído por Satanás e os que com ele caíram, quanto ao caráter de Deus, de Sua bondade, misericórdia, sabedoria e excelente glória, tornou imperdoável a culpa dos rebeldes. — The Review and Herald, 24 de Fevereiro de 1874.


Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 4.Via Sétimo Dia

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Arena do Futuro - O Grande Conflito

Entenda a história da guerra que começou no céu, veio para a Terra, e hoje acontece no seu coração.






segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Origem do Mal

 
Até mais ou menos os seis anos de idade, toda criança crê que o mundo é maravilhoso e perfeito; seu pai é um herói; e sua mãe, a mais maravilhosa mulher em todo o mundo. Mais tarde, porém, com o desenvolvimento de sua razão e compreensão, ela verifica que aqui há sombras também. Ela recebe injustiças, experimenta a dor, e vê os efeitos da morte – tudo evidencia a existência do mal sobre a Terra.


Cada ser humano, seja ele maometano, hindu, cristão, agnóstico ou ateu, sabe que algo está errado no mundo. Existe alguma coisa, um espírito oculto nos homens, que induz a humanidade a cometer os mais terríveis crimes, destruindo assim os lares e derruindo os próprios fundamentos da sociedade. Trata-se de uma inteligência superior à nossa, que constantemente está combatendo a Deus e Sua justiça, e cujo nome, segundo as Escrituras, é diabo ou Satanás.


Faz alguns anos um automóvel andava numa rua muito transitada sem ninguém ao volante. Não obstante, ao chegar a uma esquina, parava em face do sinal vermelho, e prosseguia ao abrir-se o sinal, sem chocar com ninguém e nem com os outros carros. Ninguém pretenderá que o carro andava sozinho, e todos estão de acordo comigo que ele obedecia a um controle remoto. Em outras palavras, existia uma inteligência superior por trás dos bastidores que o impulsionava. Satanás opera da mesma maneira, e embora esteja oculto, pode ser reconhecida sua presença por seus atos.


Conta-se que certo bandoleiro que vivia com seu grupo nas montanhas da Itália era o terror dos habitantes do vale próximo. Em vista dos saques de que eram constantemente vítimas, viviam alerta, o que atrapalhava o desenvolvimento normal das atividades do bandoleiro. Então, para poder saquear os habitantes do vale com maior tranqüilidade, inventou o seguinte estratagema: Mandou que um de seus homens espalhasse por toda parte a notícia do assassinato do bandoleiro. O povo, pensando estar a salvo dos temidos assaltos, descuidou da vigilância, abandonando suas casas em dias de festa, dando assim oportunidade ao bandoleiro para que as saqueasse.


Satanás usou a mesma técnica com o fim de fazer à humanidade cair em suas malhas. Ele inventou a história de que “não existe.” Tanto é assim que muitas pessoas estão absolutamente convencidas de que Satanás não existe, pelo simples fato de jamais o terem visto em pessoa.


Ouvi certo senhor com quem conversei sobre este tema, dizer: “Satanás não existe, pois eu já tenho cinqüenta anos e nunca me encontrei com ele.” Respondi: “Sabe, meu amigo, por que nunca se encontrou com Satanás? Simplesmente porque sempre andou junto dele.”


Quando alguém toma a decisão de viver uma vida virtuosa e cristã, em harmonia com os preceitos da lei divina, não passará um só dia sem que tal pessoa se encontre com o diabo, pois a vida virtuosa constitui uma guerra constante e uma marcha contra o príncipe das trevas.


Satanás é um inimigo sobremodo astuto, cujas manhas variam de acordo com a pessoa que deseja fazer cair em suas milhas. Seu único propósito é afastar a humanidade de Deus, e para consegui-lo serve-se de diferentes ardis. Com alguns emprega a precaução, a outros induz a crer em falsas doutrinas, e ainda a outros torna-os indiferentes para com a religião, pondo-lhes no coração o amor aos prazeres e às ostentações mundanas; divide a igreja em seitas cujo número é quase impossível contar; semeia a dúvida e o desespero. Para enredar suas vítimas, não se detém diante de nada.


Satanás: Ser Real


Na primeira epístola de S. Pedro, capítulo 5 e verso 8, o apóstolo faz a seguinte advertência: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar”.


De acordo com este texto inspirado, Satanás é um ser real, tão real como um leão, com que é comparado. A palavra Satanás é de origem hebraica, e significa adversário. Este vocábulo aparece 19 vezes no Velho Testamento e 35 no Novo. O termo diabo é de origem grega, e significa acusador falso. É encontrado 54 vezes no Novo Testamento. Isto quer dizer que a existência de Satanás, ou diabo, é mencionada 89 vezes no Novo Testamento, além de outros adjetivos mais, como “príncipe deste mundo,” “príncipe das trevas deste século,” “potestade do ar,” etc.


Porém, quem é Satanás? Há quem opine que seja algo abstrato, uma influência desprovida de personalidade algo que poderíamos comparar com a corrente elétrica que se não vê, porém cujos efeitos são sentidos. Nada disto é verdade. Satanás tem personalidade, como a têm Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não se trata do “diabo vermelho” da mitologia, que foi pintado por Fernando da Cruz no ano de 1620. Neste quadro se vê Satanás em meio do fogo eterno, armado de uma forquilha com que revolve suas vítimas que se estão assando, para que se dourem bem. A personalidade de Satanás é bem diferente; é real e perversa ao máximo, segundo o que lemos em:


S. João 8:44 – “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.”


Esta passagem inspirada nos diz claramente que Satanás tem personalidade, pois para que possa mentir e ser o primeiro homicida, é forçoso que se trate de um ser real e moralmente responsável.


No livro de S. Tiago 2:19, encontramos uma prova mais da personalidade dos demônios, cujo chefe é Satanás: “Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios crêem — e tremem!”


Os demônios não constituem uma força impessoal, isto é, uma influência, como alguns pensam, mas são seres reais que têm medo de Deus e que tremem ao Seu augusto nome.


Em II Cor. 11:14, o apóstolo S. Paulo nos dá outra prova da personalidade do inimigo da humanidade: “Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz.”


Satanás não poderia aparecer na forma de anjo, se não tivesse personalidade inteligente, atributo este só concedido a pessoas. O mesmo apóstolo dos gentios nos dá outra prova, ainda mais concludente, da personalidade de Satanás em:


II Tes. 2:8 e 9 – “então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira”


Aqui temos várias provas adicionais de que Satanás é um ser real capaz de operar milagres por meio de seres iníquos, e que demonstra seu poder realizando grandes prodígios e fazendo crer ao povo que os mesmos provêm de Deus. Esta e as demais anteriormente consideradas, são passagens que provam a personalidade de Satanás, que é poderosa, viva e real.


Quem Criou a Satanás?


Quem criou este ser extraordinário que é Satanás? De onde vem? Quem o criou? Vamos ver o que o Livro Sagrado revela sobre este assunto. Quando nosso Senhor Jesus esteve na Terra, disse:


(S. Luc. 10:18) “Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago.”


Esta declaração do Redentor indica que alguma vez Satanás esteve no Céu e que caiu dali. Vamos ver o que sucedeu com esta personagem no Céu, segundo se encontra registado em:


Apoc. 12:7-9 e 4 -  “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.” “A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse”.


Desejo fazer notar que a morada original de Satanás estava no Céu, centro do Universo insondável, porém depois de sua rebelião aberta contra Deus, tanto ele como os anjos que o seguiram, foram lançados na Terra, e Cristo em pessoa os viu cair. É uma utopia procurar expulsar uma influência de algum lugar, já que se trata de coisa imaterial, intangível e impossível de suprimir, a menos que se suprima a própria fonte de onde provém. Mas como Satanás é um ser material, pôde ser expulso e lançado na Terra, como o foi. O Livro Sagrado atesta que Satanás foi expulso da morada do Eterno, porque concebeu ali o pecado segundo lemos em S. João 8:14, passo que comentamos faz alguns momentos.


Alguns estarão perguntando por que sendo Deus o autor da vida, foi criar Satanás. Todas as coisas do Universo, unicamente com exceção de Satanás, vieram à existência pela vontade divina. Deus criou a Lúcifer, o mais inteligente e poderoso de todos os seres criados, que mais se transformou por sua própria determinação e vontade em diabo e Satanás.


Vejamos as provas do Livro Santo:


(Isa. 14:12) - “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!”


É sem dúvida certo que Satanás está aqui na Terra, debilitando as nações, e como dizem os versos 16 e 17, transtornando reinos, pondo o mundo como deserto e assolando suas cidades. Esta é uma grande verdade que podemos contemplar com nossos próprios olhos. É Satanás que transtorna as nações e arruina o mundo.


Volvamos por um momento à palavra “Lúcifer.” Este vocábulo quer dizer “estrela da manhã.” Em outras palavras, Lúcifer era o anjo principal, como nos afirma o profeta Ezequiel, no capítulo 28:13 e 14:


“Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.”


No Salmo 99, verso 1 temos a explicação da posição que ocupa um querubim: “Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra.”


Os querubins pertencem à categoria mais elevada de anjos; são os assistentes do trono de Deus. O Criador não fez um Satanás, mas Lúcifer, querubim cobridor, perfeito, como tudo o que saiu de Suas mãos. Como então Lúcifer se transformou em diabo ou Satanás? O profeta Ezequiel nos dá um vislumbre do que sucedeu:


Ezequiel 28:15 – “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti.”


Notemos estas duas declarações:


(1) “Perfeito eras em todos os teus caminhos, desde o dia em que foste criado.” Deus não cometeu erro algum na criação de Lúcifer; Ele o fez perfeito.


(2) “Até que se achou iniqüidade em ti.” Isto vale dizer que depois da criação de Lúcifer, encontrou-se maldade nele.


Analisemos agora uma das maldade que surgiram em seu coração:


(Versículo 17) - “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor”


Já dissemos que Lúcifer se corrompeu por causa de sua formosura e sabedoria, e hoje se vale dos mesmos meios para apanhar a humanidade em suas malhas. Engana e corrompe as mulheres com o argumento da formosura, e aos homens, por meio da falsa ciência e aparente sabedoria.


O profeta Isaías, no capítulo 14:13 e14 de seu livro, nos revela que nasceu outra maldade mais no coração de Lúcifer, e que apressou sua queda das mansões celestiais:


“Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.”


Este ser, que foi coberto de tantas honras da parte de Deus, quis fazer-se semelhante a Ele e atribuir-se os atributos do próprio Criador, o único que tem vida inerente.


Certamente vocês perceberam nos versos que apresentamos, que Lúcifer sempre usava o pronome “eu” ou equivalente, o que revela egoísmo, egocentrismo, engrandecimento e suficiência próprios. Quando alguém se torna egocêntrico, pensa que tudo pode sem a ajuda de Deus, e se coloca no plano em que esteve Lúcifer quando se desviou da senda do bem.


Ninguém tem vida por si, nem pode conservá-la a menos que intervenha o Criador, dando-a e sustentando-a. Ninguém poderia ter roupas para se cobrir se Deus não fizesse nascer o algodão e a lã das ovelhas. Satanás, mero ser criado, quis apropriar-se dos atributos que pertencem única e exclusivamente ao Criador.


O Livre Arbítrio


Ora, alguém poderá dizer: Se Deus é perfeito, deve ter criado a Lúcifer também perfeito em todos os sentidos. Como pôde este corromper-se e perder sua primitiva perfeição? Por que Deus não o fez, bem como a todos os seres criados, de tal maneira que não pudessem rebelar-se contra Ele?


Estas são perguntas perfeitamente lógicas, e lhes direi que Deus poderia ter feito isso, mas neste caso o ser humano teria sido apenas um autômato, desprovido de personalidade própria e incapaz de compreender a sabedoria, beleza e perfeição do amor de Deus. O amor puro e espontâneo, para ser perfeito, exige o exercício do livre arbítrio. Por esta razão, e em Seu desejo de criar seres com os quais pudesse manter íntima comunhão, e que fossem capazes de compreender Seu amor por eles, Deus os dotou de livre arbítrio, isto é, conferiu-lhes o inestimável dom de seguir o bem ou o mal segundo quisessem escolher.


Ilustremos este ponto. Suponho que todos apreciam os beijos e as demonstrações de afeto de seus filhos não é certo? Porém suponhamos que Deus os houvesse criado com o instinto de dar beijos sem o livre arbítrio que os movesse a isto. Em tal caso seriam apenas uma espécie de autômatos, ou máquinas de beijar. Ora, que é que nós os pais apreciamos nos beijos de nossos filhos? É o sentir que nascem do mais profundo do coração; que são uma espécie de demonstração voluntária de seu amor por nós. Não é isto? Mas para que possamos encontrar prazer em tais beijos, é necessário que o mesmo não seja forçado, mas dado de maneira espontânea.


Usarei outro exemplo para ilustrar que o fato de Deus haver dotado os seres superiores da maravilhosa faculdade do livre arbítrio, deixou aberta a porta à possibilidade, se bem que necessária, de fazer mau uso deste dom.


Se víssemos um bêbado com os olhos injetados de sangue, as faces avermelhadas e o nariz arroxeado, com vestes desordenadas, não nos ocorrerá perguntar que espécie de mãe terá trazido ao mundo um ser semelhante, não é certo? Sim, pois sabemos que por mais baixo que haja podido cair um ser humano, ao nascer era uma criatura formosa e inocente. Sua mãe o criou para que fosse a alegria de sua vida; não o trouxe ao mundo para que se convertesse num bêbado inveterado. Porém à medida que esse menino foi crescendo, e fazendo mau uso do livre arbítrio com que Deus o dotou a fim de capacitá-lo a compreender e apreciar a bondade de sua mãe, rebelou-se contra os conselhos e ensinamentos desta, convertendo-se na antítese do que ela queria que fosse. A mãe não o converteu num ébrio. Ao contrário, fez tudo que estava em ser poder para impedir que o fosse. Mas o filho se fez alcoólatra deliberadamente, e portanto não se pode culpar a mãe pela queda do filho.


Da mesma maneira não podemos culpar a Deus por haver criado os seres superiores do Universo com o livre arbítrio, quando estes o usam com fim alheio ao propósito que tinha o Criador, que era a felicidade de todos os Seus filhos.


Para melhor esclarecer este ponto, relatarei o que sucedeu ao famoso pintor Leonardo da Vinci. Estava o artista pintando o seu famoso quadro “A Santa Ceia,” e por vários dias procurou alguém que pudesse posar para o rosto de Cristo. Finalmente numa catedral encontrou um jovem que fazia parte do coro, cujo rosto tinha uma expressão como a que tanto procurava. Chamava-se o jovem Pietro Bandinelli.


Depois de terminar o rosto de Cristo e de vários dos discípulos, o artista procurou encontrar alguém que servisse como modelo para o rosto de Judas Iscariotes. Durante vinte anos procurou em vão uma pessoa cuja expressão facial fosse a de um traidor e avaro, até que certo dia, ao caminhar pela rua, um homem lhe chamou fortemente a atenção. Havia em seu rosto tal expressão de astúcia, traição, falsidade, engano e desonra, como nunca antes havia visto em qualquer ser humano. Parecia Judas Iscariotes em pessoa. Para cúmulo, estava mal vestido e visivelmente sob a ação do álcool.


Da Vinci o convidou para que lhe servisse de modelo para rosto de Judas. Depois de vários dias de trabalho, o rosto de Judas podia ser visto na tela. Ao lhe pagar, o artista perguntou como se chamava, e o vagabundo respondeu: “Chamo-me Pietro Bandinelli. Faz vinte anos lhe servi de modelo para o rosto de Jesus.”


Isto, meus queridos ouvintes, ilustra admiravelmente o que pode fazer o mau uso do livre arbítrio. Quando Pietro Bandinelli era jovem, levava uma vida pura e em conseqüência, havia em seu rosto uma expressão bondosa, semelhante ao rosto de Cristo. Quando, porém, anos mais tarde, se entregou deliberadamente a uma vida de desregramento e pecado, a expressão de seu rosto mudou a tal ponto que só serviu para modelar um ladrão e traidor. Foi o mau uso do livre arbítrio o que operou esta mudança na expressão do rosto de Pietro Bandinelli.


Alguém poderá perguntar-se que razões terá tido Lúcifer para transformar-se de querubim cobridor em Satanás. Não há razão alguma que justifique o pecado que é mau uso do livre arbítrio. Pode haver uma desculpa para o pecado, mas nenhuma razão ou justificativa. Se alguém pudesse encontrar uma razão que explicasse a rebelião de Satanás contra Deus, seu ato deixaria de ser pecaminoso, e a culpa recairia sobre o Criador. Ninguém poderá descobrir e menos ainda compreender jamais a razão do mau uso do livre arbítrio.


Há no mundo muitas coisas que não compreendemos, de cuja existência não podemos contudo duvidar. Tomemos, por exemplo, o caso da eletricidade. Sabemos como produzi-la e até armazená-la, porém não podemos vê-la, apesar de termos evidências de sua existência. Por outro lado, aqui está o meu relógio. Em seu interior há uma corda que vibra e faz funcionar uma quantidade de engrenagens que marcam os segundos, os minutos e as horas. Pode alguém dizer-me a razão por que a corda vibra e faz funcionar o delicado mecanismo do relógio? Até hoje ninguém pôde dizer a razão disto. Sabemos que a corda vibra, porém não sabemos por que o faz. Assim sucede também com o mau uso do livre arbítrio. A rebelião não tem justificativa, porém podemos ver suas conseqüências a cada passo.


Deus continua concedendo o livre arbítrio até o dia de hoje, respeitando assim a vontade do homem que criou. Ele não nos obriga a uma obediência cega, mas Lhe agrada que O reconheçamos como Pai amante que só deseja o bem de Seus filhos. A prova desta afirmação se encontra em:


Jer. 21:8 – “Assim diz o SENHOR: Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.”


Por que Não foi Destruído Satanás quando se Rebelou Contra Deus?


Para que possamos compreender porque Deus não destruiu a Satanás quando o expulsou do Céu, devemos transportar-nos em imaginação ao momento em que Lúcifer se rebelou contra o Criador, exigindo para si os atributos que só pertencem a Cristo, o seu Criador.


Todos os seres celestiais gozavam de livre arbítrio e eram perfeitamente felizes no serviço do Senhor. Eles O adoravam e Lhe tributavam honra e reconhecimento por Sua bondade, e nunca lhes ocorrera que poderiam fazer mau uso daquela maravilhosa faculdade que é o livre arbítrio. As hostes angelicais haviam vivido pelos séculos sem fim em perfeita harmonia com o Criador e encontravam gozo em fazer Sua vontade. Não tinham idéia do que era pecado e tampouco sabiam o que era uma mentira.


Imaginemos por um momento esse ambiente de felicidade e pureza no qual Lúcifer de repente começou a proferir calúnias contra o Filho de Deus, tão só porque desejava usurpar Seu lugar no conselho da Trindade. Ele havia sido sempre honrado e respeitado pelos milhões que compunham as hostes angélicas, e todos os moradores do Céu consideravam-no fiel e verdadeiro. De repente, e para surpresa de todo o Universo, começou a acusar a Deus de tirano e ditador, que lhes negava a liberdade de ação a que todos tinham perfeito direito.


Ademais, Lúcifer declarou que Deus destruiria imediatamente a todo aquele que contrariasse Suas exigências. Como os anjos ignorassem o que fosse uma rebelião e uma mentira, milhões deles creram nas acusações de Lúcifer e se puseram do seu lado. Deus e Seu Filho lhes explicaram que um ser criado não poderia converter-se em Criador e fazer parte da Trindade, e procuraram persuadir bondosamente a Lúcifer a que voltasse de seus maus caminhos, pois o amavam. Porém, seu coração já estava tão endurecido pelo mau uso do livre arbítrio, que não conseguiram. Em sua rebelião ele se tornou cada vez mais audacioso, até que Jesus, esgotados todos os recursos de reconciliação, teve que pedir aos anjos partidários de Lúcifer que se pusessem abertamente do lado do seu chefe.


Segundo Apoc. 12:4, que consideramos no início de nossa palestra, uma terça parte das hostes angélicas se declarou partidária do inimigo de Deus. Assim teve início uma luta no Céu, e que foi crescendo até que chegou a um ponto em que Miguel (Cristo) e Seus anjos tiveram que expulsar aos rebeldes para preservação da paz e da harmonia nas cortes celestes. Os anjos que haviam permanecido fiéis ao Criador, sentiram-se penalizados pelo acontecido, e como é lógico não o podiam esquecer. Em suas mentes se agitava a pergunta: Quem terá finalmente razão ?


Se Deus houveste destruído a Satanás naquela mesma ocasião, e tinha poder para fazê-lo, os anjos fiéis ficariam em dúvida por toda a eternidade quanto à justiça e o amor de Deus, e continuariam a adorá-Lo só pelo temor de correr a mesma sorte se não obedecessem, e assim a felicidade do Céu teria se convertido em desdita e incompreensão. Na luta com Satanás, Deus não podia usar as armas daquele, ou seja a mentira, o ódio, a calúnia e a confusão. Deus é amor e perfeito sempre em todos os Seus atos, e só opera mediante os atributos dos valores permanentes da justiça, do amor e da verdade. Por esta razão o conselho da Divindade decidiu não proceder contra Satanás até que todo o Universo estivesse completamente convencido, ao observar a luta entre Cristo e ele, da inocência de Cristo e da incoercível maldade de Satanás.


Ilustrarei este pensamento: Nestes tempos de luta entre os patrões e os sindicatos de operários, os empregadores devem proceder com muita cautela, sobretudo quando se trata de despedir alguém do emprego. Suponhamos que o dono de uma importante casa comercial descubra que um de seus empregados lhe rouba semanalmente certa mercadoria que em seguida vende em proveito próprio. Se o patrão despedir o empregado infiel sem nenhuma consideração e sem dar oportunidade a que outros também possam observar sua má conduta, o mais provável é que os outros empregados da casa se declarem em greve, a fim de conseguir a reabilitação do empregado “inocente e falsamente acusado.”


Que faz, pois, o patrão inteligente numa situação como esta? Ao se dar conta de que é objeto de roubo por parte de algum de seus empregados, chama a dois ou três dos demais empregados para que vejam com os próprios olhos o procedimento do empregado infiel. Permite que este continue roubando por algum tempo mais, e quando tem testemunhas de sua má conduta, o despede sem lhe dar indenização alguma e com o beneplácito dos demais empregados. Desta maneira o patrão não terá que temer o desagrado dos empregados, mas terá a solidariedade de todos eles.


Isto é o que a Divindade também teve que fazer. Teve que deixar passar o tempo até que todo o Universo estivesse em condições de dar o seu veredito contra Satanás.


O Mundo – Laboratório do Universo


Quando Satanás e sua hoste de simpatizantes foram expulsos do Céu, procuraram “firmar os pés” em outra parte do Universo, a fim de dominá-la e arrebatá-la ao governo de Deus. Desgraçadamente foi nosso planeta o único que se deixou seduzir por eles.


Pelo que podemos inferir de certos passos bíblicos, parece que a rebelião de Lúcifer teve lugar na época da criação do mundo, e não seria nada estranho que sua atitude tenha-se devido, além de outras coisas, ao fato de não haver sido consultado sobre a criação de nosso planeta. Deus havia posto Adão e Eva como senhores do mundo e Satanás procurou convencê-los de que Deus era injusto, que tinha exigências desnecessárias, e assim os induziu a desobedecer ao Criador. Com este golpe astuto Satanás se constitui em príncipe deste mundo, e desde então todo o Universo está contemplando o conflito que se desenrola neste planeta entre Cristo e Satanás. É a luta entre o bem e o mal e tem a finalidade de demonstrar ante o Universo todo qual dos dois tinha razão.


Em outras palavras, nosso planeta, como o expressa S. Paulo em I Cor. 4:9, se converteu em “espetáculo para o mundo, os anjos e os homens.” Quando Jesus Cristo veio a este mundo há 2.000 anos, para redimi-lo com o Seu sacrifício, sabia que nem todos os habitantes do Universo estavam ainda convencidos de Sua inocência em Sua luta já milenária contra Satanás, porque Ele mesmo o disse, segundo se encontra em:


S. João 12:32 e 33 – “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer.”


S. Paulo, ao escrever no primeiro século de nossa era aos Colossenses sobre o significado da morte de Cristo na cruz, fez a seguinte declaração:


(Col. 1:20) - “E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.”


Este texto divinamente inspirado demonstra que quando as hostes do Universo viram como Satanás e seus anjos instigaram as autoridades e o povo para que crucificassem a Cristo, convenceram-se de que o tirano, o injusto e malvado que mata não era este, mas Satanás, o acusador.


A destruição de Satanás e seus seguidores será levada a cabo, como o temos visto ao considerar outra profecia, por Cristo mesmo. Não será isto um ato de vingança, mas uma demonstração de misericórdia para com Seus fiéis seguidores. Será um ato de justiça para com os santos, com o propósito de levar a paz e a felicidade ao Universo.


Por que Satanás Levou o Homem a Rebelar-se Contra Deus?


Muitas pessoas se perguntam por que se deleita Satanás em torturar os seres humanos, Há uma razão que o move a operar com tanta astúcia a fim de induzir os homens a pecar e rebelar-se contra a ordem divina: sabe que é um inimigo vencido; sabe que Deus é mais poderoso do que ele.


Depois de haver sido expulso do Céu, Satanás não pôde fazer nada para vingar-se da Divindade. A única oportunidade que se apresentou para que infligisse uma ferida direta, consistiu em instigar os homens a que torturassem Jesus e O cravassem no madeiro por ocasião do Seu primeiro advento. Mas não pôde reter a Cristo na tumba porque Jesus era Filho de Deus e tinha domínio sobre a morte. Portanto, a única forma em que Satanás pode causar tristeza a nosso Pai celestial e a Cristo, nosso Salvador, é fazer sofrer Seus filhos. Ilustrarei isto com um relato.


Faz alguns anos, na parte sul dos Estados Unidos, muitos dos montanheses conservavam rancores. Suponhamos que a família de um ferreiro houvesse declarado guerra de morte contra outra família que vivia próximo. O ferreiro era um homem dos mais fortes que havia em toda a região, ao passo que o chefe da outra família era um homem muito fraco de físico. Estivera enfermo durante vários anos, e não podia sequer fazer seu trabalho. Num combate físico este homenzinho não teria tido a menor oportunidade de vencer o bem dotado ferreiro; assim procurou idear um plano que lhe permitisse suplantar o mais forte.


Uma noite, quando o homenzinho ia caminhando pela rua, perto da casa do ferreiro, viu uma menina que se dirigia para ele. Quando ela se aproximou, ele viu que era uma filha do ferreiro. Suja mente forjou um terrível plano que imediatamente executou. Apanhou a meninazinha, quando passou a seu lado, e a feriu dos pés à cabeça. Lançou a seguir ao mato que havia ao lado do caminho, deixando-a morrer ali, e fugiu do lugar. Ao final do dia de trabalho, o ferreiro se encaminhou para sua casa. Ao aproximar-se do lugar onde se dera o crime, ouviu gemidos. Dirigiu-se ao lugar, e encontrou sua filhinha ensangüentada e quase morta. Tomou-a nos braços e lhe perguntou o que havia acontecido. Tudo que ela pôde dizer foi o nome do homem que a ferira, e morreu nos braços do pai. O ferreiro sofreu a agonia com sua filhinha. O ato praticado por seu inimigo era o pior que poderia ter feito.


Assim opera também Satanás. Desde a ascensão de Jesus ao Céu, não Lhe pôde vingar-se dEle diretamente. Por isto, concentra agora seus esforços na pessoa de Seus escolhidos. Sabe que o amor do Criador por Seus filhos é ainda maior, mais nobre e mais puro que o da própria mãe pelos seus queridos. Sabe também que cada vez que damos ouvidos a suas insinuações para quebrar a lei de Deus, fazemos sofrer o grande coração de Jesus. Satanás sabe que está perdido e que em breve será destruído, e por isso quer arrastar consigo o maior número possível de seres humanos, pois a miséria busca companhia.


Conclusão


Meus queridos amigos, não cedamos à tentação. Não nos esqueçamos que ao fazê-lo, além de acarretar tristeza sobre nós mesmos, com cada rebelião fazemos sofrer o coração do amante Jesus.


S. Paulo escreve: (I Cor. 15:57) “Mas agradeçamos a Deus, que nos dá a vitória por meio do nosso Senhor Jesus Cristo!”


Apegando-nos a Sua promessa e pedindo Sua ajuda, poderemos ser vencedores. Mas não nos esqueçamos de que Satanás é muito astuto. Ele não diz: “Bom dia, senhora. Sou Satanás e venho para fazê-la cair em pecado durante o dia de hoje.” Tampouco diz: “Boa noite, senhor. Sou Satanás, e venho para fazê-lo cair em imoralidade e injustiça.” Não! Satanás é muito inteligente. É o comerciante por excelência. Cria o desejo e logo supre a mercadoria. Devemos portanto cuidar muito para não cair em suas astúcias.


Somos seres livres e moralmente responsáveis. Deus nos dá a oportunidade de escolher entre o bem e o mal mediante o exercício do livre arbítrio. Nos criou segundo Sua divina semelhança, o que nos permite pensar e agir livremente e também nos faz responsáveis por nossos atos. Não nos dotou do livre arbítrio para que dele fizéssemos mau uso. E embora o mundo se tenha rebelado, ainda existe o livre arbítrio. Lemos em:


Deut. 30:19 – “Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência”


Deus não quer forçar nossa vontade. Deixa a escolha a nosso critério. Escolhamos, pois, ser livres: livres do pecado e da injustiça que só nos traz dor, remorso e morte eterna!


O relato a seguir ilustrará a bênção da liberdade das conseqüências do pecado, que é a transgressão dos Dez Mandamentos da lei de Deus.


Certo dia um homem caminhava pelos arredores de Boston, quando se encontrou com um menino que trazia uma gaiola cheia de toda espécie de pássaros da região. Perguntou-lhe :


– Menino, onde você buscou tantos pássaros?
– Eu os apanhei. – O que você vai fazer com eles?
– Vou brincar com eles.
– E depois de você se cansar de brincar com eles, que vai fazer?
– Dá-los ao gato para que os coma.
– Oh – disse o cavalheiro – gostaria de comprar-lhe os pássaros.
– Senhor, para que os quer? Não cantam. Não servem para nada.


Os passarinhos estavam quietinhos na gaiola. Não moviam sequer uma pena. Só esperavam o martírio.


– Quero comprá-los assim mesmo – disse o homem. Quanto você quer por eles?
– Dê-me dez dólares pelos pássaros e a gaiola.


O homem deu o dinheiro, tomou a gaiola e foi embora. O menino, curioso, seguia-o para ver o que ia fazer com os pássaros. O cavalheiro chegou a um determinado lugar e abriu a porta da gaiola Nem um pássaro se moveu. Não perceberam que estavam livres. Com cuidado bateu nos lados da gaiola, e os pássaros saíram um a um e se puseram a voar. O protagonista deste relato, ao comentar o fato mais tarde, disse: “Deu-me grande prazer ver voar um pássaro após outro para a liberdade. Parecia que com o bater das asas, diziam: ‘Livres! Estamos Livres da morte!’”


Amigos, Satanás nos tem engaiolado; somos prisioneiros na gaiola do pecado. Faz 2.000 anos, Cristo deixou o Céu e veio à Terra para abrir a porta da gaiola do pecado. Veio dar liberdade aos que estavam presos. A porta está aberta hoje. Por que não fugir do pecado e ser livres com Cristo? Por que permanecermos na gaiola do pecado se Cristo abriu a porta? Respondamos ao chamado de Jesus. Usemos nosso livre arbítrio para o bem e não para o mal. Apartemo-nos de todo pecado, e sejamos vencedores pela fé em nosso amado Mestre.


Pr. Walter Schubert
Via Sétimo Dia

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