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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Haverá casamento, relações sexuais e procriação na Nova Terra?

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As palavras “na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt 22:30), constituem-se numa revelação especial de Jesus sobre o futuro dos remidos. 

Em função de sua natureza espiritual (Hb 1:14), os anjos de Deus não se casam e nem procriam. Eles foram criados por Deus para executarem a Sua vontade como mensageiros. Por sua vez, os seres humanos foram criados por Deus para serem fecundos, multiplicar-se, encher a terra, sujeitarem-na e dominar os animais (Gn 1:28). Diferentemente dos anjos, que são seres espirituais, o ser humano foi feito do barro (Gn 2:7) e recebeu a incumbência de procriar por meio da instituição matrimonial (Gn 2:24). Em comparação aos anjos, os homens são inferiores (Hb 2:7). 

Um dos propósitos divinos em criar o ser humano era que este, após ser aprovado no teste, repovoasse o céu, em lugar dos anjos que foram expulsos com Satanás. Este propósito será alcançado após a ressurreição dos justos. Em si, este fato significará uma promoção funcional para os justos redimidos, pois, de acordo com a revelação de Cristo, eles serão “como os anjos no céu” (Mt 22:30). Deste modo, “como os anjos no céu” não significa que os remidos se tornarão anjos, mas que desfrutarão dos privilégios dos anjos, como estar na presença de Deus, louvar a Sua Pessoa, receberem asas e, principalmente, cumprir uma missão especial, que será a de testemunhar aos habitantes dos outros mundos que não pecaram sobre o amor e a justiça de Deus. 

Assim, os justos redimidos, por serem levados ao céu pelo Senhor, compartilharão da mesma condição dos anjos, onde não é necessário o casamento nem a procriação, porque exercerão uma função eminentemente superior às que realizavam na terra. Enfim, os remidos não casarão e não se darão em casamento porque o Senhor também o revelou à Sua serva Ellen G. White:

"Homens há hoje que expressam a crença de que haverá casamentos e nascimentos na Nova Terra; os que creem nas Escrituras, porém, não podem admitir tais doutrinas. A doutrina de que nascerão filhos na Nova Terra não constitui parte da “firme palavra da profecia” (2Pe 1:19). As palavras de Cristo são demasiado claras para serem mal compreendidas. Elas esclarecem de uma vez por todas a questão dos casamentos e nascimentos na Nova Terra. Nenhum dos que forem despertados da morte, nem dos que forem trasladados sem ver a morte, casará ou será dado em casamento. Eles serão como os anjos de Deus, membros da família real." (Medicina e salvação, 99-100)

Há uma outra declaração de Ellen G. White que contribui para esclarecer a origem das crenças referentes a casamento na nova terra. Em carta endereçada a determinado irmão ela afirmou:

"O inimigo ganha muito quando consegue levar a imaginação de um dos escolhidos servos de Jeová a demorar o pensamento nas possibilidades de associação, no mundo por vir, com uma mulher a quem ama, e ali criar família. Não precisamos desses quadros aprazíveis. Todos esses pontos de vista se originam da mente do tentador. Temos a clara afirmação de Cristo de que no mundo vindouro os redimidos “não se casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”. (Lc 20:35 e 36). Foi-me apresentado o fato de que as fábulas espirituais estão levando cativos a muitos. Tua mente é sensual e, a menos que venha uma mudança, isso se demonstrará tua ruína. A todos os que condescendem com fantasias profanas, desejo dizer: Parai por amor de Cristo, parai exatamente onde estais. Estais em terreno proibido. Arrependei-vos, eu vos rogo, e convertei-vos." (Carta 231, 1903)

Desse modo, pode-se perceber que os ensinos relacionados com a realização de casamentos, relações sexuais e procriação a terem lugar na Nova Terra têm sua origem e inspiração com Satanás, o inimigo de Deus. Como bem se pode constatar, não haverá relacionamento conjugal na vida pós-ressurreição, no sentido de relações íntimas e procriação. Por outro lado, haverá convivência familiar. Em carta escrita a um irmão que perdera sua esposa e ficara só para cuidar dos filhos, Ellen G. White afirmou:

"Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes. Com muito amor e simpatia." (Carta 143, 1903)

Após Sua segunda vinda, Cristo levará os justos vivos transformados e os justos ressuscitados para estarem com Ele, inicialmente por mil anos no céu e, depois, pelos anos da eternidade nesta terra que será renovada. Os salvos não casarão nem se darão em casamento porque vivenciarão uma nova qualidade de existência. Eles fruirão eternamente a presença de Deus e Seus anjos.

Alguns não conseguem compreender por que na nova ordem da vida pós-ressurreição não haverá casamento, relações sexuais e procriação. Argumentam que aquilo que era bom e não tinha relação com o pecado deveria continuar na eternidade. Pareceria uma injustiça privar os salvos da intimidade do relacionamento conjugal. Neste aspecto, trata-se de uma subestimação pueril do caráter e poder de Deus. É bom lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1Co 2:9). É preciso confiar, Deus tem algo infinitamente melhor entesourado para os Seus filhos redimidos do que casamento e sexo. Certamente os relacionamentos na vida por vir serão mais íntimos do que no casamento e a comunicação, mais profunda do que o sexo.

Textos extraídos de Centro de Pesquisas Ellen G. White
Via Megaphone Adventista

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Haverá Morte na Nova Terra? – Isaías 65:20


Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

“Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado”.

Nossas publicações “O Atalaia” e “Revista Adventista“, através das seções de consultas, em várias ocasiões, têm procurado solucionar o problema desta passagem.

Uma pesquisa feita nestas fontes revelará o seguinte: das explicações dadas, algumas são inaceitáveis por serem vagas e obscuras; outras chegam até a entrar em contradição. Embora os estudiosos não tenham chegado a uma uniformidade sobre o sentido exato daquilo que o profeta tencionava dizer, apresentaremos algumas de suas ideias, concluindo com uma interpretação que parece ser mais consentânea com o contexto, os princípios exegéticos e as doutrinas bíblicas.

Comentários

Muitos leitores da Bíblia ficam perplexos ao lerem esta passagem, porque se a tomarem literalmente, ela fala em morte e pecado na Nova Terra, enquanto outros versos bíblicos são explícitos em declarar que estas coisas não existirão no céu. A Bíblia é bastante clara em afirmar que na Terra renovada as pessoas não morrerão, e pecadores não terão acesso ao Paraíso. Diante destes problemas, alguns julgam que estas palavras têm sentido figurado, e outros apresentam interpretações forçadas, sem base no contexto e não condizentes com os ensinamentos escriturísticos.

O Comentário Bíblico Adventista é útil na elucidação deste problema: “Os adventistas do sétimo dia creem que, falando de modo geral, as promessas e predições dadas pelos profetas do Velho Testamento aplicavam-se originalmente ao Israel literal, e a eles deviam ter-se cumprido sob condição de que obedecessem a Deus e permanecessem leais a Ele. Mas as Escrituras registram que eles desobedeceram a Deus e se demonstraram infiéis a Ele” (Volume 4, Introdução, ponto 5, pág. 12).

Tecendo considerações sobre Isaías 65:17, este mesmo Comentário declara: “Nos versículos 17 a 25, Isaías descreve os novos céus e a nova terra que teriam sido instaurados se Israel atendesse às mensagens dos profetas e cumprisse o propósito divino após a restauração do cativeiro. Israel falhou; portanto, em aplicação secundária, esses versículos apontam para os novos céus e a nova Terra a serem estabelecidos no fim do milênio. No entanto, a descrição deve ser interpretada primeiro sob o aspecto de sua aplicação local, e a aplicação secundária só deve ser feita à luz do que os escritores do Novo Testamento e o Espírito de Profecia dizem a respeito da vida futura” (Volume 4, pág. 354).

Dentre os expositores adventistas de textos difíceis, inegavelmente o que mais se projetou foi Francis Nichol, porém sua explicação para este verso de Isaías não nos satisfaz plenamente. Suas ideias poderiam ser concentradas nestas palavras:

“Isaías 65:20 trata das condições existentes na Nova Terra, bem como das circunstâncias para restaurar a Terra e exterminar o pecado. Este verso deve ser estudado em conexão com Apocalipse 20 a 22.

“Após o milênio haverá um período de tempo suficiente longo para que os ímpios se organizem visando destruir o arraial dos santos. Cem anos será o período entre a ressurreição dos ímpios e sua destruição final. O ímpio que morrer depois de cem anos de existência, sua idade depois da ressurreição, será considerado como uma criança, comparado com a duração da vida dos remidos que é eterna”.

O eminente exegeta Dr. Adam Clarke declara sobre esta passagem:

“A pessoa viverá trezentos ou quinhentos anos como nos dias dos patriarcas e se alguém morrer aos cem anos é por causa do seu pecado; e, mesmo naquela idade, será considerado uma criança, e dirão dele: ‘morreu um infante’”.

Da explicação dada pela Review and Herald, 11/12,/1958, para Isaías 65:20, destacamos esta parte:

“Há, contudo, um princípio de interpretação exposto claramente na Bíblia e no Espírito de Profecia, que permite uma compreensão dessa passagem, sem a forçar nem lhe dar sentido alegórico, e que é ao mesmo tempo lógica e positiva. Resumindo, o princípio é o seguinte: Os profetas de Israel e Judá, que prediziam para o povo escolhido um futuro grandioso, isso faziam na pressuposição de que o povo cumprisse o destino traçado por Deus…

“De acordo com esse princípio, a passagem de Isaías descreve condições que teriam prevalecido no caso de Israel ter atendido à luz do Céu. No estabelecimento de Jerusalém como a poderosa metrópole da Terra, teria havido um período em que as condições ali descritas se teriam cumprido ao pé da letra. Com a benção de Deus a repousar sobre o Seu povo, ter-se-ia abolido a morte prematura. Isso é o que Isaías 65:20 prediz. A tradução de Goodspeed dá assim a última parte do versículo 20: ‘O mais jovem morrerá com cem anos de idade, enquanto aquele que não alcançar cem anos será considerado maldito’. Terá esta passagem qualquer aplicação ao futuro? Sim. Com o fracasso de Israel, as promessas feitas ao Israel antigo se cumprirão na igreja cristã; não, porém, em todos os pequeninos pormenores. Escritores do Novo Testamento nos informam acerca da maneira e alcance desse cumprimento. Daí, essas profecias antigas devem sempre ser estudadas à luz da revelação do Novo Testamento“.

Para melhor compreensão deste verso seria útil ler o contexto referente à época pré-exílica, especialmente os capítulos 63, 64 e 65. No capítulo 63 o profeta inicia uma fervorosa oração para que Deus mudasse a terrível situação em que Israel se encontrava, destacando o deplorável estado de Jerusalém e do templo (64:10-11). Deus respondeu à sua fervorosa prece, a qual está relatada no capítulo 65. Nesta oração é apresentada a situação dos que rejeitaram as advertências divinas e daqueles que as aceitaram.

A leitura dos versos 18 e 19 nos mostram que o relato se refere a Jerusalém terrestre.

Para o profeta a vida seria tão diferente depois do cativeiro e se prolongaria de tal maneira que quem morresse aos cem anos seria ainda jovem.

Outros estudiosos declaram que, com referência ao Israel literal, a expressão “não haverá mais nela criança para viver poucos dias” significa a promessa divina de acabar com a mortalidade infantil.

A declaração “nem velho que não cumpra os seus dias” para Isaías indicava que os anciãos não morreriam antes de haver vivido todo o período designado por Deus.

A proposição: “porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem” tem dado mais trabalho aos exegetas, mas como declarou Adam Clarke se o profeta esperançosamente almejava um período de vida de mais de trezentos anos, aos cem ele seria ainda jovem.

A parte final do verso “quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado” apresenta um problema de tradução, porque de acordo com o hebraico assim deveria ser traduzida: o que não atingir os cem anos é porque é amaldiçoado. O verbo hebraico”chatah” significa atingir, não apresentando a ideia de pecador.

As traduções de Moffatt e The New English Bible confirmam o que estamos defendendo a exemplo da de Goodspeed, já mencionada neste trabalho:

“Lá nenhuma criança morrerá novamente ainda infante, nenhum velho deixará de viver até o fim de sua vida, todo menino viverá seus cem anos antes de morrer, e quem quer que não alcance os cem será amaldiçoado” (The New English Bible).

“Nenhuma criancinha morrerá mais na infância, e nenhum velho que não tenha vivido até o fim seus anos de vida; o que morre mais jovem vive cem anos; qualquer que morrer abaixo de cem anos é porque foi amaldiçoado por Deus” (Moffatt).

Conclusão

A Revista Adventista de abril de 1958, pág. 36, assim concluiu a explicação para esta passagem:

“Afinal o que é necessário para a nossa salvação acha-se na Bíblia medianamente claro. Não será melhor deixar descansar o tão discutido Isaías 65:20, como uma passagem difícil demais para a nossa compreensão, e inteiramente dispensável para a nossa salvação? Do contrário, Deus nos teria revelado seu sentido”.

De todas as explicações apresentadas, a mais razoável parece ser a ventilada neste estudo, isto é, que o verso se refere a Jerusalém literal, que se teria cumprido se os israelitas tivessem sido fiéis a Deus.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Terei minha família na Nova Terra?



"Na Nova Terra, continuaremos como família assim como somos aqui hoje? Exemplo: Eu tenho minha esposa e duas filhas. Na Nova Terra, estas que são minha esposa e minhas filhas, continuarão sendo minha família, e moraremos juntos?"

Existe um senso comum, baseado na passagem de Mateus 22:23-22, de que não haverão novos casamentos, nem relacionamento conjugal (sexual) na Nova Terra, pois o modo de vida será diferente do que temos atualmente sob o pecado.

Entretanto, existem outras teorias (especialmente entre seitas evangélicas americanas, e até entre alguns Adventistas) de que o casamento foi instituído por Deus no Éden, e que não há nenhum problema no casamento santo e fiel entre marido e mulher. Portanto, para estas pessoas, mesmo durante a eternidade continuarão a existir os relacionamentos conjugais normais que existem hoje em nosso mundo.

O pensamento "tradicional" da Igreja Adventista é o senso comum que mencionei anteriormente, ou seja, de que não existirá relacionamento conjugal, novos casamentos, nem contatos íntimos na Nova Terra, mesmo entre os que já eram casados aqui.

Com relação à dúvida específica apresentada acima, ou seja, se um marido continuará unido a sua atual família após a volta de Jesus, existe uma declaração de Ellen White que oferece uma resposta. Veja o que ela diz:

"Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes" - Mens. Escolhidas, vol. 2, pág. 262-263.

Portanto, do texto acima depreende-se que mesmo que o relacionamento sexual íntimo, seja "diferente" na Nova Terra (o quão diferente será, nós não temos como dizer ainda), as famílias que forem salvas aqui permanecerão juntas por toda a eternidade.

Para uma compreensão detalhada deste tema, eu sugiro a leitura do excelente artigo do Dr. Natanel Moraes (um dos maiores teólogos Adventistas do Brasil na atualidade, na minha opinião), que foi publicado na Revista Parousia, do 1º semestre de 2005. O título do artigo é "Haverá casamentos na Nova Terra?".

Gilson Medeiros

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Haverá sexo e casamento na Nova Terra? Por C. S. Lewis e Ellen White



Com relação ao jejum, penso que nossas atuais perspectivas sejam como as de uma criança que, se lhe contam que o ato sexual representa o mais elevado prazer físico, pergunta prontamente se é possível comer chocolate ao mesmo tempo.A letra e o espírito das Escrituras, e de todo o cristianismo, nos proíbem de supor que a vida na nova criação será sexuada; e isso reduz nossa imaginação a duas alternativas embaraçosas: corpos dificilmente reconhecíveis como humanos, ou um jejum perpétuo.Ao receber uma resposta negativa, quem sabe ela passe a associar a sexualidade basicamente à ausência de chocolate. Seria inútil tentar lhe explicar que, em seu êxtase sexual, os amantes não estão interessados em chocolate, pois têm algo melhor em que pensar.
O menino conhece bem o chocolate, mas nada de positivo que possa excluí-lo. A nossa situação é a mesma. Conhecemos a vida sexual; não conhecemos, exceto por vislumbres, aquilo que, no céu, não deixará espaço para ela. Assim, onde a plenitude nos aguarda, antecipamos o jejum.
Negar que a vida sexual, como a entendemos agora, possa fazer parte da bem-aventurança final, não é necessariamente supor que a distinção entre os sexos irá desaparecer. Supõe-se que tudo que não for mais necessário para propósitos biológicos talvez sobreviva por seu esplendor.
A sexualidade é o instrumento tanto da virgindade como da virtude conjugal; nem homens, nem mulheres terão de lançar fora as armas que vinham empregando com sucesso.
Só os derrotados e fugitivos têm de lançar fora as suas espadas. Os vitoriosos desembainham as suas e as mantêm erguidas.
“Além-do-sexual” seria um termo melhor do que “assexuada” para a vida no céu.

Extraído do livro "Um ano com C. S. Lewis" - Editora Ultimato

Os remidos não casarão e não se darão em casamento porque o Senhor também o revelou à Sua serva Ellen G. White:

"Homens há hoje que expressam a crença de que haverá casamentos e nascimentos na Nova Terra; os que creem nas Escrituras, porém, não podem admitir tais doutrinas. A doutrina de que nascerão filhos na Nova Terra não constitui parte da “firme palavra da profecia” (2Pe 1:19). As palavras de Cristo são demasiado claras para serem mal compreendidas. Elas esclarecem de uma vez por todas a questão dos casamentos e nascimentos na Nova Terra. Nenhum dos que forem despertados da morte, nem dos que forem trasladados sem ver a morte, casará ou será dado em casamento. Eles serão como os anjos de Deus, membros da família real." Medicina e salvação, 99-100.
Há uma outra declaração de Ellen G. White que contribui para esclarecer a origem das crenças referentes a casamento na nova terra. Em carta endereçada a determinado irmão ela afirmou:
"O inimigo ganha muito quando consegue levar a imaginação de um dos escolhidos servos de Jeová a demorar o pensamento nas possibilidades de associação, no mundo por vir, com uma mulher a quem ama, e ali criar família. Não precisamos desses quadros aprazíveis. Todos esses pontos de vista se originam da mente do tentador. Temos a clara afirmação de Cristo de que no mundo vindouro os redimidos “não se casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”. (Lc 20:35 e 36). Foi-me apresentado o fato de que as fábulas espirituais estão levando cativos a muitos. Tua mente é sensual e, a menos que venha uma mudança, isso se demonstrará tua ruína. A todos os que condescendem com fantasias profanas, desejo dizer: Parai por amor de Cristo, parai exatamente onde estais. Estais em terreno proibido. Arrependei-vos, eu vos rogo, e convertei-vos." Carta 231, 1903. 
Desse modo, pode-se perceber que os ensinos relacionados com a realização de casamentos, relações sexuais e procriação a terem lugar na nova terra têm sua origem e inspiração com Satanás, o inimigo de Deus.
Como bem se pode constatar, não haverá relacionamento conjugal na vida pós-ressurreição, no sentido de relações íntimas e procriação. Por outro lado, haverá convivência familiar. Em carta escrita a um irmão que perdera sua esposa e ficara só para cuidar dos seus filhos, Ellen White afirmou:

"Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes. Com muito amor e simpatia." Carta 143, 1903.

Via Pão Diário

sábado, 8 de agosto de 2015

Bíblia Fácil Apocalipse 18 - A Nova Terra


Os dois primeiros capítulos da Bíblia falam da criação efetuada por Deus, de uma mundo perfeito para a habitação dos seres humanos que Ele criou. Os dois últimos capítulos da Bíblia também falam de Deus criando um novo mundo perfeito para a humanidade, mas dessa vez trata-se de uma re-criação, a restauração da Terra da devastação ocasionada pelo pecado.

O lar eterno será um lugar real, uma localidade em que pessoas reais, com corpo e cérebro, poderão ver e ouvirm tocar e sentir, enfim pessoas reais na plenitude de suas faculdades como eram Adão e Eva aos saírem das mãos do Criados.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Morte na Nova Terra?


Como entender os versos de Isaías 65 que falam da Nova Terra? Outra dúvida: Isaías 66:23 faz referência à lua nova. Na Nova Terra vai existir lua? Mércia Maria

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Existem basicamente dois tipos de profecias na Bíblia: (1) as “apocalípticas”, que abarcam eventos desde os dias do profeta até o fim do mundo e que têm apenas um cumprimento (por exemplo, a profecias de Daniel e de Apocalipse); e (2) as “clássicas”, que geralmente têm uma aplicação primária para os dias em que foram dadas e, em alguns casos, podem ter uma segunda aplicação, escatológica, para eventos relacionados com o fim do mundo. Isaías 65 é uma profecia do tipo “clássico” e tem duas aplicações:

1. Cumprimento para o antigo Israel, caso ele fosse fiel ao Senhor. Como sabemos que Isaías 65 teria um primeiro cumprimento para o antigo Israel, provavelmente após o retorno do cativeiro babilônico? A resposta é encontrada no verso 20 desse capítulo. Nele é dito que na nova Terra prometida por Deus haveria crianças, velhos, pessoas pecando e morte. Nada disso haverá na nova Terra escatológica, o lar dos remidos.

Deve-se entender que cada bênção mencionada em ­Isaías 65 corresponde ao reverso das maldições contidas no capítulo 28 do Deuteronômio. A promessa de “novos céus e nova Terra” (Is 65:17), ou seja, céus com abundantes chuvas e terra fértil e sem pragas, corresponde ao reverso da maldição de “céus de bronze” e “chuva de pó”, e terra infértil e cheia de pragas, como gafanhotos, mencionados em Deuteronômio 28:23, 24, 38-40. O ato de edificar casas e morar nelas e plantar vinhas e comer do fruto (Is 65:21) é o reverso da maldição de Deuteronômio 28:30: “Edificarás casa, porém não morarás nela; plantarás vinha, porém não a desfrutarás”. A promessa de filhos como a “posteridade bendita do Senhor” (Is 65:23) é o contrário da maldição de filhos sendo levados para o cativeiro (Dt 28:32, 53-57).

A cena de um lobo e um cordeiro pastando juntos e a de um leão comendo palha como o boi (Is 65:25) deve ser entendida como uma imagem ou figura de uma era pacífica em Israel e sem invasões de inimigos ferozes. Essa cena de animais pacíficos é o oposto da maldição contida em Levítico 26:22.

A verdade é que, caso o antigo Israel fosse fiel ao Senhor, todas essas boas promessas teriam se cumprido naquele tempo. Mas Israel falhou em obedecer aos mandamentos de Deus e acabou indo para o cativeiro assírio e o babilônico. E, mesmo após a volta do cativeiro babilônico, os judeus não foram tão fiéis como o Senhor desejava. Por causa disso, Deus não pôde cumprir suas promessas ao antigo Israel. Porém, vai cumpri-las para o novo Israel.

2. Cumprimento escatológico para o novo Israel, a igreja. Não sendo possível cumprir suas promessas feitas ao antigo Israel, Deus as cumprirá com a igreja, mas não em todos os detalhes. Na nova Terra se poderá edificar casas e nelas morar, plantar vinhas e comer dos frutos, mas não haverá crianças para morrer novas, nem pessoas idosas, nem pessoas morrendo com cem anos, nem gente pecando e sendo amaldiçoada (Is 65:20).

E o que dizer da celebração do sábado e da Festa da Lua Nova nessa nova Terra (Is 66:23)? Essa é uma daquelas promessas contidas em profecias “clássicas” e que têm dupla aplicação. Uma aplicação primária para o antigo Israel, a de que o povo teria paz o suficiente para celebrar suas festas e guardar o sábado; e outra aplicação para a igreja, que, uma vez salva, guardará o sábado na nova Terra escatológica e poderá comer do fruto da árvore da vida “de mês em mês” (cf. Ap 22:2), ou seja “de uma lua nova a outra”. Em Apocalipse 22:23 é dito que a cidade santa “não precisa nem do sol, nem da lua”, “pois o Cordeiro é sua lâmpada”. Não precisar é uma coisa; não existir é outra coisa. Na nova Terra escatológica, o Sol e a Lua continuarão a existir, mas, como a glória do Cordeiro ilumina a cidade santa, a luz emitida por esses dois astros será ofuscada pela luz divina. 

OZEAS C. MOURA, doutor em Teologia Bíblica na área de Antigo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

O que Ellen White escreveu sobre a vida familiar no céu? 




Daniel Oscar Plenc
Diretor do Centro White da Argentina
Tradução – Cristiane Perassol Sartorti

Ellen White apresenta belíssimas descrições do céu e da nova terra, mas desencoraja especulações sobre detalhes não revelados. Provavelmente, as melhores seções sobre a vida no reino de Deus se encontram nos seguintes capítulos: O Final e Glorioso Triunfo (O Grande Conflito, pp. 662-678), O Mundo Por Vir (Lar Sem Sombras, pp. 215-218), Descrições da Nova Terra (Lar Sem Sombras, pp. 219-222) e As Recompensas (Conducción del Niño, pp. 530-539).

Ao verificarmos suas muitas páginas dedicadas à vida futura dos redimidos, podem separar-se muitas ideias notáveis:

As famílias se encontram e se reconhecem.
Promete-se um reencontro entre pais, filhos e amigos. Veremos novamente os nossos filhos. Encontrar-nos-emos com eles e os reconheceremos nos átrios celestiais Carta 196, 1899 (Conducción del Niño, pp. 536). Crianças são levadas pelos santos anjos aos braços de suas mães. Amigos há muito separados pela morte, reúnem-se, para nunca mais se separarem, e com cânticos de alegria ascendem juntamente para a cidade de Deus (O Grande Conflito, p. 645).

Ali os redimidos conhecerão como são conhecidos. O amor e simpatias que o próprio Deus plantou na alma, encontrarão ali o mais verdadeiro e suave exercício. A comunhão pura com os seres santos, a vida social harmoniosa com os bem-aventurados anjos e com os fiéis de todos os tempos, que lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro, os sagrados laços que reúnem “toda a família nos Céus e na Terra” – tudo isso concorre para constituir a felicidade dos remidos (Lar Sem Sombras, p. 217).

Ellen G. White escreveu a alguém que perdera sua única filha: Sua fé pode ver os amados e os que partiram, reunidos, entre os remidos da Terra. Se você for fiel, dentro em pouco estará caminhando com eles pelas ruas da Nova Jerusalém, cantando o cântico de Moisés e do Cordeiro, na fronte a coroa adornada de jóias… Carta 71, 1878 (Nos Lugares Celestiais, p. 272).

Via Centro White

domingo, 15 de setembro de 2013

Meu primeiro dia na Nova Terra


Mil anos se passaram. A Cidade Santa desembarca no Planeta Terra, após uma linda viagem pelo Universo. Os santos de Deus, agora transformados, contemplam o mesmo planeta outrora habitado. Tudo é diferente; há muito brilho, muita luz, muita paz...
Não há mais nuvens, não há mais frio, nem calor, nem morte, nem dor... De imediato, somos tomados de inexprimível comoção. As lágrimas só não caem porque Deus as extinguiu para sempre. Não há palavras para descrever as cenas que vão passando diante de nossos olhos atentos e radiantes. De repente, ficamos atônitos. É difícil acreditar no que nossos olhos contemplam, mesmo depois de passarmos mil anos no Céu.
 Nossa cidade é de ouro maciço, rodeada de pedras preciosas por todos os lados. Há um rio de águas cristalinas que corta a cidade ao meio.
Os animais são dóceis, e há muitas outras espécies que não havia na antiga Terra. As flores têm uma beleza ímpar, os frutos das árvores são de magnífico sabor e há uma harmonia de cores incrível em toda a natureza. Aqui não há mais lembranças da nossa vida na antiga Terra, Deus as eliminou de nossa memória para sempre.
Senti a mão de alguém tocar meu ombro, era meu anjo chamando-me para ouvir o pronunciamento de Jesus: “Meus filhos queridos, essa é a Nova Jerusalém que Eu havia prometido que lhes daria, conforme registrei nas Escrituras Sagradas...” Isso me fez lembrar Mateus 25:34: “Então, dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.”
Em seguida, andamos pela cidade para conhecer toda a sua extensão. Um lugar em especial nos deixou maravilhados; o santuário no qual nós iríamos adorar nosso Deus. Uma obra que só não supera em beleza o santuário de Deus no Céu, mas que quase chega a igualar.
Logo depois, somos convidados para o nosso primeiro banquete. É um momento de muito júbilo e emoção. Há uma mesa de incalculável extensão em forma retangular, e, miraculosamente, todos nós conseguíamos enxergar as três pessoas da Divindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, mesmo os que estavam mais distantes. Deus abençoa o nosso maná – assim é chamado o alimento que se assemelha ao pão, mas que tinha um sabor inigualável – e comemos todos juntos após pronunciarmos um “amém” que ecoa em forma de cântico pelos ares.
Após aquela refeição maravilhosa, somos convidados a conhecer nosso lar, nossas “mansões sobre o monte”, onde viveríamos por todo o sempre.
Após ouvirmos as orientações de Deus e Sua declaração de amor por nós, Ele Se despede da seguinte forma: “amados, não deem importância ao tempo; o tempo aqui não existe tudo é eterno. Tudo isso que vocês estão contemplando são os tesouros que vocês acumularam após os anos de renúncia e abnegação, de sofrimento e morte por Minha causa. Possuam como herança o lar que lhes está preparado desde a fundação do mundo e recebam todo o amor que temos para dar a vocês. Aqui é apenas o começo de uma vida sem fim”.
Assim terminou o meu primeiro dia* na Nova Terra. Um lugar onde todas as pessoas eram felizes e sorriam. Havia muita paz, júbilo e regozijo. Não havia mais qualquer resquício de maldade, o mal estava para sempre destruído. De longe nós contemplamos a morte dos ímpios que, guiados por Satanás após a segunda ressurreição, marcharam contra a cidade tentando tomá-la por usurpação. Foi o último suspiro de maldade na história do Universo, até que o fogo os consumiu para sempre. Não houve alegria de nossa parte pela morte dos ímpios. Mas mesmo eles reconheceram a justiça de Deus, e todos nós rendemos graças, honras e glórias ao Cordeiro que trazia no corpo as marcas do amor à humanidade, nosso Salvador Jesus Cristo.

Por José Henrique Araújo de Oliveira, membro da Igreja Adventista do Setor Bosque, em Formosa, GO.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Arena do futuro - Novo Céu e Nova Terra





domingo, 1 de julho de 2012

Haverá Casamento no Mundo Vindouro?



Haverá relações conjugais no mundo vindouro? A resposta de muitos cristãos sinceros é "NÃO!" Eles acreditam que na ressurreição os remidos receberão algum tipo de corpo espiritual "unisex" que irá substituir nossos atuais corpos físicos e heterossexuais. Em consequência, as relações conjugais íntimas, deixarão de existir no mundo por vir.


É isso que a Bíblia ensina sobre a vida no mundo vindouro? Irão os remidos receber um corpo espiritual, angélico e unisex que impeça as relações conjugais? Será que eles vão passar a eternidade em uma espécie de retiro monástico, dedicado à eterna contemplação e meditação, ou eles vão se envolver nas atividades normais da vida atual?


O pensamento de passar a eternidade em um centro etérico em algum lugar fora do espaço, trajando vestes brancas, dedilhando harpas, cantando, meditando, e contemplando, era atraente para os cristãos medievais, que previam o Paraíso como uma espécie de retiro monástico. Essa visão do Paraíso, no entanto, dificilmente pode agradar os cristãos do século XX, apaixonados pelas visões e sons das grandes metrópolis. Isto pode explicar porque a maioria dos cristãos de hoje não parecem estar esperando ansiosamente a vinda do Senhor para estabelecer Seu reino eterno. Eles não têm tanta certeza se querem viver como monges por toda a eternidade na bem-aventurança de um Paraíso etéreo o qual seja tão casto, tão desinfectado, e tão irreal.


Duas Fontes Inspiraram este Estudo da Bíblia


A inspiração para preparar este ensaio veio de duas fontes diferentes. A primeira, é um ensaio intitulado "Haverá Sexo no Céu?" de Mike Leno. Ele atualmente está servindo como pastor na Igreja Adventista em Ontário, Califórnia. Ao longo dos anos o Pastor Mike me convidou várias vezes para apresentar meus seminários nas igrejas que pastoreava, no Noroeste, Georgia e Califórnia. Ele é um pensador perspicaz e envolvente. Ele postou seu ensaio na edição de maio de sua Newsletter GraceNotes que pode ser acessada na página http://mikeleno.net/ . Você irá desfrutar de seus boletins de notícias pastorais. Eles são curtos, perspicazes e envolventes.


A segunda fonte é uma compilação de declarações de Ellen White sobre a reunificação das famílias no mundo por vir. A compilação foi elaborada por Raymond Mayer, MD, um médico aposentado que tem sido o mais gracioso e útil vizinho, nos últimos 13 anos. Recentemente, ele perdeu a esposa para o câncer depois de um casamento feliz que durou 52 anos. Embora ele ainda seja um homem muito saudável e enérgico, ele decidiu não voltar a se casar, porque ele está ansioso para reencontrar a sua dedicada esposa. Ele encontrou suporte para suas convicções em algumas declarações de Ellen White que serão citadas posteriormente.


Este ensaio "Haverá casamento no mundo vindouro?" foi extraído de dois de meus livros "O Pacto do Casamento" e "Ressurreição ou Imortalidade?". Por razões de brevidade, eu selecionei apenas os parágrafos que se relacionam mais diretamente ao nosso tema.


Os Objetivos Deste Estudo Bíblico
Este estudo bíblico procura entender os ensinamentos bíblicos sobre o Mundo por vir. Os cristãos devem estar ansiosos para aprender o máximo possível sobre o novo mundo que os espera no final de sua peregrinação terrena. Uma visão mais clara da nova terra, pode alimentar a esperança e fortalecer a fé daqueles que são chamados a viver entre as incertezas e dificuldades da vida presente.


Este estudo bíblico é dividido em três partes, que estão intimamente relacionadas. A primeira parte aborda a questão: Como serão as pessoas no mundo por vir? Os remidos serão ressuscitados com um corpo físico como o presente, ou será que eles recebem um corpo, espiritual / etherial / imaterial, radicalmente diferente? Será que vão ser as mesmas pessoas como as que existiam anteriormente na terra, ou serão completamente diferentes?


A segunda parte analisa a questão: Comol será a vida no mundo por vir? Será que o novo mundo será um lugar material como o presente, ou será um reino "espiritual / etéreo" radicalmente diferente do nosso presente mundo? Os remidos exercerão o tipo de atividades que hoje conhecemos, ou será que vão passar a eternidade em eterna contemplação e meditação?


A terceira parte discute a questão: Será que vai haver relações conjugais no mundo por vir? Irão os remidos viver um estilo de vida solitário como os monges? Será que a relação marido / esposa ainda continua no mundo por vir? Ou será que Deus vai mudar a concepção da Criação, recriando os redimidos como pessoas "unissex" que viverão um estilo de vida solitário?


Estas são questões fundamentais que merecem investigação bíblica cuidadosa, porque o que os cristãos acreditam sobre sua vida no mundo vindouro determina em grande parte como eles vivem suas vidas no mundo atual. Historicamente, a a maioria dos cristãos têm imaginado o mundo por vir como um lugar que é bonito, mas etéreo, um lugar onde as sólidas alegrias da vida presente devem ser trocadas por uma existência espiritual de adoração e contemplação contínua. Essa visão do mundo que virá se reflete nas linhas de hinos populares como aquele que diz: "Em mansões de glória e interminável deleite, Eu vou sempre Te adorar, no céu tão brilhante".


A visão etérea do Paraíso foi inspirado pelo mais Filosófico dualismo grego do que pelo realismo bíblico holístico. Para os gregos, o corpo físico e os componentes materiais deste mundo eram maus, e, consequentemente, não dignos de sobrevivência. Seu objetivo era chegar a um reino espiritual onde suas almas, libertadas da prisão de um corpo físico e de um mundo material, iriam desfrutar a felicidade eterna.


Realismo Bíblico
A Bíblia rejeita a visão etérea do mundo por vir, porque afirma a bondade da criação física de Deus. "Era bom", é o anúncio divino de toque de cada etapa da criação da vida humana e sub-humana (Gn 1:10, 18, 21, 25, 31). O propósito da redenção não é a libertação das almas espirituais da servidão de um corpo físico e de um mundo material, mas a restauração de toda a criação humana e sub-humana à sua perfeição original. O "novo céu e a nova terra" (Is 65:17; Ap 21:1) não são um mundo remoto e inconseqüente em algum lugar fora do espaço, mas eles são o céu e a terra renovados à sua perfeição original.


Parte I. Como Serão as Pessoas no Mundo Vindouro?
Antes de tomar um olhar mais atento aos vislumbres bíblicos sobre a vida no mundo por vir, vamos considerar como serão as pessoas no novo mundo. Será que os santos ressuscitados / transladados receberão um corpo físico como o presente ou um corpo espiritual radicalmente diferente do atual?


Nós tivemos antes a sorte de ter Paulo discorrido sobre esta questão que foi levantada pelos Coríntios: "Mas alguém pode perguntar: “Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo virão?” Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio" (1 Coríntios 15:35-38).


O que Paulo está dizendo aqui é que da mesma forma que Deus dá um corpo a cada tipo de semente que é semeada, ele também dará um corpo a cada pessoa que está enterrada. O fato de que os corpos mortos são enterrados como a semente na terra sugeriu a Paulo fazer a analogia com a semente. Paulo desenvolve a analogia das sementes, dando-nos a descrição mais clara que encontramos na Bíblia sobre a continuidade / descontinuidade entre o corpo presente e o futuro: "Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual" (1 Coríntios 15:42-44).


Nesta passagem, Paulo explica a diferença entre o nosso corpo atual
e o corpo da ressurreição futura por meio de quatro contrastes. Esses contrastes são igualmente aplicáveis aos corpos dos santos vivos que serão transformados na volta de Cristo sem ver a morte. Em primeiro lugar, nossos corpos atuais são perecíveis (phthora), sujeitos às doenças e morte - mas nossos corpos ressurretos serão imperecíveis (aphtharsia) - não susceptíveis à doença e à morte. Em segundo lugar, nossos corpos atuais experimentam a desonra de serem baixados em uma sepultura, mas nossos corpos ressurretos vão experimentar a glória de uma transformação interior e exterior.


Em terceiro lugar, nossos corpos atuais são fracos, eles se tornam facilmente cansados e exaustos, mas os nossos corpos ressurretos serão cheios de energia, com energia ilimitada para realizar todas as nossas metas. Em quarto lugar, os nossos corpos atuais são físicos (psychikon soma), mas nossos corpos ressurretos serão espirituais (soma pneumatikon). Esse último contraste tem levado muitos a acreditarem que a ressurreição / transladação de nossos corpos será "espiritual" no sentido de que eles consistem de uma substância não-física, não-material, seja ela qual for.


A Ressurreição Espiritual do Corpo
Será que Paulo acreditava, e a Bíblia ensina que na ressurreição / transladação, os crentes receberão corpos não-materiais e não-físicos, totalmente desprovidos de substância física? Este é realmente o ponto de vista de muitos cristãos hoje. Eles definem "corpo espiritual - soma pneumatikon", como significando um corpo não-físico adequado para o novo "ambiente celestial".


Essa crença popular se baseia na suposição de que Deus vai condenar esta terra à desolação eterna e criar, em vez disso, um novo mundo celestial "adequado para a habitação de santos espirituais". Esta hipótese levanta questões sérias sobre a sabedoria de Deus em primeiro criar um planeta para sustentar a vida humana e subumana, apenas para descobrir mais tarde que ele não é o local ideal para a morada eterna dos remidos.


Este raciocínio é ridículo para quem acredita na onisciência e imutabilidade de Deus. A mudança de modelos e estruturas é normal para seres humanos finitos que aprendem por tentativa e erro, mas seria anormal e inconsistente para um Deus infinito que conhece o fim desde o início. Se Deus descobriu que a matéria tornou-se intrinsicamente má e tinha que ser banida, então, em certo sentido, o diabo e os filósofos gregos, teriam provado estar certos. Mas a matéria não é má, porque faz parte da boa criação de Deus. A Bíblia afirma que este mundo material era "muito bom" (Gn 12:31) na criação, e não há razão para acreditar que será "muito ruim" na restauração final.


A prova mais convincente da bondade da presente criação é o ensino da ressurreição do corpo - um ensino que era absurdo e extremamente ofensivo para os pensadores gregos, que acreditavam que o corpo físico, assim como o mundo material são maus e, portanto, seriam descartados no momento da morte. Para eles, somente a alma sem corpo sobrevive à morte do corpo.


Aparentemente, alguns cristãos de Corinto foram influenciados por esta predominante visão dualista grega da natureza humana e seu destino. Isto é indicado pela pergunta de Paulo: "...como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos? (1 Cor 15:12). Paulo refuta esse erro ao afirmar a ressurreição do corpo. Este ensinamento fornece a prova mais convincente da continuidade entre a vida presente e a vida futura.


Vida Conduzida pelo Espírito
Alguns contestam a noção de continuidade, porque Paulo contrasta o corpo atual "físico-psychikos" com o futuro corpo ressurreto “espiritual—pneumatikon”. Para eles, esse contraste indica que o corpo da ressurreição não será mais físico consistindo de "carne e sangue". Esta interpretação ignora que para Paulo "espiritual" não significa "não-físico". Isso é evidenciado pelo seu uso das mesmas duas palavras (físico-psychikos / espiritual-pneumatikos), na mesma epístola com referência à vida presente: " Ora, o homem natural [físico-psychikos] não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual [pneumatikos] julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém" (1 Coríntios 2:14-15).


É óbvio que o homem espiritual nesta passagem não é uma pessoa não-física. Pelo contrário, é alguém que é guiado pelo Espírito Santo, em contraposição a alguém que é guiado pelos impulsos naturais. Da mesma forma, a ressurreição do corpo é chamada em 1 Coríntios 15:44 "espiritual" porque ela é regida não pelos impulsos carnais, mas pelo Espírito Santo. Isto não é um dualismo antropológico entre as naturezas "física–psyche” e “espiritual–pneuma”, mas uma distinção moral entre uma vida guiada pelo Espírito Santo e uma controlada por desejos pecaminosos.


Essa percepção nos ajuda a entender a declaração de Paulo alguns versos depois: "carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção". É evidente aqui, que Paulo não está dizendo que o corpo da ressurreição será não-físico, porque, escrevendo aos Romanos, ele diz: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós" (Rm 8:9).


Na frase "não estais na carne" Paulo obviamente não quiz dizer que os Cristãos tinham abandonado seus corpos físicos. Pelo contrário, ele quis dizer que já na vida presente, eles foram guiados pelos valores espirituais e não pelos valores mundanos (Rm 8:4-8). Se Paulo podia falar dos cristãos como não estando "na carne", já na vida presente, a sua referência à ausência de "carne e sangue" no Reino de Deus, significa simplesmente a ausência das inclinações naturais, carnais e pecaminosas da vida presente, porque os remidos serão conduzidos integralmente pelo Espírito.


O Significado da Ressurreição do Corpo
O que, então, "a ressurreição do corpo" significa? Os escritores bíblicos sabiam tão bem quanto nós que não poderia significar a reabilitação de nossos atuais corpos físicos. Primeiro, porque muitos corpos estão doentes ou deformados, e segundo, porque a morte os decompõem e eles retornam ao pó (Sl 104:29;. Cf Ecles 3:20; Gn 3:19).


No ponto de vista Bíblico holístico da natureza humana, o termo "corpo" é simplesmente um sinônimo de "pessoa". Por exemplo, quando Paulo apela "apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12:1), ele está claramente pensando em toda a pessoa. Em vista desse fato, acreditar na ressurreição / transladação do corpo significa crer que todo o meu eu humano, o ser humano que "eu" sou, será restaurado à vida novamente. Isso significa que eu não vou ser alguém diferente de quem eu sou agora. Serei exclusivamente eu mesmo. Em resumo, isso significa que Deus se comprometeu a preservar minha individualidade, personalidade e caráter.


Central com a promessa bíblica da ressurreição do corpo está o compromisso de Deus para restaurar a vida das pessoas mesmo as que existiam anteriormente na terra. A Bíblia nos assegura a preservação da nossa identidade através da imagem sugestiva de "livros" onde os nossos "nomes", pensamentos, atitudes e ações são registradas (Fp 4:3; Ap 3:5; 13:8; 17:08 ; 20:12).


Um nome na Bíblia representa o caráter ou a personalidade, como indicado pelos vários nomes usados para retratar o caráter de Deus. Isso sugere que Deus preserva uma imagem exata do caráter de cada pessoa que já viveu neste planeta. O registro de cada vida é completo, pois Jesus disse: "...de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado" (Mt 12 :36-37).


Cada crente desenvolve seu caráter próprio e único, como resultado das tentações, lutas, derrotas, decepções, vitórias, e crescimento em graça a cada uma dessas experiências. Isto significa que a possibilidade de "replicação múltipla" de pessoas na ressurreição, todas olhando, agindo e pensando da mesma forma, é inconcebível. Como não existem duas pessoas com o mesmo design de DNA molecular, do mesmo modo não há dois cristãos cuja personalidade seja a mesmo. Cada um de nós tem um caráter e personalidade único que Deus preserva e unirá ao corpo ressuscitado.


Em uma sociedade onde as pessoas são muitas vezes consideradas como engrenagens de uma máquina, números em um computador, é reconfortante saber que Deus coloca um significado transcendente sobre nossa identidade pessoal. Ele tem escrito o nome de cada crente "antes da fundação do mundo no livro da vida" (Ap 13:8). Aos olhos de Deus o que finalmente conta, não é a nossa filiação à igreja, nossa linhagem familiar, nosso pertencimento racial, mas os valores, atitudes e decisões que caracterizam a nossa personalidade.


Algumas Implicações Práticas
As implicações práticas da crença na ressurreição da pessoa como um todo não são difíceis de ver. Crer na ressurreição do corpo significa crer que seremos capazes de reconhecer nossos entes queridos. Devemos reconhecer os nossos entes queridos, não necessariamente porque serão exatamente os mesmos de quando os vimos pela última vez, mas porque a sua individualidade e personalidade serão providencialmente preservadas e ressuscitam com um corpo totalmente novo dado por Deus.


Quando nós nos encontramos com colegas de escola após 20 ou 30 anos, na maioria das vezes temos dificuldade em reconhecê-los por sua aparência externa. Mas assim que eles começam a conversar, percebemos quem eles são, porque suas personalidades únicas realmente não mudaram. Eles ainda são a Maria, o João, ou o Bob que conhecemos muitos anos antes.


O mesmo princípio se aplica ao reconhecimento de nossos entes queridos ressuscitados. Devemos reconhecê-los, não porque eles parecerão tão jovens ou tão velhos como quando os vimos pela última vez, mas porque a sua individualidade e personalidade é providencialmente preservada e ressuscitada em um corpo novinho em folha por Deus.


O fato de que Deus vai restaurar a cada um de nós a nossa personalidade e caráter distintos, ensina-nos que a nossa futura personalidade é formada agora. Como bem colocou Ellen G. White, "O caráter formado nesta vida determinará o destino futuro" (Orientação da Criança, p. 229). Esta importante verdade convoca-nos a cultivar todos os poderes que Deus nos deu, a fim de desenvolvermos um caráter que esteja apto a servir a Deus, não só neste mundo, mas também no mundo vindouro.


Resumindo, então, as pessoas no mundo por vir terão corpos físicos como os atuais, mas sem as responsabilidades do pecado, doença e morte. O objetivo do Plano de Redenção não é remover os defeitos da original criação material de Deus, recriando a criação humana e sub-humanas de uma diferente substância não-física e "espiritual", mas restaurar toda a criação à sua perfeição original. O que era "muito bom" na criação será provado ser "muito bom" na restauração final.


Parte 02. Como Será a Vida no Mundo Vindouro?
Na primeira parte deste estudo bíblico, concluímos que os redimidos
vão ter um corpo físico, como o presente, mas sem as responsabilidades do pecado, doença e morte.


A próxima questão que queremos abordar é o próprio ambiente e o estilo de vida dos redimidos. Será que o novo mundo é um lugar material, como o presente, ou um reino "espiritual" radicalmente diferente deste mundo? Os remidos exercerão algum tipo de atividades que hoje conhecemos, ou será que vão passar a eternidade em eterna contemplação e meditação?


As passagens bíblicas que falam da vida na nova terra (Is 65:17-25, 66:22-23; Apocalipse 21:01-22:05), oferecem-nos apenas vislumbres do que a vida realmente vai ser lá. Assim, qualquer tentativa de caracterizar a vida, e as condições do mundo por vir deve ser vista como esforço muito limitado e imperfeito para descrever uma realidade que "olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem" (2 Coríntios 2:9).


A Renovação da Terra
Para apreciar os vislumbres bíblicos sobre a vida no mundo vindouro, é importante lembrar em primeiro lugar que na Bíblia a habitação eterna dos remidos está localizada aqui em baixo na terra, e não em algum lugar no céu. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de um "novo céu e uma nova terra" (Is 65:17; Ap 21:1), como sendo, não um mundo diferente em algum ponto fora no espaço, mas o céu e a terra renovados e transformados à sua perfeição original.


A visão bíblica do mundo futuro é inspirado pela paz, harmonia, prosperidade material, e deleite do sábado da criação. O primeiro dia de Adão após funciona no Antigo Testamento como um paradigma dos Últimos Dias, uma designação comum para o mundo vindouro. A paz e a harmonia que existia entre Adão e os animais da criação será restaurada na nova terra quando "o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabritinho, e o bezerro, o leão e o animal cevado andarão juntos , e uma criança os guiará" (Is 11:6).


Do mesmo modo, a prosperidade e abundância que prevalecia na criação serão restauradas na nova terra, onde "o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; :e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão" (Amós 9:13, cf . Is 4:2; 30:23-25; Joel 3:18, 3:13 Sf). Estas descrições transmitem a imagem de uma verdadeira e abundante vida "terrena" no novo mundo. "O deserto torna-se um campo fértil" (Is 32:15) e "o lobo habitará com o cordeiro" (Is 11:6).


O Novo Testamento apresenta essencialmente a mesma visão do mundo por vir. Pedro fala que "...a terra, e tudo o que nela há...", será purificada pelo fogo (2 Pe 3:10). O resultado será "um novo céu e uma nova terra, onde habita a justiça" (2 Pe 3:13). Paulo declara que toda a criação humana e sub-humana aguarda com grande desejo se libertar "do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus" (Rm 8:19-21). João teve uma visão do "novo céu e a nova terra" que Deus vai estabelecer, após a purificação desta presente terra (Ap 21:1-4).


Vida Urbana Ativa
Talvez a imagem mais poderosa usada no Novo Testamento, para transmitir o sentido de continuidade entre o presente e o futuro mundo, é a imagem da Cidade Santa. Hebreus, por exemplo, diz que Abraão "aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador" (Hb 11:10). A experiência de Abraão é tipológica de todos os crentes, porque, como explica o mesmo autor, "não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir" (Hb 13:14).


O Novo Testamento termina com uma descrição mais impressionante da Cidade Santa, a Nova Jerusalém, na qual são bem-vindos "apenas aqueles que estão escritos no livro da vida do Cordeiro" (Ap 21:27). É duvidoso que todos os detalhes da cidade, tais como a alta muralha, as doze portas, os doze fundamentos, devem ser interpretados literalmente. Seja qual for o seu significado, pode ser que a visão da Cidade Santa transmita a imagem, não de uma vida mística monástica em um retiro paradisíaco, mas de vida urbana de intensa atividade na terra renovada.


A vida na Cidade Santa não será de isolamento e solidão, mas de comunhão, emoção e ação. A Nova Jerusalém será um complexo lugar cosmopolita onde todos os tipos de pessoas de diferentes raças, culturas e línguas, irão viver e trabalhar juntas e em paz. A vida não vai ser estática e chata, mas dinâmica e criativa.


A imagem dos redimidos vivendo juntos na Cidade de Deus, em inter-relação e interdependência representa o cumprimento do propósito divino para a criação e redenção. Na criação, Deus quis que os seres humanos encontrassem satisfação, não em viverem sozinhos, mas em trabalharem juntos para subjugar e dominar a terra. Através da redenção, Cristo nos reconcilia com Deus e com os nossos semelhantes, para que possamos viver em paz com todas as pessoas.


Vida Urbana Sancionada por Deus
A visão bíblica da Cidade Santa na nova terra, sugere que a estrutura da vida urbana é sancionada por Deus. Para muitos é difícil aceitar este ponto de vista, porque nossas cidades atuais são dificilmente um reflexo da Cidade de Deus. Pelo contrário, elas são os lugares onde o crime, o ódio, a hostilidade e a indiferença para com Deus e seus semelhantes prevalecem.


O estado atual da vida urbana não deve levar-nos a rejeitar, em princípio, a urbanização como uma estrutura social pecaminosa. O fato de que a vida urbana vai continuar na nova terra, nos diz que será possível para as pessoas viverem juntas em um complexo sistema urbano de inter-relação e interdependência, sem dar origem a problemas sociais, econômicos, ecológicos, políticos e raciais que vivenciamos hoje. Além disso, essa visão de convivência na futura cidade de Deus desafia-nos, como cristãos a não abandonar as cidades em massa, fugindo do país, mas a trabalhar nelas e por elas, oferecendo a nossa influência cristã para ajudar a resolver seus muitos complexos problemas.


Atividade e Criatividade
A vida na nova terra não vai ser gasta em ociosidade ou meditação passiva, mas em atividades produtivas e de criatividade. Aqueles que pensam que os redimidos viverão no novo mundo como convidados glorificados, alimentados, alojados e entretidos por Deus, estão totalmente enganados. A nova terra não é uma espécie de mundo mágico da Disneylândia onde Deus fornece intermináveis passeios de graça para todos. Não haverá pessoas ociosas no mundo vindouro. Isaías escreve: "Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos" (Is 65:21-22).


A imagem bíblica do mundo de amanhã é aquela em que pessoas reais se envolvem em atividades produtivas e de criatividade. Não haverá falta de tempo ou de recursos para concluir os nossos projetos. No campo do conhecimento, hoje, nós só podemos riscar a superfície de qualquer disciplina e quanto mais aprendemos, mais percebemos que há ainda muito a ser aprendido. Na nova terra, não haverá limite para o nosso crescimento no conhecimento e na graça. "Todas as faculdades se desenvolverão, ampliar-se-ão todas as capacidades. A aquisição de conhecimentos não cansará o espírito nem esgotará as energias. Ali os mais grandiosos empreendimentos poderão ser levados avante, alcançadas as mais elevadas aspirações, as mais altas ambições realizadas; e surgirão ainda novas alturas a atingir, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos objetivos a aguçar as faculdades do espírito, da alma e do corpo" (O Grande Conflito pág 677).


Continuidade com a presença de Cultura
A vida na nova terra vai envolver uma certa continuidade com o que pode vagamente ser nossa cultura atual. Isto é sugerido pelo fato de que Deus vai purificar esta terra e ressuscitar o nosso corpo, ao invés de criar um novo planeta com habitantes novos.


Outra indicação significativa de continuidade é encontrada em Apocalipse 21:24, 26 que diz: "os reis da terra trarão para ela [cidade] a sua glória. . . . a ela trarão a glória e a honra das nações". Esta passagem sugere, em primeiro lugar, que os habitantes da nova terra vão incluir pessoas que alcançaram grande destaque e poder neste mundo: reis, presidentes, cientistas, e assim por diante. Em segundo lugar, as contribuições únicas que indivíduos ou nações têm feito para a melhoria da vida presente não serão perdidas. Eles vão continuar a enriquecer a vida da nova terra. Isso nos dá razão para acreditar que os avanços tecnológicos do nosso tempo nos campos de computadores, comunicação e viagem não serão perdidos, mas serão muito maiores, refinados e aperfeiçoados.


Deus, que afirma a bondade do mundo que Ele fez, e que valoriza nossas realizações criativas, não irá simplesmente descartar todo o trabalho criativo que homens e mulheres têm produzido, muitas vezes em grande sacrifício pessoal. É reconfortante pensar que o valor do nosso trabalho criativo se estenderá além da vida presente para a nova terra. A preservação das conquistas da humanidade original sugere que a vida na nova terra não será monótona e sem cor, mas emocionante e gratificante.


Ausência do Mal
A diferença mais notável entre a nossa vida presente e a da nova terra será a ausência de todas as coisas que agora limitam ou prejudicam a nossa vida. O diabo, que é a fonte suprema de todas as formas do mal, será destruído no lago de fogo (Apocalipse 20:10). Por conseguinte, não haverá mais uma manifestação do mal dentro de nós ou ao nosso redor. É difícil imaginar como será viver no novo mundo sem a presença do ódio, ciúme, medo, hostilidade, discriminação, fraude, opressão, assassinato, concorrência predatória, rivalidades políticas, corridas armamentistas, recessões econômicas, tensões raciais, fome, disparidade entre ricos e pobres, doença e morte.


"Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Ap 21:4). Essas pinceladas ousadas sugerem muito mais do que elas realmente indicam. Elas sugerem que não haverá mais doenças incuráveis, nenhum acidente trágico, não heverá mais crianças aleijadas, serviços funerários, nem separações permanentes. Elas também sugerem que seremos capazes de realizar nossos objetivos inspirados por Deus. Em nossa vida presente, doença ou morte, muitas vezes termina com projetos ambiciosos que estávamos buscando. Na nova terra, todos terão tempo e recursos ilimitados para atingir as metas mais elevadas.


Ausência do Medo
A ausência do mal será evidente, especialmente a ausência do medo, insegurança e ansiedade. Nossa vida atual é constantemente exposta a riscos, incertezas e medos. Temos medo da perda do nosso trabalho, medo de ter um assaltante em nossa casa, de roubarem nosso carro, da infidelidade conjugal do nosso parceiro, do fracasso de nossos filhos na escola ou no trabalho, da deterioração da nossa saúde, da rejeição pelos colegas. Em uma palavra, temos medo de todas as incertezas da vida. Tais temores enchem nossas vidas com ansiedade, contradizendo assim o propósito de Deus para nós e diminuindo nosso potencial humano.


As Escritura usam várias imagens para tranquilizar-nos que na nova terra não haverá medo ou insegurança. Ela fala de uma cidade com bases permanentes construída pelo próprio Deus (Hb 11:10), e de "um reino que não pode ser abalado" (Hb 12:28). Talvez a imagem mais sugestiva de segurança para os cristãos do primeiro século fosse uma cidade com "um grande muro alto" (Apocalipse 21:12). Uma vez que os enormes portões eram fechados nas cidades antigas, os seus cidadãos poderiam viver dentro delas em relativa segurança. Para enfatizar a segurança completa na nova terra, a Cidade Santa foi mostrada à João como tendo paredes que são tão elevadas como o seu comprimento (Apocalipse 21:16).


Ausência de Poluição
Um dos aspectos mais agradáveis da vida na nova terra será o seu meio ambiente limpo. "Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro" (Apoc 21:27). A liberdade da poluição moral do pecado será refletida na liberdade da poluição física do meio ambiente. A vida já não será ameaçada pela poluição irresponsável nem pelo esgotamento dos recursos naturais, porque os cidadãos da Nova Terra serão fiéis despenseiros da nova criação de Deus.


Não haverá "áreas para fumantes" na nova terra, porque ninguém nunca mais vai querer fumar. Que alívio será sermos capazes de respirar sempre ar fresco, ar limpo, dentro e fora de casa; de podermos beber de qualquer fonte de água límpida e cristalina, de comer alimentos frescos saudáveis não contaminados por agrotóxicos ou conservantes!


Também é reconfortante o fato de que os cidadãos da nova terra serão administradores responsáveis da nova criação de Deus e não vão desperdiçá-la novamente. Eles provavelmente vão produzir poucos resíduos e saber como eliminá-lo de tal forma que a natureza será capaz de assimilar e processar. Um perfeito equilíbrio ecológico será preservado, o que irá garantir o bem-estar da criação humana e sub-humana.


A Presença de Deus
O aspecto mais original e gratificante da vida na nova terra será uma experiência sem precedentes da presença de Deus entre o Seu povo. "Eis a morada de Deus com os homens. Ele habitará com eles, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles" (Ap 21:3). Essas palavras são familiares a promessa central da aliança da graça de Deus (cf. Jer 31:33; Hb 8:10), que será realizada totalmente na nova terra.


A presença de Deus na nova terra será tão real que "A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada" (Ap 21:23). Os crentes desfrutarão na nova terra abençoada a comunhão que Adão e Eva experimentaram a cada sábado, quando Deus ia visitá-los. A queda interrompeu esta comunhão abençoada, mas o sábado ficou para lembrar os fiéis da sua futura restauração (Hb 4:9). A nossa celebração semanal do sábado alimenta a nossa esperança da futura comunhão com Deus na nova terra. Isso vai ser, como diz Agostinho, "o maior dos sábados" quando "Aí repousaremos e veremos; veremos e amaremos; amaremos e louvaremos, E isto será no fim sem fim".


Culto Regular e mais Rico
Central para a vida na nova terra será a adoração regular à Deus. Isaías descreve a regularidade e a estabilidade da adoração na nova terra, em termos familiares a seu tempo: "E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR" (Is 66: 23). O contexto indica que essa reunião regular para adoração remete, antes de tudo, a tão esperada restauração política de Jerusalém e dos seus serviços religiosos (v. 20) e, segundo, para a restauração final da terra, dos quais o primeiro era um tipo. Os profetas muitas vezes viam as últimas realizações divina através da transparência da iminência de acontecimentos históricos.


Isaías menciona a "lua nova", juntamente com o sábado, porque a primeira desempenhava um papel vital na determinação do início do novo ano, de cada mês, e também das datas para comemorar os principais festivais anuais, tais como a Páscoa, o Pentecostes, e o Dia da Expiação. Para eles o aparecimento da lua nova significava a regularidade e estabilidade da adoração.


Tanto a adoração pessoal como a pública será regular e rica em expressão e significado. Na vida presente, adoramos a Deus apesar de nem sempre entender por que Ele permite que o ímpio prospere e os inocentes sofram. Na nova terra, esse mistério será resolvido pois aos remidos será dada a oportunidade de compreenderem a imparcialidade dos julgamentos de Deus. "Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos! . . . porque os teus juízos foram revelados" (Ap 15:4). Esta revelação da justiça e da misericórdia divina inspirará os remidos a louvarem a Deus, dizendo: "Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos" (Ap 19:1-2).


A adoração será mais rica na nova terra, não só por causa da apreciação plena da misericórdia e da justiça de Deus, mas também por causa da oportunidade de adorar a Deus de forma visível. "...O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas" (Ap 22:3-4). Este texto sugere que o culto a Deus na nova terra irá enriquecer os crentes com um completo conhecimento e gozo de Deus...


Comunhão com Todos os Crentes
A comunhão que vamos desfrutar com a Trindade vai colocar-nos em comunhão com os crentes de todas as idades e de todo o mundo. Hoje só podemos ter comunhão com aqueles que vivem em nosso tempo e em nosso entorno imediato. Na nova terra, a nossa irmandade vai se estender àqueles que viveram em todos os países e eras: patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, missionários, pioneiros, nossos antepassados, familiares e descendentes, pastores e leigos.


O símbolo desta comunhão é o grande banquete de casamento do Cordeiro: "Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro" (Ap 19:9). Esta comunhão vai incluir "uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, de todas as tribos, povos e línguas" (Ap 7:9). É impossível imaginar a inspiração e informação que vamos ganhar ao nos tornar pessoalmente familiarizados com as pessoas mais bem dotadas que já viveram.


Numa altura em que muitos cristãos estão perdendo o interesse no mundo vindouro porque o acham muito casto, muito desinfectado, muito irreal, e muito chato, é imperativo recuperar a visão bíblica holística e realista da nova terra. Ela será um lugar onde todas as faculdades serão desenvolvidas, nossas mais elevadas aspirações serão realizadas, os mais grandiosos empreendimentos serão realizados, e a mais doce comunhão com Deus e com os semelhantes será apreciada.


Esta gloriosa visão bíblica do mundo vindouro pode despertar a nossa imaginação, alimentar a nossa esperança e fortalecer a nossa fé, enquanto vivemos entre as incertezas e dificuldades da vida presente. Ela pode inspirar-nos "a viver sóbria, reta, justa e piedosamente neste mundo" (Tito 2:13), enquanto estamos aguardando a consumação da nossa bendita esperança, a vinda de nosso Salvador para restaurar este mundo à sua perfeição original.


Parte III. Haverá Relações Conjugais no Mundo Vindouro?
Haverá relações conjugais no mundo vindouro? A resposta de muitos cristãos sinceros é "NÃO!" Eles acreditam que na ressurreição os remidos receberão algum tipo de corpo espiritual "unisex" que irá substituir nossos atuais corpos físicos e heterossexuais. Sua crença é proveniente de um mal-entendido das palavras de Jesus em Mateus 22:30: "Porque na ressurreição nem se casam nem são dados em casamento, mas serão como anjos no céu".


Será que esse texto implica que na ressurreição todas as distinções sexuais vão ser abolidas e que nossos corpos não serão mais físicos? Se esta interpretação fosse correta, isso significaria que, ao contrário do que diz a Escritura, na criação original da humanidade, seres heterossexuais não eram realmente "muito bom" (Gn 1:31). Para remover os "erros" de sua criação original, Deus iria achar necessário no novo mundo criar um novo tipo de ser humano, supostamente composto de corpos "não-físicos e unissex".


Mudança Implica Imperfeição
Para dizer o mínimo, este raciocínio é absurdo para quem crê na onisciência e imutabilidade de Deus. É normal para os seres humanos introduzirem novos modelos e estruturas para eliminar as deficiências existentes. Para Deus, porém, isso seria anormal e incoerente, pois Ele conhece o fim desde o início.


Se na ressurreição Deus fosse mudar nossos atuais corpos físicos e heterossexuais em corpos "não-físicos e unissex", então, como Anthony A. Hoekema observa com razão: "O diabo teria vencido uma grande vitória, visto que Deus teria então sido obrigado a mudar os seres humanos com um corpo físico, como ele havia criado, em criaturas de uma espécie diferente, sem um corpo físico (como os anjos). Então, pareceria na verdade que a matéria tinha se tornado intrinsecamente má, e teria que ser banida. E então, num certo sentido, os filósofos gregos teriam provado estarem certos. Mas a matéria não é má, ela faz parte da boa criação de Deus".


Como Anjos
Um estudo da declaração de Jesus em seu próprio contexto não dá suporte à visão de que na ressurreição os remidos receberão corpos angéilicos, não-físicos e unissex. O contexto é uma situação hipotética criada pelos saduceus, em que seis irmãos casaram-se em sucessão com a viúva de seu irmão. O objetivo de tais sucessivos casamentos era o levirato, não era relacional, mas para procriação, ou seja, "suscitar descendência" ao irmão falecido (Mt 22:24). A questão colocada pelo teste dos saduceus era: "Na ressurreição, de qual dos sete será ela mulher?" (Mt 22:28).


Para responder a esta situação hipotética, Jesus afirmou: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu" (Mt 22:30). No contexto da situação hipotética de sete irmãos casando com a mesma mulher para dar-lhe uma prole, a referência de Cristo para não se casar ou se dar em casamento, mas ser como os anjos, provavelmente significa que o casamento como um meio de procriação deixará de existir no mundo vindouro. É evidente que se não nascem novas crianças, aqui não haverá possibilidade de se casar um filho ou de dar uma filha em casamento. A cessação da função procriativa do casamento vai fazer os remidos "Como os anjos" que, aparentemente, não se reproduzem após sua própria semelhança.


Em sua resposta, Jesus não lida com a questão imediata do estado civil da mulher casada sete vezes, mas com a questão mais ampla da função procriativa do casamento, que, afinal, era a razão dos sete irmãos casaram-se com a mesma mulher. Este método indireto de responder a perguntas não é incomum nos ensinamentos de Jesus. Por exemplo, quando questionado pelos fariseus: "É lícito ao homem repudiar sua mulher?" (Marcos 10:02), Jesus optou por ignorar a questão imediata, enfatizando o design original da Criação para o casamento como um compromisso ao longo da vida, sem divórcio (Marcos 10:5-9).


Solteiro no Céu?
A cessação da função procriativa do casamento implica também a rescisão de sua função relacional? Não é necessariamente assim. Se Deus criou os seres humanos no início como macho e fêmea, com a capacidade de experimentar uma unidade de comunhão íntima, não há razão para supor que Ele vai recriá-los no final, como seres unissex, que vão viver como pessoas solteiras, sem a capacidade de experimentar a unidade de comunhão existente em um relacionamento homem / mulher.


A doutrina das primeiras coisas, conhecida como etiologia, deve iluminar a doutrina das Últimas Coisas, conhecida como escatologia. Se Deus achou Sua criação do ser humano como homem e mulher muito boa (Gn 1:31), no início, Ele iria descobrir que não era tão boa assim no final? Temos razões para acreditar que aquilo que era "muito bom" para Deus, no início também será "muito bom" para ele no final.


Os cristãos, que acreditam que a vida humana não se originou perfeitamente por escolha divina, mas imperfeitamente por acaso, por geração espontânea, podem achar que é racional acreditar em uma reestruturação radical dos seres humanos de físicos e heterossexuais para não-físicos e unissexuais. Eles poderiam explicar essa transformação, como parte do processo evolutivo usado por Deus. Mas para os cristãos como eu, que acreditam em uma criação original perfeita e que celebram com o sábado a perfeição da criação original de Deus, é impossível imaginar que no final Deus vai mudar radicalmente a estrutura e natureza do corpo humano.


Cessação da Procriação
A cessação da capacidade reprodutiva humana no mundo vindouro, como implica a declaração de Jesus em Mateus 22:30, pode ser vista como uma mudança no projeto original de Deus para a função da sexualidade humana. Mas isso não é necessariamente verdade. A Escritura sugere que Deus já tinha contemplado tal mudança em seu plano original, quando disse: "Sede fecundos e multiplicai e enchei a terra" (Gn 1:28).


O comando para "encher a terra" pressupõe que Deus tinha a intenção de encerrar o ciclo de reprodução uma vez que a terra tivesse sido preenchida por um número ideal de pessoas. Em um mundo perfeito, sem a presença da morte, o equilíbrio ecológico entre a terra e o povo teria sido alcançado em um tempo relativamente curto. Naquela ocasião, Deus teria interrompido o ciclo de reprodução das criaturas humanas e sub-humanos, para proteger o ecossistema do planeta.


É razoável presumir que a ressurreição e a trasladação dos santos constituem o cumprimento do plano original de Deus para o "recheio" da terra. Em certo sentido, os remidos representam o número ideal de habitantes que esta terra renovada será capaz de suportar de forma adequada. Isto é sugerido pela referência a nomes ", escrito antes da fundação do mundo no livro da vida" (Ap 13:8; 17:08 ver; 21:27, Dan 13:1; Phil 4:3). A menção dos nomes sugere a existência de um plano original divino mestre para um número ideal de justiça a habitar esta terra. Tinha pecado não haviam surgido, Deus em Sua providência teria interrompido o ciclo de reprodução uma vez que o número ideal de pessoas haviam sido atingidas. Mas a cessação da função procriativa do casamento, antes ou depois da queda não exige a cessação da sua função relacional.


A Continuidade dos Relacionamentos
A referência de Jesus a sermos "como anjos" (Mateus 22:30) na ressurreição não implica necessariamente a cessação da função relacional do casamento. Lugar nenhum das Escrituras sugerem que os anjos são seres "unissex", incapazes de se envolver em um relacionamento íntimo semelhante ao do casamento humano. O fato de que os anjos são freqüentemente mencionados na Bíblia em pares (Gn 19:1; Ex 25:18; um rei 6:23) sugere que eles podem desfrutar de relações íntimas de casais.


Deus revelou-se, não como um Ser solitário que vive em alheamento eterno, mas como uma comunhão de três seres tão intimamente unidos que nós adoramos como um só Deus. Se o próprio Deus vive em um relacionamento mais íntimo com os outros membros da Trindade, não há razão para crer que Ele eliminaria no final a função unitiva do matrimónio que Ele próprio, estabeleceu na criação.


O Suporte para esta conclusão é fornecido também pelo fato de que as distinções sexuais de masculinidade e feminilidade são apresentados nas Escrituras como reflexo da "imagem de Deus" (Gn 1:27). Um aspecto da "imagem de Deus" na humanidade é a capacidade dada por Deus ao homem e a mulher experimentarem através do casamento uma unidade de companheirismo semelhante à existente na Trindade. Se a masculinidade e a feminilidade humanas refletia a imagem de Deus na criação, temos razão para acreditar que vão continuar a refletir a imagem de Deus na restauração final de todas as coisas. O propósito da redenção não era a destruição da criação original de Deus, mas a sua restauração para a sua perfeição original. É por isso que a Escritura fala da ressurreição do corpo e não da criação de novos seres.


Os Comentários de Ellen White Sobre a Reunificação das Famílias
Os ensinamentos de Ellen White sobre as relações conjugais no mundo vindouro parecem ser contraditórias. Por um lado, ela afirma que não haverá casamento no mundo por vir, mas por outro lado, ela afirma várias vezes que as famílias vão se reunir. As declarações ocorrem em uma última carta de conforto que ela escreveu para pessoas que perderam um ente querido.


Quanto casamentos e nascimentos na nova terra, Ellen White afirma claramente:


"Homens há hoje que expressam a crença de que haverá casamentos e nascimentos na nova Terra; os que crêem nas Escrituras, porém, não podem admitir tais doutrinas. A doutrina de que nascerão filhos na nova Terra não constitui parte da "firme palavra da profecia". As palavras de Cristo são demasiado claras para serem entendidas mal." Elas esclarecem de uma vez por todas a questão dos casamentos nascimentos na nova Terra. Nenhum dos que forem despertados da morte, nem dos que forem trasladados sem ver a morte, casará ou será dado em casamento. Eles serão como os anjos de Deus, membros da família real" (Mensagens Escolhidas I, págs 172 e 173).


Esta afirmação categórica parece contradizer os comentários de Ellen White sobre a reunificação das famílias na vinda de Cristo. Seus comentários são normalmente encontrados em cartas de conforto que ela escreveu para as pessoas que tinham perdido um membro da família.


Para um irmão que perdeu a esposa, Ellen White escreveu:


"Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes" (Mensagens Escolhidas 2, págs 262-263).


Escrevendo para crianças que perderam o pai, Ellen White as encoraja com estas palavras:


"Dai vosso coração ao amante Salvador, e fazei tão-somente aquilo que é agradável a Sua vista. Não façais nada que entristeça vossa mãe. Lembrai-vos de que o Senhor vos ama, e que cada um de vós pode tornar-se membro da família de Deus. Se fordes fiéis aqui, quando Ele vier nas nuvens do céu revereis vosso pai, e sereis uma família unida" (Mensagens Escolhidas 2, págs 265-266).


Como conciliar os comentários de Ellen White sobre a reunificação das famílias na nova terra, com suas declarações de que não haverá casamentos no mundo vindouro? Quer isto dizer que as famílias existentes serão reunidas, mas os crentes que são solteiros na vinda de Cristo, vão permanecer solteiros por toda a eternidade? Haverá dois grupos de pessoas na nova terra: as famílias e os solteiros, vivendo lado a lado?


Se a instituição do casamento termina no mundo por vir, então, membros de uma mesma família não irão se reunir, mas serão separados e viverão um estilo de vida de solteiros. Acho que é difícil aceitar essa visão, porque, como dito anteriormente, Deus achou Sua criação do ser humano como homem e mulher muito boa (Gn 1:31) no início. É difícil acreditar que no final Deus iria descobrir que sua criação original masculino / feminino não era tão boa depois de tudo. Temos razões para acreditar que aquilo que era "muito bom" para Deus, no início também será "muito bom" para ele no final.


Conclusão
A conclusão que emerge do nosso estudo da Bíblia é que a nova Terra não será um mundo etéreo em algum lugar fora do espaço habitado por almas espirituais, angelicais e unissex, mas o nosso mundo de hoje, restaurado à sua perfeição original e habitado por pessoas físicas reais. Descobrimos que as Escrituras retratam a nova terra como um lugar cosmopolita complexo, onde pessoas de diferentes raças, culturas e línguas, viverão uma vida ativa e emocionante.


Alguns dos aspectos mais gratificantes de viver na nova terra será adorar a Deus de modo visível, experimentar mais plenamente a Sua presença e poder em nossas vidas, a comunhão com os crentes de todas as eras, o alcançar nossas mais elevadas aspirações, o viver em um mundo limpo e feliz, sem medo da poluição, violência, acidentes, doenças e morte.


Quanto à instituição do casamento, a Escritura sugere a cessação da função procriativa do casamento no mundo vindouro. Mas a função relacional do casamento vai continuar. Deus criou os seres humanos no início como macho e fêmea, com a capacidade de experimentar uma unidade de comunhão íntima. Assim, não há razão para supor que Ele vai recriá-los no final, como seres unissex, que vão viver como pessoas solteiras, sem a capacidade de experimentar a unidade de comunhão existente em um relacionamento homem / mulher.


Deus revelou-se, não como um Ser solitário que vive em alheamento eterno, mas como uma comunhão de três seres tão intimamente unidos que nós os adoramos como um só Deus. Se o próprio Deus vive em um relacionamento mais íntimo com os outros membros da Trindade, não há razão para crer que Ele eliminaria no final a função unitiva do matrimónio e que Ele próprio estabeleceu na criação.


Estudo de autoria do  já falecido Samuele Bacchiocchi, Ph. D., Professor aposentado de Teologia e História da Igreja, Andrews University. Extraído de sua EndTime Issue Newsletter nr.173. Crédito da Tradução: Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com/

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