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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Podemos crer que Jesus ascendeu duas vezes ao Céu: uma, no próprio dia de Sua ressurreição e, outra, 40 dias mais tarde?


Após a ressurreição de Jesus, Maria Madalena O encontrou junto ao sepulcro e procurou estabelecer diálogo, mas Ele pediu para não ser detido, pois ainda não havia subido ao Pai (João 20:11-18). Depois disso, Jesus  não apenas Se deteve com outras pessoas, como também dialogou demoradamente com algumas delas (ver Luc. 24:13-50; João 20:19-29; 21:1-23; Atos 1:3; I Cor. 15:3-8). O contraste entre o pedido inicial para não ser detido e a iniciativa posterior de Se deter com os discípulos sugere uma breve ascensão temporária de Cristo à presença do Pai nas cortes celestiais no próprio dia da ressurreição. 
O livro  O Desejado de Todas as Nações descreve tanto a ascensão temporária de Jesus no dia da ressurreição (cf. João 20:17) quanto Sua ascensão definitiva 40 dias mais tarde (Mar. 16:19; Luc. 24:50 e 51; Atos 1:6-11). Em relação à primeira delas, encontramos na pág. 790 da referida obra a seguinte declaração: “Jesus recusou receber a homenagem de Seu povo até haver obtido a certeza de estar Seu sacrifício aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais, e ouviu do próprio Deus a afirmação de que Sua expiação pelos pecados dos homens fora ampla, de que por meio de Seu sangue todos poderiam obter a vida eterna. O Pai ratificou o concerto feito com Cristo, de que receberia os homens arrependidos e obedientes, e os amaria mesmo como ama a Seu Filho. [...] Todo o poder no Céu e na Terra foi dado ao Príncipe da Vida, e Ele voltou para Seus seguidores num mundo de pecado, a fim de lhes comunicar Seu poder e glória.” 
Sobre a ascensão definitiva de Cristo, 40 dias após Sua ressurreição, O Desejado de Todas as Nações, págs. 833 e 834, afirma: “Todo o Céu estava esperando para saudar o Salvador à Sua chegada às cortes celestiais. Ao ascender, abriu Ele o caminho, e a multidão de cativos libertos à Sua ressurreição O seguiu [Mat. 27:51-53]. A hoste celestial, com brados de alegria e aclamações de louvor e cântico celestial, tomava parte na jubilosa comitiva. [...] Estão ansiosos por celebrar-Lhe o triunfo e glorificar seu Rei. Mas Ele os detém com um gesto. Ainda não. Não pode receber a coroa de glória e as vestes reais. Entra à presença do Pai. Mostra a fronte ferida, o atingido flanco, os dilacerados pés; ergue as mãos que apresentam os vestígios dos  cravos. Aponta para os sinais de Seu triunfo; apresenta a Deus o molho movido, aqueles ressuscitados com Ele como representantes da grande multidão que há de sair do sepulcro por ocasião de Sua segunda vinda. [...] Ouve-se a voz de Deus proclamando que a justiça está satisfeita. Está vencido Satanás. [...] Os braços do Pai circundam o Filho, e é dada a ordem: ‘E todos os anjos de Deus O adorem’ [Heb. 1:6].” E o livro  Atos dos Apóstolos, págs. 38-39, acrescenta que, tão logo essa cerimônia foi concluída nas cortes celestiais, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes como evidência da aceitação do sacrifício de Cristo. 
Alguém poderia ser tentado argumentar que a ascensão temporária de Cristo no dia da 
ressurreição seria inviável porque o tempo de duração da viagem entre a Terra e o Céu é de uma semana. É certo que Ellen G. White menciona  em Primeiros Escritos, pág. 16, que os remidos ascenderão durante “sete dias” para o mar de vidro (Apoc. 15:2), mas isso não significa que Cristo e os anjos levem o mesmo tempo para fazer o percurso. O fato de Cristo ter ascendido ao Céu após o diálogo com Maria Madalena (João 20:11-18) e estar de volta mais tarde, naquele mesmo dia, para acompanhar dois de Seus discípulos no caminho de Emaús (Luc. 24:13-49) deixa claro que Cristo não mais estava limitado ao tempo. De modo semelhante, o anjo Gabriel veio das  cortes celestiais em questão de minutos para atender à oração de Daniel (Dan. 9:20-23; cf. 9:1-19). 
Portanto, existem evidências suficientes para crermos que Cristo ascendeu, ligeiramente, ao Céu após Sua ressurreição e, definitivamente, 40 dias mais tarde. Em ambas as ascensões, houve uma ratificação da obra redentora de Cristo em favor dos pecadores. Após Sua primeira ascensão, Cristo retornou à Terra a fim de “comunicar Seu poder e glória” aos Seus discípulos. Após Sua segunda ascensão, Cristo permaneceu como Rei e Sacerdote nas cortes celestiais (ver Zac. 6:13; Heb. 4:14-16), mas enviou o Espírito Santo como Seu agente regenerador e santificador (ver João 14:16 e 17, 26; 16:7-15). 


Revista do Ancião (julho – setembro de 2006) 
Dr. Alberto Timm

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