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“Examinais (ou examinai) as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam”.
Por que razão algumas traduções da Bíblia apresentam o verbo examinar em João 5:39 no modo indicativo e outras no imperativo?
Seriam ambas as traduções igualmente corretas? Ou seria uma melhor do que a outra?
O problema com esta passagem encontra-se no seguinte: as segundas pessoas do plural do presente do indicativo e do imperativo são idênticas em grego, portanto, o original “ereunate” pode ser traduzido por examinais ou examinai. Diante deste impasse, a única maneira segura de solucionar o problema é o estudo do contexto.
Comentários
As traduções de Almeida Revista e Corrigida, e Almeida Atualizada no Brasil, bem como a Bíblia de Jerusalém apresentam examinais, mas a Atualizada e a Bíblia de Jerusalém trazem uma nota ao pé da página indicando ser possível também traduzir o verbo no modo imperativo examinai.
Após a leitura da exposição de comentaristas e exegetas, que se seguem, você estará em condições de responder com mais autoridade sobre esta declaração de Cristo:
“Examinai as Escrituras. Esta passagem pode ser traduzida ou como uma simples declaração ‘Vós examinais as Escrituras’, ou como uma ordem ‘Examinai as Escrituras’. O contexto parece indicar que estas palavras são mais bem compreendidas como uma franca declaração de Cristo aos judeus: “Vós examinais…”. Era um antigo pensamento judeu que o conhecimento da lei asseguraria ao homem a vida eterna. Afirmam que Hillel, um rabino do 1º século a.C., havia declarado: ‘aquele que adquiriu para si as palavras da Torá, adquiriu para si mesmo a vida do mundo por vir’. Jesus aqui faz uso desta crença para lembrar aos judeus que as Escrituras nas quais eles pensavam encontrar a vida eterna eram os escritos que testificavam dEle (veja Patriarcas e Profetas, 367). Esta passagem tem também sido usada efetivamente como uma injunção para estudar as Escrituras (veja Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 121). Tivessem os judeus pesquisado as Escrituras com os olhos da fé, eles teriam sido preparados para reconhecer o Messias quando Ele estivesse entre eles” (Comentário Bíblico Adventista, referente João 5:39).
“Orígenes e Tertuliano advogam o uso imperativo aqui, portanto, a nossa exortação familiar ‘Examinai as Escrituras’ remonta pelo menos ao fim do segundo século. Este mesmo comentário, porém, opina que é melhor traduzir pelo indicativo – examinais, e interpreta: ‘Vós examinais a Escritura por causa da vossa crença errada de que essa minuciosa pesquisa de palavras e sílabas nos livros sagrados vos assegure a vida no porvir. Estais errados. O valor das Escrituras é que testemunham de Mim. E estais duplamente errados porque não vindes para Mim pessoalmente, quando Eu vos concedo a oportunidade’” (William Carey Taylor, O Evangelho de João, vol. 2, pág. 171).
“Todos os antigos exegetas, com exceção de Ciril, lêem no modo imperativo. Mais recentemente é que um bom número tem considerado no indicativo. A questão é unicamente de contexto, desde que nenhuma outra evidência está disponível. Mas, o certo é que o imperativo se ajusta à situação total, enquanto que o indicativo requer modificações, que não temos o direito de fazer. Jesus disse aos judeus: ‘Aqui está o Meu testemunho, examinai-o’” (R. C. H. Lenski, The Interpretation of St. John’s Gospel, pág. 413).
“A forma do verbo pode ser indicativa ou imperativa; o contexto mostra que o indicativo foi a forma usada. Somente esta interpretação faz sentido com “ereunate”, que segue, e com o contexto total” (C. K. Barrett, The Gospel According to St. John, pág. 222).
“Examinais as Escrituras. Estudaram as Escrituras pensando que a obediência mecânica aos preceitos da lei lhes daria o galardão da vida eterna. Não estavam errados em estudar as Escrituras na esperança de encontrar a vida eterna, mas sua interpretação delas estava totalmente errada, e não podiam encontrar o Cristo, que é o centro das Escrituras” (Edições Vida Nova, O Novo Comentário da Bíblia, pág. 1075).
“Não há maneira (com base na gramática grega ou na estrutura das sentenças do versículo) de averiguar com certeza se a palavra examinais é a tradução correta aqui, pois no grego pode ser tanto o indicativo, o que significaria costumais examinar, indicando uma ação contínua, ou, então, pode ser o imperativo, o que seria ‘examinai as Escrituras‘, como se fora uma ordem. Segundo a gramática grega pode ser uma coisa ou outra e há uma longa lista de nomes de intérpretes que têm defendido ambos os lados da questão. Porém, como quer que compreendamos a sentença, o sentido do versículo em nada é afetado. Parece mais provável que a tradução da Almeida Atualizada está correta aqui, ao traduzir a frase com o verbo no modo indicativo, o que descreve a febril atividade do estudo das Escrituras do Antigo Testamento, por parte do povo de Israel, e, mais especialmente ainda, pelas suas autoridades religiosas, para quem o conhecimento das Escrituras era motivo de intensa ufania…
“Os rabinos costumavam dizer: ‘Aquele que adquire as palavras da lei, adquire para si mesmo a vida eterna'” (Russell Norman Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 2, págs. 350-351).
“Este verso deve ser traduzido não no modo imperativo, mas no indicativo. Assim: ‘Examinais diligentemente as Escrituras’. É sobejamente conhecido que estas palavras são comumente traduzidas no imperativo; mas tal tradução não se ajusta de maneira alguma ao verso seguinte, e a força e intensidade das palavras também não pode ser percebida por esta versão” (Adam Clarke, Clarke’s Commentary, vol. 5, pág. 554).
Conclusão
A estrutura da frase em grego nos leva a concluir que a única tradução correta é examinais. Se fosse imperativo, a oração subordinada seria: para que tenhais ou a fim de terdes vida eterna.
O plano da salvação apresentado na Bíblia jamais admitiria que Cristo ensinasse que a vida eterna possa ser adquirida pelo diligente estudo das Escrituras.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
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Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
A tarefa de explicar a Bíblia é difícil pelas seguintes circunstâncias:
a) Muitos foram seus autores.
b) O tempo da sua composição compreende um período de 1.600 anos.
c) Seus livros foram compostos em lugares inteiramente diversos.
d) Os costumes daquelas pessoas eram totalmente diferentes dos do mundo moderno.
e) O cunho das línguas hebraica e grega é bem diferente das línguas modernas.
Regras de Interpretação
1º) O texto bíblico deve ser explicado gramaticalmente, tendo em vista a significação das palavras; observando que há palavras que possuem significados diferentes em contextos diferentes.
Um exemplo frisante é carne, que significa, algumas vezes, o que é terno e dócil, como em Ezequiel 11:19: “Dar-lhe-ei um coração de carne“, em oposição a um coração de pedra. Significa também a natureza humana sem referência alguma ao estado pecaminoso, como em João 1:14; Romanos 1:3; 9:3; porém, mais comumente ainda se refere à natureza humana, corrupta e pecadora como em Romanos 8:5; Efésios 2:3. Tem, além disso, a significação daquilo que, religiosamente falando, é exterior e cerimonial, como distinto do que é interior e espiritual, o que se pode ver em Gálatas 6:12 e 3:3.
Em Romanos 11:14 (RC) – “incitar à emulação os da minha carne”, significa minha raça, meu povo. João 1:14 – “o verbo se fez carne”, Deus se tornou um ser humano.
Outra palavra importante por possuir muitas significações é sangue. As passagens seguintes confirmam suas diferenças:
Mateus 27:25 – “Caia sobre nós o Seu sangue”, significa a culpa de O terem sentenciado à morte caia sobre nós.
Romanos 5:9 – “… sendo justificados pelo Seu sangue”, tem o sentido da sua obediência até a morte.
Hebreus 9:14 – “… o sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas”, isto é, o Seu sacrifício é o fundamento da justificação e o instrumento e o motivo da santificação.
2º) A segunda regra de interpretação muito útil é conhecer o objetivo de certos livros serem escritos e também específicos capítulos. Por exemplo, Gálatas foi escrito porque membros da Galácia influenciados por mestres judaizantes pensavam em ser justificados guardando a lei e requisitos dos judaizantes. (Gálatas 2:16; 3:1-6)
Tiago – o objetivo do autor é provar que ninguém pode ser justificado por uma fé passiva, uma fé que não produza boas obras.
Certas parábolas apenas serão compreendidas levando em consideração as circunstâncias em que foram proferidas, como exemplo a do Rico e Lázaro.
3º) A terceira regra exegética da Bíblia é comparar a Escritura com a Escritura. Se este princípio fosse sempre seguido muitos erros seriam evitados. Um exemplo bastante frisante neste aspecto é Mateus 16:18 – “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha igreja”. Comparando esta passagem com 1Coríntios 3:11, tudo começa a se esclarecer, porque Paulo diz que o único fundamento da igreja é Cristo. Outra passagem incisiva para provar quem era a pedra sobre a qual a igreja seria edificada é do próprio Pedro na sua primeira epístola, capítulo 2:4-8.
Este princípio hermenêutico é também denominado de consulta às passagens paralelas, isto é, aquelas que tratam do mesmo assunto. Dentre os muitos exemplos bíblicos, que podem ser citados de passagens paralelas, o primeiro que me veio à mente foi Lucas 16:16. A passagem paralela muito mais clara em explicar o que Lucas queria dizer é Mateus 11:13 – “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João”.
Como segundo exemplo elucidativo pode-se ver Atos 2:21. Neste verso, Pedro declarou: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Parece haver uma contradição com Mateus 7:21 – “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos Céus”.
Que significa invocar o nome do Senhor? A leitura das passagens paralelas de Romanos 10:13-15 e 1Coríntios 1:2 (citação de Joel 2:32) nos informa que significa a aceitação da obra do Messias e ter confiança nas doutrinas que Ele revelou.
Muitas passagens das Escrituras tem de ser explicadas pondo-as em relação, não com um ou mais textos, mas com as normas gerais da Palavra de Deus. Por exemplo: se alguém quiser interpretar as passagens da Bíblia que se referem à justificação pela fé, como se elas nos desobrigassem de obedecer à lei e de levar uma vida de santidade, tal interpretação deve ser rejeitada, porque é contrária ao espírito do evangelho.
Uma passagem sempre citada para esposar ideias não defensáveis pela Bíblia é Provérbios 16:4 – “O Senhor fez todas as coisas para determinados fins, e até o perverso para o dia da calamidade”. Uma interpretação deste texto isoladamente parece indicar que os ímpios foram criados para poderem ser condenados, mas esta ideia não se conforma com muitas outras passagens da Bíblia. Basta ler Salmos 145:9 e 2Pedro 3:9. O significado, portanto, de Provérbios 16:4 é este: todo mal contribui para a glória de Deus e promove a realização dos seus insondáveis desígnios.
O sentido geral das Escrituras foi denominado por teólogos antigos, como Orígenes, de “a analogia da fé”, pela interpretação que davam a Romanos 12:6, onde está a palavra […]. Hoje os intérpretes afirmam que a passagem se refere à medida ou à proporção da fé dos que profetizam.
Auxílios Prestados pelas Línguas Originais
Mesmo as melhores traduções não conseguem transmitir as nuances de certas palavras, as subtilezas das expressões idiomáticas, as tênues diferenças de significação dos sinônimos. Sendo que muitos destes aspectos ficam velados nas traduções, a leitura do verso no hebraico e no grego poderá captar o seu verdadeiro sentido.
Particularidades idiomáticas
Certas peculiaridades do original são mantidas nas traduções, dificultando assim a compreensão do verdadeiro sentido. Os seguintes exemplos são primordiais:
a) Romanos 12:20 – “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça”. Amontoar brasa viva sobre a cabeça de alguém é uma expressão idiomática hebraica, com o sentido de fazer com que a pessoa fique envergonhada do seu procedimento.
b) Mateus 6:3 – “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. Este idiotismo assim deveria ser traduzido: quando deres esmola, não deves contar o que fizeste nem mesmo ao mais íntimo amigo.
Sistema Verbal Hebraico e Grego
A compreensão destas línguas, quanto ao verbo, é muito útil na explicação de passagens difíceis. No hebraico há o intensivo e o causativo. (Intensivo – Piel e Pual; Causativo – Hifil e Hofal)
Hifil é causativo, mas também é permissivo. Em Êxodo 7:3 se diz que Deus endureceu o coração de Faraó. Moisés pergunta em Êxodo 5:22 – “Ó Senhor, por que afligiste este povo?” Há nestas duas passagens um idiotismo hebraico, o verbo usado não para expressar a execução de algo, mas a permissão para fazer isso.
Não é possível alguém fazer uma exegese correta se desconhecer alguns princípios do sistema verbal grego, como o “aspecto”, que é a duração da ação verbal. O aspecto linear nos ajuda a explicar 1João 3:9.
O uso da voz média nos indica em Atos 9:39 que as mulheres estavam usando as vestes naquele momento.
Alguns hebraísmos
Os judeus muitas vezes exprimiam o sentido de qualidade usando não o adjetivo mas um segundo nome, tendência também seguida no grego hebraizado do Novo Testamento.
1Tessalonicenses 1:3 – “a obra da vossa fé” = a vossa obra fiel.
Efésios 1:13 – “o Santo Espírito da promessa”, logo se percebe que significa – o Espírito Santo prometido.
É um hebraísmo comum na Bíblia chamar a uma pessoa que tinha uma qualidade ou era inclinada a certo mal, o filho dessa qualidade ou desse mal.
Lucas 10: 6 – “filho da paz” = pessoa pacífica.
Efésios 5: 6 – “filhos da desobediência” = filhos desobedientes.
Por respeito e consideração os hebreus evitam o uso excessivo do nome de Deus, por isso em vez de usarem a expressão “reino de Deus” eles a substituíam por “reino dos Céus”.
É um hebraísmo usar, no plural, nomes designativos de coisas grandes e suntuosas, como o céu e o mar. Daí ser comum na Bíblia o emprego de “céus” em lugar de “céu”.
A linguagem humana é muito imperfeita para transmitir conceitos divinos. Não existe nenhuma língua perfeita que possa transmitir precisamente pela palavra o pensamento exato. Neste sentido a língua grega leva vantagens sobre todas as línguas modernas. Alguém já disse com muita presteza ser a língua portuguesa “o túmulo do pensamento”. Concorda você com esta assertiva?
Não é possível numa tradução reproduzir variantes de pensamento que se encontram em uma única palavra hebraica e grega. Os exemplos poderiam ser citados às centenas confirmando esta verdade, mas limitemo-nos a estes bem elucidativos.
A mesma palavra hebraica significa abençoar e amaldiçoar, o mesmo acontecendo com ligar e separar, afligir e honrar, conhecer e desconhecer, emprestar e tomar emprestado, matar e curar. Em oposição a esta pobreza vocabular, o hebraico por vezes é rico em outros aspectos, apresentando subtilezas difíceis de serem expressas em outras línguas; por exemplo: há três palavras para janela no relato do dilúvio; três traduzidas por bolsa na história dos irmãos de José no Egito; três traduzidas por fermento no relato da páscoa; três para navio no primeiro capítulo de Jonas; cinco traduzidas por leão em apenas dois versos de Jó (4:10-11); dez palavras para lei no Salmos 119. Estes exemplos são suficientes para comprovarem a quase impossibilidade de comunicar em uma tradução todas as sombras de pensamento encontradas na língua hebraica.
Existem palavras tanto no hebraico quanto no grego difíceis de serem traduzidas por terem muitos significados, ou por não termos nenhuma palavra que transmita o seu significado original.
Hesed – afirmam os estudiosos ser a palavra mais difícil de ser traduzida do hebraico porque não temos nenhuma com o seu significado. Tem sido traduzida por graça, amor, misericórdia, compaixão, tolerância, clemência, favor, bondade etc., etc.
Logos é o melhor exemplo do grego de uma palavra com muitos significados, são mais ou menos uns 15 (João 1:1 – verbo; João 21:23 – dito, notícia; Atos 1:1 – livro, tratado; 1Coríntios 2:1 – expressão, declaração). O tradutor, ao deparar com um termo como este precisa escolher uma palavra que transmita mais exatamente o pensamento do escrito original.
Doxa, normalmente traduzida por glória, nem de longe expressa a ideia do original. Significa em grego o caráter de Deus, ou o conjunto dos atributos divinos.
O expositor das verdades bíblicas precisa estar bem consciente deste fato: muitas palavras tinham um significado no hebraico e grego secular, mas adquiriram no contexto bíblico outro significado, às vezes totalmente diferente. Uma extensa e interessante monografia poderia ser escrita sobre este assunto. Pensemos nos seguintes exemplos: batizar, fé, graça, justificar, expiar, mundo, conversão, salvar, apóstolo.
O Problema das Variantes nos Manuscritos
Chama-se variante a maneira diferente da mesma passagem se apresentar nos manuscritos ou nas traduções. Infelizmente não temos nenhum autógrafo ou manuscrito original da Bíblia. Possuímos apenas cópias de cópias.
Na maioria das passagens da Bíblia existe perfeito acordo, mas em outras surgem dificuldades de correntes da obscuridade dos caracteres originais ou de dificuldades gramaticais dessas línguas, acrescentando-se ainda algumas mudanças de um ou outro copista, de que resultam variações textuais. Um dos trabalhos da Crítica Textual é estudar essas variações e determinar o que teria escrito o autor bíblico.
Uma verdade deve ser conhecida: nenhuma doutrina bíblica foi afetada por mudanças no seu texto. Um dos maiores expoentes em Arqueologia Bíblica e Crítica Textual, Frederico Kenyon, afirma: “Nenhuma doutrina fundamental da fé cristã repousa num texto em disputa… O cristão deve tomar a Bíblia em suas mãos e afirmar, sem hesitação, que ele está segurando a verdadeira Palavra de Deus, transmitida de geração em geração, através dos séculos, sem nenhuma mudança essencial” (Our Bible and the Ancient Manuscripts, pág. 23).
Linguagem Figurada
Pelo seu amplo uso merece estudo aprofundado. Por não ter sido bem compreendida, muitos erros de interpretação têm aparecido.
Joseph Angus, em História Doutrina e Interpretação da Bíblia, cita muitos exemplos, como este da página 169: “Diz-se, no Salmos 18:11, que “Deus fez das trevas o seu lugar oculto” e em 1Timóteo 6:16, que “Deus habita na luz”. No primeiro caso, as trevas significam inescrutabilidade, e, no segundo, a luz significa pureza,inteligência ou honra”.
A boa compreensão das alegorias, símbolos, tipos, metáforas, parábolas bíblicas é fator indispensável na exposição das verdades escriturísticas.
É princípio fundamental na exegese bíblica que nenhuma parábola ou alegoria deve ser tomada como base ou prova de doutrina. As parábolas nos foram dadas para ilustrar ou confirmar verdades e não para ensinar doutrinas. Ver História Doutrina e Interpretação da Bíblia, de Angus, Leis da Linguagem Figurada, pág. 172.
Cântico dos Cânticos é considerado por muitos comentaristas como uma extensa alegoria representando a afeição espiritual de Cristo para com a Sua Igreja.
É fato conhecido dos intérpretes bíblicos que as parábolas e muitos outros escritos figurados jamais devem ser tomados no sentido literal. Se alguém usar tal processo violentará o que o autor almejava transmitir. As metáforas devem ser entendidas metaforicamente.
É sempre útil ter em mente o que declarou W. Arndt no livro Dificuldades Bíblicas, pág. 14: “Muitas vezes não é fácil traçar a linha divisória entre as duas espécies de linguagem. Também neste caso recomendamos ao leitor da Bíblia humildade e oração, assim que gradualmente possa desenvolver conhecimento e entendimento”.
“Outro princípio capital da interpretação da Escritura assim pode enunciar-se: as passagens obscuras e figurativas devem ser interpretadas por meio daquelas que são claras e desprovidas de sentido metafórico”.
Um Bom Conselho
A pesquisa, para o esclarecimento de qualquer verso da Bíblia, deve ser feita com humildade e não com pretensões à infalibilidade.
Esta recomendação inspirada é oportuna: “Irmãos, cumpre-nos cavar fundo na mina da verdade. Podeis examinar o assunto a sós ou em consulta recíproca, unicamente se o fizerdes num espírito sincero. Demasiadas vezes, porém, o eu é grande, e logo que se inicia a investigação, manifesta-se um espírito não cristão. Exatamente nisto se deleita Satanás, mas devemos ter um coração humilde para conhecer, por nos mesmos, o que é a verdade” (Counsel to Writers and Editors, pág. 41).
Pensamentos Esparsos
1º) O conhecimento dos costumes antigos, da índole das línguas hebraica e grega, dos escritos de autores contemporâneos da Bíblia, da história, arqueologia, etnologia facilitam a exegese dos trechos mais obscuros da Escritura, evitando-se assim graves enganos e erros na interpretação.
2º) É útil na interpretação de um texto, ter em mente, certas regras simples, que se aplicam à compreensão de qualquer texto bíblico. Uma delas é lembrarmo-nos do tempo e das circunstâncias em que foi escrita uma declaração.
3º) Os Adventistas do Sétimo Dia sustentam a posição protestante de que a Bíblia e somente a Bíblia é a regra única de fé e prática para os cristãos.
4º) Para a formação de ideias equilibradas sobre uma verdade bíblica, é preciso atentar para tudo o que os diversos autores inspirados disseram sobre o assunto. Exemplo: Como somos salvos?
Ideias extremistas e fanáticas surgem quando alguém defende uma doutrina baseado numa só passagem.
5º) As aparentes contradições da Bíblia podem ser resolvidas com um estudo aprimorado de alguns princípios exegéticos, como: atentar bem para o contexto, a analogia da fé, estudar as passagens paralelas; consultando ainda uma concordância bíblica e um comentário digna de confiança, como o Comentário Bíblico Adventista.
6º) Há duas espécies de passagens difíceis na Bíblia, algumas podem ser aclaradas com o trabalho consciencioso dos estudiosos, outras jamais serão esclarecidas aqui.
As palavras de Pascal são oportunas: “O último passo da razão é saber que há uma infinidade de coisas que ela não pode atingir. Resolvam-se todas as questões, expliquem-se todas as palavras da Bíblia, e ficarão ainda as maiores dificuldades para a prova da nossa fé: a origem do mal, o mistério da divina presciência e da livre ação, e muito ainda sobre o plano da redenção”.
7º) Só devemos esperar encontrar nas Escrituras Sagradas o que sob o ponto de vista religioso nos importa conhecer.
Tudo o que foi revelado deve-se estudar, o que não foi considere-se como não essencial ao plano da salvação.
8º) “Não pode haver conflito entre a ciência e a religião. A Bíblia é autoridade absoluta e decisiva no domínio da verdade religiosa, mas não pretende ser a respeito de fatos e princípios científicos”. Angus – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 109.
9ª) A Bíblia é, em essência, uma revelação graduada e progressiva do plano de Deus em salvar o homem. Revela em toda a parte o mesmo Deus, santo, sábio e bom, fala dos seus desígnios no governo do mundo, e do resultado final da presente luta entre o bem e o mal.
10º) É um fato bastante conhecido que muitas palavras mudam o seu significado com o passar dos anos; portanto, provas baseadas no significado de uma palavra têm que levar em consideração o seu sentido quando o autor bíblico a empregou.
11º) Dentre tantos comentaristas bíblicos notáveis, como: Orígenes, Crisóstomo, Jerônimo, Lutero, Adam Clarke, Strong, Barnes, Vincent – a quem devemos seguir? A única resposta segura seria esta: nenhuma interpretação da Escritura por uma pessoa, embora culta e bem intencionada, deveria ser considerada como infalível.
12º) A Igreja Católica estabeleceu no Concílio de Trento um plano ou base de doutrina, de acordo com o qual toda a Escritura devia ser interpretada, mas apesar disso ela nunca publicou um comentário infalível que pudesse explicar as passagens difíceis da Escritura.
13º) “Há realmente passagens e frases cujo sentido é obscuro. Esta obscuridade é, em muitos casos, devida à nossa ignorância de algum fato especial que esclareça o assunto, e a respeito do sentido exato das palavras” (História Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 203).
14º) Sendo a Santa Bíblia a Palavra de Deus, ela não deve ser interpretada de modo arbitrário e particular. As Escrituras estão baseadas em princípios claros e firmes, por isso Jesus declarou: “a Escritura não pode falhar” (João 10:35).
15º) É princípio fundamental da exegese que as Escrituras são seu próprio intérprete. Cristo o aplicou quando repreendeu o diabo por interpretar mal um texto da Bíblia (Mateus 4:6 e 7).
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A Casa Publicadora Brasileira lançou para o público brasileiro, há poucos meses, a Bíblia de Estudo Andrews. Bem-recebida pelos leitores, com inúmeras manifestações de apreço encaminhadas à editora, ela traz a contribuição dos principais teólogos adventistas ao redor do mundo. Em meio às manifestações públicas de reconhecimento pela excelência da obra, há também interesse e alguma indagação quanto ao papel desempenhado por seu editor-geral, John Dybdahl, autor de um livro que se tornou polêmico em razão de controvérsias sobre a espiritualidade cristã. A despeito disso, por suas qualificações acadêmicas e dedicação à obra adventista, uma comissão indicou o Dr. Dybdahl para ser o editor da Bíblia de Estudo Andrews, que foi lançada em inglês três anos depois de seu livro (em 2010). O Dr. Dybdahl tem uma lista de serviços prestados à Igreja Adventista como professor de teologia e administrador nas Universidades Walla Walla e Andrews. Ele se aposentou em 2006, depois de ter sido pastor e evangelista em diversas localidades, incluindo a Tailândia. Essa folha de serviços naturalmente não foi ignorada por ele ter escrito um livro que se tornou objeto de debates.
Como editor, ele contou com um grupo de colaboradores para preparar as notas e as introduções aos livros bíblicos, conforme se pode observar nas páginas introdutórias, em que há uma seção intitulada “Comissão e Colaboradores”. Nessa página há uma lista de pastores que fizeram parte da “Comissão Supervisora” dessa Bíblia, incluindo teólogos e administradores da Igreja Adventista do Sétimo Dia e da Universidade Andrews. Depois, há uma segunda lista de pessoas que escreveram as notas e introduções aos livros bíblicos. Nessa lista estão alguns dos maiores e mais confiáveis teólogos da Igreja Adventista. Além disso, há também os tradutores e editores da Casa Publicadora Brasileira, os quais fizeram um trabalho minucioso de edição e revisão que resultou na versão em português.
A Bíblia de Estudo Andrews, portanto, não reflete a teologia de nenhum de seus editores e colaboradores individualmente, mas do conjunto de teólogos e líderes nomeados pela Igreja para essa finalidade.
Sobre a Bíblia, o respeitado pastor Mark Finley afirmou: “A Bíblia de Estudo Andrews foi preparada com a mente de um erudito, o coração de um pastor e a paixão de um evangelista.”
Assim, a Casa Publicadora Brasileira afirma a credibilidade da Bíblia de Estudo Andrews, não com base na autoridade de algum de seus editores ou colaboradores, mas com base na autoridade e na credibilidade das comissões que atuaram em sua produção, edição e revisão teológica, comissões estas indicadas pela liderança mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
(Vanderlei Dorneles é redator-chefe associado da Casa Publicadora Brasileira)
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É comum observar em conversas entre cristãos, letras de música, e até mesmo em mensagens de pregações, os “ditados bíblicos” que não estão na Bíblia. Ainda que estas frases não sejam leais às Escrituras Sagradas, muitas delas são coerentes aos princípios bíblicos – se usadas corretamente.
Veja abaixo os dez versículos imaginários mais populares, conhecidos entre cristãos e não-cristãos:
1. "Vinde a mim como estás."
Jesus faz o convite aos cansados, mas não com estas palavras. O correto é: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês". (Mateus 11:28)
2. "O cair é do homem, mas o levantar é de Deus."
Essa frase, que é muito conhecida, não está na Bíblia. O versículo que remete a este texto é: “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal”. (Provérbios 24:16)
3. "Quem não vem pelo amor, vem pela dor.”
Embora a ideia seja verdadeira, este não é um versículo bíblico. Em muitas situações, o sofrimento se torna um instrumento para conduzir o homem ao arrependimento.
4. "O dinheiro é a raiz de todos os males.”
A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas sim o amor ao dinheiro. Veja: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores". (I Timóteo 6:10)
5. "Esforça-te, e eu te ajudarei.”
O termo "esforça-te" é, de fato, encontrado várias vezes na Bíblia, mas em nenhum momento está acompanhado de “e eu te ajudarei”. Veja exemplos: "Esforça-te, e faze a obra" (I Crônicas 28:10); "Esforça-te, e clama" (Gálatas 4:27).
6. "Eu venci o mundo, e vós vencereis.”
No texto correto da Bíblia, não está escrito "e vós vencereis”. O correto é: "Tenho-vos dito isto para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". (João 16:33)
7. "Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem és.”
Embora o livro de Provérbios traga essa ideia, este versículo não existe. Veja: "O homem violento persuade o seu companheiro, e guia-o por caminho não bom". (Provérbios 16:29)
8. "É dando que se recebe.”
Muitos mencionam esta frase, em confusão com o seguinte versículo: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” (Atos 20:35)
9. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido.”
Na verdade, o que a Bíblia diz é: "... todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão". (Mateus 26:52)
10. "Não cai uma folha da árvore sem que Deus queira."
Está ideia é bíblica. Deus não só controla, mas determina todas as coisas. No entanto, este versículo não existe, podendo ser confundido com a ideia do seguinte: “... mas nem um só cabelo de vossa cabeça se perderá.” (Lucas 21:18)
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Cinco anos depois de ser publicada originalmente em inglês, em 2010, a Bíblia de Estudo Andrews agora também está disponível em língua portuguesa. Saiba como ela foi produzida e quais os principais recursos que oferece para que seus leitores pesquisem fundo nas Escrituras.
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Embora existam várias versões de Bíblias de estudo disponíveis em português, os adventistas no Brasil ainda não tinham à disposição nesse idioma um material produzido pela própria igreja. Buscando suprir essa necessidade, a Casa Publicadora lançou oficialmente nesta quinta-feira, 5 de novembro, a primeira versão em português da Bíblia de Estudo Andrews. O material foi apresentado para líderes sul-americanos no Concílio Quinquenal, que acontece em Brasília (DF).
Publicado originalmente em inglês, o volume foi editado pelo doutor Jon L. Dybdahl, em conjunto com um grupo de eruditos e teólogos da Universidade Andrews. A versão, que leva o nome do pioneiro da instituição educacional adventista norte-americana, inclui mais de 12 mil notas. A tradução para a língua portuguesa, feita por Cecília Eller Nascimento, contemplou a transposição da nova versão King James para a Almeida Revista e Atualizada.
Vários recursos
A Bíblia de Estudo Andrews oferece ao leitor vários recursos que ampliam a compreensão das Escrituras. Antes de cada livro, há uma introdução que traz detalhes sobre o autor, o tempo em que escreveu, bem como os principais temas abordados. Outra ferramenta de apoio é a sua coleção de mapas. Na parte final da Bíblia, há ainda uma seção temática que trata de diversos temas e estimula o leitor a passear por outras referências bíblicas sobre aquele mesmo assunto.
O coordenador da versão em português da Bíblia de Estudo Andrews afirma que o volume será uma ferramenta indispensável para todos os líderes da igreja que ensinam e pregam e, portanto, desejam cavar fundo nas Escrituras, avançando na questão linguística, contextual, histórica, arqueológica e interpretativa. Além de ser um material de referência para anciãos, líderes de departamentos, professores e estudantes de Teologia, ela também será de grande proveito para membros da igreja em geral que desejam, por exemplo, complementar o estudo da Lição da Escola Sabatina.
Como adquirir
Diagramada e impressa pela Sociedade Bíblica do Brasil, a Bíblia de Estudo Andrews estará disponível em duas versões: a de luxo, que custa R$ 189,00, e a de capa dura, que será vendida por R$ 129,00. Ambas as versões estarão à venda a partir do dia 22 de novembro, data do lançamento da CPB On-line. O volume (tiragem inicial de 20 mil exemplares), poderá ser adquirido através do site www.cpb.com.br, por meio do canal de televendas da editora (0800 979 06 06) e livrarias da CPB.
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O livro dos Salmos é o mais mencionado no Novo Testamento, com quase 80 citações e mais de 330 alusões. Créditos da imagem: Fotolia
As Escrituras hebraicas eram a Bíblia da igreja apostólica. Porém, os termos “Antigo Testamento”, “Novo Testamento” e “Bíblia” ainda não eram utilizados com o sentido que têm hoje. Foi somente a partir do 2º século da era cristã que os escritos sagrados do judaísmo e do cristianismo começaram a ser chamados de “Antigo Testamento” e “Novo Testamento”, respectivamente. Tais designações, apesar de haverem se popularizado na tradição cristã, não estão corretas, pois o significado teológico do termo grego do qual derivam (diathēkē) é “aliança”, e não “testamento”. Mas isso não significa que deveríamos chamá-los de “Antiga Aliança” e “Nova Aliança”, visto que as alianças não se referem necessariamente a períodos distintos da história redentiva. O termo “Bíblia”, a princípio utilizado esporadicamente por escritores judeus e cristãos apenas com relação ao Antigo Testamento, foi pela primeira vez aplicado aos dois Testamentos na virada do 4º para o 5º século por João Crisóstomo, bispo de Constantinopla.
Designações à parte, o Antigo Testamento era o tesouro literário da igreja apostólica. Era a ele que os primeiros cristãos se reportavam em busca de autoridade escriturística para suas crenças e práticas. Em nenhum momento vemos os apóstolos e evangelistas depreciando ou se referindo ao Antigo Testamento como algo, ultrapassado. Pelo contrário, eles consideram as Escrituras como “santas” (Rm 1:2; 2Tm 3:15) e fonte inspirada de conforto, instrução e correção (2Tm 3:16, 17). É por isso que eles se reportam ao Antigo Testamento a todo instante. São cerca 250 citações diretas. Se alusões e paralelos verbais forem incluídos, então o número passa de 2.500.
Muitas passagens são citadas mais de uma vez, como Levítico 19:18 (Mt 5:43; 19:19; 22:39; Mc 12:31; 12:33; Lc 10:27; Rm 13:9; Gl 5:14; Tg 2:8) e Salmo 110:1 (Mt 22:44; 26:64; Mc 12:36; 14:62; Lc 20:42, 43; 22:69; At 2:34, 35; Hb 1:13), o que reduz o número de passagens citadas para 160. O livro dos Salmos é o mais citado. São quase 80 citações diretas e mais de 330 alusões e paralelos verbais. Em seguida vem Isaías, com pouco menos de 70 citações diretas e quase 350 alusões e paralelos verbais.
É verdade que o Novo Testamento também cita escritos judaicos não canônicos e até mesmo autores clássicos, mas nenhum deles é tratado como “Escritura”, ou seja, como fonte autoritativa de informação religiosa (Mt 2:5; 4:4, 6, 7, 10; Mc 7:6; Lc 2:23-24; 3:4; 24:27; Jo 6:45; At 23:5; Rm 1:17). Por outro lado, os apóstolos consideravam seus próprios escritos como possuindo autoridade idêntica à dos livros do Antigo Testamento (1Ts 2:13; 1Tm 5:18; 2Pe 3:15, 16). Ambos os Testamentos são, portanto, necessários. Eles se complementam de modo extraordinário e nos dão uma visão completa do plano da redenção e do cuidado de Deus por seu povo.
WILSON PAROSCHI, doutor em Teologia, com especialização em Novo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)
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Uma Bíblia hebraica do tamanho da cabeça de um alfinete está sendo
exposta no Museu de Israel, em Jerusalém. A chamada nano-Bíblia é
considerada a menor versão do livro sagrado que já existiu. Ela contém
1,2 milhão de caracteres que foram “escritos” em um chip envolto em ouro
por engenheiros do Technion (Instituto Israelense de Tecnologia). Para
ler os caracteres, é preciso ampliar as letras em pelo menos dez mil
vezes. A exposição da Bíblia tecnológica faz parte das comemorações dos
50 anos do museu. [Foto: BBC / Com informações do G1]
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A maioria de nós leu a história dos 21 cristãos egípcios sequestrados na Líbia. Um vídeo do Estado Islâmico mostrou cerca de 12 deles sendo decapitados, e é quase certo que todos eles foram assassinados.
Não estamos surpresos
Jesus nos disse para esperar perseguição, ensinando os seus discípulos que os incrédulos nos odiariam assim como o odiaram (João 15.18-20).
Jesus previu que alguns daqueles nos matariam, pensariam estar oferecendo serviço a Deus (João 16.2).
Embora a maioria de nós não venha a perder a própria vida em nome de Cristo, não devemos ficar surpresos se isso acontecer. Todos nós precisamos estar prontos para entregar as nossas vidas por Cristo. “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.26).
Somos mais que vencedores
Jesus nos chama a ser fiéis até a morte para receber a coroa da vida (Apocalipse 2.10).
Jesus também nos chama a nos alegrarmos quando perseguidos, pois é grande honra morrer pelo nosso Senhor e Salvador, e a nossa recompensa excederá em muito o nosso sofrimento (Mateus 5.10-12; Atos 5.41). Naturalmente, podemos ficar temerosos e assustados com tal possibilidade, preocupados de que não tenhamos a força para sofrer. E não temos a força em nós mesmos, mas Deus promete ser conosco no fogo e na água (Isaías 43.2), e promete nos dar graça para suportar o que há de mais difícil. “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2 Coríntios 9.8).
Ao morrer em nome de Cristo, ao não amar as nossas próprias vidas mesmo mediante a morte, não somos perdedores, mas vencedores; não somos vencidos pelo mal. Pelo contrário, somos “mais que vencedores” (Romanos 8.37; Apocalipse 12.11). Aqueles que são mortos em nome de Cristo ressuscitam e reinam com Jesus Cristo (Apocalipse 20.4).
Choramos com os que choram
Paulo diz que “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21). Ainda assim, a questão não é simplista, e a vida não é fácil. Nós choramos com aqueles que choram (Romanos 12.15). Paulo disse que se Epafrodito tivesse morrido, ele teria experimentado “tristeza sobre tristeza” (Filipenses 2.27). A tristeza enche os corações daqueles que ficam.
Oramos tanto pelos nossos inimigos quanto pelos nossos irmãos e irmãs que sofrem
Precisamos de uma graça especial para orar pela salvação daqueles que praticaram tamanho mal.
Também oramos pelos nossos irmãos e irmãs que sofrem ao redor do mundo; pedimos que Deus conceda a eles alegria, força e perseverança para suportar até o fim.
Oramos para que Deus os proteja e sustente a sua igreja.
Oramos pelo justo juízo de Deus
Ao mesmo tempo, assim como os mártires debaixo do altar em Apocalipse 6.9-11, nós clamamos: “Até quando, ó Soberano Senhor?” Quando tu agirás com justiça para com este mundo? Quando tu vindicarás os teus santos e julgará os perversos por amor ao teu grande nome?
O dia do juízo está chegando, o dia em que tudo será ajustado. Enquanto isso, Deus está chamando muitos mais para serem seus filhos, mesmo dentre aqueles que nos perseguem. Nós louvamos a Deus tanto pelo seu amor salvador quanto pelo seu justo juízo, e oramos: “Vem, Senhor Jesus” (Apocalipse 22.20).
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