sábado, 27 de junho de 2015

Quais são os livros do Antigo Testamento mais citados no Novo Testamento?


O livro dos Salmos é o mais mencionado no Novo Testamento, com quase 80 citações  e mais de 330 alusões. Créditos da imagem: Fotolia

O livro dos Salmos é o mais mencionado no Novo Testamento, com quase 80 citações e mais de 330 alusões. Créditos da imagem: Fotolia

As Escrituras hebraicas eram a Bíblia da igreja apostólica. Porém, os termos “Antigo Testamento”, “Novo Testamento” e “Bíblia” ainda não eram utilizados com o sentido que têm hoje. Foi somente a partir do 2º século da era cristã que os escritos sagrados do judaísmo e do cristianismo começaram a ser chamados de “Antigo Testamento” e “Novo Testamento”, respectivamente. Tais designações, apesar de haverem se popularizado na tradição cristã, não estão corretas, pois o significado teológico do termo grego do qual derivam (diathēkē) é “aliança”, e não “testamento”. Mas isso não significa que deveríamos chamá-los de “Antiga Aliança” e “Nova Aliança”, visto que as alianças não se referem necessariamente a períodos distintos da história redentiva. O termo “Bíblia”, a princípio utilizado esporadicamente por escritores judeus e cristãos apenas com relação ao Antigo Testamento, foi pela primeira vez aplicado aos dois Testamentos na virada do 4º para o 5º século por João Crisóstomo, bispo de Constantinopla.

Designações à parte, o Antigo Testamento era o tesouro literário da igreja apostólica. Era a ele que os primeiros cristãos se reportavam em busca de autoridade escriturística para suas crenças e práticas. Em nenhum momento vemos os apóstolos e evangelistas depreciando ou se referindo ao Antigo Testamento como algo, ultrapassado. Pelo contrário, eles consideram as Escrituras como “santas” (Rm 1:2; 2Tm 3:15) e fonte inspirada de conforto, instrução e correção (2Tm 3:16, 17). É por isso que eles se reportam ao Antigo Testamento a todo instante. São cerca 250 citações diretas. Se alusões e paralelos verbais forem incluídos, então o número passa de 2.500.

Muitas passagens são citadas mais de uma vez, como Levítico 19:18 (Mt 5:43; 19:19; 22:39; Mc 12:31; 12:33; Lc 10:27; Rm 13:9; Gl 5:14; Tg 2:8) e Salmo 110:1 (Mt 22:44; 26:64; Mc 12:36; 14:62; Lc 20:42, 43; 22:69; At 2:34, 35; Hb 1:13), o que reduz o número de passagens citadas para 160. O livro dos Salmos é o mais citado. São quase 80 citações diretas e mais de 330 alusões e paralelos verbais. Em seguida vem Isaías, com pouco menos de 70 citações diretas e quase 350 alusões e paralelos verbais.

É verdade que o Novo Testamento também cita escritos judaicos não canônicos e até mesmo autores clássicos, mas nenhum deles é tratado como “Escritura”, ou seja, como fonte autoritativa de informação religiosa (Mt 2:5; 4:4, 6, 7, 10; Mc 7:6; Lc 2:23-24; 3:4; 24:27; Jo 6:45; At 23:5; Rm 1:17). Por outro lado, os apóstolos consideravam seus próprios escritos como possuindo autoridade idêntica à dos livros do Antigo Testamento (1Ts 2:13; 1Tm 5:18; 2Pe 3:15, 16). Ambos os Testamentos são, portanto, necessários. Eles se complementam de modo extraordinário e nos dão uma visão completa do plano da redenção e do cuidado de Deus por seu povo.

WILSON PAROSCHI, doutor em Teologia, com especialização em Novo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

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