Muitas pessoas, sinceras como sejam, entre católicos e protestantes dizem que é errado mudar de religião, que é errado seguir uma nova religião. E isto é verdade. Não sabem, porém, que com esta sentença, se condenam a si mesmas, pois ignoram que a religião que têm – não adotada por investigação e convicção, mas herdada inadvertidamente dos pais – já é uma religião mudada, nova, porque difere da religião dos profetas, de Cristo e dos apóstolos.
Se, por exemplo, se dissesse hoje a um católico que o dia de guarda semanal é o sábado e não o domingo; que o segundo mandamento da Lei de Deus, conforme consta na Bíblia Sagrada, proíbe o culto das imagens; que a invocação dos “santos”, para dirigir-lhes orações, é igualmente proibida; que entre Deus e o homem só há um mediador, que é Jesus Cristo; que não existe imortalidade de alma, nem estado consciente dos mortos; que, ao morrer ninguém vai para o Céu ou para o inferno; que é errado batizar crianças, e também errado batizar por aspersão, pois o batismo só pode ser recebido na idade da razão, por imersão; e outras coisas mais, diria que isto é uma nova religião.
No entanto, assim criam e ensinavam os apóstolos e o próprio Senhor Jesus Cristo. Isso achamos na Bíblia e nos documentos históricos. Encontramos também, nos anais históricos, as sucessivas alterações que houve. Podemos determinar a data ou a época de cada ensino original abandonado e de cada novo ensino e nova prática introduzidos. É, pois, muito fácil saber se uma religião é velha ou nova. Devemos compará-la com a doutrina original, constante da Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Se confere com a mesma em todos os pormenores, é velha; se difere da mesma, é nova.
Assim é que, quando se apresenta a verdade ao povo, muitos a rejeitam como se fosse coisa estranha. Isso aconteceu outrora com os judeus, mais tarde com a igreja católica, e ultimamente com as igrejas protestantes. Como “não receberam o amor da verdade para se salvarem”, Deus lhes enviou “a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses 2:10-12).
Quando uma igreja ou um indivíduo decai rapidamente, e ficam envoltos em trevas, tal não sucede porque Deus lhes tenha retirado Sua graça arbitrariamente, mas porque essa igreja ou esse indivíduo rejeitaram os misericordiosos convites e repetidos chamados, dos Altos para um arrependimento e conversão. Tal sucede quando rejeitam o testemunho da Palavra de Deus sobre as verdades negligenciadas ou abandonadas. Então sobrevêm as trevas e a decadência.
Na história dos judeus, da igreja cristã nos primeiros séculos, e das igrejas protestantes, vemos que estas causas trazem irremediavelmente esses efeitos. Quando lhes foram apresentadas preciosas verdades da Palavra de Deus, que jazem no despejo do esquecimento, e cujo lugar fora preenchido por tradições humanas, sem valor perante Deus, rejeitaram essas verdades como se fossem inovações. “Escrevi para eles as grandezas da Minha Lei”, diz o Senhor, “mas isso é para eles como coisa estranha” (Oséias 8:12). As igrejas têm a tendência de formar, aos poucos, uma nova religião, abandonando, por um lado a doutrina original, a Palavra de Deus, e admitindo, por outro lado, costumes humanos, crendices, e práticas pagãs, etc. Passadas várias gerações, nota-se que houve uma transformação. A transformação é progressiva. E quando se chama a atenção do povo para a doutrina original, para as verdades abandonadas, muitos as ignoram.
“O capítulo 18 do Apocalipse indica o tempo em que como resultado da rejeição da tríplice mensagem do capítulo 14, versos 6-12, a igreja terá atingido completamente a condição predita pelo segundo anjo, e o povo de Deus, ainda em Babilônia, será chamado a separar-se de sua comunhão. Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e cumprirá a sua obra. Quando os que ‘não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade’ (2 Tessalonicenses 2:12), forem abandonados para que recebam a operação do erro e creiam a mentira, a luz da verdade brilhará então sobre todos os corações que se acham abertos para recebe-la, e os filhos do Senhor que permanecem em Babilônia atenderão ao chamado: ‘Sai dela, povo Meu’” (O Grande Conflito, pág. 389).
Por Júlio César Prado
0 comentários:
Postar um comentário