“Deus suscitará, à semelhança do que fez com Ellen G. White, outra
mensageira ou mensageiro para o povo de Deus, principalmente nos dias finais da
História para, entre outros propósitos, encorajar o remanescente final. Esse último
mensageiro não seria o anjo do cumprimento de Apocalipse 18, que iluminará a
Terra toda com a sua glória? Ademais, parece que, à luz do que ela previu em Mensagens Escolhidas , vol. 1, pág. 412 (alguém há
de vir, no espírito e poder de Elias), esta questão requereria uma resposta
positiva.”
Só Deus sabe
se, à semelhança de Ellen G. White, deverá ou não se levantar outra(o)
mensageira(o) para o povo de Deus antes que Jesus venha. Se Ele achar
necessário para o fortalecimento do Seu povo, podemos estar seguros que Ele o
fará no tempo certo e da maneira correta, e que “o eleito” não precisará
alardear para os quatro ventos ser ele o Elias que haveria de vir. Deus proverá
que o mesmo seja reconhecido como tal, justamente como aconteceu como a Sra.
White.
Quanto à
citação de Mensagens Escolhidas, não
podemos esquecer que o bom senso e a prudência requerem que não se faça uma
afirmação taxativa de fé ou doutrina, inclusive em assuntos proféticos,
fundamentada em uma citação isolada, seja da Bíblia, seja do Espírito de
Profecia. Se não respeitarmos os corretos princípios de interpretação, nós o
faremos dizer o que queremos que digam. Com prioridade à Bíblia, há que se ver
igualmente em Ellen G.
White o que é dito sobre esse e qualquer outro ponto em seus
escritos, se queremos saber o que ela, de fato, afirma.
Por exemplo,
ela também declara: “A obra de João Batista e a obra dos que nos últimos dias
saem no espírito e poder de Elias para despertar as pessoas de sua apatia são
idênticas em muitos aspectos.” – Maranata,
o Senhor Vem, pág. 20. “Os que devem preparar o caminho para a segunda
vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias, assim como João veio no
espírito de Elias para preparar o caminho para o primeiro advento de Cristo.” –
Testemunhos para a Igreja, vol. 3,
pág. 62. “Na ocasião apropriada, Ele envia Seus fiéis mensageiros para fazer
uma obra semelhante à de Elias.” – Ibidem,
vol. 5, pág. 254. “Elias foi um tipo dos santos que estarão vivendo na Terra
por ocasião do segundo advento de Cristo.” “Hoje, no espírito e poder de Elias
e de João Batista, mensageiros escolhidos por Deus estão chamando a atenção de
um mundo em vias de julgamento para os solenes acontecimentos a terem lugar
breve em conexão com as horas finais de graça e o aparecimento de Cristo Jesus
como Rei dos reis e Senhor dos senhores.” – Profetas
e Reis, págs. 227 e 716. Nesses trechos, é evidente o sentido coletivo do
“Elias que há de vir”, adotado pela mensageira do Senhor.
Entre os
aludidos princípios de interpretação, situam-se os contextos histórico e
literário de qualquer passagem, e se não os levarmos em conta, o resultado será
uma interpretação apressada e, precisamente por isso, superficial, tendenciosa
e equivocada. Conferindo a referência de Mensagens
Escolhidas, observa-se que ela está censurando a atitude dos judeus do
tempo de Jesus de resistir à verdade e tentar impedir sua proclamação. Então
ela nos deixa entrever que essa atitude se repete inclusive em nossos dias, de tal
modo que mesmo aquele que vem no espírito e poder de Elias seja também
resistido.
O anjo de
Apocalipse 18 que ilumina toda a Terra com sua glória, a exemplo dos três anjos
de Apocalipse 14, não é um indivíduo, não importa se homem ou mulher, mas uma
comunidade de fiéis; nesse caso, o remanescente final, sob o poder da chuva
serôdia.
Segundo o mesmo
Apocalipse, uma das qualidades da Igreja de Jesus Cristo é que ela possui o
“espírito de profecia” (Apocalipse 12:17; 19:10). Isso é particularmente
verdade com relação ao povo de Deus nos últimos dias, o que significa que o
exercício profético poderá eventualmente se manifestar de forma específica no
meio dessa Igreja, como no início se manifestou na pessoa e nos escritos de
Ellen G. White. Não estou afirmando que terá que se manifestar, pois como
disse, só Deus sabe se, como um povo, necessitamos de uma segunda ou terceira
(ou até mais de uma terceira) Ellen G. White. A meu ver, não precisamos, pois a
Bíblia (secundada pela luz menor, os escritos dela) contém tudo o que precisamos
para chegar ao último dia preparados para a transladação. Outra coisa: devemos
lembrar que possuímos o espírito, ou dom, de profecia não porque possuímos
Ellen G. White, mas temos Ellen G. White porque possuímos o espírito de
profecia. Segundo o Novo Testamento, o ato de se estudar e proclamar as
profecias bíblicas equivale a “profetizar”; isto é, para se profetizar não é
necessariamente imperativo que haja sonhos e visões, ou predições inéditas do
futuro. O último livro da Bíblia confirma esse fato, assinalando que os 144
mil, a última geração de salvos, é constituída de “servos” (Apocalipse 7:3), um
termo técnico identificativo dos “profetas” (ver 1:1; 10:7; 11:18; 22:9). Em
outras palavras, os 144 mil perfazem uma comunidade profética, e não precisamos
assumir que eles viverão sonhando e tendo visões. Essa comunidade profética
última de fiéis cumpre as especificações de Elias a ser enviado antes do
“grande e terrível dia do Senhor” (Malaquias 4:5; ver SDABC, vol. 4, pág. 11840),
e que cumprirá a obra prevista nesse texto, através da pregação, em todo o
mundo, da tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14. Tudo, é claro, sob o
poder e providência do Espírito Santo, segundo o que transparece na obra do
“quarto anjo” de Apocalipse 18.
Por José Carlos Ramos, professor de teologia do
Seminário Latino-americano de Teologia, em Engenheiro Coelho ,
SP. Publicado na Revista Adventista
em abril de 2007.
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