domingo, 18 de novembro de 2012

Você e eu NUNCA viveremos sem um intercessor

Haverá um momento em que o ser humano deixará de ter a Jesus como seu intercessor?Sim e não.
Existe um grupo de cristãos bem intencionados, porém, fanáticos, que prega ser possível os filhos de Deus chegarem a um nível de perfeição que os capacitará a estarem firmes sem a mediação (Cf. 1Tm 2:5) de Cristo no período da grande tribulação.
Esse grupo de pessoas desconsidera Hebreus 7:25 que claramente afirma ser isso impossível:
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”
Perceba que o versículo dá a ideia de uma intercessão contínua, sem interrupções. Dessa maneira, os justos poderão estar certos da intercessão de Cristo e da presença do Espírito Santo na vida deles no momento em que passarem pela grande tribulação (Ap 7:13, 14) e enfrentarem o sinal da besta (Ap 13:1-17). [Noutra oportunidade escreverei sobre isso com mais detalhes].
Nunca você e eu conseguiríamos suportar a grande tribulação com nossas próprias forças. Mesmo que tenhamos sido libertos do poder do pecado (Rm 6 e 8), ainda não teremos sido libertos da presença do pecado (veja o conflito de Paulo em Rm 7, mesmo depois de convertido), que ocorrerá apenas na glorificação, por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando Ele transformará nosso corpo e nossa natureza (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
Enquanto estivermos na presença do pecado, haverá dentro de nós uma natureza pecaminosa que fará nossos atos de justiça sempre parecerem trapos sujos (Is 64:6) e, por isso, sempre necessitaremos da misericórdia e trabalho de intercessão de Cristo para vencermos.

DISTORCENDO ELLEN G. WHITE
Por incrível que pareça, alguns veem nos escritos da co-fundadora do adventismo aquilo que não existe. Um dos textos que não dizem aquilo que os “perfeccionistas” pensam, encontramos, por exemplo, no livro O Grande Conflito, p. 614 (Casa Publicadora Brasileira, 2009). Destacarei algumas frases para que durante a leitura você note o contexto geral e compreenda corretamente o que a escritora quis transmitir aos leitores:
“Deixando Ele o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor. Removeu-se a restrição que estivera sobre os ímpios, e Satanás tem domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes. Terminou a longanimidade de Deus. Os ímpios passaram os limites de seu tempo de graça; o Espírito de Deus, persistentemente resistido, foi, por fim, retirado [dos ímpios, não dos justos]. Desabrigados da graça divina [os ímpios], não têm proteção contra o maligno [os ímpios] [...]“.
O contexto é claro como o Sol ao meio-dia. A autora está dizendo que, no momento em que Cristo sair do santuário celestial para buscar Seus filhos, após a conclusão de Sua Obra Meditadora e Judicial (Cf. Jo 5:22), será removida a “restrição que estivera sobre os ímpios” (O Grande Conflito, p. 614), de modo que Satanás terá “domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes” (Ibidem).
Segundo Ellen White, os ímpios é quem ficarão sem um intercessor para o perdão de seus pecados e para refreá-los de fazer o mal (devido à contínua rejeição dos apelos do Espírito). Não os justos que, de acordo com Hebreus 7:25, sempre contarão com a intercessão e auxílio de Cristo!
Os justos ficarão sem um intercessor não para perdoá-los, mas, para refrear os ímpios. Na ausência do poder refreador do Espírito Santo, após a saída de Cristo do Santuário Celestial (Dn 12:1,2), os maus ficarão sem um intercessor e sem a presença do Espírito de modo que se tornarão mais maus ainda, ao ponto de perseguirem com mais violência o povo de Deus fiel à Sua Palavra e à Sua Lei (Cf. Ap 12:17; 14:12).
Como bem escreveu o Pr. Morris Venden em seu livro Nunca Sin Un Intercesor: las buenas nuevas acerca del juicio (Buenos Aires, Argentina: Asociacion Casa Editora Sudamericana, 1998), p. 60:
“Alguns têm chegado a conceber a ideia de que necessitaremos de uma grande reserva de justiça em nossas baterias [...] como uma forma de guiar-nos através desse tempo (de prova, de grande tribulação), quando seremos nossos próprios donos. Essa é uma grosseira distorção da mensagem real do evangelho. Pode conduzir a um desânimo real as pessoas débeis e a uma grande surpresa os mais fortes”.
Como pode ver amigo (a) leitor(a), além de distorcer o evangelho, tais “perfeccionistas” distorcem o que Ellen G. White escreveu, e terão de dar contas a Deus, caso se recusem a ler o texto e aceitá-lo como ele é.

NOSSO MAIOR PECADO NÃO É A TRANSGRESSÃO DA LEI
Não há dúvidas de que pecado é a “transgressão” da eterna Lei de Deus, de acordo com 1 João 3:4. Porém, a Bíblia não apresenta apenas esse conceito para pecado.
O termo é abarcante em seu significado (não tratarei do assunto de maneira detalhada no momento) e podemos ver na Bíblia que tanto Jesus quanto Paulo apresentaram conceitos ainda mais amplos, além daquele que encontramos em 1 João 3:4. Veja os textos a seguir:
“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim” (Jo 16:8-9).
“Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.” (Rm 14:23).
Afirmar, com base nesses textos, que pecado é apenas desobediência à Lei Moral é violentar o texto bíblico. Em João 16:8-9, Jesus afirma que o pecado principal que o ser humano precisa vencer é o pecado de não crer em Jesus. A essência do pecado é desconfiar de Deus e confiar em si mesmo (leia Gn 3:1-8).
Nossa maior luta não deve ser para “não errar” e sim para permanecermos em Jesus todos os dias, a todo instante. Em João 15 aprendemos que esse relacionamento entre nós e Ele é que nos capacitará a não praticarmos os “pecados” propriamente ditos, na mesma frequência e intensidade que aqueles que não aceitaram a graça. Sem Jesus nada podemos fazer, diz o Salvador em João 15:5.
Já o apóstolo Paulo, em Romanos 14:23, afirma que pecado é não viver pela fé (isso envolve não viver pela fé em Cristo, claro). A maior luta contra o “eu” não é simplesmente “não cometer erros”, mas, viver pela fé em toda e qualquer circunstância (1Pe 4:12-14). É sim confiar em Deus quando tudo está aparentemente perdido (Sl 23:4; 27:3; Sl 46:1-3) e quando parece que nunca iremos conseguir vencer aquilo que está nos derrotando (Sl 73:26; Rm 8:31-39).
Perceba que, tendo um conceito correto do que é o pecado, não iremos enfatizar o nosso comportamento. Saberemos que nosso maior pecado é não estar com Jesus (Jo 16:8, 9; Rm 14:23) e que a vitória sobre essa tendência humana, de viver afastado de Deus (Is 59:2), é que nos tornará vitoriosos sobre as coisas erradas que fazemos (Cf. 2Co 5:17). E isso unicamente pela graça divina, que através do Espírito Santo escreve em nosso íntimo os princípios morais de Deus, expressos nos Dez Mandamentos (Hb 8:10).
Se entendermos o significado amplo do que significa o pecado, também saberemos que o mal habita em nós desde o nascimento (Sl 51:5), e que precisaremos desesperadamente de Jesus por toda a nossa vida – até mesmo quando Ele concluir Sua obra no santuário celestial. Até Cristo voltar teremos coisas a mudar em nós, segundo Apocalipse 22:11: “[...] e o santo continue a santificar-se” (Ap 22:11, última parte).

PRECISAMOS SER HONESTOS PARA VENCERMOS NOSSOS PECADOS
Não é se apegando a uma heresia que iremos mascarar diante de Deus, das pessoas e de nós mesmos, a nossa luta contra o pecado. Precisamos ser honestos em reconhecer que jamais conseguiremos ser libertos da presença do pecado enquanto Jesus não voltar e glorificar nosso corpo (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
Quando você e eu reconhecemos que temos um problema, damos o primeiro passo para a vitória. Somente ao aceitarmos que somos essencialmente pecadores (Cf. Rm 3:9-20) e que nossas justiças manchadas pelo pecado são “como trapo da imundícia” (Is 64:6), é que nos sujeitaremos a Deus (Tg 4:7) para que Ele efetue em nós tanto o “querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13).
Santificação (Cf. Rm 6:22; Hb 12:14) é se tornar parecido com Jesus todos os dias (Cf. 2Co 5:17). Esse processo chegará ao fim somente quando Cristo voltar. Nunca seremos plenamente como Ele enquanto não formos glorificados (transformados) na segunda vinda (Cf. Fp 3:20, 21).
Portanto, se você for um cristão “perfeccionista”, precisa aceitar que tem um problema maior por trás de sua vida. Há algo mais por trás de suas teorias e conceitos, e que lhe impulsiona a adotar uma crença errada como uma espécie de “fuga” psíquica.
Tire a máscara diante de Deus e será um(a) vitorioso(a). Receberá dEle forças para vencer o poder do pecado, não sendo um escravo dele a todo instante (1Jo 3:9). Continuará sendo um pecador, dependente da graça de Cristo, até o dia em que Ele voltar e completar a obra dEle em você, na glorificação. Entretanto, Ele completará a obra que começou em você (Fp 1:6; Jd 24).
Crer nisso é fundamental para reconhecermos nossa incapacidade, como o fez Paulo (Rm 7), a fim de que seja mantida nossa dependência totalde Deus, bem como nossa humildade. Do contrário, o mesmo autor de 1 João 3:9 não teria escrito 1 João 1:8 para lembrar-nos de que, apesar de obtermos a vitória sobre o poder do pecado, precisamos nos mantermos humildes porque até Cristo voltar estaremos na presença do pecado:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” (Cf. Ap 22:15).
Para o apóstolo João, ignorar esse fato e viver iludido de livre vontade é ser um mentiroso. É se enganar. É se iludir com a “salvação pelo comportamento” (Ef 2:8, 9), que cria na pessoa um espírito crítico, que a faz olhar mais para o que as pessoas fazem do que para o que elas sentem (Cf. Mt 7:1; Lc 6:37; Jo 7:24). Além disso, o perfeccionismo leva à frustração e à descrença (não em todos os casos) porque o indivíduo, com seus 90 anos, ao olhar para si, percebe que ainda não se tornou “perfeito” da maneira como ele pensava que se tornaria.
Tenha muito cuidado com o legalismo. Apegue-se à graça de Cristo para que inclusive a sua obediência seja acompanhada pela fé, como recomenda Paulo em Romanos 1:5 e 16:26. A fé no intercessor Jesus precisa nos acompanhar em todas as fases de nossa salvação se quisermos ser vitoriosos de verdade, recebendo através dessa fé uma vitória que é dEle e que nunca virá de nós mesmos:
“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8:37)
Por isso, muito mais que lutar com Deus (que é importante), precisamos permitir que Ele lute por nós. Isso é se entregar completamente nos braços graciosos do Pai para ser salvos (Jo 3:36) e transformados por Ele (Ef 2:10; Tt 3:7, 8; 2Co 5:17). Nisso encontrarmos a verdadeira paz, força e motivação para nos tornarmos ainda melhores. Afinal, é “o amor de Cristo [que] nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram” (2Co 5:14).
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