terça-feira, 20 de novembro de 2012

As Profecias de Jesus, a destruição do templo e o contexto histórico


"Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação" (Lc 19.43-44; cf. Mt 23.37-38; At 3.13-15).

Neste artigo  abordaremos o sermão profético do capitulo 24 de Mateus que também aparece em Marcos 13 e Lucas 17.20-37 acrescido às vezes de pequenos detalhes interessantes.

É importante lembrar que os Evangelhos sinópticos se completam, onde cada escritor procura transmitir a historia de seu peculiar ponto de vista e isto nos fornece mais registros para podermos analisar algumas profecias.

Estudaremos principalmente o contexto histórico dos anos de tribulação contemporâneos a destruição do segundo Templo dos judeus.

Nosso objetivo neste artigo é principalmente mostrar um panorama histórico daqueles dias lidando também com a possibilidade de partes do sermão profético de Mateus 24 ter se cumprido piamente nos acontecimentos que serão mencionados.

Vale lembrar que não somos adeptos do preterismo (corrente teológica que acredita que as profecias bíblicas sobre a Grande tribulação, Volta de Jesus, e outros grandes acontecimentos profetizados já se cumpriram no passado principalmente durante o período de destruição de Israel).

No entanto lidaremos com possibilidades, ficando a critério dos nossos leitores tirarem suas próprias conclusões. Neste artigo nosso principal foco são as informações valiosas do contexto histórico que para muitas pessoas às vezes são inacessíveis e poderão ser de grande ajuda quando se estuda as profecias bíblicas.


O Templo destruído e uma possível tribulação profética.

Quando estudamos a historia do povo israelita percebemos facilmente que existe um sentimento de orgulho em relação aos seus costumes religiosos e principalmente ao seu templo que é um notório símbolo de sua ligação com Deus.

No entanto este templo foi destruído por duas vezes em diferentes momentos da historia dos hebreus, onde guerras terríveis se desencadearam.

O primeiro templo é chamado Templo de Salomão, pois foi construído por ele, no século XI antes de Cristo, sobre um terreno comprado pelo rei Davi no monte Moriah (2Samuel 7,1-16; 1Reis 5,3-5; 8,17; 1Crônicas 17,1-14; 22,6-10)..

Esse templo foi destruído por Nabucodonosor, rei de Babilônia, em 586 antes de Cristo.

O segundo templo foi construído e terminado em 515 antes de Cristo. Ele foi reformado por Judas Macabeu em 164 a.C e depois ampliado e melhorado por Herodes o Grande.

Este segundo templo foi destruído pelos romanos no ano 70 depois de Cristo e sobre este acontecimento temos inúmeros registros bastante curiosos que poderiam perfeitamente ser o cumprimento de algumas das profecias mencionadas por Jesus em seu sermão profético em Mateus 24.

Neste sermão Jesus profetiza uma tribulação terrível e os anos contemporâneos a destruição do segundo Templo registram uma tribulação nunca antes vivida pelos israelitas, nem mesmo em seu período de exílio ou mesmo nos tempos de escravidão no Egito. 


Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda;
Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;
E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa;
E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.
Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado;
Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.
E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
Mateus 24:15-22

Um possível panorama profético.

Nos versículos mencionados acima encontramos uma descrição que se encaixa perfeitamente com os acontecimentos decorridos na época em que o general Tito destruiu Jerusalém no ano 70 d.C.

Embora este trecho também possa estar se referindo a acontecimentos futuros conforme alguns teólogos presumem estar falando de um período de grande tribulação durante o reinado do Anticristo em um terceiro templo judaico. No entanto as semelhanças com um período passado podem ser igualmente apontadas.

No versículo 15 de Mateus 24 Jesus faz referência a “abominação da desolação” Essa passagem se refere a Daniel 9:27: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”. Em 167 a.C., um governador grego pelo nome de Antíoco Epifânio preparou um altar a Zeus sobre o altar dos holocaustos no templo judeu em Jerusalém. Ele também sacrificou um porco no altar do templo de Jerusalém. Esse evento é conhecido como a “abominação da desolação”.

Logo, quando Jesus menciona este fato está se referindo a uma profanação ou destruição do templo judaico.

Sabemos que Tito o destruidor de Jerusalém em 70 d.C não cumpre a profecia descrita em Daniel, pois não fez aliança com ninguém e nem fez cessar sacrifícios e etc. Mas é possível que Jesus não esteja mencionando que isto seria o cumprimento da profecia de Daniel e sim usando a profecia como modelo e referência do que iria acontecer com Jerusalém no ano 70.
Embora acreditemos que a profecia de Daniel se refere mais provavelmente ao reinado do Anticristo, mesmo assim prosseguiremos analisando o contexto histórico e comparando com o sermão profético de Jesus.



Detalhes do Arco de Tito em Roma mostrando a conquista da cidade de Jerusalém e dos tesouros do Templo



Ainda em abril do ano 66 de nossa era, quando o governador romano confiscou dezessete talentos do tesouro do Templo, os nacionalistas judeus se rebelaram. Eles se apoderaram do Templo, interromperam os sacrifícios diários em honra ao imperador romano e capturaram a fortaleza de Massada. Neste período inúmeros acontecimentos terríveis são mencionados
.
Começa então dias de sofrimento para Israel e estes dias foram tão terríveis que é provável que nunca tenha ocorrido coisa semelhante e dada a sua magnitude é possível que nunca ocorra.

A guerra e a tribulação daqueles dias.

Traçaremos a seguir um paralelo das narrativas de Flávio Josefo que acompanhou e participou desta grande tribulação, com as citações de Jesus no Evangelho de Mateus capitulo 24:

Jesus: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça para tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa” (Mateus 24:15-18).

Josefo: “É então um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como os homens agüentaram quanto ao seu alimento ... a fome foi demasiado dura para todas as outras paixões... a tal ponto que os filhos arrancavam os próprios bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos... quando viam alguma casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro tinham conseguido alguma comida, e então eles arrombavam as portas e corriam para dentro... os velhos, que seguravam bem sua comida eram espancados, e se as mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado por fazerem isso...” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).

Jesus: “Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!” (Mateus 24:19).

Josefo: “Ela então tentou a coisa mais natural, e agarrando seu filho, que era uma criança de peito, disse, ‘Oh, pobre criança! Para quem eu te preservarei nesta guerra, nesta fome e nesta rebelião? ...’ Logo que acabou de dizer isto, ela matou seu filho e, então, assou-o, e comeu metade dele, e guardou a outra metade escondida para si.” (Guerras, livro 6, capítulo 3, seção 4).

Jesus: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado, porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais” (Mateus 24:20-21).

Josefo: “Eu falarei, portanto aberta e francamente aqui de uma vez por todas e brevemente: que nenhuma outra cidade sofreu tais misérias nem nenhuma era produziu uma geração mais frutífera em perversidade do que era esta, desde o começo do mundo.” (Guerras, livro 5, capítulo 10, seção 5).

Jesus: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados” (Mateus 24:22).

Josefo: “Ora, o número daqueles que foram levados cativos durante toda esta guerra foi verificado ser noventa e sete mil, como foi o número daqueles que pereceram durante todo o cerco onze centenas de milhares, a maior parte dos quais era na verdade da mesma nação, porém não pertencentes à própria cidade, pois tinham vindo de todo o país para a festa dos pães asmos e foram subitamente fechados por um exército...” (Guerras, livro 6, capítulo 9, seção 3).

A guerra durante a tomada de Israel no ano 70 não foi mais uma guerra comum e sim um verdadeiro espetáculo bélico nunca antes presenciado. Acreditamos não estarmos exagerando em relação a este fato, pois o registro histórico narra este acontecimento de forma grotesca.


Túneis secretos por onde alguns judeus puderam fugir da cidade de Jerusalém

Durante o período desta batalha a fome foi tão intensa que se comia feno, palha podre, sola de sapatos e até crianças recém nascidas como já mencionamos anteriormente no texto de Flávio Josefo.

No mesmo mês de Av (agosto) em que o primeiro templo foi tomado pelos babilônicos e no mesmo dia á 656 anos depois os romanos conseguiram chegar ao complexo do Templo judaico. Este fato é tido como um sinal divino de que Deus permitiu tal destruição e tal guerra.
O ataque e Jerusalém começa de forma violenta através de um verdadeiro bombardeio de catapultas que durou dois meses até que os muros da cidade fossem rompidos.

*"Tito, entretanto, fazia as plataformas avançarem sempre mais, embora os que nelas trabalhavam fossem mui perturbados pelos judeus que defendiam as muralhas. Ele mandou então uma parte de sua cavalaria colocar-se de emboscada nos vales a fim de apanhar os que saíam para buscar alimentos, dentre os quais havia também soldados não satisfeitos com o que roubavam na cidade; mas a maior parte era do baixo povo, que o temor de deixar suas esposas e seus filhos expostos à raiva daqueles celerados impedia de fugir e a fome obrigava a sair. A necessidade e o temor do suplício os obrigavam a se defender quando eram descobertos e atacados; e como não podiam esperar misericórdia, depois de se terem defendido, não a pediam também, e eram assim crucificados a vista dos que estavam na cidade. Tito achava que havia naquilo muita crueldade, pois não se passava um dia sem que não se apanhassem pelo menos uns quinhentos e, às vezes, mais; ele não via porém possibilidade de fazer voltar, àqueles que haviam sido aprisionados; achava muita dificuldade em prendê-los, por causa de seu número e ele esperava que a vista de um espetáculo tão terrível poderia impressionar os judeus da cidade, pelo temor de serem tratados do mesmo modo, pois o ódio e a raiva de que os soldados romanos estavam possuídos, faziam sofrer àqueles míseros, antes de morrer, tudo o que se pode esperar da insolência de soldados. Não eram suficientes as cruzes, e havia já falta de lugar, para tantos instrumentos de suplício. Eles levavam para as muralhas, amarrados com cordas, os amigos daqueles que haviam fugido e aqueles dentre o povo que mais mos¬travam desejar a paz, e diziam que eles estavam nas mãos dos romanos, não como prisioneiros, mas como suplicantes. "

Ao romper os muros os soldados incendiaram vários edifícios inclusive o grande templo além de tirarem a vida de qualquer judeu que encontrassem. Nenhuma vida foi poupada. Velhos, crianças, mulheres grávidas, todos foram mortos com incrível ferocidade.

Roma costumava poupar as terras conquistadas e agir com clemência com as cidades inimigas. No entanto este não foi o caso durante a conquista de Jerusalém.



Um exemplo desta batalha é a “Casa Queimada” relíquia arqueológica encontrada dentro do atual Bairro Judeu [da Cidade Antiga] Onde estão os restos mortais de uma mulher que caiu com uma lança na mão na soleira da porta e teve sua casa completamente destruída pelas chamas. A descoberta data do ano setenta e trás em suas paredes as marcas do fogo que consumiu Jerusalém. 

Os registros históricos contam que o desfecho da batalha foi surpreendente. Os judeus que não haviam morrido de fome, ou que não tinham fugido decidiram que morreriam com o Templo. É relatado que eles resistiram até o ultimo homem, mas ao verem o Templo destruído procuraram a morte. Uns feriram suas próprias famílias e tiraram suas vidas, outros se atiravam ás chamas do Templo enquanto a maioria abraçava-se as espadas e lanças dos romanos. 

Embora eles não passassem de uns poucos, ainda assim é mencionado que não foi fácil subjugá-los. Se o Templo não tivesse sido incendiado certamente a batalha teria se estendido.

Josefo afirma em seus escritos que 1.100.000 pessoas morreram durante o cerco a Jerusalém onde a grande maioria era judia. Mais 97.000 foram capturados e tornaram-se escravos.

Tamanha foi à loucura dessa batalha que o próprio general Tito que comandou os exércitos no cerco recusou-se a aceitar as glorias da vitoria, pois segundo afirmou "não há mérito em vencer povo abandonado pelo seu próprio Deus."

Sinais estranhos ou sinais proféticos?

Outro fator interessante sobre os anos que antecederam a destruição do segundo Templo e o ano da própria destruição são os sinais estranhos que ocorreram durante aquele tempo.

Muitos defendem a tese de que tais sinais são os mencionados no sermão profético de Mateus 24, “os sinais da vinda do Filho do homem.” Todavia não cremos que estes sinais referem-se aos sinais do Arrebatamento. Mas sabemos que ocorreram e são registrados por inúmeros historiadores e que são no mínimo intrigantes.

Começando mais uma vez pelos registros de Flavio Josefo, ele nos mostra que vários sinais ocorreram na terra e também nos céus que prediziam um grande juízo sobre os israelitas.
Relataremos alguns destes sinais registrados por ele:

“Um cometa, que tinha a forma de uma espada apareceu sobre Jerusalém, durante um ano inteiro.” 

“Antes de começar a guerra, o povo reunira-se a oito de abril, para a festa da Páscoa, e pelas nove horas da noite, viu-se, durante uma meia hora, em redor do altar e do templo, uma luz tão forte que se teria pensado que era dia.“

Os ignorantes tiveram-na como um bom augúrio, mas os instruídos e sensatos conhecedores das coisas santas consideraram-na como um presságio do que depois sucedeu. Durante essa mesma festa uma vaca que era levada para ser sacrificada, deu à luz, um cordeiro no meio do Templo.

Pelas seis horas da tarde a porta do Templo que está do lado do oriente e que é de bronze e tão pesada que vinte homens mal podem empurrar, abriu-se sozinha, embora estivesse fechada com enormes fechaduras, barras de ferro e ferrolhos, que penetravam bem fundo no chão, feito de uma só pedra.

Os guardas do Templo avisaram imediatamente o magistrado do que acontecera e lhe foi bem difícil tornar a fechá-la.

Os ignorantes interpretaram-no ainda como um bom sinal, dizendo que Deus abria em seu favor suas mãos liberais, para cobri-los de toda sorte de bens. Mas, os mais sensatos julgaram o contrário, isto é, que o Templo destruir-se-ia por si mesmo e que a abertura de sua porta era presságio, o mais favorável, que os romanos pudessem desejar. Um pouco depois da festa, a vinte e sete de maio aconteceu uma coisa que eu temeria relatar, de medo que a tomassem por uma fábula, se pessoas que também viram, ainda não estivessem vivas e se as desgraças que se lhe seguiram não tivessem confirmado a sua veracidade.

“Durante essa mesma festa uma vaca que era levada para ser sacrificada, deu à luz, um cordeiro no meio do templo.” 

“Um pouco depois da festa, a vinte e sete de maio aconteceu uma coisa que eu temeria relatar, de medo que a tomassem por uma fábula, se pessoas que também a viram, ainda não estivessem vivas e se as desgraças que se lhe seguiram não tivessem confirmado a sua veracidade. Antes do nascer do sol viram-se no ar, em toda aquela região, carros cheios de homens armados, atravessar as nuvens e espalharam-se pelas cidades, como para cercá-las.”

“No dia da festa de Pentecoste, os sacrificadores estando à noite, no Templo interior, para o divino serviço, ouviram um ruído e logo em seguida uma voz que repetiu várias vezes: Saiamos daqui !”

“Quatro anos antes do começo da guerra, quando Jerusalém gozava ainda de profunda paz e de fartura, Jesus, filho de Anano, que era um simples camponês, tendo vindo à festa dos Tabernáculos, que se celebra todos os anos no Templo, em honra a Deus, exclamou: “Voz do lado do oriente, voz do lado do ocidente, voz do lado dos quatro ventos, voz contra Jerusalém e contra o Templo: voz contra todo o povo”.

Dia e noite ele corria por toda a cidade, repetindo a mesma coisa. Algumas pessoas de condição, não podendo compreender essas palavras de tão mau presságio, mandaram prendê-lo e vergastá-lo; mas ele não disse uma só palavra para se defender, nem para se queixar de tão severo castigo e repetia sempre as mesmas coisas.

Os magistrados, então, pensando, como era verdade, que naquilo havia algo divino, levaram-no a Albino, governador da Judéia.

Ele mandou açoitá-lo até verter sangue e nem assim conseguiram arrancar-lhe um único rogo, nem uma só lágrima, mas a cada golpe que se lhe dava, ele repetia com voz queixosa e dolorida: “desgraça sobre Jerusalém”.

Quando Albino lhe perguntou quem ele era, de onde era, o que o fazia falar daquela maneira, ele nada respondeu. Assim despediu-o como um louco e não o viram falar com ninguém, até que a guerra começou.

Ele repetia somente e sem cessar as mesmas palavras: “Desgraça, desgraça sobre Jerusalém”, sem injuriar nem ofender aos que o maltratavam, nem agradecer aos que lhe davam de comer

Todas as suas palavras reduziam-se a tão triste presságio e as proferia com uma voz mais forte nos dias de festas.

Assim continuou durante sete anos e cinco meses, sem interrupção alguma, sem que sua voz se enfraquecesse ou se tornasse rouca.

Quando Jerusalém foi cercada viu-se os efeitos de suas predições. Fazendo então a  volta às muralhas da cidade, ele se pôs ainda a clamar: “Desgraça, desgraça sobre a cidade, desgraça sobre o povo, desgraça sobre o Templo”.

Tendo acrescentado “desgraça sobre mim”, uma pedra atirada por uma máquina, derrubou-o por terra e ele expirou proferindo ainda as mesmas palavras. (Flavio Josefo  - A História dos Hebreus - Obra Completa –II Parte – livro sexto, capítulo 31, página 680 e 681)

Os cristãos escapam.

Muitos teólogos e historiadores se surpreendem com o fato de que somente os cristãos escaparam deste terrível acontecimento.

Mas tal proeza não seria possível se os cristãos da época não conhecessem as profecias do sermão profético de Jesus

Eusébio menciona que ao verem a “abominação da desolação” e ao perceberem a aproximação cada vez mais freqüente dos romanos e lembrando-se das palavras do Mestre Jesus “Os que estiverem na Judéia, fujam para os montes, os que estiverem no meio da cidade, saiam, e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Pois dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! Haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo (os judeus).”(Lucas 21:21-23). Os cristãos se refugiaram em Pela entre as montanhas há cerca de 30 quilômetros ao sul do Mar da Galiléia escapando assim do massacre.

Fica-nos a pergunta: Não seria esta uma prova de que algumas das profecias de Cristo se cumpriram ainda no passado?

Vemos através deste acontecimento que os cristãos primitivos estavam atentos as palavras de Jesus e que possivelmente já esperavam por tal destruição, interpretando as profecias para sua própria época. Teriam eles razão?

Os motivos da destruição de Jerusalém.

"Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação" (Lc 19.43-44; cf. Mt 23.37-38; At 3.13-15).

Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. (João 1:11)

"Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!" (Mt 23.38-39).

Mesmo existindo vários outros motivos para que o juízo de Deus viesse sobre a nação Judaica à rejeição do Messias por parte daquele povo foi à medida que faltava para que o cálice da justiça divina transbordasse.

Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso.

E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
Então soltou-lhes Barrabás, e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.(Mateus 27:24-26)

Realmente o sangue do Messias o filho de Deus a quem eles crucificaram caiu sobre toda aquela geração

O próprio general Tito que se tornou posteriormente imperador de Roma mencionou: 

“Lutamos com Deus do nosso lado; pois foi Deus que expulsou os judeus de seus baluartes; pois que poderiam ter feito máquinas ou mãos nuas contra muros e torres como essas?” (Josefo, “Guerras”, livro 6 cap.9).



Os Judeus não teriam perdido a batalha facilmente, pois estavam com grandes vantagens mesmo diante de todo o arsenal romano. Porém aquela era uma derrota inevitável, pois estavam lutando contra a própria vontade de Deus.

Deus puniu a Jerusalém no mesmo dia em que Nabucodonosor a tinha destruído no ano 1468 de sua fundação. No dia 8 de setembro de 70 d.C. Jerusalém foi reduzida a escombros. 

Um dos lideres da seita dos fariseus o rabino Yochanan ben Zakkai ainda no principio do conflito acreditando em um juízo divino e que a grande cidade de Jerusalém só seria conquistada por um grande soberano, rendeu-se a Vespasiano pai de Tito afirmando que ele era este soberano.

Naquele mesmo instante chegou um mensageiro vindo de Roma para comunicar que o imperador havia morrido e que Vespasiano tinha sido escolhido como seu sucessor.

Impressionado com a profecia do rabino Vespasiano lhe ofereceu sua misericórdia e permissão para que ele protegesse os rolos da Torah e também aos eruditos que os estudavam. Desta maneira a Lei foi preservada mesmo com a destruição de seu maior símbolo.

O desfecho inevitável.

O messias pregou no templo. Depois de Jesus nenhum outro messias se levantou e teve tamanha relevância. Muito menos foi crucificado ou cumpriu qualquer outra profecia.

Jesus veio para servir de sacrifício eterno sobre o pecado. Logo não havia mais necessidade de sacrifícios animais, ou templos, ou sacerdotes, pois Jesus é o eterno sumo sacerdote. Esta é mais uma grande prova de que Jesus Cristo era o messias e Israel o rejeitou.

É inevitável pensar que a destruição do Templo e de Jerusalém era a vontade de Deus. Este acontecimento serviu de punição para os judeus por terem rejeitado ao Messias e também por não terem crido em Sua profecia*. Alem do mais as últimas profecias de Cristo foram sobre este evento e se cumpriram fielmente.

* Grifos acrescentados pelo Site Bíblia e a Ciência, extraídos do livro História dos Hebreus de Flávio Josefo na página 1366.

Artigo extraído do site O Pesquisador Cristão


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