Objeção: Lucas 16:16 prova que os cristãos não têm nada a ver com lei.
LUCAS 16:16 DIZ O SEGUINTE: “A LEI E OS PROFETAS VIGORAM ATÉ JOÃO; DESDE ESSE TEMPO, VEM SENDO ANUNCIADO O EVANGELHO do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.” Vejamos a passagem paralela de Mateus 11:13: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.”
A palavra “vigoraram” em Lucas 16:16 é acrescentada. Lucas simplesmente escreveu: “A lei e os profetas, até João.” Se os tradutores tivessem comparado suas palavras com as de Mateus, teriam visto que Lucas não quis dizer que a lei e os profetas terminaram nos dias de João, mas que “profetizaram” até aqueles dias, A diferença é muito grande e provê a chave para o significado da passagem em discussão.
A frase “os profetas e a lei”, ou mais comumente “a lei e os profetas”, é usada freqüentemente na Bíblia para descrever os escritos de Moisés mais os escritos dos outros profetas do Antigo Testamento.
Os escritos de Moisés eram tão distinguidos pelos códigos de leis ali registrados que eram com freqüência descritos como “a lei”, em contraste com os escritos dos outros profetas. Esse fato em si refuta esta objeção, porque nem Lucas nem Mateus estão realmente discutindo a lei dos Dez Mandamentos.
Mas o que queriam dizer esses dois escritores do evangelho? O contexto dá a resposta. O ceticismo quanto à missão e o caráter de Cristo e de João Batista caracterizava muitos judeus. Eles insistiam que acreditavam em Moisés e em todos os profetas.
Cristo procurou repetidamente esclarecer que Ele era Aquele predito pelos profetas. Seu precursor, João Batista, igualmente fora predito, e agora o reino de Deus estava sendo pregado.
Ao iniciar o Seu ministério publico, Cristo declarou: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo.” Mar. 1:15. Os profetas tinham predito a vinda do Messias. Cristo anunciou que aquelas profecias estavam agora cumpridas.
Para os céticos judeus, que não conseguiam ver em Cristo o cumprimento das profecias, Ele declarou: “Não penseis que Eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em Mim; porquanto ele escreveu a Meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas palavras?” João 5:45-47.
Quando Filipe encontrou Natanael e procurou dar-lhe a emocionante notícia de que o Messias prometido tinha chegado, disse:
“Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno.” João 1:45.
Quando Cristo ressurgiu dos mortos, Ele dirigiu-Se naquele mesmo dia aos perturbados e desnorteados discípulos e perguntou: “Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração?” Luc. 24:38. Então lembrou-lhes que o que Lhe havia acontecido naquele fatídico fim de semana foi o que os profetas tinham predito:
“importava se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.” Verso 44.
Paulo disse que sua missão na vida era dar “testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer.” Atos 26:22.
Assim, é evidente que o profetizar de Moisés e de outros profetas era uma das principais provas oferecidas por Cristo e os apóstolos em apoio da afirmação de que o Messias tinha vindo. Os profetas profetizam até o tempo em que suas profecias têm cumprimento. Depois disso, a profecia torna-se história.
Desse modo, nosso Senhor, ao declarar que “os profetas e a lei profetizaram até João”, estava simplesmente anunciando que “o tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo”. Ele não estava sugerindo que Moisés ou os profetas estavam agora abolidos, muito menos que a lei dos Dez Mandamentos tinha chegado ao fim.
Fonte: Francis D. Nichol, Respostas a Objeções, págs. 70-71.
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