Será que os smartphones têm influenciado de alguma maneira a
mudança de comportamento dentro da Igreja? Se sim, isso tem sido bom ou ruim?
As novas tecnologias podem se tornar nossa aliada durante os cultos? O que
fazer com aqueles que não se desconectam nem dentro do templo?
As mudanças
Sempre que surgem novas tecnologias, mudanças ocorrem no
comportamento humano. Por exemplo, com a invenção da luz elétrica a humanidade
passou a dormir mais tarde. Atualmente, as novas gerações estão substituindo os
aparelhos de rádio e TV pelos tablets e smartphones. Com isso passam mais tempo
consumindo conteúdo e em todos lugares. O fato é que criador e criatura, homem
e tecnologia, interagem entre si e se influenciam mutuamente gerando novas
mudanças.
Mudanças positivas ou negativas?
Lembra do tempo que na igreja não existiam playbacks ou
vídeo-projetores? É claro que os mais novos não conheceram essa época, mas
possivelmente o surgimento dessas tecnologias alterou a dinâmica dos cultos e o
formato da adoração. Apesar de existirem igrejas que evitam usar, a maioria já
assimilou e tem dificuldade em realizar os cultos se um dos equipamentos não
funcionar perfeitamente. Será que no futuro outras novas tecnologias serão
usadas para melhorar ou ampliar nossa experiência na adoração? Pode ser que
sim.
O futuro presente
Tenho visto que algumas igrejas já aceitam o uso da
tecnologia e procuram usá-las positivamente. Algumas transmitem seus cultos,
enquanto outras se relacionam durante a semana não só nos pequenos grupos, mas
também pelo Whatsapp. Boa parte já tem seu próprio website e página no Facebook
para ser mais visível à comunidade. Mas a mudança ainda vai mais além.
Em uma igreja que visitei, o pastor incentivava os membros a
“tuitarem” frases-chave e passagens bíblicas do sermão. Dessa forma a mensagem
poderia chegar a muitos que estão do lado de fora e poderia incentivá-los a
conhecer a igreja. Em outro lugar, um pastor convidava a congregação a dar
opinião sobre o tema do sermão por meio de SMS. Ainda no púlpito, recebia o
“feedback” e adaptava o tema em cima das dúvidas e necessidades dos membros.
Como igreja, precisamos reconhecer que novas tecnologias ainda virão e que irão
provocar novas mudanças. Mas, para isso, necessitamos ser equilibrados,
aprender a fazer o melhor uso, estabelecer limites e nos adaptar a elas.
Quando a tecnologia gera conflito
Certa vez uma diaconisa me contava que repreendeu
severamente um menino que, durante o momento de louvor, não desligava seu
smartphone. Irada, se aproximou dele e esbravejou “você não desliga essa coisa
nem na hora do culto?”. O menino com uma paz angelical se voltou para ela e
respondeu: “Tia, estou usando meu hinário”. Confusa e sem ter o que dizer, ela
se desculpou e saiu.
Mesmo na igreja é possível que ocorram os conflitos de
gerações devido à tecnologia. Uma geração “off-line” ou “analógica” convive ao
mesmo tempo com outra que já nasceu conectada e não vive sem Internet. Se por
um lado os novos irmãos “digitais” precisam ajudar na reverência e adoração,
por outro lado os “analógicos” precisam entender que o uso da tecnologia é algo
natural e espontâneo para os “digitais”.
Adventistas digitais
Segundo as últimas estatísticas da igreja, cerca de 40% dos
adventistas na América do Sul está na faixa dos nativos digitais, ou seja,
possuem menos de 24 anos. Os pesquisadores apontam para essa nova geração como
sendo bem diferente daquela da qual faziam parte seus pais: são multitarefas,
usuários de múltiplas telas, hiperconectados, mais espertos, mais ousados, mais
sedentários, etc. Dessa forma, temos um novo desafio que é conviver com
diferentes gerações e mentalidades.
Seguem abaixo algumas dicas para que os “analógicos” (como
eu) saibam como conviver e envolver os adventistas “digitais” na missão da
igreja.
Características dos digitais / Como lidar
Perda de atenção ou atenção fragmentada nos cultos:
* Evite palestras e sermões muito longos.
* Use histórias, ilustrações, frases curtas e vá direto ao
ponto.
Falta de envolvimento nos programas da igreja:
* Se possível, permitir que eles participem interagindo de
alguma forma com o culto.
* Incentive e crie “causas”.
* Estabeleça metas e comemore os resultados.
* Deixe eles participarem dando ideias na elaboração dos
planos e estratégias.
Não participam do evangelismo tradicional:
* Incentive o uso dos conhecimentos do mundo virtual e redes
sociais para compartilharem sua fé.
Ellen White, as novas tecnologias e a unidade
Antevendo o rápido avanço das invenções humanas, Deus nos
deixou conselhos através de sua serva Ellen G. White sobre o uso correto e
equilibrado, bem como sobre a importância de manter a unidade em meio as
mudanças e a diferença entre as gerações.
“Deus dotou os homens de talentos e capacidade inventiva, a
fim de que seja efetuada a Sua grande obra em nosso mundo. As invenções da
mente humana parecem proceder da humanidade, mas Deus está atrás de tudo isso.
Ele fez com que fossem inventados os rápidos meios de comunicação para o grande
dia de Sua preparação”. (Fundamentos da Educação Cristã, p. 409)
“Descobrir-se-ão meios para alcançar os corações. Alguns dos
métodos usados nesta obra serão diferentes dos que foram usados na mesma no
passado; mas não permitamos que alguém, por causa disto, ponha obstáculos no
caminho mediante a crítica”. (Review and Herald, 30 de setembro de 1902)
“Não deve haver regras fixas; nossa obra é progressiva, e
deve haver oportunidade para os métodos serem melhorados. Sob a direção, porém,
do Espírito Santo, a unidade deve ser preservada e sê-lo-á”. (Review and Herald,
23 de julho de 1895)
Fonte: Megaphone Adventista, por Carlos Magalhães (via
Notícias Adventistas) (Título original: Adventistas Digitais)
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