Um estudo sobre o significado do templo celestial deve examinar a natureza de Deus, Sua interação conosco e a veracidade dessa relação. A interação com Deus e Sua presença em relação às Suas criaturas são temas teológicos sumamente importantes, e o templo celestial desempenha papel fundamental para que eles sejam compreendidos.
1.
Natureza de Deus: Deus é único e singular. Dentro do Universo, tudo pertence à esfera do que foi criado, menos Ele. Os teólogos se referem a essa dimensão de Deus como Sua transcendencia; em outras palavras, Ele está acima e independente dos cosmos. A criação não é grande o suficiente para conte-Lo (1Rs 8). Com relação à Criação, Deus é, por natureza, o Ser distante. A criação não emanou dEle, mas veio à existência por meio de Sua palavra, que está fora dEle. Uma vez que que Ele tem vida em Si mesmo, nada na natureza pode contribuir para Sua existência ou é necessário para que Ele preserve a Si mesmo. A natureza é o habitat exclusivo das criaturas finitas.
Embora, por natureza, Deus seja transcendente, por opção Ele é Aquele que está sempre presente. Os teólogos se referem a essa caracteristica como a imanência divina. Deus está presente com Sua criação. Essa é uma rejeição ao deísmo, segundo o qual Deus criou o Universo para, em seguida, abandona-lo à sua própria sorte. Nesse caso Deus seria um Criador absolutamente ausente. A imanência de Deus está claramente retratada em Gênesis 2, onde Ele é descrito como sendo ativo dentro da Criação, enquanto cria seres humanos. O Deus bíblico escolheu viver perto de Suas criaturas, no espaço que Ele criou para elas. A criação é uma expressão do Seu amor.
2.
Proximidade de Deus: A pergunta seguinte é: Como Deus está presente em Sua criação? Diferente e, às vezes, complexa, esta pergunta já recebeu diversas respostas. Uma das mais comuns é a onipresença, que quer dizer que Ele está em todos os lugares. Essa resposta elimina a heresia do panteísmo - na qual Deus é uma força impessoal que permeia tudo e, portanto, em último sentido, tudo é divino.
Mas o Deus bíblico é uma pessoa. A Bíblia fala sobre a onipresença de Deus no senso de que nada no cosmos acontece fora da Sua presença e em total independencia de Suas ações. Essa compreensão de onipresença presume que Ele está em toda parte, porque Ele está em algum lugar em particular. Ele Se coloca dentro do espaço de Suas criaturas em um lugar especifico. O Deus transcendente Se torna o Deus imanente ao entrar em nosso espaço em um determinado local. Descrevendo o que aconteceu no princípio, o salmista declara com segurança:"O Teu trono está firme desde a antiguidade; Tu existes desde a eternidade" (Sl 93:2). Deus "estabeleceu Seu trono nos Céus, e como rei domina sobre tudo o que existe" (Sl 103:19). Para o salmista o trono de Deus está no templo celestial (Sl 11:4).
O fragmento único de espaço onde o infinito e o finito se cruzam entre si, e onde a proximidade de Deus é vista e sentida por Suas criaturas inteligentes, é o que chamamos de templo celestial. Sua majestade e grandeza permanecem misteriosas e inimagináveis para nós. Esse local é tão antigo quanto a própria criacao.
3.
Um Templo Real: O templo celestial não é um detalhe incidental na teologia bíblica, ou uma especulacao desnecessária. É um lugar real que revela o caráter pessoal de Deus e Seu intenso amor por Seus filhos. Esse templo não foi feito por mãos humanas, mas é um ato singular da criação divina. Sua existência é afirmada pelo fato de que é um centro cósmico de adoração para incontáveis seres inteligentes (Sl 89:5, 6; Dn 7:9, 10; Ap 4:2-7) e o centro do Reino cósmico de Deus (Sl 103:19). De lá, Ele revela Sua vontade para Suas criaturas (Sl 103:20, 21). Desse majestoso templo, Deus trabalha na resolução do conflito cósmico por meio de julgamento (Sl 11:4-6; 33:13-15). De lá, Ele desce e liberta Seu povo da opressão do inimigo (Sl 18:6-9, 16, 17), concede perdão para o pecado (1Rs 8:30, 38, 39), abençoa e justifica Seu povo (Dt 26:15; 1Rs 8:32). Nesse espaço singular, Cristo intercede por nós diante do Pai (Hb 7:25). Por intermédio de Cristo, Deus veio ao nosso mundo pecaminoso e podemos desfrutar de Sua proximidade salvadora (Jo 1:14).
Por Ángel Manuel Rodriguez, extraído da Revista Adventist World de março de 2014.
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