Obediência é uma resposta de gratidão pelo livramento – “Se quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, [...] tenham o cuidado de nomear o rei que o Senhor, o seu Deus, escolher. Quando subir ao trono do seu reino, mandará fazer num rolo, para o seu uso pessoal, uma cópia da lei” (Dt 17:14, 15 e 18).
A prescrição de Deus continua sendo o fundamento para a obediência; a terra e o rei só existem por meio da ação de Deus. A lei representa a aliança entre Deus e Seu povo. É fato que todo o livro de Deuteronômio é estruturado como muitos dos tratados políticos daquele tempo, começando com o relato de todos os favores que o Soberano (Deus) concedeu aos vassalos (Israel) libertando-os (do Egito), e, em seguida, estipula a aliança como resposta de gratidão. Semelhantemente, no Novo Testamento, Jesus relembra Seus discípulos de que a obediência à lei de Deus está intimamente ligada com o amor a Ele; e declara: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” (Jo 14:15).
Deus nos capacita a obedecer pela meditação na Sua Palavra – “Trará sempre essa cópia consigo e terá que lê-la todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor, o seu Deus, e a cumprir fielmente todas as palavras desta lei” (Dt 17:19). A meditação nas instruções de Deus vem antes da obediência. É pelo tempo gasto com a Palavra de Deus, que Ele preparava o rei para guardar a lei. Desde o princípio, o povo de Deus sempre foi o que guardava os Seus mandamentos e mantinha no coração um relacionamento com Ele. O próprio Deus promete circuncidar o coração do povo para capacitá-lo a seguir Seus estatutos (Dt 30:6). Assim, os Dez Mandamentos podem ser lidos como dez promessas (por exemplo, “[Eu prometo:] não terás outros deuses diante de Mim”). Jesus reitera esse princípio no Novo Testamento quando Se denomina a vinha e Seus seguidores os ramos, que produzirão frutos apenas se permanecerem nEle, e Ele os molda à Sua imagem (Jo 15:1-8).
A lei oferece proteção – “Isso fará com que ele não se considere superior aos seus irmãos israelitas e que não se desvie da lei, nem para a direita, nem para a esquerda. Assim prolongará o seu reinado sobre Israel, bem como o dos seus descendentes” (Dt 17:20). A função da lei também é revelar quão terrível é o pecado. Sem a lei, o povo não saberia quando tinham se desviado do reto e estreito caminho de conformidade com a imagem de Deus. Diferente de outras divindades, porém, a lei de Deus não é confusa ou arbitrária (Dt 30:11-16). Escrita em prol dos outros, a lei protege a vida e a dignidade, relacionamentos e propriedade. Assim, a lei não é uma barreira que impede que desfrutemos do mundo e seus prazeres, mas uma cerca que nos protege do mundo e de seus perigos.
Na verdade, a lei de Deus é eterna e imutável. Os Dez Mandamentos já eram conhecidos antes do Sinai (ver Gn 2:2, 3; 4:8-12; 26:7; 39:7-9). Embora Paulo se alegre por estar livre da sujeição à lei por meio de Cristo, ele compara sua liberdade em Cristo com a escravidão a Deus (Rm 6:15-22). A sujeição a que Paulo se refere, é a sujeição ao pecado que nos impede de guardar a lei, mas que é quebrada ao aceitarmos a perfeita obediência de Cristo em nosso favor (Rm 8:3, 4). João reitera no Apocalipse que aqueles que seguem a Deus no tempo do fim guardarão Seus mandamentos (Ap 14:12).
A reputação de Deus está em jogo – “Assim prolongará o seu reinado sobre Israel, bem como o dos seus descendentes” (Deut. 17:20). Em última instância, guardar a lei é inocentar o nome e caráter de Deus manchados pelos pecados do Seu povo. As nações vizinhas valorizavam as divindades baseadas na percepção que tinham da habilidade que um deus possuía de proteger e abençoar seu povo e a terra. Assim, por amor do Seu nome, quando Seu povo profanou perante o mundo, Deus promete dar a esse povo novo coração e fazer com que ande em Seus caminhos (Ez 36:22). Do mesmo modo, em nossa perspectiva, a lei de Deus deve abranger o significado cósmico de nossa obediência. Quando obedecemos à lei de Deus, que é o reflexo de Seu caráter, somos testemunhas para o universo de que nosso Deus é fiel, justo e verdadeiro (Mt 5:16; Rm 7:12; Hb 8:8-10; 1 Jo 5:2, 3).
Os cristãos não devem se concentrar nas dificuldades para obedecer à lei de Deus, mas procurar ansiosamente todas as formas possíveis de demonstrar nossa gratidão ao nosso Salvador. Não podemos guardar a lei por nós mesmos, mas fomos redimidos pelo sangue do Cordeiro, e estamos sendo transformados à imagem de Cristo pelo Espírito Santo. A lei nos protege da escravidão do pecado e até nos oferece muitas oportunidades de testemunhar e honrar o nome de Deus. Ao invés de considerar a lei como um requerimento pesado para a salvação, podemos alegremente contar aos outros como Deus nos livrou do pecado e que é nosso privilégio servi-Lo.
“Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro.” (Sl 119:97).
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Texto de autoria de A. Rahel Schafer, publicado na Adventist World de Maio/2011.
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