“Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja”.
Baseados nestes dois versos de Paulo e com a mesma ideia confirmada em 1Timóteo 2:11-12, muitos membros de algumas igrejas tem declarado não ser próprio às mulheres ensinarem na Escola Sabatina e usarem da palavra, na igreja, em outras circunstâncias.
O que levou Paulo a fazer estas declarações? Será que suas taxativas afirmações eram somente para aquela época, ou elas ainda estão em vigor em nossos dias? Qual tem sido a posição da Igreja Adventista quanto às mulheres usarem o púlpito, e um dia chegarem a ser ordenadas? Como os nossos líderes tem visto as reivindicações de algumas senhoras que pleiteiam estes privilégios?
Neste estudo, o prezado leitor encontrará uma tentativa de dar uma resposta a algumas destas inquirições.
COMENTÁRIOS GERAIS
1. Paulo e a Igreja de Corinto. Esta carta provavelmente foi escrita em Éfeso, no ano 57, durante sua terceira viagem missionária. Paulo recebera completas e seguras notícias da situação da igreja de Corinto, onde havia uma série de problemas, tais como: partidos, escândalos, impureza, alimentos oferecidos em sacrifício, o problema das línguas, processos em tribunais pagãos, o comportamento da mulher no culto público, desordem na celebração da ceia, etc. Visando orientar a igreja na solução destes problemas, esta carta foi redigida.
2. Paulo – Sua formação e a situação da mulher em seu tempo. Creem alguns comentaristas que Paulo, sendo um produto da cultura judaica, recebeu influências do tratamento que esta dava à mulher.
Eis o que declara Adam Clarke: “Esta era uma ordenança judaica: Às mulheres não era permitido ensinar nas assembleias, nem mesmo fazer indagações. Os rabinos ensinavam que ‘uma mulher não deve saber outra coisa senão como usar os seus utensílios caseiros’. E as declarações do rabino, conforme transmitidas, são ambas dignas de observação e execração. Estas declarações são as seguintes: ‘Antes sejam queimadas as palavras da lei, do que serem ensinadas a uma mulher'”.
Robertson insiste que não é fácil interpretar estas palavras de Paulo, desde que elas são bastante claras no que querem expressar, mas, na realidade, universalmente os cristãos não obedecem a estas declarações paulinas.
Outro comentarista afirma: “As mulheres devem manter silêncio nos cultos públicos. Cumpre-lhes participarem do Amém (ver o sexto versículo), mas em tudo o mais não devem ser ouvidas. Elas vinham reivindicando igualdade com os homens na questão do véu, deixando de lado esse sinal de sujeição na igreja, e aparentemente também tinham tentado pregar, ou, pelo menos, vinham formulando perguntas durante as reuniões públicas … O ensino foi proibido a elas pelo apóstolo … uma regra extraída da sinagoga e mantida na Igreja primitiva (ver 1Timóteo 2:12). O abandono do véu equivalia a reivindicar igualdade com os homens; ensinar em público equivalia a exercer autoridade sobre eles” (Novo Testamento Interpretado, de Russell Norman Champlin, vol. 4, pág. 231).
William Barclay, em suas “Letters to the Corinthians“, nos informa o seguinte sobre a situação da mulher no mundo antigo: “É conhecido que, nos tempos antigos, o lugar que a mulher ocupava era muito baixo. No mundo grego, Sófocles falou: ‘O silêncio confere graça para as mulheres’. As mulheres, a não ser que fossem muito pobres ou de mui baixa moral, tinham que viver isoladas em casa. Os judeus tinham inclusive uma ideia mais baixa da mulher. Entre os rabinos havia alguns ditos que colocavam a mulher ainda numa situação muito pior, como estes: ‘Ensinar a lei para a mulher é ensinar a impiedade’. Outro sentenciava: ‘Ensinar a lei para a mulher é como jogar pérolas aos porcos’.
No Talmud, na lista relacionada com as pragas do mundo, aparece: ‘A mulher faladora, a viúva curiosa e a virgem que perde todo o seu tempo fazendo orações’. Era inclusive temível falar com as mulheres na rua. Ninguém podia solicitar um serviço para uma mulher, nem podia cumprimentá-la.
“Esta sociedade era similar à que Paulo tinha quando escreveu aos coríntios… Seria certamente muito errado tomar estas palavras de Paulo fora do contexto em que foram escritas, e fazer delas uma regra universal para todas as igrejas”.
Charles R. Erdman, em seu escrito “Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios“, declara: “Mulheres casadas não devem exercer publicamente o dom de profetizar. Paulo já teve ocasião de corrigir certas anomalias com referência à maneira de vestir, e agora menciona algumas inconveniências relativas ao dom da palavra que surgiram naquela igreja. E o ponto em que se baseia é o mesmo anteriormente citado, a saber, o marido é o cabeça da família, e a mulher é dependente do marido. A autoridade de ensinar na igreja e o exercício público da profecia cabiam aos maridos e não às mulheres. Estas nem deviam interromper o culto sob o pretexto de fazer perguntas. Se quisessem perguntar alguma coisa, que o fizessem em casa, a seus esposos. Era impróprio para mulheres casadas tomarem o lugar de seus maridos no desempenho de profetizar na igreja”.
O conhecido comentarista Lange, ao falar sobre 1Coríntios 14:34-35, insiste na mesma tecla: “Tanto o costume grego como o romano, e também o judeu, proibia a apresentação das mulheres em público. A ordem da igreja cristã aderiu ao costume de conformidade com a ordem divina (nomos, em grego) de Gênesis 3:16, que impunha sobre a mulher explícita submissão ao homem, uma vez que ela, por seu ato voluntário, o havia envolvido em apostasia. A isto se deve o fato de calarem-se as mulheres nas assembleias públicas; enquanto o falar em público, quer seja na forma de discurso, ou na forma de perguntas, indicava um esforço feminino por independência para sair da posição subordinada que lhe foi designada por Deus”.
Este desejo da mulher, de libertar-se da condição de subordinada, é muito mais real e vivo em nossa sociedade.
O artigo “Mulher – Fermento do Mundo“, de H. Corazza, estampado na revista Família Cristã, é a comprovação máxima desta realidade. Eis suas partes mais significativas: “Libertação e direitos da mulher. Seu papel no mundo, na sociedade e na igreja. O assunto prolifera sob os mais diversos ângulos e opiniões. Mas qual o seu verdadeiro lugar? Até que ponto ela sabe descobri-lo e realizá-lo, no profundo do seu ser como mulher?
“O desenvolvimento do mundo atual. Os estudos revolucionaram também o campo feminino. Isto possibilitou à mulher um despertar para os valores de sua vida e presença na sociedade, por tanto, tempo ignorados e subestimados.
“Já passou o tempo em que a mulher era considerada desigual ou inferior ao homem. Hoje ela quer ser tratada como Pessoa, e não como coisa. O conhecimento mais profundo de sua personalidade e direitos faz com que tome consciência das possibilidades de atuação que tem no mundo. Há lugar e vez também para ela assumir uma profissão e colaborar positivamente para o construção da sociedade.
“Engajada em novas realidades. Como nos tempos primitivos, a Igreja hoje deseja que a mulher atue na evangelização. Sua presença está sendo não só reconhecida e incentivada, mas solicitada nos diversos setores da pastoral: promoção humana, comunidade de base, catequese, educação, comunicação social, etc.
“Toda mulher engajada na comunidade cristã, seja ela leiga ou consagrada, pode favorecer muito à penetração do Reino de Deus nas diversas camadas sociais, onde, talvez, outros meios ou pessoas não chegariam.
“As qualidades tipicamente femininas fazem da mulher outra Maria de Nazaré. Providencia o necessário à família. Está atenta às necessidades dos outros: amigos, vizinhos, conhecidos e desconhecidos. Sabe, na hora certa, dar um sorriso, dizer uma palavra segura e precisa. A intensa dedicação e a persistência no bem podem reconduzir lares à harmonia entre si e à paz com Deus.
“Consciente da importância de seu papel na sociedade e na igreja, cabe à mulher realizar o plano de Deus a seu respeito. Na criação, Deus fez homem e mulher. Ele os fez à Sua imagem e semelhança. Complementares. Não ‘submissos’, nem dominadores. Paulo diz: ‘Nem a mulher é sem o homem, nem o homem sem a mulher, no Senhor. Porque, assim como a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher; e tudo vem de Deus’. A dominação veio com o pecado e não é conforme o plano de Deus.
“A mulher, vivendo sua missão, contribui para transformar o próprio lar, o ambiente de trabalho e de influências. E, na palavra de Paulo VI, podemos afirmar: ‘Chegou a hora em que a vocação da mulher se realiza em plenitude e ela adquire, na sociedade, uma influência, um alcance, um poder jamais conseguidos até aqui. Por isso, neste momento em que a humanidade sofre uma tão profunda transformação, as mulheres, impregnadas do espírito do Evangelho, podem ajudar muito a humanidade a não decair’.
“Chegou a hora da mulher ser fermento do mundo!”
As declarações paulinas em 1Coríntios 14:34-35 e 1Timóteo 2:11-12 são um lado da moeda, mas se a virarmos do outro lado, o próprio Paulo, na mesma carta à igreja de Corinto, capítulo 11, verso 5, diz “a mulher que ora ou profetiza” – sem dúvida uma referência às mulheres que em reuniões públicas falavam a respeito das coisas divinas.
Lucas, em Atos 21:9, nos cientifica de que as quatro filhas de Filipe profetizavam – nada mais nada menos do que publicamente se tornarem portadoras das revelações de Deus.
Outros exemplos comprovativos são encontrados nas páginas Sagradas, como uma demonstração eloquente de que as mulheres, mesmo no passado, tiveram uma parte decisiva na causa do Evangelho. Basta nos reportarmos a Romanos, capítulo 16, onde encontramos, no primeiro verso, Febe, a diligente diaconisa da igreja de Cencreia. No verso 3 aparece Priscila, e, no verso 12, Trifena e Trifosa, exemplo de nossas dedicadas obreiras bíblicas (Filipenses 4:3).
3. Posição da Igreja Adventista neste Problema. Os dois trechos seguintes, do Espírito de Profecia, são oportunos neste aspecto:
1) O Homem e a Mulher Criados Iguais. “A negligência, por parte da mulher, em seguir o plano de Deus ao criá-la, o esforço de alcançar importantes posições para as quais não se habilitou, deixa vago o lugar que ela podia preencher de maneira aceitável. Saindo de sua esfera, perde a verdadeira dignidade e nobreza feminina. Ao criar Eva, Deus pretendia que ela não fosse inferior nem superior ao homem, mas, em todas as coisas, lhe fosse igual. O santo par não devia ter nenhum interesse independente um do outro; e, não obstante, cada um possuía individualidade de pensamento e de ação.
“Depois da queda de Eva, porém, como ela houvesse sido a primeira na transgressão, o Senhor lhe disse que Adão teria domínio sobre ela. Devia ser sujeita a seu marido, o que constituía parte da maldição. Em muitos casos essa maldição tem tornado a sorte da mulher dolorosa, fazendo de sua vida um fardo. O homem tem abusado a muitos respeitos da superioridade que Deus lhe deu, exercendo poder arbitrário” (Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 412-413).
2) Mulheres Como Obreiras Evangélicas. “A obra das mulheres está satisfazendo a uma positiva necessidade das mulheres que se consagraram ao Senhor e estão se voltando a ajudar um povo carecido, vítima do pecado. É preciso que se faça obra evangélica pessoal. As mulheres que empreendem essa obra levam o evangelho aos lares do povo nos caminhos e valados. Leem e explicam a Palavra às famílias, orando com elas, cuidando dos doentes, aliviando-lhes as necessidades temporais. Apresentam a famílias e indivíduos a influência purificadora, transformadora da verdade. Elas mostram que o meio de alcançar a paz e a alegria é seguir a Jesus” (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 405).
Do livro Evangelismo, capítulo ‘Instrutor Bíblico’, págs. 456-481, destacaremos os seguintes tópicos: 1 – Mulheres Como Mensageiras de Misericórdia. 2 – Necessidade de Mulheres Conselheiras. 3 – Mulheres no Evangelismo: a) Neste Tempo de crise. b) Mulheres que tem a Obra no coração. c) Como Conselheira, Companheira e Coobreira. d) Tanto Homens como Mulheres chamados à Obra Bíblica. 4 – Mulheres no Ministério Público: a) A Eficácia da obra Feminina. b) Marido e Mulher unidos numa Mesma obra. c) Uma instrutora Bíblica Fala à Congregação: “Cada semana conta a sua história; uma ou duas almas recebem a Verdade, e a maravilhosa mudança em sua fisionomia e caráter é tão notável aos olhos dos vizinhos que a convicção produzida pela própria vida dessas pessoas leva a outros a verdade; e elas estão agora examinando diligentemente as Escrituras… “As irmãs R e M estão fazendo um trabalho tão eficiente como o dos ministros, e em algumas reuniões em que os ministros são chamados a outra parte, a irmã M toma a Bíblia e dirige a congregação” (Ellen White, Carta 169, 1900). d) Uma Irmã Dirigir-se à Multidão: “Ensinai isto, minha irmã. Tendes muitos caminhos abertos diante de vós. Dirigi-vos à multidão sempre que vos for possível” (Review and Herald, 09/05/1899).
Há um pensamento em Obreiros Evangélicos, pág. 468, para o qual devemos atentar: “Os Adventistas do Sétimo Dia não devem de nenhuma maneira depreciar a obra da mulher”.
O Comentário Bíblico Adventista, ao tecer considerações sobre 1Coríntios 14:33-34, pondera: “Se a última frase do verso 33 está relacionada com o verso 34, a passagem diz: ‘Como em todas as igrejas, as mulheres guardam silêncio’. Esta imposição para as mulheres guardarem silêncio não foi meramente uma restrição regional, por causa de alguma circunstância local, mas uma reflexão do costume geral de todas as igrejas. Que o costume era geral pode também ser deduzido de 1Timóteo 2:11-12, onde Paulo sem destacar nenhuma igreja definida, admoesta: ‘A mulher aprenda em silencio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio’.
“Alguns tem achado dificuldade em compreender esta proibição, em virtude não somente de nossos conceitos modernos do lugar da mulher na igreja, mas também do lugar e serviço das mulheres na história Bíblica (ver Juízes 4:4; 2Reis 22:14; Lucas 2:36-37; Atos 21:9). O próprio Paulo fez recomendações sobre as mulheres que trabalharam com ele na propagação do evangelho (Filipenses 4:3). Não há dúvida de que as mulheres tiveram um papel destacado na vida da igreja.
“Lei: As Escrituras ensinam que, por causa da sua parte na queda do homem, Deus designou à mulher uma posição de subordinação a seu marido (ver Gênesis 3:6 e 16; Efésios 5:22-24; 1Timóteo 2:11-12; Tito 2:5; 1Pedro 3:1 e 5-6)”.
A Ordenação de Mulheres – as Mulheres Usando o Púlpito
Concernente a este aspecto, nossa revista denominacional “Ministry“, fevereiro de 1978, págs. 24-25, trouxe o seguinte artigo: O Ministério das Mulheres – “É possível que uma visão mais próxima da nossa Teologia de ordenação possa auxiliar na resolução de problemas mais delicados, dentre os quais está a questão do ministério da mulher. Negligenciado por tanto tempo, este problema, no presente, é uma preocupação das igrejas através do mundo inteiro. Cada igreja, evidentemente, responderá à luz de seu próprio entendimento do evangelho em bases nas suas próprias percepções. Ainda assim, não pode ser dito que uma solução integral tenha sido indicada, até entre entidades como o Concílio Mundial das Igrejas.
“Não há dúvida de que a igreja primitiva não ordenava mulheres. Alguns afirmam que diaconisas e viúvas eram mais que simplesmente comissionadas; mas, em geral a ordenação era reservada para homens. No entanto, é necessário investigar por que as mulheres não eram ordenadas. Seria este impedimento explicado pela situação social e cultural da igreja primitiva, ou seria esta uma prática obrigatória para todos os séculos?
“A intuição de Paulo, na igualdade dos sexos e na natureza e posição da dignidade da mulher, tem atuado como um fator decisivo na manifestação do desempenho das mulheres no mundo. … Eu fui induzido a concluir que não há um argumento teológico conclusivo que proíba a ordenação da mulher para o ministério evangélico. Entretanto, ao mesmo tempo, desde que a ordenação não é apenas a resposta a um chamado de Deus, mas uma forma reconhecida de nomeação pela igreja para um cargo designado, será que é sábio passar por alto tão rapidamente a questão, como se o tempo é chegado para tal procedimento? Seria tal transformação almejada, enquanto a igreja, como um todo, sensível a orientação do Espírito Santo, não tem reconhecido a liderança de Deus neste sentido?
“O Concílio Anual de 1973 registrou o seguinte tópico: ‘O Papel da Mulher na Igreja‘. No parágrafo 3º solicita às Divisões continuarem seus estudos sobre esta questão e a compartilharem suas decisões com a Conferência Geral em tempo para a consideração do Concílio Anual de 1974. O pedido foi atendido pelas Divisões, que votaram reafirmar os parágrafos 4º, 5º e 7º do Concílio Anual de 1973, que dizia o que se segue: “Que a ênfase sobre o sacerdócio de todos os crentes, e a necessidade do envolvimento total dos recursos da igreja, para a terminação rápida da comissão evangélica, fosse aceita.
“A primazia do papel da mulher casada, no lar, como é confirmada tantas vezes na Bíblia e no Espírito de Profecia, continua sendo reconhecida por toda a igreja em harmonia com conselhos, tais como o seguinte da pena inspirada: ‘Existe um Deus em cima no Céu, e a luz e glória do Seu trono repousam sobre a mãe fiel enquanto ela se esforça por educar os filhos para resistirem à influência do mal. Nenhuma outra obra se pode comparar à sua em importância’ (A Ciência do Bom Viver, págs. 377-378).
“Em áreas propícias para tal atividade, continua o reconhecimento da importância em designar mulheres para a obra evangelística e pastoral, e as credenciais apropriadas de missionárias lhes serão concedidas.
“Sendo que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma igreja mundial, incluindo entre seus membros povos de todas as nações e de diferentes culturas, e porque um estudo das Divisões mundiais revela que o tempo ainda não é chegado nem oportuno para este mister; logo, no interesse da união mundial de nossas igrejas, nem um passo será dado no sentido de ordenar mulheres para o ministério evangélico”.
Segue-se uma parte da resposta dada pela Revista Adventista, setembro de 1975, pág. 27, à seguinte consulta: “Paulo diz: ‘Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas’ (1Coríntios 14:34). E isso é confirmado em 1Timóteo 2:11-12. Daí porque discordo que as mulheres ensinam em classes da Escola Sabatina ou falem na reunião missionária das Dorcas. Que me dizem sobre o assunto? R. C. de O.
“Não é regra que a mulher ocupe a frente para falar aos membros da igreja. Entretanto, ocasiões há em que isso pode e deve ocorrer. Na Igreja Adventista, a irmã White falou do púlpito centenas de vezes, trazendo mensagens inspiradas ao povo de Deus. O próprio fato de Deus ter chamado mulheres para Seu serviço público, como as mencionadas, e poderíamos acrescentar Débora e Hulda em tempos mais recuados, mostra que uma declaração feita sob certas circunstâncias, em determinada época, como a de Paulo, é restrita em suas aplicações. Entretanto, como há ainda na maioria dos países muito preconceito sobre a mulher, ela não deve se ocupar do ministério da palavra. Nos dias de Cristo e de Paulo, a mulher era praticamente uma escrava, quase sempre sem direitos, tida como inferior, e qualquer participação ostensiva dela na vida religiosa de uma igreja talvez trouxesse má reputação para o Evangelho. Hoje as mulheres chegam a altos postos eletivos na vida política e administrativa de alguns países (Golda Meir, Indira Gandhi e, em nossos dias, a primeira ministra inglesa Margaret Thatcher), outras brilham nas artes, nas ciências, na literatura e nos desportes, e, com isto, as barreiras de preconceitos vão sendo derribadas lá fora, no mundo”.
CONCLUSÃO
A análise feita das declarações do apóstolo nos mostram que os comentaristas têm chegado a conclusões as mais variadas.
Concluímos também que este tema continuará a merecer a atenção da Igreja ainda por muitos anos, especialmente a problemática da ordenação de senhoras.
As declarações de Paulo nestes dois versos revelam uma faceta da sua personalidade decisiva. Eles são tão fortes que quase chegam a ferir a nossa sensibilidade latina, mas insistimos mais uma vez que a intervenção pública da mulher teria sido vergonhosa e até escandalosa para aquele tempo.
Não nos resta dúvida de que Paulo, escudado nas Escrituras, podia declarar que Deus estabeleceu uma hierarquia, colocando o marido como chefe da família e a mulher como subordinada ao marido.
Não olvidemos que o apóstolo se referia às reuniões “oficiais” da igreja, mas ele mesmo era favorável ao ministério feminino em outras esferas e ocasiões.
Se o papel da mulher na sociedade daquele tempo era humilhante, em nossos dias ela goza dos mesmos privilégios e oportunidades concedidos aos homens.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.