domingo, 3 de junho de 2012

A Lei Antes do Sinai


I - INTRODUÇÃO


Muitos segmentos religiosos argumentam que a Lei não existia antes do tempo de Moisés. Esta objeção é muito sutil, cuja natureza real pode não ser compreendida prontamente. Muitos desatentos cristãos entendem que, visto como estamos vivendo depois do tempo de Moisés, a Lei aplica-se a nós, e que a nós não importa quando ela foi dada. O argumento é capcioso, pois, se homens de Deus como Enoque e Abraão não necessitaram observar a Lei de Deus, por que os cristãos de hoje necessitariam observá-la?


Assim, como têm surgido outros argumentos que se associam a este, precisamos dar especial atenção, provando através as Escrituras Sagradas que a Lei realmente existiu antes de ser escrita pelo próprio dedo de Deus no monte Sinai.


A lei que nós estaremos abordando neste estudo tem a ver com questões morais. Ela não se limita a raças, tribos, nações e línguas. Trata-se de uma lei de abrangência universal e de cumprimento por toda a eternidade, diferentemente das outras leis dadas por Deus, como as leis civis, cerimoniais, etc.


Evidentemente estaremos tratando da Lei dos Dez Mandamentos. Ela foi a única escrita pelo próprio dedo de Deus em duas tábuas de pedra (Êxodo 31:18 e Deuteronômio 5:22) e foi a única Lei colocada dentro da arca (Deuteronômio 10:5). Por esta razão ela tem um significado muito especial.




II – A PERPETUIDADE DA LEI


Nos tempos eternos, antes de ser criado nosso mundo, Deus estava em perfeita conformidade com a Lei da vida, por Ele estabelecida. Essa Lei define Sua maneira de ser e a dos seres perfeitos criados por Ele. Ela tem a ver com questões morais. Os Dez Mandamentos revelam o padrão de Seu caráter. A Bíblia ensina que o caráter de Deus não muda:


“Pois Eu, o Senhor, não mudo;...” Malaquias 3:6


“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.” Tiago 1:17.


Ao Deus ter gravado a Lei dos Dez Mandamentos em tábuas de pedra, o intuito era dar-nos a certeza de que ela é eterna. A respeito da perpetuidade da Lei, o salmista declara o seguinte:


“As obras das Suas mãos são verdade e justiça; fiéis são todos os Seus preceitos; firmados estão para todo o sempre; são feitos em verdade e retidão.” Salmos 111:7-8.




III – A LEI ANTES DO SINAI


A Lei existiu muito antes ao ter sido dada por Deus a Israel no monte Sinai. Se assim não fosse, não teria existido pecado antes do Sinai, uma vez que “o pecado é a transgressão da lei” I João 3:4.


Há uma outra passagem bíblica reveladora:


“Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio.” I João 3:8.


O fato de Lúcifer e seus anjos terem pecado, revela que a Lei se achava presente mesmo antes da criação deste mundo:


“Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, ...” II Pedro 2:4.


Lemos também nas Escrituras Sagradas que Satanás “é homicida desde o princípio e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso e pai da mentira.” João 8:44.


Conforme os relatos bíblicos acima, destacamos o seguinte:


a) O diabo e seus anjos pecaram;


b) Satanás é homicida desde o princípio;


c) Satanás profere mentira e é o pai da mentira.


Estas afirmações revelam que Satanás cometeu pecado ao praticar o homicídio e ao falar mentiras. A verdade é que desde o princípio havia uma Lei divina contra o homicídio e a mentira, senão, como explicar as palavras do apóstolo Paulo?


“Onde não há lei, também não há transgressão.” Romanos 4:15.


Quando Deus criou Adão e Eva à Sua imagem, implantou na mente deles os princípios morais de Sua Lei, fazendo com que para eles a obediência à Sua vontade parecesse algo natural. A transgressão de nossos primeiros pais introduziu o pecado na família humana:


“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.” Romanos 5:12.


Quem não sabe de Sodoma e Gomorra, aquelas cidades pecadoras que foram destruídas muito antes do nascimento de Moisés. Ou os homens daquelas cidades eram transgressores da Lei de Deus, ou o julgamento que Deus trouxe sobre eles foi injusto, porque “onde não há lei, não há transgressão”. Romanos 4:15. A Escritura declara que “eram maus os varões de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor”. Gênesis 13:13.


Além disso, a Bíblia explicitamente declara concernente a Abraão, que viveu antes dos dias de Moisés:


“Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis.” Gênesis 26:5.


A Lei dos Dez Mandamentos encontra-se registrada em Êxodo 20:1-17. Esses mandamentos já eram conhecidos por todos aqueles que temiam a Deus e viveram antes de Moisés. A seguir alguns exemplos registrados na Palavra de Deus:


PRIMEIRO MANDAMENTO: “Não terás outros deuses diante de Mim.” Êxodo 20:3.


Sendo Josué já velho, portanto, de idade muito avançada, reuniu todas as tribos de Israel em Siquém para lembrar-lhes o que Deus fez por Seu povo. Disse então Josué a todo o povo:


“Além do Rio habitaram antigamente vossos pais, Terá, pai de Abraão e de Naor; e serviram a outros deuses.” Josué 24:2.


As palavras seguintes mostram que foi para apartar Abraão de tais influências, que Deus o chamou. Não devemos esquecer que o patriarca Abraão viveu muito antes de Moisés. Já naquela época Deus havia reprovado o ato de servir a outros deuses.




SEGUNDO MANDAMENTO: “Não farás para ti imagem de escultura... Não te encurvarás a elas, ...” Êxodo 20:4-6


Em Gênesis 35:2 lemos o apelo de Jacó aos familiares para que lançassem fora todos os deuses estranhos dentre eles:


“Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos e mudai as vossas vestes.”


Isso não só confirma a prática como revela estar Jacó ciente de que aquilo desagradava a Deus. De uma coisa podemos estar certos: ele conhecia os princípios dos dois primeiros mandamentos.




TERCEIRO MANDAMENTO: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; ...” Êxodo 20:7.


As palavras proferidas por Jacó, conforme Gênesis 28:16-19, mostram que ele tinha profundo sentimento de reverência para com Deus. Este princípio é a base do terceiro mandamento.




QUARTO MANDAMENTO: “Lembra-te do dia de sábado para santificar. ...” Êxodo 20:8-11.


Antes de o povo de Israel chegar ao monte Sinai, portanto, antes de Deus escrever os Dez Mandamentos em duas tábuas de pedra, Ele já exigia a sua observância:


“Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão do céu, e sairá o povo e colherá diariamente a porção para cada dia, para que Eu o prove se anda em Minha lei ou não.” Êxodo 16:4


“Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá. Mas aconteceu ao sétimo dia que saíram alguns do povo para o colher, e não o acharam. Então disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis?” Êxodo 16:26-28.


Deus repreendeu severamente o povo de Israel por quebrar o mandamento do Sábado. Depois desta repreensão, “repousou o povo no sétimo dia” (Êxodo 16:30), antes de a Lei ser dada no monte Sinai.




QUINTO MANDAMENTO: “Honra a teu pai e a tua mãe, ...” Êxodo 20:12


A severa repreensão de Noé a Cão e Canaã (Gênesis 9:20-25) mostra claramente que eles tinham conhecimento do mandamento quanto a honrar pai e mãe.




SEXTO MANDAMENTO: “Não matarás.” Êxodo 20:13.


Todo o episódio de Caim e Abel mostra o pleno conhecimento da terrível natureza do pecado. Depois de praticar o assassinato, Caim sabia que o seu pecado o levaria à morte, como justa punição (Gênesis 4:1-15).




SÉTIMO MANDAMENTO: “Não adulterarás.” Êxodo 20:14.


Se a Lei não existisse antes de ser dada a Moisés no monte Sinai, por que exclamaria José, quando foi assediado pela impura mulher de Potifar:


“Como pois faria eu este tão grande mal, e pecaria contra Deus?” Gênesis 39:9.


José sabia que o adultério se constituía em grande mal e pecado contra Deus.




OITAVO MANDAMENTO: “Não furtarás.” Êxodo 20:15.


Os irmãos de José disseram não ter roubado o copo do rei (Gênesis 44:8). Eles consideraram o furto de um copo como sendo “iniqüidade” diante de Deus (Gênesis 44:16).




NONO MANDAMENTO: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” Êxodo 20:16.


Abimeleque fez um pacto com Abraão, dizendo: “Agora, pois, jura-me aqui por Deus que me não mentirás a mim, nem a meu filho, nem a meu neto...” Gênesis 21:23.




DÉCIMO MANDAMENTO: “Não cobiçarás...” Êxodo 20:17.


Eva cobiçou o fruto proibido: “E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento...” Gênesis 3:6.




IV – CONCLUSÃO


Os muitos exemplos extraídos dos livros de Gênesis e de Êxodo mostram que havia uma regra de conduta moral perfeitamente conhecida antes do Sinai.


O verdadeiro povo de Deus crê e propaga a perpetuidade da Lei moral de Deus, reafirmando decididamente a sua contínua validade.
Via Verdade em Foco

1 comentários:

Ygor Gomes disse...

Louvado seja Deus por esse maravilhoso estudo, que mostra claramente que a Lei dos 10 mandamentos não passou a existir no Sinai, mas já tinha seus princípios válidos desde sempre.

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