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sábado, 20 de março de 2021

Diálogo com ex-antitrinitários


 

domingo, 19 de janeiro de 2020

Sem Trindade, Sem Salvação

Resultado de imagem para trindade divina
por POR KENNETH R. SAMPLES

Todas as seitas ou cultos heréticos contemporâneos afirmam ter o sistema teológico adequado para substituir o cristianismo histórico como o verdadeiro herdeiro da revelação bíblica. Eles também negam duas doutrinas cristãs essenciais: a Trindade e a salvação como dom gratuito da graça de Deus através da fé. 1 Por que esses dois em particular? A resposta é que esses dois elementos essenciais do cristianismo histórico estão inextricavelmente ligados.

É importante definir o que significa o cristianismo histórico, dizendo que Deus é trino, a fim de entender como o Senhor está exclusivamente envolvido na salvação.

O Deus Triúno

A doutrina da Trindade reflete a crença cristã de que Deus existe eterna e simultaneamente como três pessoas distintas e distinguíveis (embora não separadas): Pai, Filho e Espírito Santo. Não é uma mera convenção do homem ou da igreja, a própria Bíblia revela um Deus que possui pluralidade de pessoas dentro da única essência divina (monoteísmo trinitário). 2 O único Deus verdadeiro que sempre foi, é agora e sempre subsistirá como três pessoas distintas. Nenhum deles surgiu ou se tornou divino em um dado momento no tempo. Deus é um em essência ou ser, mas três em personalidade ou subsistência.

Como não há subordinação ou inferioridade de essência ou natureza entre os membros da Trindade, as três pessoas são iguais em natureza, atributos e glória. A Trindade diferencia o conceito cristão de Deus de todas as outras visões alternativas, incluindo outros conceitos monoteístas.

A Trindade e Salvação

Então, como a doutrina da Trindade afeta a salvação? Pode-se pensar na salvação como fornecida pelas três pessoas divinas em três etapas logicamente ordenadas. Primeiro, motivado pelo amor ágape (abnegado), Deus Pai envia o Seu Filho unigênito ao mundo para salvar os pecadores (1 João 4: 9–10). Então o Pai inicia a salvação.

Segundo, Deus o Filho, também conhecido como o Senhor Encarnado Jesus Cristo, realiza nossa salvação morrendo no lugar dos pecadores na cruz. Pouco antes de Sua morte, Jesus proclamou Sua realização soteriológica, dizendo: "Está consumado" (João 19:30). Então o Filho alcança a salvação.

Terceiro, Deus, o Espírito Santo, também chamado Advogado ou Consolador, aplica a salvação por Sua tríplice obra de convencer pessoas do pecado (João 16: 8), regenerar corações (Tito 3: 5) e permitir que as pessoas confessem Cristo como Senhor ( 1 Coríntios 12: 3). Então, o Espírito Santo emprega salvação.

O teólogo Michael Reeves explica por que a salvação é um presente: “Isso significa que esse Deus não faz com que terceiros sofram para alcançar a expiação. Quem morre é o cordeiro de Deus, o Filho. E significa que ninguém além de Deus contribui para a obra da salvação: o Pai, o Filho e o Espírito realizam tudo isso. ” 3

Por que a doutrina da Trindade é tão importante para o cristianismo histórico? Porque não há presente de salvação sem ele!

Artigo traduzido do original "No trinity no salvation"

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A Trindade Explicada (com Razão)

Durante anos, os cristãos têm lutado para dar uma explicação clara da Trindade. No entanto, este vídeo faz isso, enquanto, ao mesmo tempo, refuta a idéia de que Deus poderia ser um ser unitário. Se Deus existe a única explicação é que Ele é uma Trindade.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Fogo divino


Descubra por que o Espírito Santo é retratado nas Escrituras como um personagem divino em ação, ao contrário do que dizem alguns cristãos.

Os autores bíblicos não teorizam sobre a identidade do Espírito Santo, mas assumem que ele é a poderosa e criativa presença pessoal de Deus no mundo. Foto: LightStock
Os autores bíblicos não teorizam sobre a identidade do Espírito Santo, mas assumem que ele é a poderosa e criativa presença pessoal de Deus no mundo. Foto: LightStock

Nos últimos anos, notáveis teólogos têm escrito sobre o Espírito Santo. Se antes era comum um autor iniciar um tratado de pneumatologia (estudo do Espírito) lamentando a falta de obras sérias sobre o assunto, agora é preciso começar ressaltando a mudança. Não mais se pode dizer que o Espírito Santo seja uma figura esquecida. O teólogo Robert Imbelli, de fato, comenta que o Espírito está rapidamente se tornando “o membro mais popular” da Divindade.

Porém, esse não é o quadro completo. Até pouco tempo atrás, a pneumatologia era um campo negligenciado, a “última fronteira inexplorada da teologia”, como disse Nikolay Berdayev no livro Spirit and Reality. A rigor, ainda não temos estudos acadêmicos em número suficiente, especialmente em português, embora o corpo literário sobre o tema esteja crescendo cada vez mais. Para fazer justiça, é bom observar que no Oriente o Espírito Santo sempre teve boa visibilidade na teologia, o que está acontecendo agora no Ocidente.

O Espírito Santo precisa ser estudado e buscado porque ele é tão essencial quanto o Pai e o Filho, caso desejemos levar a sério a doutrina da Trindade. Como diz Eugene Rogers em After the Spirit: “Se o Espírito é dispensável para o mundo, então o Deus triúno também é”. Mas como definir esse personagem?

INTERPRETAÇÕES

Ao longo da história do cristianismo, sérias controvérsias têm surgido sobre a natureza do Espírito Santo. Para colocar o assunto em perspectiva, até o 3º século, o trinitarianismo da igreja estava basicamente interessado nas manifestações da Divindade no contexto da salvação, preocupando-se com a missão dos dois agentes de Deus (o Filho e o Espírito Santo) no mundo. Nessa fase, dava-se certa primazia ao Pai. Então veio o modalismo, que foi uma tentativa de afirmar a plena divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo eliminando a distinção entre os três. Em reação à proposta modalista, o presbítero Ário ultrarradicalizou na direção do que ele entendia ser o antigo padrão correto, criando um abismo entre os membros da Divindade e colocando-os em categorias diferentes. Para restringir o arianismo, o Concílio de Niceia (325 d.C.) definiu o relacionamento Pai-Filho em termos de igualdade. Mais tarde, esses e outros fatores colocaram a natureza do Espírito Santo na agenda oficial da igreja. Portanto, desde o 4º século a corrente central do cristianismo tem apoiado a divindade e a personalidade do Espírito Santo.

Em termos de adventismo, parece que alguns pioneiros antitrinitarianos do século 19 tinham mais dificuldade para aceitar a personalidade do Espírito Santo do que a sua divindade, embora considerassem sua natureza divina apenas “um reflexo da divindade de Deus”, como observou Christy Mathewson Taylor. Para os que pensavam assim, o Filho era verdadeiramente pessoal, mas não plenamente divino, enquanto o Espírito Santo era verdadeiramente divino, mas não plenamente pessoal.

Hoje, o adventismo oficial é solidamente trinitariano e ortodoxo em relação à Divindade. Por volta do fim do século 19, ele já havia amplamente se movido na direção do trinitarianismo. Essa mudança, segundo Richard Schwarz e Floyd Greenleaf, autores de Portadores de Luz, pode ser atribuída grandemente a sentimentos expressos com frequência crescente por Ellen White.

CONCEITO BÍBLICO

Para aprofundar sua compreensão sobre o Espírito, a igreja deve apostar na investigação bíblica contínua. Afinal, as Escrituras são a matriz da teologia cristã. Quando olhamos para nossa fonte inesgotável de informação revelada em busca da identidade do Espírito Santo, o que encontramos?

Linguisticamente, tanto ruah (hebraico) quanto pneuma (grego) significam “fôlego/sopro”, “vento”, “ar em movimento” (veja o quadro “Dados bíblicos”). Conforme R. Albertz e C. Westermann explicam no Theological Lexicon of the Old Testament, os verbos associados com ruah são distribuídos “quase exclusivamente em duas categorias: (1) verbos de movimento e (2) verbos de colocar em movimento”. O significado básico de ruah, uma provável onomatopeia (palavra que imita o som de alguma coisa), é “vento” e “sopro” entendidos como o poder vital encontrado nesses fenômenos, e não como essência. No Novo Testamento, pneuma tinha basicamente o mesmo sentido, mas foi ganhando um tom religioso e psicológico mais técnico.

Lloyd Neve, autor de The Spirit of God in the Old Testament, acredita que o conceito hebraico de ruah fosse único: “Quando Israel falou do ruah de Deus, estava usando um conceito não encontrado em nenhum outro lugar do antigo Oriente Próximo. Nas culturas mesopotâmicas, o vento certamente existia e funcionava na esfera divina como um instrumento especial dos deuses, e no Egito era até divinizado como o deus Amon-Rá. Contudo, nenhuma outra nação do antigo Oriente Próximo falou de seus deuses como tendo um espírito. Em um povo peculiar, com um Senhor singular, ele era um conceito único.”

Para os hebreus, ruah tinha certamente a conotação de movimento, poder e mistério. No entanto, William Schoemaker explica que, na mentalidade hebraica antiga, “as duas principais características do vento eram energia e invisibilidade”. A ideia de “ar em movimento” veio mais tarde. Como Alasdair Heron observa em The Holy Spirit, o forte vento observado pelos israelitas, como aquele que dividiu o Mar Vermelho (Êx 14:21), “não é idêntico ao próprio ruah de Deus, mas seu poder elementar o tornou uma poderosa imagem da força divina”; na mente das pessoas do Antigo Testamento, ruah “carregava um senso do impacto devastador de Deus sobre os seres humanos e seu mundo”.

Em nossa mente ocidental, a palavra “espírito” costuma ser associada com algo etéreo, sem substância. Porém, a intangibilidade não era a ênfase primária dos autores bíblicos. Na Bíblia, ruah e pneuma não devem ser vistos basicamente como algo imaterial, em oposição a conceitos de “corpo” e “corporal”, mas como um poderoso e dinâmico princípio de vida que anima o corpo. Quando a Bíblia apresenta Deus como espírito, a ênfase parece estar no poder sem limites, na capacidade de cruzar todas as fronteiras e estar efetivamente em todos os lugares ao mesmo tempo.

Retratado na Bíblia como vento, fogo, água, óleo, nuvem e pomba, entre outros símbolos que expressam suas ações, o Espírito Santo causa efeitos maravilhosos. O objetivo primário dessas imagens não é descrever quem é o Espírito Santo, mas mostrar o que ele faz. Por exemplo, quando falamos de chuva, o foco não é entender esse fenômeno de maneira abstrata, mas ver o solo molhado e notar a natureza ser revitalizada. Por isso, o Espírito Santo não pode ser apenas uma teoria.

Esses aspectos nos ajudam a entender um pouco desse ser enigmático; mas, obviamente, não temos uma compreensão absoluta sobre ele. Como sublinha Ellen White em Atos dos Apóstolos (p. 51, 52), o pleno conhecimento da natureza exata do Espírito Santo é (1) impossível (é um “mistério”, um assunto não revelado, algo profundo demais para a mente humana, em que o “silêncio é ouro”) e (2) não é essencial para a salvação. Indispensável é conhecer experiencialmente o Espírito Santo e o que ele faz. No entanto, a Bíblia não nos deixa no escuro.

PESSOA DIVINA

Muitos acham mais fácil aceitar a divindade do que a personalidade do Espírito Santo. Que ele é divino fica claro em uma série de textos que focalizam seus títulos, associações e tarefas. Deus está onde o Espírito está (1Co 3:16, 17; 6:19). As ações de ambos são intercambiáveis.
A dificuldade maior tem que ver com a personalidade do Espírito Santo. Será que os autores bíblicos realmente o viam como um ser pessoal? Em caso afirmativo, eles o viam como uma personalidade distinta de Deus e de Cristo? Essas perguntas podem ser anacrônicas em relação aos autores bíblicos, mas se tornaram importantes para o público cristão posterior. Quando se considera o Espírito Santo uma figura divina, três hipóteses podem ser levantadas: (1) um ser criado semidivino, uma espécie de superanjo; (2) outro nome/estado para o Cristo glorificado; e (3) uma expressão personalizada da Divindade.

A hipótese número 1 é totalmente antibíblica e levaria ao politeísmo. Os anjos são espíritos ministradores (Hb 1:14), mas não são o Espírito de Deus. Na Bíblia, o Espírito Santo nunca é apresentado como um anjo. Para perceber o absurdo de considerá-lo o anjo Gabriel, a terceira pessoa em um ranking a partir de Deus, é suficiente relembrar que Maria foi engravidada pelo poder do Espírito Santo, igualado ao poder do Deus todo-poderoso (Mt 1:18, 20; Lc 1:35). Estão os defensores dessa hipótese preparados para aceitar a lógica (isto é, ilógica) conclusão de que Jesus foi gerado por um anjo?

A hipótese número 2 tem alguns defensores. Muito cedo, um segmento da tradição cristã começou a identificar o Espírito com o Cristo preexistente e, consequentemente, com o Cristo ressuscitado/exaltado. No evangelho de João, especialmente em 14:15-26, vemos um impressionante paralelismo entre Cristo e o Espírito, o que sugere uma identificação funcional dos dois. Como diz Gary Burge, em The Anointed Community, Cristo foi o “molde” que João usou para falar do Espírito Santo. A personalidade do Parakletos joanino reflete inteiramente a personalidade de Cristo. Contudo, “o paralelo funcional simplesmente significa que o Parakletos serve como a presença de Jesus enquanto Jesus está ausente”.

O fato de o Espírito Santo não falar de si mesmo, mas de Cristo (Jo 16:13), sugere que ele não é Cristo, senão estaria falando de si mesmo. O Espírito Santo é o representante de Cristo. Além disso, foi o Filho quem encarnou, não o Espírito Santo. Assim como João (14:9-11) identifica Cristo com o Pai e, no entanto, os dois não são a mesma pessoa, a identificação de Cristo com o Espírito Santo não os torna a mesma pessoa.

Em 2 Coríntios 3:18, Paulo menciona o “Senhor, o Espírito”, mas também não está fazendo uma identificação total. No verso 17, uma alternativa gramaticalmente aceitável é “o Espírito é Senhor”, implicando que o Espírito Santo é Yahweh, o Senhor do Antigo Testamento. Linda Belleville sugere que a tradução poderia ser: “Agora o termo ‘Senhor’ se refere ao Espírito Santo.” Outra opção, aparentemente estranha, mas viável, é “o Senhor do Espírito”, significando que Cristo é o Senhor do Espírito Santo, pois este o representa pessoalmente.

Aqui vale mencionar uma afirmação um tanto misteriosa de Ellen White escrita em fevereiro de 1895: “Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente; portanto, era vantagem para eles [os discípulos] que ele os deixasse, fosse para o Pai e enviasse o Espírito Santo como seu sucessor na Terra. O Espírito Santo é ele próprio despido da personalidade humana e independente dela” (Manuscript ­Releases, vol. 14, p. 23).
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À primeira vista, parece que ela está identificando Cristo com o Espírito Santo. Porém, o contexto mostra que não é esse o caso, conforme demonstrou o Dr. Alberto Timm na Revista do Ancião (julho-setembro de 2005). Outras declarações da autora tornam claro que ela considerava o Espírito Santo uma personalidade distinta. Em Evangelismo (p. 617), a autora escreveu: “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus.”

Portanto, a hipótese número 3 (acima) é a mais coerente. Se considerarmos o todo das Escrituras, devemos ver o Espírito Santo como uma pessoa divina. Ele é Deus/Cristo em ação, mas é uma personalidade real e se manifesta com uma identidade distinta. O Espírito Santo é a presença pessoal da Divindade no Universo. É o que possibilita a efetividade de Deus em todas as partes do cosmos de forma inteligente, sem depender das criaturas. É a liberdade e o poder que Deus tem de ser transcendente e imanente ao mesmo tempo.

EVIDÊNCIAS

Há um debate quanto à personalização do Espírito Santo no Antigo Testamento. Podemos dizer que o Espírito está presente no Antigo Testamento de modo pessoal, mas conseguimos vislumbrar melhor sua silhueta quando o contemplamos com a lente do Novo Testamento. A revelação não é contraditória, mas é progressiva. Cristo trouxe uma nova revelação não apenas sobre o caráter do Pai, mas também sobre sua própria identidade e a identidade do Espírito Santo.

No Novo Testamento, encontramos vários indícios de que o Espírito Santo é um agente divino. Os autores bíblicos, especialmente João, Lucas e Paulo, o retratam como um personagem divino na dinâmica da salvação – o que nos dá o direito de fazer o mesmo. Para citar algumas ações, o Espírito pensa, sente, fala, escolhe, decide, aponta, envia, comanda, convence, intercede, guia e santifica. Os textos que indicam as ações inteligentes e propositais dele são muitos para citar. Apenas como exemplos, podemos mencionar João 15:26; 16:8; 16:13; Atos 10:19; 13:2; 16:6-12; e Romanos 8:26; 15:16. Seus atributos, tratamentos e atividades pressupõem uma personalidade inteligente. Assim como o pronome “eu” é usado por Deus (Êx 3:14), Cristo (Mc 14:62) e os anjos (Ap 22:9), o Espírito Santo também diz “eu” (At 13:2). Essa perspectiva de “primeira pessoa” indica personalidade.

Na tentativa de despersonalizar o Espírito Santo, alguns o identificam com o poder de Deus. Naturalmente, o Espírito é o poder de Deus; porém, é mais do que isso. Por exemplo, Lucas informa que “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder” (At 10:38), e diz que Jesus voltou do deserto “no poder do Espírito” (Lc 4:14). Isso sugere que “Espírito” e “poder” não podem ser equacionados pura e simplesmente. Seria redundância dizer “o poder do Espírito” se ele fosse apenas um poder impessoal. O poder acompanha o Espírito Santo, mas o Espírito é o agente de poder.

Em Romanos 11:34 e em 1 Coríntios 2:16, o apóstolo Paulo, fazendo alusão a Isaías 40:13, diz que nós “temos a mente de Cristo”, mas isso igualmente não significa que o Espírito Santo seja a mente de Cristo/Deus. O ponto implícito é: ninguém conhece a mente do Senhor, mas nós que temos a mente (= Espírito) de Cristo a conhecemos. É bom lembrar que, em Romanos 8:27, Paulo inverte a perspectiva, escrevendo que Deus “sabe qual é a mente do Espírito”. Nesse caso, o Espírito Santo é visto como distinto de Deus, pois ele intercede pelos santos.

Vários autores, alguns num nível semipopular, outros num âmbito mais sofisticado, têm construído um argumento gramatical em favor da personalidade do Espírito Santo a partir dos pronomes aplicados a ele em João 14 a 16. A palavra pneuma é neutra em grego e, tecnicamente, exigiria pronomes neutros impessoais. Porém, contrariando a gramática, João (14:26; 16:8, 13, 14) emprega pronomes pessoais masculinos como “ele” (ekeinos) em relação ao Espírito Santo. O próprio George Ladd afirma em sua conhecida obra A Theology of the New Testament: “Onde pronomes que têm pneuma como seu antecedente imediato estão no masculino, só podemos concluir que a personalidade do Espírito Santo está sendo sugerida.” Porém, essa linha de argumento não deve ser supervalorizada, pois, como mostrou o especialista em grego Daniel Wallace, o substantivo masculino Parakletos (Consolador) influencia o tratamento de Pneuma (Espírito).

Talvez seja mais consistente enfatizar o papel do Confortador. Em João 14:16, Jesus usa a palavra grega allon (“outro” da mesma espécie, ordem ou qualidade, “outro igual”) ao falar do Parakletos. Se Jesus tinha uma personalidade, então o Espírito Santo também deve ter, já que ele é como Jesus e o representa. O Espírito é chamado quatro vezes de “Confortador”, não um mero “conforto”. Para todos os efeitos, quando o Espírito Santo age, é o Deus pessoal quem está agindo, não um poder impessoal. Ele representa o próprio Deus/Cristo em ação.

Os autores bíblicos às vezes usam expressões impessoais em relação ao Espírito Santo, como “batizar”, “derramar”, “encher”, “selar” e “ungir”. Mas essa linguagem metafórica não deve ser considerada evidência de impessoalidade, pois os autores usam o mesmo tipo de linguagem em referência a Moisés ou a Cristo. Os israelitas foram “batizados” em Moisés e “beberam” da rocha/Cristo (1Co 10:2, 4). Os crentes são “batizados” em Cristo e “revestidos” de Cristo (Rm 6:3; Gl 3:27). As palavras podem ser figuradas e ter mais de um sentido.

PRESENÇA GLORIOSA

Um dos conceitos mais belos a respeito do Espírito Santo é o de que ele é a gloriosa presença pessoal de Deus no Universo. Em várias instâncias, Espírito e presença são sinônimos. Essa equivalência é vista nos paralelismos da poesia hebraica. Dois exemplos: “Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito” (Sl 51:11); “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face [presença]?” (Sl 139:7).

Os escritores do Novo Testamento também retratam o Espírito Santo como o meio pelo qual Deus está presente com seu povo. O mesmo verbo usado pela Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento, para descrever a presença da nuvem gloriosa sobre o tabernáculo em Êxodo 40:35 (episkiazo, “cobrir”, “envolver”, “sombrear”) é empregado para explicar a ação do Espírito sobre Maria (Lc 1:35) e sobre Jesus e os discípulos na transfiguração (Mt 17:5; Mc 9:7; Lc 9:34). Segundo Paulo, Deus habita nos crentes através de seu Espírito (1Co 3:16; 6:19; Ef 2:22).

O conceito de presença não é incompatível com a ideia da personalidade do Espírito Santo. Longe de ser uma simples essência ou energia material, ou poder despersonalizado, o Espírito é o dinamismo inteligente e pessoal de Deus ao ele se relacionar com o Universo, incluindo todas as categorias de seres e níveis de realidade. O Ruah/Pneuma bíblico é Deus manifestado e percebido como uma personalidade infinita, misteriosa e imprevisível movendo-se em íntima proximidade conosco, o poderoso vento divino criando um ambiente de intimidade e conspirando para a vida, a sabedoria e o amor.

Enfim, como Griffith Thomas sumariza em The Holy Spirit of God, “o Espírito Santo é pessoal porque Deus é pessoal e é divino porque Deus é divino; embora possa ser dito que a personalidade do Espírito não seja tão evidente como a personalidade do Pai e a do Filho, é impossível pensar verdadeiramente a respeito do Espírito Santo como impessoal”. Acima de tudo, ele é divino e pessoal porque é Deus. Enquanto o Filho corporifica e localiza o Pai, o Espírito espiritualiza e universaliza Deus – para personalizá-lo para cada um. Se Cristo é Deus conosco e por nós, o Espírito é Deus em nós.

MARCOS DE BENEDICTO, doutor em Ministério, é editor da Revista Adventista

segunda-feira, 23 de março de 2015

O batismo dos cristãos primitivos era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo?

Boa-pergunta-a-formula-trinitaria-Codex_fmtO batismo dos cristãos primitivos era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? O texto de Mateus 28:19, que menciona esse tipo de batismo, faz parte do original em grego? 


Essas são perguntas recorrentes. Vamos começar pela segunda. Em relação à fórmula batismal trinitariana de Mateus 28:19, a situação é a seguinte: (1) A fórmula está presente em todos os manuscritos gregos que contêm Mateus 28:19, pois nem todos os manuscritos sobreviveram de forma completa. Na verdade, alguns chegaram até nós em estado bastante fragmentário, mas todos os que contêm o versículo em questão registram a fórmula trinitariana, sem exceção, e isso acontece com vários manuscritos cujo texto remonta ao 2º século. (2) A fórmula também está presente em todas as antigas versões, cujo texto também data do 2º século. (3) Toda a literatura patrística anterior ao 4º século que cita Mateus 28:19 inclui a fórmula trinitariana. Exemplos: a Didaquê (c. 130-150), uma espécie de manual da igreja síria; Justino Mártir (c. 150); Clemente de Alexandria (150-215); e Cipriano (3º século). Levando-se em conta o registro textual, portanto, é praticamente impossível afirmar que a fórmula trinitariana de Mateus 28:19 não seja original.

E quanto ao batismo cristão primitivo, era ele feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? De acordo com o livro de Atos, a resposta é não, pois todos os batismos ali mencionados são em nome de Jesus apenas (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; 22:16; cf. 1 Coríntios 6:11). Como entender isso? Não é fácil, como não é fácil entender que, mesmo após a ressurreição de Jesus, os apóstolos ainda achavam que ele tivesse vindo para restaurar a independência política de Israel (Atos 1:6, 7), ou que eles, de alguma forma, ainda continuavam envolvidos nas atividades cerimoniais do templo (Atos 2:46; 3:1; 21:23, 24), ou que o próprio Paulo, ao final de sua terceira viagem missionária, ainda tivesse ido ao templo oferecer sacrifício (Atos 21:26).

Seja como for, isso significa que não devemos olhar para o livro de Atos como se fosse um manual de igreja, muito menos como um manual evangelístico, como muitos o fazem. O livro de Atos apenas descreve como foram os primeiros 30 anos da igreja apostólica, seus erros e acertos, e como Deus atuou por meio deles para a consolidação e expansão da igreja. O período histórico abrangido por Atos foi de transição, em que muitos temas e práticas ainda careciam de desenvolvimento ou de uma compreensão mais clara. Foi assim com a questão da volta de Jesus, a pregação aos gentios e a própria organização da igreja.
Já a fórmula batismal em Mateus 28:19 se apresenta como uma clara ordenança de Jesus, e, portanto, é ela que deve pautar as atividades da igreja hoje. No fim do 1º século, a igreja já batizava em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Evidência disso é a própria Didaquê acima citada, que faz referência clara ao batismo trinitariano. Embora sendo do início do 2º século, há suficientes razões para crermos que tal prática retrocede ao período apostólico, na segunda metade do 1º século.

Devemos nos lembrar de que a revelação, mesmo aos apóstolos, foi progressiva (João 16:12; cf. Hebreus 1:1, 2; 2 Coríntios 1:13), e de que esse princípio se aplica também à compreensão dela (cf. João 12:16; 14:29; Lucas 24:8). É por isso que nosso credo é a Bíblia em sua totalidade (tota scriptura), e não apenas o livro de Atos. E é no evangelho de João, por exemplo, que encontramos as revelações mais claras acerca da personalidade do Espírito Santo e sua atuação, juntamente com Cristo e o Pai, no plano da redenção (cf. João 14:16, 17, 26; 16:7-15), e esse evangelho foi um dos últimos livros do Novo Testamento a ser escrito, se não o último, já bem no fim do 1º século.

Seja como for, a crença na personalidade do Espírito Santo e a utilização da fórmula batismal trinitariana são bem anteriores ao Concílio de Niceia, no 4º século, que teria sido, segundo alegam alguns desinformados, quando tal crença foi introduzida na igreja cristã. Um melhor conhecimento da história da igreja e o uso de fontes e evidências documentais, como os manuscritos gregos, as antigas versões e as citações patrísticas, tornam quase impossível afirmar que a fórmula trinitariana de Mateus 28:19 constitua um acréscimo posterior. [Imagem: Wikimedia]

Wilson Paroschi, doutor em Teologia, com especialização em Novo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Acervo literário de Ellen White e possíveis adulterações para advogar a doutrina da trindade


Introdução

 Desde os primórdios de Ellen White e os demais pioneiros, o tema específico da Trindade foi algumas vezes discutido e amplamente debatido por alguns pioneiros. A compreensão, embora truncada, foi gradativa e, especialmente, após a publicação do livro “O Desejado de Todas as Nações”, a revelação deixou a imparcialidade de lado para se tornar uma contundente doutrina Adventista do Sétimo dia.
 No entanto, esta imparcialidade e discussão têm sido ressuscitada em nossos dias promovendo apostasia, além de sustentar movimentos separados ou revoltados com a igreja. Um dos argumentos que tem causado maior dano e diluído a fé de muitos estudantes do assunto é a implacável acusação de que os escritos de Ellen White, quando traduzidos, foram adulterados para advogar, provar e defender a doutrina da Trindade.
Devido a grande credibilidade nos escritos de Ellen White, este tipo de argumentação pode ser incisiva e demasiadamente forte para convencer e minimizar a confiança na própria organização. Infelizmente, muitas das pessoas que recebem informações equivocadas e enganosas como esta, absorvem a ideia sem ao menos buscar as fontes e evidências necessárias para colocar a prova tal ensinamento. Satanás e os inimigos da igreja sabem disso e por esta razão são muito bem sucedidos ao levantar suspeitas. Muitos membros se agarram à mentira com muita facilidade, e consequentemente a disseminam, e em alguns casos até morrem por elas. Temos que ter em mente que, embora a mentira seja mentira, ela tem o poder de persuadir e de enganar. Por este motivo, o propósito deste artigo é permitir ao leitor a possibilidade de observar os escritos fotocopiados dos originais de Ellen White quanto ao que ela realmente escreveu sobre o tema proposto. Suas cartas, algumas escritas a punho e outras datilografadas, mesmo com mudanças sinonimizadas, expõem fielmente, suas palavras da forma como originalmente foram traduzidas para o português, evidência esta que, o leitor poderá tirar por conclusões.

Desenvolvimento do acervo literário de Ellen White

Algumas acusações de adulteração dos escritos de Ellen White para advogar a doutrina da trindade tem haver com a participação de assistentes literários permitidos pela autora. Alegam que, foi a exagerada dependência dos seus assessores, por sua deficiência gramatical, que contribuiu para algumas adulterações[2]. Portanto, este adendo tem como finalidade apresentar uma síntese clara e objetiva das razões que implicaram na formação e organização de assistentes literários de Ellen White, seguindo de perto o exemplo de alguns profetas bíblicos.
A formação dos escritos de Ellen White compostos por cartas, diários, artigos, periódicos e livros totalizam cerca de 100.000 páginas.[3] Acredita-se que Ellen White, possivelmente, esteja na terceira posição de escritores mais traduzidos da história e a escritora norte-americana mais traduzida em todos os tempos. Em 1915, ano de seu falecimento, havia vinte e quatro livros publicados e mais dois em mãos dos editores para possível publicação. No entanto, após 1990, de sua autoria, 128 livros já se encontravam publicados.[4]
Embora ela tenha escrito muitas cartas e livros, de fato, como bem conhecido, Ellen White não era uma estudante brilhante e muito menos possuía formação universitária. Esta verdade, casada com os critérios para se testar um profeta, clarifica como  verdade o fato de ter sido chamada por Deus para um ministério especial. Como bem expressou Hebert Douglas, “Seria difícil dizer que a extraordinária obra literária de Ellen White é produto apenas da inteligência e invenção humanas”, e ainda afirmou que,
“Seus contemporâneos, conhecedores de sua formação e educação mínima, também estavam convencidos de que uma sabedoria mais do que humana era responsável pela incisiva e impressionante eloquência demonstrada por ela tanto no prelo como no púlpito”.[5] 
Sua fragilidade não era apenas acadêmica, mas, em grau elevado, física. Diante deste impasse, ela muitas das vezes precisou dar uma pausa temporária até que Deus a auxiliasse dando-lhe força e condições para prosseguir. Reconhecia claramente que era amparada e fortalecida por alguém fora dela: “O Senhor é que me tem fortalecido, e abençoando, e sustido por Seu Espírito.”[6]
Devido à intensidade de escritos em contraste com sua diminuta capacidade intelectual e física, outra esclarecida verdade é que, com o passar do tempo, algumas pessoas incorporaram a equipe de auxílio para dar-lhe suporte neste exaustivo trabalho. Há uma carta bem esclarecedora escrita a G. W. Amadon em 1906 apresentando a maneira como suas assistentes a ajudavam: 
 “Recolhi-me à noitinha, depois do sábado, e repousei bem sem dor ou incômodo até às dez e meia. Não consegui dormir Eu havia recebido instruções [do anjo assistente], e raramente fico na cama depois de tais instruções me sobrevieram [...] Saí da cama e escrevi durante cinco horas, tão rápido quanto a pena podia traçar as linhas. Depois, descansei na cama por uma hora, e dormi parte do tempo”,  
ela continua,  
“Coloquei a matéria nas mãos de minha copista e, na segunda-feira de manhã, ela me esperava, tendo sido colocada no meu escritório no domingo à noite. Havia quatro artigos prontos para eu reler e fazer quaisquer correções necessárias. A matéria está pronta agora, e parte dela seguirá hoje para o correio.”[7] 
Ellen White, com o objetivo de tornar mais eficiente as correções, envio e preparo de matérias para publicação, além da ajuda de seu esposo, desenvolveu uma enérgica organização de assistentes de redação tanto voluntárias quanto remuneradas.[8] Esta estratégia de permitir o auxílio de assistentes, não apenas partiu dela e de seu esposo, mas também se tornou uma necessidade devido ao grande volume de material que ela era incumbida a escrever. Às vezes algumas pessoas ficam um tanto que túrbidas ante o conceito de um profeta fazer uso de assistentes literários, e, de certa forma, acabam não compreendendo a maneira como Deus fala e guia o profeta. Não deveria ser novidade, Ellen White utilizava assistentes literárias pelas mesmas razões que os escritores bíblicos o faziam. A este respeito, bem ponderou Alberto Timm  que,  “Se os profetas não podem expandir e clarificar conceitos previamente enunciados, como explicar então as diferentes perspectivas de determinados eventos descritos nos evangelhos sinóticos de Mateus, Marcos e Lucas?”. [9]Neste caso específico, ela conhecia as suas limitações de tempo e aptidões literárias,”[10] e, por esta razão, uma equipe de auxiliadores era bem vindo para o aperfeiçoamento e atualização de seus escritos.[11]

A acusação de adulteração 
As acusações de adulterações de alguns escritos para advogar a trindade não procedem e muito menos condizem com uma análise séria e criteriosa. Também têm sido habituais afirmações alegando deturpação direta do original para o inglês – de onde são traduzidas as obras para o português. Estas acusações não são comuns em literaturas, elas são encontradas exaustivamente pela comunicação eletrônica – internet. Muitas das informações encontradas pela internet que, de forma bem incisiva, afirmam categoricamente a adulteração das cartas de Ellen White por parte da liderança para advogar a trindade, muitas não passam de palavras sem fundamentação, ou seja, palavras ao ar, enquanto que outras dão aparência de estarem substancialmente embasadas. O grande problema é que, muitas pessoas se contentam com as poucas informações transmitidas enquanto que outras se satisfazem com um simples jargão depreciativo à igreja. Se todos levassem a sério o que leem e pesquisam, levando em consideração “o todo” em detrimento do “parcial”, além do contexto e caso, creio que o número de apostasias causadas por esta negligência seria consideravelmente pequeno comparado ao atual.
Por este motivo é que, será apresentado em seguida os escritos originais de Ellen White com as principais citações concernentes a trindade fazendo um paralelo entre os escritos originais e as traduções para o português. O objetivo é mostrar que a argumentação levantada, ou acusação feita contra os tradutores e a igreja, não são capazes de suportarem seu próprio peso de evidência. Desta forma, tendo acesso a estes escritos originais, será mais fácil mostrar que a igreja, por mais débil e defeituosa que pareça ser jamais maquinou uma ação tão diabólica de traduzir erroneamente as visões e conselhos da mensageira do Senhor. Somente uma mente muito sagaz e um sentimento muito controverso à igreja para chegar a tais conclusões e ainda espalhar essas informações como se fossem a mais pura verdade.
Analisaremos as principais citações mostrando sua verdadeira raiz original para que, tais comparações, possam dar-nos mais credibilidade e segurança.

 Citações originais e traduções para o português
Nesta sequência, será apresentado a citação em português e as imagens escaneadas dos originais poderão ser vistas e comparadas. O leitor perceberá que Ellen White conservou algumas cartas escritas a punho enquanto que outras conservou apenas as datilografadas. É importante salientar que, os auxiliadores literários eram pessoas de sua confiança e as cartas datilografadas passaram por suas mãos para devidas correções antes de serem assinadas e confirmadas. Outro fato também relevante é que, não faremos uma análise em todas as cartas de Ellen White que tratam deste tema, pois o objetivo é reavaliar apenas as principais cartas por julgar que seja suficiente. Caso o leitor tenha interesse em ver todas as cartas, elas são acessíveis em qualquer centro de pesquisa Ellen White, incluindo o que serviu de base para este estudo no Instituto Adventista de Ensino do Nordeste (IAENE).
A primeira citação a ser avaliada é a que foi publicada em 1906, observe: “Há três pessoas vivas pertencentes ao trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e estes  poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viverem nova vida em Cristo”[12].
Esta citação encontra-se no livro Evangelismo, p. 615 e foi compilada em 1946. No entanto, a impressão apareceu em 1906 publicada pela mesma autora. Na imagem da página 5 podemos ver nitidamente que tal conspiração de adulteração jamais houve. A citação original se encontra em Manuscrito 21, de 9 de janeiro de 1906, escrito em novembro de 1905 como visto na figura página 6.


Na próxima imagem, escaneada de uma página do diário de Ellen White, onde é encontrado o original, não editado da cópia escrita à mão do manuscrito 21, 1906, que se lê:

“Aqui estão as três personalidades vivas do trio celestial, nas quais cada alma arrependida dos seus pecados, recebe Cristo por fé viva, para aqueles que são batizados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”[13].

 Na próxima imagem, encontramos a seguinte citação:
“A obra está colocada diante de cada alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um recipiente da promessa das três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo”[14].

Portanto, outra evidência da fidelidade de tradução. Na verdade, verifica-se forte comprovação dos fatos, de que, não houve nenhuma intenção malévola de tradução. Os escritos de Ellen White, por si, advogam a doutrina  como correta.
O Manuscrito 271 acrescenta esta citação: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que verdadeiramente entram em relação de concerto com Deus”[15]. Podemos confirmar na carta de Ellen White a mesma transcrição. Observe na figura abaixo, incluindo a segunda figura (p. 9) com a assinatura de confirmação da autora:



E quanto ao Espírito Santo?
Das pessoas da Divindade, o Espírito Santo tem sido o mais atacado e desacreditado por alguns movimentos dissidentes. No entanto, neste tópico, analisaremos alguns textos históricos de Ellen White escritos a punho ou datilografados e assinados por ela autenticando o que a igreja tem ensinado há décadas a respeito da Terceira Pessoa da Divindade.
A citação encontrada no livro Evangelismo, p. 616 e 617 é uma das cartas mais acusadas de fraude. Portanto, faremos uma breve análise e comparação com o texto original para tirarmos as dúvidas. O texto reza assim: 
“Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos”.[16]  “O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. Uma vez dado esse testemunho, traz consigo mesmo sua própria evidência. Em tais ocasiões acreditamos e estamos certos de que somos filhos de Deus....O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus. ‘Por que qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus’ (ICo 2:11). O princípio da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo”.[17]  
E continua, “Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais alto no Céu- o Pai, o Filho e o Espírito Santo - e esses poderes operarão por meio de nós, fazendo-nos coobreiros de Deus”[18].
 Nas imagens da página 11, podemos sanar nossas dúvidas observando, com atenção, que não há inchaço na tradução a ponto de prejudicar a crença como num todo. A citação original é verídica e pode ser encontrada em um dos Patrimônios Literários de Ellen White. A única modificação encontrada e que não coaduna com a citação original é a palavra trindade. Ellen White faz uso de Godhead que significa divindade. No entanto, mesmo que utilizássemos divindade nas traduções, o sentido exato da ideia transmitida não seria mudado.
                                                          
Original datilografado

Original escrito a punho

  
Veja a página original na íntegra:



 Alguns, talvez bem intencionados, porém desprovidos de coerência nos resultados hermenêuticos afirmam que não há uma distinção clara entre Espírito Santo e Jesus. Para não dar margem a tal pensamento, é bom vermos Ellen White afirmando que ambas são pessoas distintas. No Manuscrito 93, diz: “O Espírito Santo é o Consolador, em nome de Cristo. Ele personifica Cristo, contudo é uma personalidade distinta”[19] (Observe imagem abaixo).


Outra citação que tem sido fortemente atacada e creditada de adulteração é a encontrada no livro Desejado de Todas as Nações. Observe:
“O pecado pode ser resistido e vencido apenas através da poderosa agência da terceira pessoa da Divindade, a qual viria com energia não modificada e na plenitude do poder divino”[20]
Esta citação foi publicada pela primeira vez em 1898 e hoje se encontra e no mesmo livro. A imagem da página 13 escaneada do original, demonstra claramente que não houve tradução equivocada. Embora a palavra Trindade não esteja na carta, qualquer pessoa sensata saberia discernir que esta mudança não causa nenhuma implicação ao sentido de toda a frase e contexto. Alguém ainda poderia questionar se realmente esta carta veio de Ellen White. É importante conhecer que, ela raramente preservou os manuscritos escritos a punho. Depois de transcritas, com sua aprovação, as cartas eram catalogas e usadas para as edições de seus livros e periódicos. Esta confiança por parte de Ellen White em não manter alguns de seus manuscritos escritos a punho pode ser uma clara evidência de sua credibilidade na manutenção e cuidado das citações ao longo dos anos que se seguissem.



 Conclusão:
Como ressaltado, neste presente artigo, foram inseridas apenas algumas poucas citações por julgar que sejam suficiente. No entanto, caso ainda permaneça dúvidas a este respeito, sugiro que visite um de nossos centros de pesquisa Ellen White no Brasil (UNASP C. 2, ou IAENE) e faça uma revisão dos fatos. As evidências da autenticidade das traduções são evidentes, e precisamos crer que Deus mesmo se mantém na fiscalização de Sua obra e na manutenção de Suas Doutrinas. Ellen White mesma considerou tais fatos afirmando “Sou animada e beneficiada ao compreender que o Deus de Israel ainda guia Seu povo, e continuará com ele até o fim.”[21] Também acrescentou que “A obra está sobre a supervisão do bendito Mestre [...] O intenso anelo de ver a igreja impregnada de vida tem de ser temperado com inteira confiança em Deus”[22] E para ser mais contundente, 
“Não há necessidade de duvidar, de temer que a obra não tenha êxito. Deus está à frente da obra, e Ele porá tudo em ordem. Se, na direção da obra, houver coisas que careçam de ajustamento, Deus disso cuidará para corrigir todo erro. Tenhamos fé em que Deus há de pilotar seguramente ao porto a nobre nau que conduz o povo de Deus.”[23]
 A história da igreja tem demonstrado como o sobrenatural tem convivido com o natural. Deus tem sido presente com esta igreja ao longo desses anos e com certeza ainda permanecerá até fim. Sei que nem tudo é mar de rosas, mas não tenho dúvidas que, em se tratando de questões doutrinárias, Deus não seria absolutamente nem um pouco conivente.

O material ora exposto pode ser encontrado no livro "A história revelada e a verdade confirmada" do Pr. Gilberto Theiss. Todas as imagens divulgadas podem ser vistas na Revista Parousia publicada pela UNASPRESS e foram aqui expostas com a devida autorização.

Bibliografia
DOUGLASS, Hebert E. Mensageira do Senhor: o ministério profético de Ellen G. White. 3. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

POIRIER, Tim. Parousia: Revista do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Ano 5, nº 1. Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2006.
SILVA, Demóstenes Neves da. Perguntas e respostas sobre a trindade. Cachoeira: CEPLIB, 2009.
TIMM, Alberto R. Revista do Ancião: Teriam alguns líderes da igreja adulterado os escritos de Ellen White para advogar a doutrina da trindade?. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, out – dez 2005.
WHITE, Arthur L; WALDVOGEL, Isolina; CHRISTIANINI, Arnaldo B. Ellen G. White: Mensageira da igreja remanescente. 2. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1993.
WHITE, Ellen Gould. Evangelismo. Tradução de Octavio E Santo, Raphael de Azambuja Butler. 3.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1997.
________________. The Seventh-day Adventist: bible commentary. U.S.A.: Review and Herald Publishing Association, 1984.
________________. Mensagens escolhidas. Tradução de Isolina A Waldvogel, Luiz Waldvogel. 4. ed. V. 3. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.
________________. O desejado de todas as nações. Tradução de Isolina A Waldvogel. 22. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004.
________________; PAGANI, Cesar Luis. Testemunhos para a igreja. v. 2. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006.
________________. Testemunhos seletos: conselhos para a igreja, selecionados de "Testimonies for the church".  V. 2. Tradução de Isolina Waldvogel, Rafael de Azambuja Butler. 6. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009.
________________. A Igreja remanescente. 8. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2000.
WHIDDEN, Woodrow et al. A trindade: como entender os mistérios da pessoa de Deus na bíblia e na historia do cristianismo. 2. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003.

[1] Pastor no estado do Ceará, estudioso e escritor (IAENE).
[2] Informações como esta são encontradas em diversos sites eletrônicos. Com o objetivo de não provocar um incentivo de divulgação de tais sites, justamente por não apresentarem informações e pesquisas sérias, seus nomes, títulos e autores foram omitidos propositalmente.
[3] WHITE, Ellen G.  Mensagens Escolhidas, cap. 12 a 18
[4][4] Pode-se obter uma lista completa de seu acervo literário incluindo cartas, folhetos e periódicos de Ellen White em Centro de Pesquisa Ellen White (Patrimônio Literário White) no Instituto Adventista de Ensino do Nordeste (IAENE). Km 197, BR 101, Cachoeira-BA, Bairro Capoeiruçu. 44300-000.
[5] DOUGLAS, Herbert. Mensageira do Senhor, p. 108.
[6] WHITE, Ellen G. Manuscrito 4, 1891, citado em Arthur White, Ellen G. White, Mensageira da Igreja Remanescente, 2º ed. (Tatuí, SP: CPB, 1993).
[7] WHITE, carta 28, 1906, citado em ibdem, p. 332.
[8] WHITE, Ellen G. Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 89.
[9] TIMM, Alberto R. Revista do ancião 2005.
[10] DOUGLAS, Herbert E. Mensageira do Senhor, p. 110.
[11] Maiores detalhes ver Carta 11, 1884, citada em Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 96-98.
[12]  WHITE, Ellen G. Evangelismo, p. 615 -A citação original se encontra em Manuscrito 21, de 9 de janeiro de 1906, escrito em novembro de 1905. 
[13]  Idem. Manuscrito 21, 1906.
[14] Manuscrito 57, 1900, publicado no comentário bíblico adventista do sétimo dia
[15]  Manuscrito 271, 1900 (Publicado em Sevent Day Adventist Bible Comentary, 6:1075) 
[16]  WHITE, Ellen G. Manuscrito 66, 1899
[17]  Idem, Evangelismo, p. 616-617 e está localizada em Special Testimonies, Série A, nº 10, pág. 37. A palavra Trindade não será encontrada na citação original, mas tal tradução não altera o sentido de toda a expressão. Com esta palavra ou não, a revelação está falando de três pessoas divinas.
[18]  Idem. Evangelismo, 616, 617; Manuscrito 20, 1906, p.9 
[19]  WHITE, Ellen G. No Manuscrito 93, 1893, Publicado em Manuscript Releases, 20:323-325
[20]  Idem, Desejado de Todas as Nações, p. 671. 
[21] WHITE, Ellen G.  Testemunhos para a Igreja, v. 2, p. 406.
[22] Idem.  Testemunhos Seletos, v. 2, p. 353, 354.
[23] Idem. A igreja Remanescente, p. 68

Leia também o blog: www.adventistastrinitarianos.blogspot.com

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Como era a Trindade no Antigo Testamento?


Após o arrebatamento da Igreja ainda haverá tribulação na Terra?
Anjos tiveram relação sexual com humanos?
O inferno mudou de lugar?
Na parábola do rico e Lázaro, logo após a morte eles estão conscientes?
No céu viveremos com nossa família?
Como resistir as tentações como a masturbação, pornografia e pensamentos impuros?

sábado, 17 de novembro de 2012

Existe Um Deus ou “Três deuses?”


Não abordarei todos os aspectos do assunto numa breve introdução como essa, mas, logo de início quero afirmar que é infundada a acusação de que crer na Trindade é o mesmo que crer em “Três deuses”. Espero que a resposta a seguir lhe ajude a pelo menos começar a visualizar isso!

A Trindade é um mistério revelado, mas, não explicado. Certa vez eu estava defendendo a doutrina da Trindade e uma pessoa, que nega a Personalidade e a Divindade do Espírito Santo, escreveu-me: “você que acredita na Trindade não entende a Deus!” Perguntei: “então, quer dizer que você entende a Deus? Meus parabéns! Você é o único ser humano no mundo que entende a Deus…” É que eu estava brincando com ele para mostrar-lhe que não deveria ter dito aquilo. Para entender um gênio, somente outro gênio. Para entender um Deus, somente outro Deus. Não podemos entender plenamente a Deus porque não somos deuses. Diz o Salmo 145:3: “Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável”. O fato de não entendermos plenamente a Deus não significa que Ele não exista da mesma maneira que o fato de a humanidade não entender plenamente o funcionamento do cérebro não significa que o cérebro não existe. Não devemos rejeitar a doutrina da Trindade só por que não a entendemos. Se fizermos isso, estaremos colocando a lógica humana acima da lógica de Deus. 

Quando colocamos a nossa lógica acima da lógica Divina, nos colocamos na mesma posição perigosa de satanás. Precisamos aceitar a doutrina da Trindade porque é um fato revelado na Bíblia. E, se confiamos em nosso Amado Deus, iremos acreditar nEle quando afirma que é um Deus manifesto em Três Pessoas. 

Alguns dizem: “não creio na Trindade porque o nome Trindade não está na Bíblia”. Primeiramente, devemos entender que na Bíblia não se buscam nomenclaturas, mas fatos. E a doutrina da Trindade é um fato. 

Segundo: na Palavra de Deus não encontramos outras expressões que são aceitas como verdades: encarnação de Cristo, milênio, Bíblia… Se formos aceitar os fatos bíblicos apenas se forem acompanhados de nomes, então teremos que rejeitar a doutrina da encarnação de Cristo, do milênio, e questionar inclusive a existência da própria Bíblia! 

Para estudarmos sobre Deus, aquilo que Ele nos revelou sobre si mesmo, devemos entender que a Divindade possui uma unidade essencial e uma subordinação funcional. Alguns textos bíblicos mostram que a divindade tem uma unidade na sua essência (Colossenses 2:9) enquanto outros textos apontam para uma diferença na função (João 14:28) que cada um desempenha do plano de salvação e desempenhou na criação. 

Em João 5:19 e 21 vemos claramente esse princípio, bem como em outros versos do mesmo capítulo. No verso 19 Jesus diz que “o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai”. No mesmo verso Ele continua: “porque tudo quanto ele (o Pai) faz, o Filho o faz igualmente”. No mesmo texto vemos a subordinação funcional de Cristo em relação ao Pai e Sua unidade essencial. No verso 21 podemos visualizar ainda melhor a unidade de Cristo com o Pai na divindade, o que mostra que Jesus não é uma criatura. Diz o texto: “Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer”. 

Percebe querido(a) internauta? A Bíblia fala de uma subordinação nas funções entre os membros da divindade e de uma unidade na essência. A diferença na função que cada membro da Divindade desempenha de modo algum significa que um Ser é mais poderoso do que o outro. Se Jesus não fosse criador e o Espírito Santo fosse inferior a Deus Pai e a Deus Filho também na essência, isso seria politeísmo. Politeísmo é a crença em mais de um deus, onde um deus é mais poderoso do que o outro. A doutrina da Trindade não é politeísmo porque ensina a unidade essencial entre as Três Pessoas da Divindade! Essas Três Pessoas são chamadas de “um só Deus”, como fiz Efésios 4:6, porque são uma unidade. 

As Pessoas da Divindade são unidas no poder, caráter, propósito e amor. São tão unidos que dizer “Três deuses” seria incoerente com o tipo de relacionamento de amor que há entre essas Três Pessoas Divinas. 

Fica claro que as Três Pessoas da Trindade são chamadas de “um só Deus” (Deuteronômio 6:4 – “único Deus”) no sentido de unidade. Foi por isso que Cristo pôde dizer em João 10:30: “eu e o Pai somos um”. Os judeus entenderam essa declaração do Salvador como uma reivindicação de igualdade com o Pai, pois o verso 11 do capítulo 10 diz que “Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar”. 

Um abraço!

Leandro Quadros.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Doutrina da Trindade no Espírito de Profecia - Pr. Rodrigo Silva

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Doutrina da Trindade no Novo Testamento - Pr. Rodrigo Silva

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Doutrina da Trindade no Velho Testamento - Pr. Rodrigo Silva

domingo, 29 de julho de 2012

Dez perguntas para os que (ainda) não acreditam na Trindade Bíblica

1. Se Jesus era menor do que Deus, como pode também ser “o mesmo ontem, hoje e para sempre” (Hb 13:8)?

2. Já que JAVÉ não dará a Sua glória a nenhum outro ser (Isaías 42:8; 48:11) como pôde o Senhor Jesus pedir ao Pai: “Glorifica-Me contigo mesmo com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo” (João 17:5). E como pode Pedro atribuir-Lhe glória, que só deveria ser atribuída a Deus (2 Pedro 3:18)?

3. JAVÉ Se refere a Si mesmo como tendo sido traspassado (Zacarias 12:1 e 10), mas como em Apocalipse 1:7 todos verão a Cristo como Aquele que foi traspassado?

4. Como podem tanto Jesus como JAVÉ revelarem-Se com a mesma designação, “Eu sou” (Êxodo 3:14; João 8:58; 18:5, 6 e 8)?

5. JAVÉ é o primeiro e o último (Isaías 44:6;48:12), mas o mesmo qualificativo é atribuído a Jesus: Apocalipse. 1:11-17; 2:8; 22:13. Como pode haver dois primeiros e dois últimos?

6. Como explicam que Isaías 6:1-10 apresenta a visão do profeta que claramente se refere a JAVÉ, sentado no Seu alto e sublime trono, mas João 12:36-41 aplica a passagem a Jesus e Paulo informa que quem disse aquelas palavras a Isaías foi o Espírito Santo (Atos 28:25-27)?

7. Pode Jesus ser adorado não sendo Deus (Mateus 2:2, 8, 11; 14:33; 15:25; 20:20; 28:9, 17; Marcos 5:6; Lucas 24:52; João 9:38) quando Deus mesmo manda os anjos adorá-Lo em Hebreus 1:6?

8. Se Jesus Cristo não é Deus, por que não corrigiu Tomé quando este a Ele se referiu dizendo: “Meu Senhor e meu Deus”(João 20:28)?

9. Como explicar que Cristo foi ressuscitado pelo Pai (Atos 10:40; 13:30), por Seu próprio poder (João 10: 17, 18) e pelo Espírito Santo (Romanos 8:11)?

10. Se o Espírito Santo não é uma divina pessoa, por que Se dirige a Si mesmo com um pronome pessoal: Atos 13:2, 4?

[Prof. Azenilto G. Brito, Ministério Sola Scriptura. Revisão ortográfica de Hendrickson Rogers]

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quadro Bíblico da Trindade

Imprima e tenha em sua Bíblia! Clique para ampliar

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Trindade na Bíblia



“Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas” – Crença Fundamental nº 2


Gerhard Pfandl
Ph.D., diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral da IASD


A doutrina da Trindade (do latim trinitas = “triunidade” ou “três-em-unidade”) é uma das mais importantes doutrinas da fé cristã. Mas ultimamente alguns têm questionado sua validade. Por exemplo, em uma monografia, Fred Allaback argumenta que “a Igreja Adventista do Sétimo Dia não cria na doutrina da Trindade até muito tempo depois da morte de Ellen G. White”.1 “Os pioneiros adventistas”, escreveu ele, “acreditavam que em um ponto longínquo da eternidade somente um Ser divino existia. Então esse Ser divino teve um Filho.”2 Dessa forma, Cristo teve um começo. Com respeito ao Espírito Santo, Allaback crê que Ele é o Espírito de Deus e de Cristo; não um outro Ser divino.3


A mesma visão é adotada por Bill Stringfellow, 4 Rachel Cory-Kuehl 5 e Allen Stump.6 Todos esses ensinam que em um ponto no tempo Jesus não existia; e que o Espírito Santo é apenas uma força. Stringfellow diz: “Houve um certo e específico dia quando Deus deu à luz Seu Filho … Houve um tempo (embora seja impossível identificá-lo precisamente no passado) quando Cristo não existia.”7


O MISTÉRIO


Embora a palavra Trindade não seja encontrada na Bíblia (nem a palavra encarnação), o ensinamento que ela descreve é encontrado ali. A doutrina da Trindade estabelece o conceito de que há três Seres plenamente divinos: Pai, Filho e Espírito Santo, que formam um Deus.8 Por sua vez, Ellen White usa o termo “Divindade” que é encontrado em Romanos 1:20 e Colossenses 2:9. Através dessa palavra ela transmite a mesma idéia contida no termo Trindade, ou seja, há três Seres viventes na Divindade. Segundo uma de suas declarações, “há três pessoas vivas pertencentes ao Trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo”.9


O próprio Deus é um mistério, 10 quanto mais a encarnação ou a Trindade.  Entretanto, isso não deveria nos embaraçar, já que os diferentes aspectos desses
mistérios são ensinados nas Escrituras. Embora não possamos compreender tudo sobre a Trindade, necessitamos tentar entender, tanto quanto possamos, o ensino bíblico a seu respeito. Todas as tentativas para explicá-la serão insuficientes, “especialmente quando refletimos sobre a relação das três pessoas com essência divina … todas as analogias são limitadas e nós nos tornamos profundamente conscientes de que a Trindade é um mistério muito além da nossa compreensão. É a incompreensível glória da Divindade”.11


Portanto, é sábio admitir que o homem “não pode compreendê-la nem torná-la compreensível. É compreensível em algumas de suas relações e modos de se manifestar, mas ininteligível em sua natureza essencial”.12 Certos elementos se tornarão claros, e outros permanecerão um mistério, pois “as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Deut. 29:29). Onde não temos uma palavra clara das Escrituras o silêncio é ouro.13


NO ANTIGO TESTAMENTO


Algumas passagens do Antigo Testamento sugerem, ou implicam, a existência de
Deus em mais de uma pessoa. Quando não necessariamente em uma Trindade, pelo menos em duas pessoas.


Gênesis 1. No relato da criação em Gênesis 1, a palavra traduzida como Deus é ’Elohim, a forma plural de ’Eloha. Geralmente essa forma é interpretada como um plural de majestade ao invés da idéia de pluralidade. Entretanto, G. A. F. Knight argumenta que essa interpretação corresponde a ler um conceito moderno no texto hebraico antigo, desde que os reis de Israel e Judá são tratados na forma singular, no relato bíblico.14 Knight aponta que as palavras hebraicas para água e céu também são plurais. Os gramáticos nomeiam esse fenômeno como plural quantitativo. A água pode aparecer em forma de pequenas gotas ou grandes oceanos. Essa diversidade quantitativa em unidade, segundo Knight, é uma forma adequada de compreender o plural ’Elohim. E também explica por que o substantivo singular ’Adonai é escrito como plural.15


Em Gênesis 1:26, lemos: “Também disse Deus [singular]: Façamos [plural] o homem à nossa [plural] imagem, conforme a nossa [plural] semelhança…” O que é significativo aqui é a mudança do singular para o plural. Moisés não está usando o verbo no plural com ’Elohim, mas Deus está usando um verbo e um pronome no plural, em referência a Si mesmo. Alguns intérpretes acreditam que Deus está falando aqui de anjos. Mas, de acordo com as Escrituras, os anjos não participaram da criação. A melhor explicação é que, já no primeiro capítulo de Gênesis, há uma indicação de pluralidade de pessoas em Deus.


Deuteronômio 6:4. De acordo com Gênesis 2:24, “deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só [’echad] carne”. É uma união de duas pessoas distintas. Em Deuteronômio 6:4, é usada a mesma palavra em relação a Deus: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único [’echad] Senhor.” Segundo Millard J. Erickson, “aparentemente alguma coisa está sendo afirmada aqui sobre a natureza de Deus – Ele é um organismo, isto é, uma unidade de partes distintas”.16 Moisés bem poderia ter usado a palavra yachid (“um”; “único”), mas o Espírito Santo escolheu não fazê-lo.


Outros textos. Após a queda do homem, Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós” (Gên. 3:22). E algum tempo depois, quando o homem começou a construir a torre de Babel, o Senhor ordenou: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem” (Gên. 1:7). Em cada caso, a pluralidade da Divindade é enfatizada.


Em sua visão do trono de Deus, Isaías ouviu o Senhor perguntando: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” (Isa. 6:8). Aqui encontramos Deus usando o singular e o plural na mesma sentença. Muitos eruditos modernos tomam isso como uma referência ao Concílio Celestial. Mas, pediria Deus algum conselho às Suas criaturas? Em Isaías 40:13 e 14, Ele parece refutar essa noção. Deus não necessita aconselhar-Se nem mesmo com criaturas celestiais. Portanto, o uso do plural em Isaías 6:8, embora não especifique a Trindade, sugere que há uma pluralidade de seres no Orador.


O anjo do Senhor. A frase “anjo do Senhor” aparece 58 vezes no Antigo Testamento. “O anjo de Deus” aparece onze vezes. A palavra hebraica para “anjo” – mal’ak – significa mensageiro. Se o “anjo do Senhor” é Seu mensageiro, então deve ser distinto do Senhor. Todavia, em alguns textos, o “anjo do Senhor” também é chamado “Deus” ou “Senhor” (Gên. 16:7-13; Núm. 22:31-38; Juí. 2:1-4; 6:22). Os pais da Igreja identificavam esse anjo com o Logos pré-encarnado. Eruditos modernos vêem-nO como um Ser que representa Deus, como o próprio Deus, ou como algum poder externo de Deus. Por sua vez, eruditos conservadores geralmente aceitam que “este ‘mensageiro’ deve ter sido como uma manifestação especial do Ser do próprio Deus”.17 Se isso é correto, temos aqui outra indicação da pluralidade de pessoas na Divindade.


NO NOVO TESTAMENTO


A verdade, na Bíblia, é progressiva. Por isso, é no Novo Testamento que encontramos um quadro mais explícito da natureza trinitária de Deus. A declaração de que Ele é amor (I João 4:8) implica que deve haver uma pluralidade dentro da Divindade, considerando-se que o amor só pode revelar-se em um relacionamento pluralístico.


Por ocasião do batismo de Jesus, encontramos os três membros da Divindade em ação ao mesmo tempo: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se Lhe abriram os Céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre Ele. E eis uma voz dos Céus que dizia: Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mat. 3:16).


Eis uma notável manifestação da doutrina da Trindade. Ali estava Cristo em forma humana, visível a todos; o Espírito Santo desceu sobre Ele na forma de uma pomba; e a voz do Pai foi ouvida dos Céus: “Este é o Meu Filho amado, em quem me comprazo”. Em João 10:30 Cristo fala de Sua igualdade com o Pai, e em Atos 5:3 e 4, o Espírito Santo é identificado como Deus. É impossível explicar a cena do batismo de Jesus por qualquer outra maneira senão assumindo que há três pessoas, iguais em natureza ou essência divina.


No batismo, o Pai referiu-Se a Jesus como “Meu Filho amado”. Essa filiação, entretanto, não é ontológica, mas funcional. No plano da salvação, cada membro da Trindade aceitou um papel específico, com o propósito de cumprir um alvo particular. Não se trata de mudança de essência ou status. Millard J. Erickson o explica desta maneira:


“O Filho não Se tornou inferior ao Pai durante a encarnação, mas subordinou-Se funcionalmente à vontade do Pai. Semelhantemente, o Espírito Santo agora está subordinado ao ministério do Filho (ver João 14-16) bem como à vontade do Pai, mas isso não implica inferioridade em relação a Eles.”18 No pensamento ocidental, os termos “Pai” e “Filho” contêm a idéia de origem, dependência e subordinação. Na mente oriental ou semítica, entretanto, eles enfatizam igualdade de natureza. Assim, quando as Escrituras falam de “Filho” de Deus, estão afirmando a divindade de Cristo.


Ao terminar Seu ministério terrestre, Jesus ordenou aos discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mat. 28:19). Nessa comissão, nota-se claramente a Trindade. Primeiramente, notamos que a frase “em nome” [eis to onoma] é singular, não plural (nos nomes). Ser batizado em nome de três pessoas da Trindade significa identificar-se com tudo o que Ela representa; comprometer-se com o Pai, Filho e Espírito Santo.19 Em segundo lugar, a união desses três nomes indica que o Filho e o Espírito Santo são iguais ao Pai. Seria estranho, para não dizer blasfemo, unir o nome do Deus eterno com um “ser criado” e uma “força” ou “energia” na fórmula batismal.


“Quando o Espírito Santo é colocado na mesma expressão e no mesmo nível das
outras duas pessoas, é difícil evitar a conclusão de que Ele também é visto como sendo igual ao Pai e ao Filho.”20


Paulo e outros escritores do Novo Testamento geralmente usam a palavra “Deus” para se referir ao Pai; “Senhor”, em referência ao Filho, e “Espírito”, em referência ao Espírito Santo. Em I Coríntios 12:4-6, o apóstolo fala dos três no mesmo texto: “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” Da mesma forma, em II Coríntios 13:13, ele enumera as três pessoas da Trindade, ao mencionar “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo”.


Embora não possamos dizer que esses textos sejam uma enunciação formal da Trindade, eles e outros como, por exemplo, Efésios 4:4-6, são trinitarianos em caráter. E embora a Igreja tenha elaborado os detalhes dessa doutrina em tempos posteriores, ela o fez sobre o fundamento dos escritores bíblicos.


DIVINDADE DE CRISTO


Um elemento crucial na doutrina da Trindade é a divindade de Cristo. Diante do ensinamento de que há um Deus em três pessoas, e que cada uma dessas pessoas é plenamente divina, é importante verificarmos o que as Escrituras ensinam sobre a divindade de Cristo. Existem passagens no Novo Testamento que confirmam a plena deidade de Cristo.


João 1:1-3;14. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” A frase introdutória “no princípio” nos leva de volta ao começo do tempo. Se o Verbo estava “no princípio”, então Ele não teve princípio, que é outra forma de dizer que era eterno.


“O Verbo estava com Deus” nos diz que o Verbo era uma pessoa ou personalidade separada. O Verbo não estava em (en) Deus, mas com (pros) Deus. Desde que o Pai e o Espírito Santo são Deus, a palavra “Deus” muito provavelmente inclui esses dois outros membros da Trindade.


“E o Verbo era Deus”. O Verbo não era uma emanação de Deus, mas Deus mesmo. Embora o verso 1 não diga quem é o Verbo, o verso 14 claramente O identifica: “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória, glória como do unigênito do Pai.” Como disse Arthur W. Pink, “é impossível conceber uma afirmação mais enfática e inequívoca da deidade absoluta do Senhor Jesus Cristo”.21


João 20:28. “Respondeu-Lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu.” Essa é a única vez, nos evangelhos, em que alguém se dirige a Cristo, chamando-O de “meu Deus” (ho Theos mou). É significativo que nem Cristo nem João desaprovaram a declaração de Tomé; pelo contrário, esse episódio constituiu um ponto alto da narração do evangelista, que imediatamente fala a seus leitores: “Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome” (vs. 30 e 31). Este evangelho, diz João, foi escrito para persuadir outros indivíduos a imitarem Tomé no reconhecimento de Cristo como “Senhor meu e Deus meu”.


Filipenses 2:5-7. Essa passagem foi escrita para ilustrar a humildade. Mas é um dos textos de apoio à divindade de Cristo. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em forma [morphé] de Deus não julgou como usurpação [harpagmos] o ser igual a Deus; antes a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma [morphé] de servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana…”


Morphé, que significa “forma” ou “aparência visível’, é uma palavra descritiva da natureza genuína, a essência, de uma coisa. “Não se refere a qualquer forma mutável, mas uma forma específica da qual dependem a identidade e o status.22 Morphé contrasta com schema (2:8), que também significa “forma” porém no sentido de aparência superficial, ao invés de essência. O substantivo harpagmos aparece apenas nesse texto, no Novo Testamento, e o verbo correspondente significa “roubar, tirar à força”. No grego secular, o substantivo significa “roubo”.


O contexto deixa claro que Jesus não cobiçou, não tentou roubar “o ser igual a Deus”; não tentou agarrar-Se à igualdade com Deus a qual Ele possuía intrinsecamente. Em outras palavras, não tentou reter Sua igualdade com Deus pela força. Em vez disso, “tratou-a como uma oportunidade para renunciar qualquer vantagem ou privilégio decorrentes; como uma oportunidade para auto-empobrecimento e sacrifício próprio sem reserva”.23 Esse é o significado da expressão “antes a Si mesmo Se esvaziou”. Sua igualdade com Deus era algo que Ele possuía intrinsecamente; e alguém igual a Deus deve ser Deus. Assim, essa “é uma passagem que demanda a compreensão de que Jesus era divino no mais pleno sentido”.24


Colossenses 2:9. “Porquanto nEle habita corporalmente [somatikos] toda a plenitude [pleroma] da Divindade.” O termo grego pleroma tem o significado básico de “plenitude”, “plenamente”. No Antigo Testamento ele é aplicado à plenitude da Terra ou do mar (Sal. 24:1; cf. 50:12; 89:11; 96:11; 98:7), que é citada em I Coríntios 10:26. No grego secular, pleroma referia-se à totalidade da tripulação de um navio, ou à quantia necessária para completar uma transação financeira. Em Colossenses 1:19 e 2:9, Paulo usa a palavra para descrever a soma total de cada função da divindade.25


Essa plenitude habita corporalmente em Cristo, mesmo durante Sua encarnação, Ele reteve todos os atributos essenciais da divindade, embora não os empregasse em benefício próprio. “… Foi claramente visto que a divindade habitava na humanidade, pois através do invólucro terrestre, vez após vez cintilavam lampejos de Sua glória.”26


Tito 2:13. Paulo descreve os santos como “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. Notemos que: 1) De acordo com uma regra da gramática grega, o artigo o antes de “Deus” e “Salvador” une esses dois substantivos como designações do mesmo objeto. Assim, Jesus Cristo é “o grande Deus e Salvador”. 2) Todo o Novo Testamento aguarda a segunda vinda de Cristo. 3) O contexto do verso 14 fala apenas de Cristo. 4) Essa interpretação está em harmonia com outras passagens, tais como João 20:28; Rom. 9:5; Heb. 1:8; II Ped. 1:1, de modo que esse texto é mais uma afirmação da divindade de Cristo.


Mateus 3:3. “… Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor.” De acordo com o verso 1, esse texto de Isaías refere-se a João Batista que era o precursor do Messias. Em Isaías 40:3, a palavra traduzida como “Senhor” é Yahweh. Assim, o Senhor cujo caminho João prepararia não era outro senão o próprio Jeová.


Romanos 10:13. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” O contexto (vs. 6-12) deixa claro que, ao se referir ao “nome do Senhor”, Paulo está pensando em Cristo. O texto é uma citação de Joel 2:32, onde novamente a palavra Senhor é tradução do hebraico Yahweh.


Hebreus 1:8 e 9. “O Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre… por isso Deus, o
Teu Deus Te ungiu…” Neste capítulo, são usados sete textos do Antigo Testamento para apoiar o argumento de que Cristo é superior aos anjos. O quinto texto, citado nos versos 8 e 9, é Sal. 45:6 e 7, onde um rei da casa de Davi é mencionado como “Deus”. Seria isto uma hipérbole poética, como algumas vezes é encontrada em cortes orientais, ou está o texto apontando para outra pessoa além do Antigo Testamento, príncipe da casa de Davi?


Para os poetas e profetas hebreus, um príncipe da casa de Davi era o vice-regente do Deus de Israel; pertencente à dinastia à qual Deus fizera promessas especiais ligadas ao cumprimento de Seu propósito no mundo. Ao lado disso, o que era apenas parcialmente verdadeiro na linhagem e no governo histórico de Davi, ou mesmo em sua pessoa, deveria ser compreendido plenamente quando aparecesse o filho de Davi, no qual todas as promessas e ideais associados com a dinastia deveriam ser incorporados. Agora, finalmente, o Messias aparecera. Em sentido pleno, era possível para Davi, ou qualquer dos seus sucessores, que este Messias pudesse ser referido não apenas como Filho de Deus (v. 5), mas como realmente Deus, pois Ele é o Messias da linhagem de Davi, a refulgente glória de Deus e a própria imagem de Sua substância.27


Todas essas passagens indicam que Cristo e Yahweh são um.


AUTOCONSCIÊNCIA DE JESUS


Cristo nunca afirmou diretamente Sua divindade, mas dizia ser o Filho de Deus (Mat. 24:36; Luc. 10:22; João 11:4). E, de acordo com a idéia hebraica de filiação, tudo o que o pai é o filho também é. Os judeus entenderam que assim Ele estava reivindicando igualdade com o Pai: “Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-Lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era Seu próprio Pai, fazendo-Se igual a Deus” (João 5:18; cf. 10:33).


Repetidas vezes Cristo disse possuir o que só pertence a Deus. “Ele falou dos anjos de Deus (Luc.12: 8 e 9; 15:10) como Seus anjos (Mat. 13:41). Referiu-Se ao reino de Deus (Mat. 12:28; 19:14 e 24; 21:31 e 34) e aos eleitos de Deus (Mar. 13:20) como Suas propriedades.”28 Em Lucas 5:20 Jesus perdoou os pecados do paralítico, e os judeus, com base em Isaías 43:25, argumentaram: “Quem pode perdoar pecados senão Deus?” Dessa forma, a ação perdoadora de Jesus O identificava como Deus.


A divindade de Cristo também é indicada no uso que fez do tempo presente em Sua resposta aos judeus: “Antes que Abraão existisse [genesthai] Eu sou [ego eimi]” (João 8:58). Ao usar o termo genesthai – “nascesse” ou “se tornasse” – e ego eimi – “Eu sou” –, Jesus contrasta Sua existência eterna com o início histórico da existência de Abraão. Pelo menos os judeus compreenderam dessa maneira, ou seja, que Jesus reivindicava ser Yahweh, o “Eu sou” da sarça ardente (Êxo. 3:14); por isso, apanharam pedras para matá-Lo (João 8:59).


Finalmente, o fato de que Jesus aceitou adoração evidencia que Ele próprio reconhecia Sua divindade. Depois que Jesus apareceu aos discípulos andando sobre as águas, “eles O adoraram” (Mat. 14:33). O cego que teve a visão restaurada, depois de lavar-se no tanque de Siloé, “O adorou” (João 9:38). Após a ressurreição, os discípulos foram para a Galiléia onde Cristo lhes apareceu. E eles “O adoraram” (Mat. 28:17).


E Ellen White assegura: “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. ‘Quem tem o Filho tem a vida.’ I João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente.“29


“Falando de Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus.”30


TEXTOS DIFÍCEIS


Os antitrinitarianos usam alguns textos para apoiar a idéia de que Jesus, em algum tempo na eternidade, foi gerado, isto é, que Ele teve um começo e que não é absolutamente igual a Deus.


Apocalipse 3:14. Aqui, Jesus, “a Testemunha fiel e verdadeira”, é mencionado como “o princípio da criação de Deus”, o que leva alguns a interpretarem que Ele foi criado em algum ponto no passado, sendo assim a primeira obra de Deus.


Mas a palavra grega traduzida como “princípio” é arché. Além de “princípio”, ela
também significa “causa primeira ou principal”, “soberano”, “regente”. O próprio Pai também é chamado “princípio”, em Apoc. 21:6.


O mesmo título é novamente aplicado a Cristo em Apoc. 22:13. Embora a palavra arché possa ter um sentido passivo, o que poderia fazer de Jesus o primeiro ser criado, o sentido ativo do termo O torna a “causa principal” o “criador”. Que Jesus não é o primeiro ser criado, mas o próprio criador, é o testemunho de outras passagens do Novo Testamento (João 1:3; Col. 1:16; Heb. 1:2).


Provérbios 8:22-31. “Eu nasci…” (v. 24). Argumenta-se que esse verso se refere a Jesus, ensinando que Ele foi nascido ou criado. Mas o contexto da passagem fala da sabedoria, não sobre Jesus. A personificação da sabedoria é uma figura literária que ocorre também em outras partes das Escrituras. Em Salmo 85:10-13, temos “misericórdia e verdade” encontrando-se, “justiça e paz” se beijando. Em Salmo 96:12, “os campos” se alegram, e “todas as árvores dos bosques regozijarão diante do Senhor”. (Ver também I Crôn. 16:33; Isa. 52:9; Apoc. 20:13 e 14). Esse tipo de alegoria não deve ser interpretada literalmente. “A personificação é uma figura literária e poética que serve para criar atmosfera e para avivar idéias abstratas e objetos inanimados, ao representá-los como se fossem seres humanos.”31


A personificação do divino atributo da sabedoria começa no capítulo 1: “Grita na
rua a sabedoria, nas praças levanta a sua voz” (v. 20). No capítulo 3, é-nos dito que ela “mais preciosa é do que pérolas” e “os seus caminhos são… paz” (vs. 15 e 17). No capítulo 7 ela é chamada “irmã” (7:4); e no capítulo 8, a sabedoria mora junto com a prudência (8:12). Sabedoria personificada também é o tema de Provérbios 9:1-5. Aplicar tais passagens a Cristo exige um modelo alegórico de interpretação que nos leva a métodos incompatíveis com outras passagens. Foi justamente esse tipo de hermenêutica que suscitou a rejeição do método alegórico de interpretação pelos reformadores. É importante notar que nenhum verso dessa passagem é citado no Novo Testamento.


Provérbios 8:22-31 contém imagens poéticas que necessitam ser bem interpretadas. A primeira frase no verso 22 pode ser traduzida como “o Senhor me possuiu”, “o Senhor me criou”, ou “o Senhor me gerou”. O significado básico do verbo qanah é “comprar”, “adquirir” e “possuir”. Mas as outras duas traduções são também possíveis. Além de qanah, duas outras palavras referem-se à sabedoria nesse texto: nasak = “estabelecer” (v. 23) e chil = “nascer” (vs. 24 e 25). O pensamento básico é sempre o mesmo, isto é, a sabedoria estava com Deus antes do início da criação. Se Deus a criou, se foi gerada ou simplesmente possuída, não é o foco. O que é central não é o modo de sua origem, mas sua antiguidade e precedência dentro da criação de Deus. Considerando a linguagem poética e metafórica da passagem, ela não deve ser usada para estabelecimento de qualquer doutrina sobre uma suposta origem de Cristo.


Ellen White, às vezes, aplicou homileticamente Provérbios 8 a Cristo; mas ela usou o texto para apoiar Sua preexistência eterna. Antes de usar Provérbios 8, ela disse que “Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre”.32


Colossenses 1:15. Cristo é “o primogênito de toda a criação”. Considerando que
Ele é chamado primogênito (prototokos), argumenta-se que deve ter tido um começo. Mas o termo “primogênito”, nesse texto, é um título e não a definição de uma condição biológica. Segundo 1:16, tudo foi criado por Jesus. Portanto, Ele não poderia criar a Si mesmo.


A palavra “primogênito” tem um significado especial para os hebreus. Em geral, o
primogênito era o líder de um grupo de pessoas ou uma tribo, o sacerdote na família, e o único que recebia a herança duas vezes mais que seus irmãos. Ele tinha certos privilégios e responsabilidades. Algumas vezes, entretanto, o fato de que alguém fosse o primogênito não importava aos olhos de Deus. Por exemplo, embora Davi fosse o filho mais novo, Deus o chamou de “Meu primogênito” (Sal. 89:20 e 27). A segunda linha do paralelismo no verso 27 nos diz que isso significava que Davi devia se tornar o rei mais exaltado. Vejamos também as experiências de Jacó (Gên. 25:25 e 26; Êxo. 4:22) e Efraim (Gên. 41:50-22; Jer. 31:9). Nesses casos, “primeiro”, no sentido de tempo, foi desconsiderado. O importante era apenas a distinção e a dignidade de quem era chamado primogênito. No caso de Jesus, esse termo também se refere à Sua posição exaltada e não a um ponto no tempo no qual Ele tenha sido criado.


Em Colossenses 1:18, Cristo é chamado “o primogênito de entre os mortos”, embora não o tenha sido cronologicamente. Sabemos que Moisés e outros O precederam. O sentido é que Ele é o preeminente.


João 1:1-3. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.” Alguns dizem que aqui há uma distinção entre Deus o Pai, que é o Deus, e Jesus, que é apenas um deus. O termo grego para Deus (theos) é encontrado com artigo (ho), “o Deus”, ou sem artigo, “deus” ou “Deus”. Em João 1:1-3, o Pai é chamado ho theos ao passo que o Filho é chamado theos. Será que isso justifica a argumentação de que o Pai é Deus Todo-poderoso, enquanto o Filho é apenas um deus menor?


O termo theos sem artigo freqüentemente também é usado para o Pai, inclusive no mesmo capítulo (João 1:6, 13 e 18; Luc. 2:14; Atos 5:39; I Tess. 2:5; I João 4:12; II João 9).


Jesus também é chamado o Deus (Heb. 1:8 e 9; João 20:28). Em outras palavras, o uso do termo Deus, com ou sem artigo, não pode ser argumento para se fazer distinção entre Deus o Pai e Deus o Filho. Deus o Pai é theos e ho theos, assim como o Filho.


Muitas vezes, a ausência do artigo, no idioma grego, denota qualidade especial. Nesse caso, o substantivo não deveria ser traduzido com o artigo indefinido “um”.


Se João tivesse usado o artigo definido cada vez em que aparece theos, ele estaria indicando a existência de apenas uma pessoa divina. Mas João 1:1 diz: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o verbo era theos.” Caso tivesse usado apenas ho theos, deveríamos ler: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com ho theos, e o Verbo era ho theos.” Segundo João 1:14, o Verbo é Jesus. Portanto, substituindo “Verbo” por “Jesus” temos a sentença “no princípio era Jesus e Jesus estava com ho theos, e Jesus era ho theos.” Ho theos refere-se claramente ao Pai. O texto modificado seria: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com o Pai, e o Verbo era o Pai.” Isso é teologicamente errado. Falando de duas pessoas da Divindade, João não teve escolha senão usar ho theos uma vez e, na seguinte vez, usar theos. A ausência de artigo no segundo caso não pode ser usada como argumento contra a igualdade entre Pai e Filho.


João 1:14 e 18; 3:16 e 18; I João 4:9. Esses versos falam de Jesus como o Filho unigênito (monogenes) do Pai. Em razão disso, algumas pessoas sugerem que a palavra grega monogenes indica que Jesus foi gerado literalmente.


A palavra monogenes significa “único de uma espécie”. Seu uso ocorre nove vezes no Novo Testamento. Três vezes em Lucas (7:12; 8:42; 9:38) sempre se referindo a um único filho. Nos escritos de João, ela aparece cinco vezes (1:14 e 18; 3:16 e 18; I João 4:9), como uma designação do relacionamento de Cristo com o Pai. Em Hebreus 11:17, ela se refere a Isaque como o filho unigênito de Abraão. Sabemos, entretanto, que Isaque não era o único filho do patriarca. Era o único filho da promessa. A ênfase aqui não é sobre o nascimento, mas sobre a unicidade do filho.


O termo normalmente traduzido como “gerado” é gennao. Ele aparece em Hebreus 1:5 e pode estar se referindo à ressurreição ou à encarnação de Cristo.  a versão Septuaginta, a palavra monogenes é a tradução da palavra hebraica yachid, cujo significado é “único” ou “amado” (cf. Mar. 1:11, em conexão com o batismo de Jesus).


Não é claro se monogenes se refere apenas ao Senhor ressuscitado, histórico, ou também ao Senhor preexistente. Mas é interessante notar que nem João 1:1-14, nem 8:58 e nem o capítulo 17 usam o termo Filho para o Senhor preexistente.


Mateus 14:33. “És Filho de Deus!”. Esse é um título messiânico (Sal. 2:7; Atos 13:33; Heb. 1:5), que enfatiza a deidade de Jesus. Embora seja um dos muitos títulos que possuía, Ele o usava muito raramente para referir-Se a Si mesmo (João 11:4). Na tentativa de compreender quem era Cristo, todos esses títulos necessitam ser investigados para termos um quadro coerente. Que o título “Filho de Deus” salienta a divindade de Jesus é evidente em João 10:29-36. Isso é apoiado posteriormente pelo fato de que o Filho é a exata imagem de Deus, sendo igual ao Pai (Col. 1:15; Heb. 1:3; Filip.2:6)


A palavra “Filho” tem um amplo significado na linguagem original. Portanto, não é
possível reduzi-la aos limites de idiomas modernos, dando-lhe um significado literal. A filiação de Jesus é atestada em conexão com o Seu nascimento (Luc. 1:35), batismo (Luc. 3:22), transfiguração (Luc. 9:35) e ressurreição (Atos 13:32 e 33). A Bíblia silencia quanto a se esses títulos descrevem o eterno relacionamento entre Pai e Filho. Em qualquer caso, as Escrituras atribuem existência eterna a Jesus (Isa. 9:6; Apoc. 1:17 e 18).


Durante a encarnação, Jesus subordinou-Se voluntariamente ao Pai, sendo o Filho de Deus. Isso incluiu a entrega de prerrogativas, mas não a natureza da deidade. O Senhor ressuscitado, ao ser entronizado como Rei e Sacerdote, também aceitou voluntariamente a prioridade do Pai, mas Ele e o Pai são, conforme a Escritura, personalidades iguais e coeternas da Divindade.


O ESPÍRITO SANTO


Que o Espírito Santo é uma pessoa divina, igual em substância, poder e glória com o Pai e o Filho, podemos observar nas Escrituras.


É um Ser pessoal. Alguns crêem que o Espírito Santo é um “poder” ou uma “energia” de Deus. Mas há muitos versos onde o Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mat. 28:19; I Cor. 12:4-6; II Cor. 13:14). Isso indica que o Pai e o Filho são pessoas; portanto, o Espírito Santo deve também ser uma pessoa. Freqüentemente, o pronome masculino “Ele” é usado em referência ao Espírito Santo (João 14:26; 15:26; 16:13 e 14), embora a palavra grega para Espírito (pneuma) seja neutra e não masculina. A palavra “consolador” ou “confortador” (parakletos) refere-se a uma pessoa, não a uma força.


O Espírito Santo fala (Atos 8:29), ensina (João 14:26), dá testemunho (João 15:26), intercede por outros (Rom. 8:26 e 27), distribui dons (I Cor. 12:11) e proíbe ou permite certas coisas (Atos 16:6 e 7). De acordo com Efés. 4:30, o Espírito Santo pode também ser entristecido. Essas atividades são características de uma pessoa, não de uma força.


É Deus. As Escrituras vêem o Espírito Santo como Deus. Desde a eternidade de
Deus o Espírito Santo participa da Divindade como Seu terceiro componente. Em Mat.28:19, os discípulos foram ordenados a batizar “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Esse verso coloca o Espírito Santo em igualdade com o Pai e o Filho. Ao repreender Ananias, Pedro lhe disse que mentindo ao Espírito Santo, ele tinha mentido “não a homens mas a Deus” (Atos 5:3 e 4).


“O Espírito Santo é onipotente. Ele distribui dons espirituais ‘como Lhe apraz, a cada um individualmente’ (I Cor. 12:11). Ele é onipresente; habitará com Seu povo para sempre (João 14:16). Ninguém pode fugir à Sua influência (Sal. 139:7-10). Ele também é onisciente, porque ‘a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus’ e ‘as coisas de Deus ninguém conhece, senão o Espírito de Deus’ (I Cor. 2:10 e 11).”33


Ellen White acreditava na personalidade do Espírito Santo: “Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos.”34


Vimos então que a Divindade existe em uma pluralidade; que Jesus é Deus, coexistente desde a eternidade com o Pai, e que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade. Há muitos outros detalhes sobre o tema, os quais somente no Céu entenderemos plenamente.


Textos difíceis da Bíblia são melhor compreendidos em harmonia com o restante da Escritura. Embora o mistério da Trindade nunca possa ser completamente  entendido pelo homem finito, é uma doutrina bíblica, apoiada por escritos de Ellen White e é uma das 27 crenças fundamentais da Igreja.


Fonte: Revista Ministério – março/abril de 2005, pp. 15-22


Referências:
1. Fred Allaback, No Leaders … No New Gods (Creal Spring, Ill, 1966), pág. 11.
2. Ibidem, pág. 15.
3. Ibidem, pág. 30.
4. Bill Stringfellow, Tue Red Flag Is Waving (Spencer, TN: Concerned Publications, s/d).
5. Rachel Cory-Kuehl, The Persons of God (Aggelia Publications, 1966).
6. Allen Stump, The Foundation of Our Faith (Smyma Gospel Ministry, s/d).
7. Bill Stringfellow, Op. Cit., pág. 15.
8. W. Grudem, Systematic Theology (Zondervan, 1994), pág. 226.
9. Ellen G. White, Evangelismo, pág. 615.
10. ___________, Testimonies For the Church, vol. 8, pág. 295.
11. Louis Berkhof, Systematic Theology (Eerdmans, 1941), pág. 88.
12. Ibidem, pág. 89.
13. Escreveu Ellen White: “Há muitos mistérios que não busco compreender nem explicar; eles são muito
elevados para mim e para vocês. Em alguns desses pontos, o silêncio é ouro” (Manuscrito 14, pág. 179).
14. G. A. F. Knight, A Biblical Approach to the Doctrine of the Trinity (Edimburgo, 1953), pág. 20.
15. Ibidem.
16. Millard J. Erickson, Christian Theology (Baker, 1983), vol. 1, pág. 329.
17. G. Ch. Aalders, Genesis (Zondervan, 1981), pág. 300.
18. Millard J. Erickson, Op. Cit., pág. 338.
19. Alguns comentaristas acreditam que atrás desta fórmula está a linguagem utilizada para transferência de
dinheiro, na era helenista. Desse modo, a fórmula expressa figuradamente que a pessoa batizada é
“transferida” para a conta do Senhor e se torna Sua possessão. Outros interpretam “nome” como “autoridade”.
Nesse caso, a pessoa é batizada pela autoridade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
20. W. Grudem, Op. Cit., pág. 320.
21. Arthur W. Pink, Exposition of the Gospel of John (Zondervan, 1945), pág. 22
22. W. Poehlmann, Exegetical Dictionary of the New Testament (Eerdmans, 1981), vol. 2, pág. 443.
23. F. F. Bruce, Philippians, Hendrickson, 1989), pág. 69.
24. Leon Morris, The Lord from Heaven: A Study of the New Testament Teaching in the Deity and Humanity of
Jesus (Eerdmans, 1958), pág. 74.
25. Alguns comentaristas definem pleroma em termos do pensamento gnóstico, segundo o qual essa palavra
significa uma nova emanação que se tem encarnado no Redentor.
26. John Eadie, Colossians, Classic Commentary Library (Zondervan, 1957), pág. 145.
27. F. F. Bruce, Hebrews (Eerdmans, 1964), págs. 19 e 20.
28. Millard J. Erickson, Op. Cit., pág. 326.
29. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 530.
30. ___________, Evangelismo, pág. 615.
31. Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster Press, 1986), pág. 85.
32. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 247.
33. Seventh-day Adventists Believe (Hagerstown, 1988), pág. 60.
34. Ellen G. White, Evangelismo, pág. 616.

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