quinta-feira, 31 de maio de 2018

Existência de água antes da semana da Criação?

Muitos leitores nos têm enviado perguntas relacionadas a dúvidas sobre se o Universo é jovem ou antigo. Algumas dessas questões foram selecionadas e serão respondidas por um de nossos editora da Origem em Revista. A missão foi designada, é claro, para o nosso astrofísico Eduardo Lütz, palestrante oficial da Sociedade Criacionista Brasileira.

Gênesis 1:2 menciona a existência de água líquida antes da semana da criação. A presença de água nesse estado dependeria da existência de fótons?

Exegeticamente, existe a possibilidade de que essa água tenha sido criada juntamente com o planeta no primeiro dia da semana de Gênesis 1, embora não pareça possível provar isso. Isso nos leva à questão: Qual a implicação da existência de água (mencionada no verso 2) antes do “haja luz” (verso 3)? A água, como qualquer outra substância, é feita de moléculas. Moléculas são feitas de átomos conectados por forças eletromagnéticas. A própria estrutura do átomo existe por causa de forças eletromagnéticas, pois é esse tipo de interação que mantém a eletrosfera (nuvem eletrônica) presa ao núcleo do átomo. As interações eletromagnéticas consistem em fótons virtuais e reais. Não existem interações eletromagnéticas sem fótons. Sem interações eletromagnéticas, não há átomos, nem moléculas, nem matéria como a conhecemos.

Em outras palavras, sem fótons não existe água. Uma implicação imediata disso é que “haja luz” não pode significar criação de fótons pela primeira vez no Universo, como alguns interpretam. De fato, os versos seguintes esclarecem que o assunto é o ciclo noite-dia, ou seja, o ajuste de período de rotação da Terra, não a criação de luz no Universo.
Ainda que gênesis estivesse se referindo a água em sua forma sólida, água depende de fótons para existir, independentemente de ser líquida, sólida ou qualquer outro estado que se imagine ou venha a ser descoberto desde que ainda possa ser chamado de água.

Esses fótons não teriam vindo da glória de Deus antes do “haja luz”?

Fótons existem em um nível muito fundamental. São criados e destruídos continuamente pelo próprio vácuo (espaço-tempo). E a criação do espaço-tempo causa a criação de uma tremenda quantidade de fótons que inunda o Universo em uma fração ínfima de segundo após a criação do espaço-tempo e antes de a coalescência dessa energia toda poder formar a matéria. Não há como haver matéria sem antes ter sido criada a luz.

A glória de Deus ao Se manifestar no Universo inclui fótons, entre outras coisas, segundo as descrições bíblicas. Mas é a criação do espaço-tempo que induz a criação de energia, que excita o vácuo, que produz partículas, incluindo fótons. E isso teria ocorrido antes.

O “haja luz” significa “haja dia”, referindo-se ao ajuste do período de rotação da Terra, conforme explicam os versos seguintes. Quando Deus disse “haja luz”, já havia até pessoas vivendo no Universo (Jó 38:7, por exemplo). Sem fótons, essas pessoas não existiriam ou, se fosse possível existirem, viveriam em trevas. Resumindo: não existe matéria sem fótons, mas já existia água antes do “haja luz”; logo, “haja luz” não pode ser a criação de fótons que ocorreu logo após a criação do Universo. Essa criação original de fótons precedeu à criação da matéria como a conhecemos.

Seria possível a glória de Deus, e não um sistema solar já pronto, ser a fonte de fótons que mantivesse a água preexistente no estado líquido (Gn 1:2) antes da semana da Criação, e que nutrisse as plantas antes que a luz do sistema solar viesse a existir no quarto dia?

Em princípio, sim, mas essa ideia gera complicações. E já haveria fótons no Universo antes do “haja luz” (até porque as imagens que recebemos de objetos distantes são muito mais antigas do que a criação da Terra, e essas imagens são feitas de fótons). Mas quanto a Deus ter feito o papel do Sol antes do quarto dia, essa ideia não é absurda, porém, não se encaixa bem no resto do padrão da criação. Note que, ao longo de todo o capítulo 1 de Gênesis, Deus cria primeiro as condições para depois criar o que depende delas. No caso do Sol, estaria fazendo o contrário. Para quê? Deixar para criar o Sol no quarto dia seria uma forma possível, porém, mais complicada de resolver um problema, o que iria contra o princípio da otimização (mais conhecido como princípio da ação mínima), que é a lei mais fundamental, da qual se podem deduzir as demais. Por outro lado, tornar a atmosfera transparente somente no quarto dia faz sentido em função do mesmo princípio. Aí, o Sol, a Lua e as estrelas apareceriam (se tornariam visíveis desde o ponto de referência da Terra) no céu em função disso.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

O Sábado Através dos Séculos

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SÉCULO I
“Quase todas as igrejas no mundo celebram os sagrados mistérios [da Ceia do Senhor] no sábado de cada semana.” Socrates Scholasticus, Eccl. History;

“Então a semente espiritual de Abraão [os cristãos] fugiram para Pela, do outro lado do rio Jordão, onde encontraram um lugar de refúgio seguro, e assim puderam servir a seu Mestre e guardar o Seu sábado.” Eusebius’s Ecclesiastical History;

Filo, filósofo e historiador, afirma que o sábado correspondia ao sétimo dia da semana.

SÉCULO II
“Os cristãos primitivos tinham grande veneração pelo sábado, e dedicavam o dia para devoção e sermões… Eles receberam essa prática dos apóstolos, conforme vários escritos para esse fim.” D. T. H. Morer (Church of England), Dialogues on the Lord’s Day, Londres, 1701.

SÉCULOS II, III, IV
“Desde o tempo dos apóstolos até o Concílio de Laodiceia [364 d.C.), a sagrada observância do sábado dos judeus persistiu, como pode ser comprovado por muitos autores, não obstante o voto contrário do concílio.” John Ley, Sunday A Sabbath, Londres, 1640.

SÉCULO III
“Pelo ano 225 d.C., havia várias dioceses ou associações da Igreja Oriental, que guardavam o sábado, desde a Palestina até a Índia.” Mingana Early Spread of Christianity.

SÉCULO IV
“Na igreja de Milão (Itália), o sábado era tido em alta consideração. Não que as igrejas do Oriente ou qualquer outra das restantes que observavam esse dia, fossem inclinadas ao judaísmo, mas elas se reuniam no sábado para adorar a Jesus, o Senhor do sábado.” Dr. Peter Heylyn, History of the Sabbath, Londres, 1636;

“Por mais de 17 séculos a Igreja da Abissínia continuou a santificar o sábado como o dia sagrado do quarto mandamento.” Ambrósio de Morbius.

“Ambrósio, famoso bispo de Milão, disse que quando ele estava em Milão, guardou o sábado, mas quando passou a morar em Roma, observou o domingo. Isso deu origem ao provérbio: ‘Quando você está em Roma, faça como Roma faz.’” Heylyn, History of the Sabbath;

Pérsia 335-375 d.C.: “Eles [os cristãos] desprezam nosso deus do Sol. Zoroastro, o venerado fundador de nossas crenças divinas, não instituiu o domingo mil anos antes em honra ao Sol cancelando o sábado do Antigo Testamento? Os cristãos, contudo, realizam suas cerimônias religiosas no sábado.” O’Leary, The Syriac Church and Fathers.

SÉCULO V
“Agostinho [cujo testemunho é mais incisivo pelo fato de ter sido um devotado observador do domingo] mostra… que o sábado era observado em seus dias ‘na maior parte do mundo cristão’.” Nicene and Post-Nicene Fathers, série 1, vol. 1, pp. 353 e 354;

“No quinto século, a observância do sábado judaico persistia na igreja cristã.” Lyman Coleman, Ancient Christianity Exemplified, pág. 526.

SÉCULO VI
“Neste último exemplo, eles [a Igreja da Escócia] parecem ter seguido o costume do qual encontramos vestígios na primitiva igreja monástica da Irlanda, ou seja, afirmavam que o sábado era o sétimo dia no qual descansavam de todas as atividades.” W. T. Skene, Adamnan’s Life of St. Columba, 1874, pág. 96;

Sobre Columba de Iona: “Tendo trabalhado na Escócia por trinta e quatro anos, ele predisse clara e abertamente sua morte, e no dia 9 de junho, um sábado, disse a seu discípulo Diermit: ‘Este é o dia chamado sábado, isto é, o dia de descanso, e como tal será para mim, pois ele colocará um fim aos meus labores’.” Butler’s Lives of the Saints, artigo sobre St. Columba;

SÉCULO VII
“Parece que nas igrejas célticas primitivas era costume, tanto na Irlanda quanto na Escócia, guardar o sábado… como um dia de descanso. Eles obedeciam literalmente ao quarto mandamento no sétimo dia da semana.” Jas. C. Moffatt, The Church in Scotland;

Disse Gregório I, Papa de Roma (590-604): “Cidadãos romanos: Chegou a meu conhecimento que certos homens de espírito perverso têm disseminado entre vós coisas depravadas e contrárias à fé cristã, proibindo que nada seja feito no dia de sábado. Como eu deveria chamá-los senão de pregadores do anticristo?”

SÉCULO VIII
Índia, China, Pérsia, etc. “Abrangente e persistente foi a observância do sábado entre os crentes da Igreja Oriental e dos Cristãos de São Tomás da Índia, que jamais estiveram ligados a Roma. O mesmo costume foi mantido entre as congregações que se separaram de Roma após o Concílio de Calcedônia, como por exemplo, os abissínios, jacobitas, marionitas e armênios.” New Achaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, artigo intitulado “Nestorians”.

SÉCULO IX
“O papa Nicolau I, no nono século, enviou ao príncipe governante da Bulgária um extenso documento dizendo que se devia cessar o trabalho no domingo, mas não no sábado. O líder da Igreja Grega, ofendido pela interferência do papado, declarou o papa excomungado.” B. G. Wilkinson, Ph.D., The Truth Triumphant, pág. 232.

SÉCULO X
“Os seguidores de Nestor não comem porco e guardam o sábado. Não creem em confissão auricular nem no purgatório.” New Schaff-Herzog Encyclopedia, artigo “Nestorians”.

SÉCULO XI
“Margaret da Escócia, em 1060, tentou arruinar os descendentes espirituais de Columba, opondo-se aos que observavam o sábado do sétimo dia em vez de o domingo.” Relatado por T. R. Barnett, Margaret of Scotland, Queen and Saint, pág. 97.

SÉCULO XII
“Há vestígios de observadores do sábado no século doze, na Lombárdia.” Strong’s Encyclopedia;

Sobre os valdenses, em 1120: “A observância do sábado… é uma fonte de alegria.” Blair, History of the Waldenses, vol.1, pág. 220;

França: “Por vinte anos, Pedro de Bruys agitou o sul da França. Ele enfatizava especialmente um dia de adoração reconhecido na época entre as igrejas celtas das ilhas britânicas, entre os seguidores de Paulo, e na Igreja Oriental, isto é, o sábado do quarto mandamento.” Coltheart, pág. 18.

SÉCULO XIII
“Contra os observadores do sábado, Concílio de Toulouse, 1229: Cânon 3: Os senhores dos diversos distritos devem procurar diligentemente as vilas, casas e matas, para destruir os lugares que servem de refúgio. Cânon 4: Aos leigos não é permitido adquirir os livros tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos.” Hefele.

SÉCULO XIV
“Em 1310, duzentos anos antes das teses de Lutero, os irmãos boêmios constituíam um quarto da população da Boêmia, e estavam em contato com os valdenses, que havia em grande número na Áustria, Lombárdia, Boêmia, norte da Alemanha, Turíngia, Brandenburgo e Morávia. Erasmo enfatizava que os valdenses da Boêmia guardavam o sétimo dia (sábado) de uma maneira estrita.” Robert Cox, The Literature of the Sabbath Question, vol. 2, pp. 201 e 202.

SÉCULO XV
“Erasmo dá testemunho de que por volta do ano 1500 os boêmios não apenas guardavam estritamente o sábado, mas eram também chamados de sabatistas.” R. Cox, op. Cit;

Concílio Católico realizado em Bergen, Noruega, em 1435: “Estamos cientes de que algumas pessoas em diferentes partes de nosso reino adotam e observam o sábado. A todos é terminantemente proibido – no cânon da santa igreja – observar dias santos, exceto os que o papa, arcebispos e bispos ordenam. A observância do sábado não deve ser permitida, sob nenhuma circunstância, de agora em diante, além do que o cânon da igreja ordena. Assim, aconselhamos a todos os amigos de Deus na Noruega que desejam ser obedientes à santa igreja, a deixar de lado a observância do sábado; e os demais proibimos sob pena de severo castigo da igreja por guardarem o sábado como dia santo.” Dip. Norveg., 7, 397.

SÉCULO XVI
Noruega, 1544: “Alguns de vocês, em oposição à advertência, guardam o sábado. Vocês devem ser severamente punidos. Quem for visto guardando o sábado, pagará uma multa de dez marcos.” Krag e Stephanius, History of King Christian III;

Liechtenstein: “Os sabatistas ensinam que o dia de repouso, o sábado, ainda deve ser guardado. Dizem que o domingo [como dia semanal de descanso] é uma invenção do papa.” Wolfgang Capito, Refutation of the Sabbath, c. de 1590;

Índia: “Francisco Xavier, famoso jesuíta, chamado para a inquisição que foi preparada em Goa, Índia, em 1560, para verificar ‘a maldade judaica, a observância do sábado’.” Adeney, The Greek and Eastern Churches, pp. 527 e 528;

Abissínia: “Não é pela imitação dos judeus, mas em obediência a Cristo e Seus apóstolos, que observamos este dia [o sábado].” De um legado abissínio na corte de Lisboa, 1534, citado na História da Igreja da Etiópia, de Geddes, pp. 87 e 88.

SÉCULO XVII
“Cerca de 100 igrejas guardadoras do sábado, a maioria independentes, prosperaram na Inglaterra nos séculos dezessete e dezoito.” Dr. Brian W. Ball, The Seventh-Day Men, Sabbatarians and Sabbatarianism in England and Wales, 1600-1800, Clarendon Press, Oxford University, 1994.

SÉCULO XVIII
Alemanha: “Tennhardt de Nuremberg adere estritamente à doutrina do sábado, por ser um dos dez mandamentos.” J. A. Bengel, Leben und Wirken, pág. 579;

“Antes que Zinzendorf e os morávios de Belém [Pensilvânia] iniciassem a observância do sábado e prosperassem, havia um pequeno grupo de alemães observadores do sábado na Pensilvânia.” Rupp, History of the Religious Denominations in the United States;

“Os abissínios e muitos do continente europeu, especialmente na Romênia, Boêmia, Morávia, Holanda e Alemanha, continuaram a guardar o sábado. Onde quer que a igreja de Roma predominasse, esses sabatistas eram penalizados com o confisco de suas propriedades, multas, encarceramento e execução.” Coltheart, pág. 26.

SÉCULO XIX
China: “Os taiping, quando interrogados sobre a observância do sábado, responderam que, em primeiro lugar, porque a Bíblia o ensina, e, em segundo, porque seus ancestrais o guardavam como dia de culto.” A Critical History of Sabbath and Sunday.

SÉCULO XX
[Nota do editor: Há milhões de observadores do sábado no mundo, espalhados por mais de 25 denominações e centenas de congregações independentes, observadoras do sábado.]

Fontes: 


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