O Dom de Profecia –  Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Este dom é uma  característica da Igreja remanescente e foi manifestado no ministério de  Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma  contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto,  orientação, instrução e correção à Igreja. Eles também tornam claro que a  Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experiência. –  Crenças Fundamentais, 17 
Na primeira parte do  século passado, houve um generalizado despertamento de um profundo  interesse no segundo advento de Cristo. Nos Estados Unidos, a figura  central desse despertamento religioso foi um chacareiro batista que se  tornou pregador, chamado Guilherme Miller. 
Através  de cuidadoso estudo da profecia bíblica, chegou à conclusão de que  Jesus voltaria à Terra em 22 de outubro de 1844. Milhares de fiéis  freqüentaram suas pregações, creram em sua mensagem e se tornaram parte  do movimento milerita. 
Uma vez que Jesus não veio  na data esperada, o movimento se repartiu em três grupos. A partir de  um deles, se desenvolveu a Igreja Cristã Adventista; de outro, a Igreja  Adventista do Sétimo Dia. A grande maioria ficou com a Igreja Cristã  Adventista; os adventistas do sétimo dia vieram de um grupo bastante  reduzido. Hoje, os chamados cristãos adventistas não passam de 30 mil,  localizados principalmente nos Estados Unidos e Canadá. Os adventistas  do sétimo dia já passaram de doze milhões, e têm membros em quase todos  os países do mundo. 
Anos atrás, F. D. Nichol teve  uma curiosa conversa com um velho líder da Igreja Cristã Adventista,  ocasião em que relatou sobre o crescimento dos adventistas do sétimo  dia. O que aquele líder disse a Nichol foi: “Seus líderes têm sido mais  sábios que os nossos. Viram a necessidade de uma obra de publicações e  implantaram-na; e também a necessidade de obra médica, educacional e um  grande movimento missionário. Eles também perceberam a importância de  uma organização bem estruturada. Por isso, hoje vocês estão fortes e  apresentam um rápido crescimento, ao contrário de nós.” 
Nichol  respondeu: “Não, prezado irmão, não concordo exatamente com sua  colocação. Nossos líderes não foram mais sábios que os de vocês, nem  foram mais empreendedores... Acontece que tivemos em nosso meio uma  mulher especial. Ela sugeriu o que devia ser feito em cada um dos  diferentes ramos da Obra... Aceitamos o seu conselho e direção crendo  que suas visões provinham de Deus. Essa é a razão por que temos uma  maravilhosa organização e estamos crescendo.” 
Espírito e Escritura 
A  presença de Ellen White, abençoada com o dom de profecia, tem sido o  principal fator para o movimento adventista chegar ao que é hoje. É  claro que precisamos também realçar a importância da mensagem  apocalíptica que os adventistas proclamam. Agora, querer definir qual a  mais importante para o sucesso de nossa igreja, entre essas duas, é como  debater sobre o que veio primeiro, o ovo ou a galinha. 
Se  os primitivos adventistas não fossem profundos estudiosos das  Escrituras não teriam descoberto as verdades que tornaram possível a  restauração por Deus do dom de profecia. E, sem o dom de profecia, a  notável unidade dos Seus discípulos dificilmente poderia ser mantida; a  Igreja não teria pregado a mensagem com a mesma segurança; e o movimento  não teria crescido tanto como cresceu. 
Uma vez  que os primeiros adventistas aceitaram o princípio que contemplava “a  Bíblia e somente a Bíblia” como fonte da divina verdade, ficaram a  apenas um passo para aceitar o dom de profecia como manifestado através  de Ellen White. 
A lógica dessa posição foi  explanada, já em 1870, por J. N. Andrews. Ele argumentou que, se as  Escrituras de fato apresentam todos os deveres do homem em relação a  Deus, e se ele verdadeiramente aceita as Escrituras, então deve aceitar a  função que as Escrituras reservam ao Espírito Santo. De acordo com  Andrews, essa obra inclui convencer as pessoas dos seus pecados,  torná-las novas criaturas em Cristo, plantar no coração de cada uma o  amor de Deus, e guiá-las em toda a verdade. 
“Está  claro”, escreveu Andrews, “que quem rejeita a obra do Espírito Santo,  com a justificativa de que as Escrituras são suficientes, pode também  negar e rejeitar qualquer parte da Bíblia que revele a função e obra do  Espírito Santo. ... O Espírito inspirou as Escrituras. Mas é óbvio que  não o fez com objetivo de ser, por esse motivo, alijado de toda  participação na obra de Deus em favor dos homens.” 
A  presença do dom de profecia na Igreja, como um dos dons do Espírito,  está em total harmonia com os ensinamentos da Escritura (I Cor. 12;  Efés. 4). Os cristãos que reconhecem e aceitam o dom, longe de estarem  negando as Escrituras, estão é reafirmando sua absoluta confiança nelas.  Por outro lado, as Escrituras acrescentam que a igreja do tempo do fim  não apenas proclamaria a mensagem da hora do juízo, como também iria  “[guardar] os mandamentos de Deus e [ter] o testemunho de Jesus”. Apoc.  12:17. E o que é o “testemunho de Jesus”? É o “espírito da profecia”.  Apoc. 19:10. 
A esse respeito, comentou o Pastor  W. A. Spicer, ex-presidente da Associação Geral: “Algo que enche o  coração de assombro é ver, na profecia e na história, o surgimento deste  movimento adventista... É a obra do Deus vivo diante dos nossos olhos!  ... Como o início do movimento, veio também o Espírito de Profecia para  descerrar diante de nós de uma forma especial as verdades das Santas  Escrituras, e para dirigir e guiar-nos de maneira particular nestes  críticos dias finais. ... Nossos pioneiros sozinhos não poderiam ter  feito mais por este movimento do que Moisés e Aarão, se tivessem tentado  por si mesmos tirar Israel do Egito e guiá-lo através do deserto  durante os 40 anos.” 
Instrução Prática 
Inspirada  pelo Espírito Santo, Ellen White continuamente exaltou a Palavra de  Deus e chamou a atenção para as suas verdades. Ela ajudou a desvendar o  significado das Escrituras e a unir o povo de Deus em torno dessas  verdades. Ela preservou a igreja de se basear nas rochas pouco sólidas  da falsa teologia. Ela apontou o pecado e clamou por reavivamento e  reforma. 
Em seus escritos e pregação, ela  incentivou os líderes da igreja, induzindo-os a estabelecer as  instituições e a desenvolver uma visão mundial. Desmascarou falsos  líderes. Encorajou fortemente os pecadores a olharem para Jesus.  Apresentou princípios e instruções práticas para guiar não somente a  igreja mas cada pessoa individualmente para encontrar e seguir a Jesus.  Deu conselhos definidos sobre saúde e nutrição, os quais se tornaram  generalizados posteriormente. 
Como membro da  igreja remanescente, sou especialmente grato pelo auxílio divino ao  movimento adventista através do ministério de Ellen White. Deus previu  que a causa da verdade necessitaria de especial ajuda para enfrentar os  desafios dos últimos dias e então providenciou esse apoio através do  Espírito de Profecia. 
Um Dom Pessoal 
O  dom de profecia também significa uma grande bênção para mim  pessoalmente. Em minha infância e adolescência, o Senhor me falou de  forma particular enquanto lia os escritos de Ellen White. Suas  descrições dos eventos dos últimos dias, especialmente a segunda vinda  de Cristo, tocaram meu coração desenvolvendo um forte desejo de estar  pronto para encontrar o Senhor. A voz que me falava através dos escritos  de Ellen White era a mesma que eu aprendera a reconhecer nas Santas  Escrituras. 
E essa mesma voz ainda me fala cada  vez que leio um texto de Ellen White. Isso representa muito para mim,  principalmente porque o Deus do Antigo e do Novo Testamentos ainda vive,  reina e fala. Ele não deixou de Se comunicar com Seus filhos quando os  apóstolos depuseram a pena. 
Também significa  muito para mim a forma como Ellen White se relaciona com as Escrituras.  Ela continuamente aponta para a Bíblia, confirmando-a como a fonte de  todo o conhecimento necessário para dirigir-nos até o Reino. Ela revela  que “as Santas Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível  revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das  doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa”. – O Grande Conflito, pág. 7. 
A  fé implícita da Sra. White na história bíblica atua sobre a minha  própria fé. Seus escritos aplicam a Bíblia como nenhum outro consegue  fazer. Quando leio sua descrição dos lugares e eventos bíblicos, me  parece que estou vendo as cenas descritas. Sua narrativa da Criação  desperta e reforça minha confiança no relato do Gênesis. Quando leio sua  descrição do dilúvio, parece que ilumina a descrição da Bíblia. A não  ser a Bíblia, não há qualquer outra literatura que tanto satisfaça minha  alma quanto fortaleça minha fé. 
É inspirador  verificar a atitude de Ellen White tanto em relação ao movimento  adventista como seus líderes. Ninguém melhor do que ela conhecia as  fraquezas e falhas de cada um, mas apesar disso ela ainda confiava nos  obreiros. 
Ela jamais perdeu a confiança na  vitória final do movimento adventista, apesar dos problemas e desafios  enfrentados. Cheia de fé, ela sempre animou os irmãos a avançar. Ela  cria de todo o coração que, no tempo certo e da forma adequada, Deus  iria prover os meios necessários para que a tríplice mensagem alcançasse  os confins da Terra. Sua fé, da forma como expressou em seus escritos,  me tem ajudado a desenvolver uma crença inabalável no triunfo final do  movimento adventista. 
Os pais amam a seus filhos,  e por esse motivo apreciam satisfazer as necessidades deles bem como  presenteá-los. Pois eu gosto de pensar no dom de profecia desta maneira.  Deus ama Sua família terrestre. Sabe que Seus filhos que vivem perto do  segundo advento terão que enfrentar toda a ira do dragão. Por isso, por  Seu amor, providenciou um dom especial, uma mensageira inspirada. 
Com  reverência e gratidão, vejo o infinito amor e sabedoria de Deus  dando-nos esse grande presente. Por minha própria experiência, posso  testificar a verdade do texto que diz: “Crede no Senhor, vosso Deus, e  estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis.” II Crôn.  20:20. 
Kenneth H. Wood
Foi editor da Adventist Review