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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Qual a Diferença entre Tentação e Pecado?



Tentação. O sentido bíblico de tentação distancia-se do moderno de sedução, desde que significa pôr a pessoa em prova com o elevado objetivo de evidenciar ou melhorar a sua qualidade.

Deus testa o Seu povo, colocando-o em (permitindo) situações que revelam a qualidade de sua fé, para verificar o que está em seu coração, como vemos em Gênesis 22:1, Êxodo16:4, e 20:20. Deus nos testa para nos purificar, assim como o metal é purificado no cadinho do depurador, fortalecendo-nos a paciência e amadurecendo nosso caráter (Salmos 66:10; Zacarias 13:9; 1Pedro 1:6). Por meio da fidelidade em tempos de provação os homens se tornam “doki moi” (aprovados) aos olhos de Deus (Tiago 1:12; 1Coríntios 11:19).

As tentações são permitidas por Deus (Mateus 4:1; 6:16), mas Ele não consente que sejamos tentados acima do que podemos resistir (1Coríntios 10:13). Deus dá ao seu povo a capacitação para resistir à tentação e também para se livrar dela (2Pedro 2:9).

A tentação é permitida como um teste (Jó 1:9-12; 1Pedro 1:17; Tiago 1:2-3), porém, de acordo com a teologia bíblica, podemos ter uma certeza: este teste sempre visa o nosso bem, nunca é um incitamento para o mal. O desejo que nos impele ao pecado é nosso. De maneira nenhuma poderá ser proveniente de Deus.

Tentação não é pecado, pois Cristo foi tentado como nós o somos, mas permaneceu impecável (Hebreus 4:15; Lucas 22:28). A tentação somente se torna pecado quando a sugestão para que se pratique o mal é aceita.

O substantivo grego para tentação, peirasmós, indica qualquer tipo de provação ou tribulação, incluindo a instigação para o pecado. Esta palavra é em pregada 21 vezes, tanto no sentido positivo quanto no negativo.

Para o comentarista Russell Norman Champlin (em O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 6, pág. 16), as provações nos trazem os seguintes benefícios:

1º) Promovem a glória de Deus (João 11:3-4; 21:8-19).

2º) Mostram o poder e a fidelidade de Deus (Salmos 34:18-19; 2Coríntios 4:7-11).

3º) Ensinam-nos a vontade de Deus (Deuteronômio 4:30-31; Oseias 2:6-7).

4º) Fazem-nos voltar a Deus para obter ajuda (Deuteronômio 4:30-31).

5º) Fazem-nos buscar a Deus em oração (Juízes 4:3; Jeremias 31:18).

6º) Elas nos convencem do pecado (Jó 36:8-9; Salmos 119:67).

7º) Elas nos ensinam a obediência (Gênesis 22:1-2)”.

O Espírito de Profecia diz sobre tentação:

“A tentação não é pecado, nem é indício do desagrado de Deus para conosco. O Senhor permite que sejamos tentados, mas mede cada tentação, distribuindo-a segundo as nossas forças para resistir e vencer o mal. É em tempos de prova e tentação que somos capazes de avaliar o grau de nossa fé e confiança em Deus, de calcular a estabilidade de nosso caráter cristão. Se somos facilmente impelidos e derrotados, devemos alarmar-nos, pois pouca é nossa resistência” (Signs of the Times, 18/12/1893).

“As provas sobrevirão a toda alma que ama a Deus. O Senhor não opera um milagre para impedir a provação, para escudar Seu povo das tentações do inimigo” (Review and Herald, 14/09/1897).

Segue-se a resposta dada por W. Arndt (A Bíblia se Contradiz?, págs. 63-64) para a pergunta: “Deus nos Tenta?”

“Gênesis 22:1 – ‘Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova…’

“Tiago 1:13 – ‘Ninguém, ao ser tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele mesmo a ninguém tenta’.

“Como haveremos de explicar o fato de a Bíblia afirmar que Deus jamais tenta o homem, quando, em outros textos, afirma que o tenta? A solução está no sentido da palavra ‘tentar‘. Esse termo é usado em sentido bom e em sentido mau. Quando empregado em sentido bom, significa experimentar ou provar um homem de modo tal que a disposição de seu coração e suas convicções mais íntimas se tornem manifestas, a fim de que todos possam receber prova indiscutível quanto a seu verdadeiro caráter.

Usado em sentido mau, significa incitar o homem a que faça o mal, para destruí-lo. Todas as aflições que Deus nos envia (permite) podem ser chamadas provas ou tentações que objetivam o nosso bem e, como tais, deveríamos considerá-las bem-vindas. O próprio Tiago, que, na passagem supracitada, afirma que Deus a ninguém tenta, admoesta seus leitores poucos versículos antes: ‘Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança’ (Tiago 1:2-3).

“Foi uma tentação dessa espécie que Deus trouxe sobre Abraão, uma provação severa, na qual ficou provado que sua fé era genuína e vigorosa, e na qual ela sem dúvida foi grandemente fortalecida, sendo que no fim da provação foram reafirmadas as gloriosas promessas que Deus lhe dera. Mas o termo também é usado para designar experiências do tipo oposto, ataques velados que objetiva a lançar o homem na perdição eterna. Quando Tiago diz com referência a Deus: ‘E ele mesmo a ninguém tenta’, fala daquelas seduções perniciosas arquitetadas pelos poderes do mal e que tem por objetivo nossa final e infindável miséria. Semelhantes tentações, naturalmente, não vêm de Deus.

“Nessa conexão pode ser interessante uma palavra adicional sobre a sexta petição do Pai Nosso: ‘E não nos deixes cair em tentação’. Essa petição muitas vezes tem sido entendida como dizendo que Deus tenta seus filhos. Na verdade, não diz nada disso. Simplesmente expressa a súplica de que Deus nos guie de maneira tal que nossos inimigos não possam executar seus ímpios desígnios contra nós, a saber, seduzir-nos ao pecado. Guia-nos de maneira tal (este é o sentido da oração), que Satanás não tenha oportunidade para colocar pedras de tropeço em nosso caminho. De sorte que essas palavras não militam contra as declarações de Tiago de que Deus a ninguém tenta”.

Pecado. O aparecimento do pecado é apresentado na Bíblia como sendo um mistério. 2Tessalonicenses 2:7 o chama de mistério da iniquidade. A origem do mal e a existência do pecado têm dado motivo a profundas divagações para a filosofia e teologia.

“O pecado é um intruso, por cuja presença nenhuma razão se pode dar. É misterioso, inexplicável; desculpá-lo corresponde a defendê-lo. Se para ele se pudesse encontrar desculpa, ou mostrar-se causa para a sua existência, deixaria de ser pecado” (O Grande Conflito, pág. 493).

“É impossível explicar a origem do pecado de maneira a dar a razão de sua existência” (O Grande Conflito, pág. 492).

Sabemos que o pecado teve sua origem com Lúcifer. Criado com livre arbítrio, ele escolheu deixar de ser Lúcifer (portador de luz) para tornar-se o diabo. Para o significado do vocábulo diabo existem duas explicações:

1ª) Lançado através do espaço para a Terra.

2ª) É assim chamado porque lançou na mente dos anjos dúvidas sobre o caráter de Deus. Continua através dos séculos a fazer esta mesma obra na mente dos homens.

Definições Para Pecado. Por ser difícil incluir numa definição tão abarcante tema, serão apresentadas várias definições para melhor compreensão do assunto.

a) É a transgressão da lei de Deus (1João 3:4).

b) Toda a iniquidade é pecado (1João 5:17).

c) O que não é da fé é pecado (Romanos 14:23).

d) Toda a imaginação do coração não regenerado é pecado (Gênesis 6:5; 8:2).

e) A insensatez é pecado (Provérbios 24:9).

f) A omissão em fazer o que é bom é pecado (Tiago 4:17).

g) Pecado de omissão consiste em deixar de fazer o que a lei de Deus ordena. Pecado de comissão consiste em fazer o que a lei proíbe.

h) Paulo designa o pecado com vários nomes do vocabulário bíblico: impureza, violação da lei, iniquidade, desobediência, transgressão, erro.

i) Pecado é separação entre o homem e Deus (Isaías 59:2). Pecado é quebrar o nosso relacionamento com Deus.

j) Pecado é amor próprio; é egoísmo. O pecado fez com que o homem deixasse de ser Cristocêntrico, alterocêntrico, para tornar-se egocêntrico. Pecado é um mau estado da alma e este mau estado é essencialmente o egoísmo. A conversão consiste na crucifixão do próprio eu (Gálatas 2:20).

k) “Pecado é a falta de conformidade com a Lei moral de Deus, quer por ato, disposição ou estado” (Strong).

l) “Pecado é fechamento egoístico do homem em si mesmo, é negar-se a amar os demais, é ruptura de amizade” (Gutierrez – Teólogo da Libertação).

m) Pecado é uma ação má, contrária a uma ordem que determina o que deve ser.

n) “Pecado é qualquer desvio do padrão de perfeição revelado em Jesus Cristo” (Cliffor E. Barbour).

o) “Pecado é o oposto de santidade; pecado é discrepância de uma lei absolutamente santa” (R. L. Dabney).

p) “Pecado consiste em colocar o homem a sua vontade, ou o seu eu, acima do amor e dos deveres” (W. N. Clarke).

q) “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou qualquer transgressão da Lei Divina” (Assembleia de Westminster).

r) “Pecado, no sentido mais lato, é um estado mau da alma ou da personalidade” (A. B. Langston).

s) Para o profeta Oseias, pecado é uma alienação de Deus, tanto coletiva como individualmente.

t) “Pecado é uma nota dissonante na harmonia da obra criadora de Deus” (Francisco Jacinto Pereira Filho).

u) Pecado é a vontade livre e consciente de praticar o mal.

v) Pecado é mais do que transgressão, é a rebelião contra uma pessoa.

w) Se desejar ter um amplo quadro, embora dantesco, do que seja pecado, basta ler as declarações de Paulo em Romanos 1:18-32.

Termos Bíblicos Para Pecado. Há no original, tanto hebraico quanto grego, várias palavras que podem ser traduzidas por pecado.

I . Velho Testamento:

Vários aspectos da concepção do pecado são encontrados no Antigo Testamento.

a) Hatah – significa falhar no aspecto moral e religioso, não alcançar o alvo. Desviar-se do caminho reto. Corresponde ao verbo grego hamartano, como nos mostra a Septuaginta.

b) Awon – enfatiza o aspecto moral, estar torcido, encurvado. Revela o estado da alma do pecador pelo peso da culpa do pecado. Pecado é mais que um ato, desde que awon indica o estado de culpabilidade do transgressor da lei.

c) Pesha – em sentido religioso é o termo mais usado para pecado, por significar uma revolta contra Deus; quebrar a fidelidade à Aliança; tornar-se infiel. É a violação dos preceitos divinos ou rebelião contra Deus.

Jó 34:37 mostra seu real significado: “Pois ao seu pecado (hatah) acrescenta rebelião (pesha).

d) Raiah – É a palavra do Velho Testamento mais traduzida por maldade. Indica todo o tipo de mal com as nuances de indignidade, demência, tirania, disparate, mau procedimento.

e) Rashá – É um termo forense, indicando que a pessoa é culpada perante a lei. Designa a culpabilidade perante os homens e perante Deus (Números 5:7; Levíticos 5:19).

“No Salmo 51:1-2, Davi emprega três destas palavras hebraicas para apresentar um quadro completo de sua vida cheia de pecado; cada uma delas apresentando uma faceta de sua perversidade. A primeira é “pesha“, dando uma ideia de sua alma em rebelião, culpada de haver transgredido voluntariamente a lei de Deus. O segundo empregado é “awon“, que em geral se traduz por iniquidade. Etimologicamente significa depravação ou tortuosidade. As cordas do seu coração e caráter se haviam entrançado, desafinando-se com o diapasão divino. O terceiro vocábulo é “hatah“, cuja ideia fundamental é errar o alvo. Toda  a sua vida tomara uma direção errada, visto que o pecado o cegara por completo. Sua vida se desviara do elevado alvo que havia proposto em seu coração” (Estudos no Livro dos Salmos, págs. 98-99, Kyle M. Yates).

II. Novo Testamento:

As palavras aqui encontradas apresentam mais ou menos o mesmo sentido dos vocábulos hebraicos.

a) Anomia – É um ato contrário à lei. O termo grego anomia corresponderia ao nosso ilegalidade. O primeiro verso que nos vem à mente é 1João 3:4 – “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”.

b) Adikia – Em grego a palavra significa privação de justiça, transgressão da justiça. O Dicionário Grego de Arndt and Gingrich assim define adikia: “injustiça, transgressão, maldade, perversidade”.

1João 5:17 –  “Toda a injustiça (adikia) é pecado”.

c) Hamartia – Perder o alvo. Corresponde ao “Ratah” hebraico. É a palavra mais usada para pecado no Novo Testamento, aparecendo 173 vezes. Nas cartas paulinas, ocorre 60 vezes.

“Deve ser notado que, no Novo Testamento, hamartia não descreve um definido ato de pecado, mas sim um estado, do qual provém o ato pecaminoso” (William Barclay, New Testament Words, pág, 119).

“Esta palavra é usada no Novo Testamento para expressar o pecado em geral ou, em partícula,r uma ofensa que se comete contra Deus, destacando a culpabilidade que esta produz sobre a pessoa que a comete. Surgem três tipos de hamartia:

1) O pecado como ato individual (Atos 2:38; 3:l9; 1Timóteo 5:22; Apocalipse 1:5; 18:4; Hebreus 1:3; 2:17; 5:1).

2) Como expressão que descreve a natureza corrupta do homem e sua hostilidade contra Deus, a qual se apresenta em formas como: ter pecado (João 9:41; 15:22, 24; 19:11; 1João1:8); temos pecado (1João 3:5); morrer no pecado (João 8:21, 24; 9:34; 1Coríntios 15:17); conhecimento do pecado (Romanos3:20); permanecer no pecado (Romanos 5:13, 20; 6:1 ); corpo de pecado (Romanos 6:6); e, carne pecaminosa (Romanos 8:3).

3) Como pecado em sentido geral, que entrou no mundo por um homem (Romanos 5:12), que se torna visível pela existência da lei (Romanos 7:7-9), engana ao homem (Romanos 7:11; Hebreus 3:13), assedia-o (Hebreus 12:1), habita nele (Romanos 7:17, 20), desperta-lhe as paixões pecaminosas (Romanos 7:5) e toda sorte de concupiscência (Romanos 7:8). Todos os homens estão debaixo do pecado (Romanos 3:9; Gálatas 3:22) ao qual são vendidos como escravos (Romanos 6:16, 20; 7:14; João 8:34; Gálatas 2:17) para servi-lo (Romanos 6:6) de acordo com a sua lei (Romanos 7:23) e para receber seu salário (Romanos 6:23), que é a morte (Romanos 5:21; 7:11; Tiago 1:15)” (Mário Veloso, O Homem uma Pessoa Vivente, págs. 88-89).

d) Asébeia – É o pecado que separa o homem de Deus. É usada apenas 6 vezes no Novo Testamento, e pode ser traduzida por impiedade, perversidade, pecado. Quem comete este pecado afasta-se de Deus.

Diferença Entre Pecado e Pecados. Alguns comentaristas querem fazer nítida distinção entre pecado, no singular (hamartia – estado), e pecados, no plural (paraptoma – passos em falso).

Pensemos nas seguintes afirmações:

“Pecado é caráter; pecados são conduta. Pecado é centro; pecados são circunferência. Pecado é raiz; pecados são frutos. Pecado é o produtor; pecados são o produto. Pecado é natureza; pecados são manifestações. Pecado é fonte; pecados são o fluxo. Pecado é o que somos; pecados são o que temos feito… Deus abomina o pecado com uma santa indignação” (C. N. Keen, A Doutrina do Pecado, pág. 7).

Calvino assim se expressou sobre o pecado:

“O pecado nesta vida produz os tormentos de uma consciência acusadora; na vida futura, os tormentos da morte. Agora podemos colher o fruto da justiça, a saber, a santidade; e a nossa esperança firme é que, no futuro, colheremos a vida eterna. Essas bênçãos, a menos que sejamos embotados além de toda a medida, deveriam gerar em nossa mente o ódio e o horror ao pecado, como também o amor e o desejo pela justiça”.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Jesus foi tentado como nós somos hoje?

“Jesus sofreu as mesmas tentações que nós sofremos hoje?”
“Os primeiros humanos tiveram relação sexuais com parentes. Isso não é incesto?”
“Podemos marcar uma data para a volta de Jesus?”
“Jesus não sabe a data da Sua volta?”
“Se eu crer mas não for batizado não serei salvo?”
“Deus deixou alguma religião ou igreja específica?”
“Existe a condenação eterna, o inferno?”
“Que segredo é esse que João não pode escrever em Apoc. 10:4?”
“Jesus veio trazer guerra, conforme disse em Mat. 10:34?”
“O homem pode perdoar pecados?”
“Por que Deus tolerava a poligamia dos reis como Davi e Salomão?”

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Propensão Humana para o Pecado e as Tentações de Cristo

 
Teriam sido as tentações de Cristo mais suaves do que as nossas? Se o Salvador não tinha propensão para o pecado, como todos os descendentes de Adão, como poderia Ele ter tido as mesmas provas que nós e ser nosso exemplo? Poderia ter sido gerado em pecado como nós e, ao mesmo tempo, ser sem pecado e ainda nosso Salvador?
Diante das perguntas acima pretendemos fazer uma abordagem, fundamentada basicamente na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White, sobre a situação póslapsariana da humanidade e em que sua situação se assemelha à de Cristo e em que se diferencia. Procuraremos analisar em que base se sustenta a propensão no homem caído e onde está o ponto de tensão, que teria sido igual ou superior em Cristo, apesar da diferença de naturezas entre o pecador e o Salvador. Finalmente, desejamos destacar pontos que demonstrem que Jesus foi mais provado do que nós e teria experimentado mais tensões espirituais, embora sem pecado, seja como ato ou tendência.
A Condição do Homem Após o Pecado
A condição pecaminosa é universal: Segundo as Escrituras todo ser humano herdou a condição pecaminosa de Adão após a queda e “destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Essa situação de pecado é comprovada incontestavelmente pela morte “por isso que todos pecaram” (Rm 5:12).
Não há exceção: A declaração enfática de que “todos estão debaixo do pecado” (Rm 3:9) leva à conclusão óbvia de que “não há um só justo” (Rm 3:10) e “ninguém que faça o bem” (Rm 3:12).
Inimizade natural contra Deus e Sua lei: O ser humano, na explanação do apóstolo é “carnal” em oposição à lei que é espiritual (Rm 7:14). Essa condição carnal leva-nos à inclinação contra a lei de Deus e para a morte, desagradando a Deus (Rm 8:6-8).
A inimizade vem desde o nascimento: Assim a própria natureza humana é corrompida em si mesma desde mesmo o nascimento (Sl 51:5), havendo no indivíduo não convertido um “enganoso coração mais do que todas as coisas e perverso” (Jr 17:9) daí uma inimizade gratuita contra Deus o que o torna “por natureza filho da ira” e morto “em ofensas e pecados” (Ef 2:3-5). Não há ser humano que viva e não peque (Pv 20:9; Sl 14:3; 143:2).
A condição pecaminosa impede todo ser humano de entender as coisas espirituais po si mesmo: O entendimento humano carnal “não pode compreender as coisas do Espírito de Deus pois lhe parecem loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co. 2:14). Sua boas obras não servem para a Salvação (Rm 3:20) e são trapos de imundície (Is 64:6).
O ser humano não pode escapar dessa situação sozinho: Finalmente, como poderia alguém fazer o bem, ou se o fizesse, ser um bem legítimo se nele “não habita bem algum” e mesmo quando quer realizar o bem não consegue (Rm 7:18) “pois o mal está comigo” (v. 21)? Essa impotência total justifica a declaração de Jesus de que “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Nos apelos naturais para pecar, resultado do nascimento e condição de pecado, é que o ser humano vivencia a posse da “tendência para o pecado”, situação anômala e contrária ao plano original de Deus quando criou o homem numa situação em que “tudo era bom” (Gn 1:31). A natureza do ser humano, pois, na presente realidade que vivemos, é estruturada (ou poderíamos dizer “desestruturada) para pecar. Ela deseja pecar como parte de si mesma. Como alguma coisa essencial à sua satisfação e realização. O pecado é seu ambiente, o único que conhece e entende, de onde por si próprio não pode e nem quer sair.[1]
Seria difícil aceitar as declarações acima como referindo-se a Jesus considerando as descrições bíblicas e da igreja acerca de sua especial natureza e impecabilidade[2]. Ao buscar a solidariedade de Cristo conosco impingido-lhe uma natureza “em pecado” (tendência e condição de pecado) só encontraremos uma tensão contraditória[3]. Essa solidariedade deve ser procurada na semelhança humana e na vulnerabilidade às mesmas dores que nós, no “habitar” conosco e superar tensões e provas iguais e superiores às nossas, mesmo sem a tendência pecaminosa, e no entanto, vencer como o segundo Adão conferindo Sua vitória e poder restaurador a todos os que o seguem[4]. É possível ver nas descrições bíblicas que as provas de Jesus foram superiores não somente às de Adão mas também superiores mesmo às da humanidade caída (Hb 2:14-18; 4:15), conforme trataremos na última parte deste trabalho.
A Operação da Tendência para o Pecado Comparada com as Provas de Cristo
A tendência para pecar se tornou após a queda de Adão tão poderosa na vida humana como se fosse essencial à própria vida, sua natureza, então integrou-se às mais fortes necessidades do ser humano como o alimento material, necessidades fisiológicas, segurança, reprodução e realização pessoal. O apóstolo Paulo (Rm 7) demonstra a força do pecado no ser humano operando “nos seus membros” provocando desejos contrários à vontade espiritual da lei. Os desejos são do pecado e para o pecado. Procedem de dentro.
Nas tentações de Cristo não há desejos para pecar ou intensões impuras. Em Jesus há o conflito de renunciar a desejos naturais[5] e inocentes porque estes, se satisfeitos naquele contexto, estariam em confronto com a vontade do Pai. Assim o desejar beber e comer, descansar ou sobreviver não deveria ser satisfeito sem a completa dependência de Deus. Jesus não deveria salvar-se a si mesmo ainda que podendo faze-lo Deveria abrir mão da vida e auto-preservação. Deveria renunciar aos desejos naturais e lícitos de sua natureza sem pecado e ao faze-lo estaria numa luta tão intensa contra si mesmo ao renunciar: uma renúncia tão ou mais intensa como a de qualquer outro ser humano que renuncia a si mesmo e à força de sua própria natureza pecaminosa. Precisou exercer “autodomínio mais forte do que a fome e a morte”; precisou avançar quando sua “natureza” desejava recuar[6]. Jesus renunciou a si mesmo sob pressão das necessidades físicas e emocionais de um ser humano sem pecado. Suportou numa natureza não caída e corpo de capacidade reduzida a pressão que Adão não esteve disposto a resistir num corpo e mente superior.
O homem após a queda, quando auxiliado pela graça de Deus, em dependência do poder do Espírito Santo, pode renunciar a uma natureza caída com seus desejos. A base do conflito é renúncia e dependência de Deus. Jesus deveria “sozinho” e “sem haver ninguém que o ajudasse”[7] renunciar e depender na condição de segundo Adão, levando a natureza sem pecado, mas ao mesmo tempo e no mesmo corpo a fraqueza física e psicológica conseqüente do enfraquecimento da raça.
A “revanche do deserto” onde Cristo como o segundo Adão entrou e recuperou a batalha perdida pelos primeiros pais “no lugar” na “mesma prova” de Adão[8] foi uma vitória tão grande como o fracasso do primeiro par[9]. Nas tentações do deserto Jesus recupera o reino espiritual (e material) vencendo pela superação de necessidades materiais e em situação extrema, e sem ajuda[10] (Is 63:1-5) os mais fortes apelos que a natureza humana pode suportar e, até superando os apelos naturais da própria existência ao ponto de ao fim do conflito ser necessária a assistência dos anjos, diante do eventual risco de vida, tal a severidade da prova (Mt 4:11).[11]
A equivalência da prova de renúncia das necessidades materiais, especialmente considerando o escopo especial do combate no deserto, demonstra, sem dúvida, que a vitória espiritual de Jesus está biblicamente sustentada na superação da condescendência com apetites do corpo e da mente. Assim, os apelos do corpo e da mente, veículos para provocar a queda de Adão, mantém relação direta e necessária com o episódio da queda e da redenção.[12]
É a ausência do domínio dos desejos e necessidades do corpo a base da fraqueza humana hoje, e que somente pode ser recuperado pelo poder do Espírito (Gl 5:22) que opera nos que receberam a justiça de Cristo. É a atribuição ao pecador do caráter perfeito dAquele que colocou o Pai em primeiro lugar e acima mesmo de Suas mais vitais e naturais necessidades.
A Pressão da Renúncia do Eu no Cristão e em Jesus
No caso do homem caído, além das necessidades naturais e lícitas para a existência e realização, uma outra lei natural entra em vigor: a lei do pecado que opera nos seus membros (Rm 7), como o faz todos os imperativos lícitos e naturais para a vida. O agravante é que a “lei do pecado”, esse domínio tirânico e naturalmente irresistível que nos leva a pecar submete todos os imperativos inocentes da vida como a alimentação, segurança, realização e outros. Todas as necessidades naturais estão submetidas pela tendência para pecar, o desejo de pecar, a concupiscência, onde todo pecado e corrupção tem início, seja tal pecado praticado dentro ou fora da igreja (Tg 1:13, 14; 4:1-3; II Pd 1:4). Assim, a resistência à necessidade de pecar é tão severa como a renúncia da própria vida pois renuncia a tudo que a tendência caída domina. Não é à toa que é chamada de “morte”. Estar sem o poder libertador de Cristo é estar morto (Ef 2:1). Libertar-se pelo poder de Cristo é morrer para o pecado e nascer de novo (Rm 6). É, pois, bem apropriada a linguagem da Bíblia que descreve uma situação dramática e real: a conversão é morrer renunciando todo o eu pecador e mesmo às necessidades naturais por ele dominadas. Dessa forma, para Jesus recuperar a falha de Adão e as nossas significou, não a luta contra uma natureza caída que Ele não tinha e nem podia ter, entendendo o pecado essencial que essa tendência implica conforme demonstramos (seria difícil imaginar Jesus admitir que nele “não havia bem algum” ou que “o mal” estava com Ele, ou que ao nascer era “destituído da glória de Deus” como todos os demais homens). Mas Jesus, não tendo a natureza tendente ao pecado para ser dominado por ela, poderia ser, como foi Adão (também sem tendência para o pecado) no Éden, dominado pelas próprias necessidades naturais na tentativa de leva-lo a, como fez com Adão[13], desconfiar de Deus, cobiçar o fruto e o conhecimento vedados e finalmente pecar. Deveria, portanto, “mostrar, no conflito com Satanás, que o homem, tal como Deus o criou, unido ao Pai e ao Filho, poderia obedecer a todo reclamo divino.”[14]
Limitações Decorrentes de Sua Missão Levaram-no a Renúncias Equivalentes às Nossas[15]
Assim que, Jesus tendo sido tentado “como nós” e “mais do que nós”, não pôde defender a e nem requerer para si mesmo o que naturalmente lhe era de direito como homem e Deus mas renunciou a todas as coisas e “esvaziou-se” (Ef 2:1-8) para que pudesse ser o Redentor da humanidade. Uma vez que a tendência para o pecado é “natural” no ser humano caído, é nesse plano da inclinação pecaminosa que Satanás opera seu cativeiro na humanidade.
O Adversário, não tendo em Cristo um cativo vítima da propensão ou concupiscência do eu para o pecado, deveria buscar outro módulo de ação no qual ou através do qual, se possível[16], pudesse ter acesso àquele que declarou acerca de Satanás: “nada tem em mim” (Jo 14:30). Satanás deveria buscar que Jesus decidisse desobedecer a Deus não através de compulsão interior para o mal como ocorre conosco mas através do exercício de Seus direitos naturais que lhe estavam vetados, a exemplo de usar a divindade transformando pedra em pães para saciar a fome, coisa muito natural para Jesus embora sobrenatural para nós! Natural tornar pedra em pães e natural saciar a fome! Mais do que um direito, uma necessidade! Natural para alguém extremamente fragilizado buscar segurança e escapar da dor, humilhação e morte. Natural e necessário para o corpo e a mente em agonia receber e aceitar a proposta de ter o reino de volta sem a morte. Natural recuar diante de um conflito maior do que a Sua humanidade – conflito em favor de toda a raça humana – a morte eterna em lugar de todos, e retornar para as delícias junto ao Pai. Muito natural soprar e varrer do planeta a impiedade dos homens e anjos maus que o desonravam e contra Ele blasfemavam, mas o tempo para esse tipo de juízo ainda não havia chegado.
Certamente a renúncia de Jesus abrangia também todas as satisfações da vida humana e direito de fazer uso de poder divino para si. [17] Para viver restou-lhe apenas uma “comida e bebida”: “fazer a vontade do meu Pai” (Jo 4:34). A situação, portanto, poderia ser colocada assim: a angústia física e mental de um corpo humano fragilizado (pela renúncia de Suas naturais necessidades e até do exercício do poder divino) era o caminho para que Satanás tentasse induzir Jesus a desobedecer a Deus (situações como em Mt 4, descer da cruz entre outras)[18].
Conosco o plano de investida do inimigo, mesmo em pessoas convertidas é explorar os apelos naturais do homem caído (Tg 1:14; 4:1, 2) aos quais nos cabe renunciar em favor da vontade de Deus. Em nós renuncia-se a natureza de pecado e seus apelos contrários à santidade de Deus, mas, em Cristo, renuncia-se às necessidades de um corpo fragilizado embora possuindo natureza sem pecado e também o uso de Seu natural poder divino, uma vez que qualquer dessas alternativas seriam pecado ainda que “por um pensamento”, mesmo em face da morte. [19] Em resumo:
a) Os pontos de investida eram diferentes (tendência para pecar em nós x desejo para satisfazer necessidades naturais e inocentes em Jesus).
b) A base de resistência era a mesma (renúncia total do eu[20] em favor da vontade de Deus e entrega total aos seus cuidados).
c) A força da tentação era a mesma (os apelos da natureza: em nós interiormente para pecar x em Cristo os apelos exteriores parar satisfazer necessidades naturais e inocentes – comida, alívio da dor – e isto, muitas vezes, em condições extremas!).
Assim, Jesus sofreu, por outro caminho e conheceu por outro modo, as mesmas pressões que nós que temos compulsão pecaminosa. Ele, porém, sem tal propensão para o pecado!
Comparação das Tentações de Cristo Com as Nossas Tentações
Consideremos, agora, a superioridade das provas e tentações de Jesus sobre nós em quatro aspectos, considerando-o como ser humano que precisava enfrentar em nossa condição enfraquecida o teste da renúncia do eu para fazer a vontade do Pai.
As intensidades de nossas tentações e as de Jesus são apresentadas na Bíblia como diferentes (I Co 10:13). Nessa passagem a tentação pela qual passamos, como pecadores, é apenas “humana” sugerindo que existe uma tentação maior do que a que experimentamos. A declaração é que cada pessoa será tentada de acordo com suas forças para que possa vencer, nunca será tentada mais do que pode resistir: “não vos deixará tentar acima do que podeis”. Além disso, garante a Bíblia, Deus proverá o “escape”. Por outro lado, se alguém depois de todo esse amparo divino ceder antes de alcançar a tensão máxima, conforme a capacidade de resistência que lhe foi dada, receberá a assistência especial do Advogado (I Jo 2:1). Jesus não teve sua prova aliviada e nem poderia pecar, sob pena de não ter uma segunda chance. Sua prova vai além dos cem por cento da capacidade humana porque Ele sofreu o que está além do ser humano suportar.[21] Sua tentação era “tanto maior quanto Seu caráter era superior ao nosso”. [22]
A magnitude da Sua Missão e responsabilidade era um peso adicional que nós não carregamos. Jesus deveria levar os pecados “do mundo” e tomar nossas “dores e enfermidades” (Is 53). Sua preocupação não se restringia a uma vitória calcada em razões pessoais para um escopo pessoal. Sua luta era representativa de Adão e neste de toda humanidade. E mais do que a humanidade Ele deveria representar o caráter perfeito de Deus perante todo o universo inteligente. Nosso fracasso é individual e pode afetar outros mas sempre será um fracasso pessoal pois ele não é determinante, em termos absolutos, dos destinos dos outros. A raça humana ou o caráter de Deus não dependem exclusivamente do meu testemunho. A vida de Jesus era o único fator determinante para a redenção da humanidade e para a vindicação do caráter do Pai. Com um conflito de implicações e significados tão vastos não é difícil perceber que Sua prova possuía uma magnitude maior do que a nossa.
O Salvador sofria qualitativamente mais que nós. Jesus era constituído de uma natureza pura e consequentemente refratária ao pecado. Sua natureza aspirava santidade e verdade. Estava, no entanto, num mundo de pecado e mentira. Ninguém jamais “odiou” o pecado como Ele. Ninguém jamais vivenciou um contraste tão contundente contra o pecado como Jesus[23]. “Ó geração incrédula e perversa. Até quando estarei eu convosco e até quando vos sofrerei?” (Mt 17:17). Permanecer num mundo de pecado era um fardo adicional para Sua natureza sem pecado não apenas pela contínua agressão que isso significava mas também pelo motivo a mais que tal circunstância oferecia para sugerir o desvio de Sua Missão redentora até o fim. Além do mais Ele estava exposto a todas a “forças da confederação do mal”.[24] Talvez a nossa adaptação ao pecado não nos permita sentir o desconforto de viver neste mundo mas para Jesus este lugar lhe era uma contínua agressão pela generalização da iniquidade.
Também sofreu quantitativamente mais do que todos. Algumas tentações Jesus tinha e nós não as temos: em várias ocasiões foi tentado a usar sua divindade para conseguir alimento, deixar de beber o cálice do sacrifício, livrar-se dos seus algozes, descer da cruz. Apelos que nada significam para nós que não temos poder divino. Ele era tentado a desistir de redimir o homem e voltar para as cortes celestiais. Esse tipo de tentação nós também não temos.
Conclusão
Concluímos esta abordagem entendendo que todo o homem nasce pecador e sob o domínio do pecado, não porém Jesus, que tendo nascido de forma sobrenatural nasceu santo, sem pecado e “separado dos pecadores”. Isso era necessário para que Ele mesmo não estivesse na condição de perdido e precisasse de Redentor. No entanto, Sua natureza sem pecado não lhe ofereceu vantagem sobre nós devido às limitações decorrentes de Sua Missão. Ele precisou renunciar às necessidades e desejos lícitos, inocentes e fundamentais de Sua humanidade perfeita num corpo fragilizado, sentindo a dor da renúncia, dor esta que todos nós pecadores precisamos experimentar ao renunciarmos nossa natureza caída e seus condenáveis desejos.
Tendo passado por tudo que passamos o Salvador possuía tentações que não temos, sensibilidade que desconhecemos tornando Seu sofrimento mais agudo, pressões mais intensas e sem limite além de pesar-lhe a vida do mundo e a resposta esperada pelo universo.
Premido pela impossibilidade de uma segunda chance o Senhor não teria um advogado caso pecasse. Daí concluímos que a natureza sem propensão para o pecado, embora um qualificativo indispensável para que fosse o novo representante da raça humana, para ser o segundo Adão, o faz passar por uma renúncia muito maior do que a nossa que somos convidados a renunciar o pecado, dor e morte, mesmo considerando seus efêmeros prazeres mas tendo o recurso do arrependimento, enquanto Jesus, como o segundo Adão, não podia cometer qualquer erro.
Se nós sabemos o que é desejar o proibido por causa de nossas vis propensões e não tê-lo pois seria pecado, Ele também sabe o que é ser vedado ter o que desejava (ainda que não desejasse o errado) pois isso seria comprometer a nossa salvação e a vontade do Pai. Ele sabe o que é renunciar a si mesmo, e o muito que tinha, para nos salvar, assim como nós sabemos o que é renunciar o pouco que temos e o que somos em nossas tendências más, para nossa própria salvação (e isso pela Graça).
Finalmente, sendo tentado em tudo como nós e mais do que nós, mas sem pecado, se tornou o nosso Modelo Divino, em lugar do primeiro Adão, do que Deus esperava que o homem fosse “física e espiritualmente” quando em harmonia com a lei de Deus.[25]
Referências
[1] Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (PP) (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 45, 312 e Desejado de Todas as Naçoes (DTN) (Santo André, SP: Casa publicadora Brasileira, 1979), 108
[2] Esse pensamento pode ser encontrado em várias passagens da literatura da igreja primitiva assegurando a Sua natureza sem propensão para o pecado: 1) “…em Jesus Cristo recuperamos o que foi perdido em Adão, ou seja, o sermos a imagem e semelhança de Deus… Irineu. Adv. Haer. Henry Bettenson, editor, Documentos da Igreja Cristã (DIC), 3ª ed. (SP: ASTE – Sociedade Religiosa Edições Simpósio, 1998), 69. 2) “Habitando entre nós comunicou-nos a genuína incorruptibilidade…” Ibid., 71. 3) …”o Senhor…recapitula (resume) em si o homem original…” Ibid., 70. 4) Nasceu da virgem que não conheceu concupiscência por um novo e portentoso modo, tomando dela a natureza mas não a culpa. Ibid., 100. 5) Já Bettenson, comentando no Credo Niceno (de Cesaréia) aperfeiçoado pelo Concílio de Nicéia em 325, o termo “alterável”, declara que refere-se a Jesus não ser moralmente alterável o que seria anátema (atréptôs), esclarece ainda o termo “enanthôpêsanta – tomando sobre si tudo aquilo que faz homem ao homem, alargando sarkhôthénta, fez-se carne, ou, talvez, viveu como homem entre os homens…” Sendo assim Jesus herdou as características humanas necessárias para ser identificado como tal, uma natureza que não foi alterada moralmente em momento algum, segundo o Credo de Nicéia. Ibid., 69. 6) O Tomo de Leão ou Definição de Calcedônia, declara que Cristo não tinha em sua natureza humana as propriedades produzidas pela queda (herdadas) e adquiridas. Sua natureza era “perfeita” de homem verdadeiro. Tinha fraquezas mas não culpa, nem mácula, nada tinha “das propriedades que trouxe para dentro de nós o sedutor” (Ibid., 97). Atanásio (296 a 373) em sua obra De Incarnatione, 328 AD, diz que Ele tomou corpo mortal, entretando ïncorruptível” para que a corrupção cessasse revestindo-se de sua incorrupção (apesar de, no texto, aparentemente alegar a divindade para tal incorrupção). Ibid., 75. 8) Nos debates contra o semipelagianismo aparece a idéia de que a liberdade humana teria se tornado tão depravada pelo pecado que sem a graça ninguém amaria, creria ou faria o que é reto para o que se dá várias passagens bíblicas. Se Jesus herdasse a natureza caída do homem, certamente estaria sob o domínio do pecado e não poderia se livrar por si mesmo, carecendo ele mesmo de um Salvador. Ibid., 116.
[3] Sua superioridade ética e espiritual é descrita, como uma condição mais do que desempenho, de forma contundente no escritos de Ellen White e nas Escrituras que declaram que ao nascer, em vez de em pecado (Sl 51:5), nasceria um “santo” (Lc 1:35 ); que “nele não há pecado” (I Jo 3:5) e que “o príncipe deste mundo ‘nada’ tem em Mim” (Jo 14:30). Nele havia “perfeita ausência de pecado”, “caráter sem pecado” conf. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. I (1ME) (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1966) 256, 264. Não participou do pecado nem por “um pensamento” e não recebeu “nenhuma contaminação” ao se tornar homem. Seu corpo foi “preparado” por Deus: DTN, 109, 244, 264, (Mt 1:20-23)). Foi tentado em tudo “mas sem pecado” (Hb 4:15), feito sacerdote “segundo a virtude da vida incorruptível” (Hb 7:16), “inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus”, que não necessitou oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, que, em oposição a “homens fracos” era “Filho perfeito para sempre” (Hb 7:26,27). Que se ofereceu “imaculado” a Deus (Hb 9:14). Seu sangue e corpo tem poder santificador (Hb 10:10; 12:12). Seu sangue, diferente de pessoas justificadas, fala melhor do que a do “justo” Abel (Hb 12:24; 11:4).
[4] I Co 15:45-49 declara que o primeiro Adão legou-nos (após o pecado) a imagem terrena e carnal, ao contrário do segundo Adão (Jesus) que legou-nos sua imagem espiritual. O primeiro era da Terra mas o segundo era do Céu. Agora temos a imagem do terreno mas depois (na ressurreição, que é o contexto deste capítulo) receberemos a imagem do celestial (sem pecado, redimida) isto é, a de Jesus. Veja também Rm 5:12-19.
“Venceu Satanás com a mesma natureza sobe a qual Satanás havia obtido a vitória no Éden.” The youth’s Instructor, 25 de abril de 1901.
[5] “ambicionava” alimento, DTN, 104.
[6] DTN, 103.
[7] 1ME, 272.
[8] Ibid., 267, 272.
[9] Ibid., 288; DTN, 114.
[10] 1ME, 279. “…Cristo sabia que Adão, no Éden, com sua superiores vantagens, poderia ter resistido às tentações de Satanás, vencendo-o. Sabia também que não era possível ao homem, fora do Éden, separado, desde a queda, da luz e do amor de Deus resistir em suas próprias forças às tentações de Satanás.” Da mesma forma que Adão no Éden Cristo batalhou sozinho. Sua natureza permaneceu diferente da nossa após a queda: sem pecado. Se sua natureza fosse a mesma após a queda Ele não poderia vencer “sozinho”. Podemos vencer como ele venceu mas pela “Sua graça”. Uma vez que Ele venceu, aqueles que nEle crêem recebem sua vitória e o poder que santifica. 1ME, 226. Veio para redimir “a falha de Adão” e assim toda a sua descendência. DTN, 102.
[11] DTN, 115.
[12] 1ME, 271, 272.
[13]DTN, 104.
[14] 1ME, 253
[15] Deus lhe vedou o caminho suave: “é necessário que o Filho do homem padeça…” Era o “Homem de dores” (Is 53:3). Apesar de ser parte de Sua pessoa, Jesus não deveria usar a divindade para benefício próprio pois o homem não poderia faze-lo, além disso o Seu caminho deveria ser de renúncia daquilo que todos os homens neste mundo têm como natural para a própria vida: não possuía projetos pessoais para este mundo. Deveria renunciar ao conforto e privilégios, até mesmo à comida e à vida e até mesmo ao exercício de Sua Eterna Divindade para cumprir sua Missão. A Redenção impedia-o de pensar no “bem-estar” do Filho do homem. Sua vida deveria ser de “tristeza, dificuldades e conflitos” e Satanás faria sua vida o “mais amarga possível”. 1ME, 286. Sua prova foi “mais cerrada e mais severa do que as que jamais seriam impostas ao homem.” Ibid., 289.
[16] A possibilidade de pecado em Cristo era tão real como o foi em Adão. DTN, 41, 103, 115, 660.
[17] 1ME, 276
[18] DTN, 106
[19] 1ME, 211, 220
[20] “Meu Pai: se possível, passe de mim este cálice! Todavia não seja como eu quero, e, sim, como tu queres ” (Mt 26:39). Se alguém quer vir após mim a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16:24-26).
[21] Roy Adams. The Nature of Christ. (USA: Reviw and Herald Publishing Association, 1994), 73-85. Discute acerca da suposta vantagem de Cristo sobre nós. Sua posição é que Jesus sofreu a força total da tentação enquanto nós recebemos apenas uma parte. Usando o que ele chama de “Escala Richter de Tentação”, adaptando a que é usada para terremotos, Adams, representa graficamente a declaração de I Co 10:13. Concordamos com a ilustração considerando que não foi a cruz que matou a Cristo afinal, mas a tensão da prova que lhe rompeu o coração (DTN, 741). Assim, não foi a tensão total (conteúdo) que um homem suportaria, foi maior, a ponto de romper o continente. Quebrou-se a escala. O abalo foi mais forte do que o suportável. A dor estava além da capacidade humana. Nesse caso a intensidade não veio sob medida, não pode ser avaliada. Foi “infinita” (Ibid., 743).
[22] DTN, 102.
[23] 1ME, 254.
[24] DTN, 101.
[25] Se nosso alvo é a estatura de Cristo (Ef 4:13), nosso Modelo (1ME, 338), como poderíamos vê-lo como alguém com as mesmas tendências mórbidas para o pecado que nós? Ã parte dos momentos de conflito em que sua aparência foi desfigurada (Is 53; DTN, 103) e dos efeitos redutores de sua capacidade física devido aos fatores hereditários, Jesus era sem defeito “físico ou espiritual” (DTN, 42).
* Demóstenes Neves da Silva é mestre em Teologia e professor do SALT/IAENE.


Fonte: Sétimo Dia

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vida Diária com DEUS: Como Vencer pela Fé

 
1. Diagnóstico comum a todo pecador(a)
Todos nós, temos nossos pontos fracos. É comum dar-se conosco o seguinte:


a) Cair frequentemente nos pecados rotineiros, embora faça propósitos de ser fiel a DEUS, e tenha desejo de não cair mais;


b) Com o tempo, acostuma-se a cair e a se arrepender, mas torna a cair, aparentemente nada muda em sua vida;


c) Vem a frustração, parece que DEUS o(a) abandonou, ou que não tem mais jeito.


d) Torna a fazer propósitos, ora, lê a Bíblia, às vezes até busca aconselhamento, e no entanto, nada muda.


e) O desespero vai aumentando, sente-se um(a) fracassado(a), e muitos concluem que não há solução para eles(as).


2. A realidade dos fatos


A causa de tal situação, lutar com DEUS sem resultado, é uma só: não anda com DEUS durante o dia todo, só por uns momentos, e às vezes, passam dias sem se encontrar com DEUS, ou de andar com Ele. Esse foi o caso de Jacó, por exemplo, quando se viu só, no deserto. Então ele ajoelhou-se e apresentou a DEUS seu arrependimento. Esse arrependimento foi sincero, mas a sua situação não foi resolvida. Por que?


Perceba que Jacó continuou com as mesmas práticas de enganar os outros. Ele tanto foi enganado pelo seu sogro quanto o enganou. Então, onde ficou aquele arrependimento no deserto, quando DEUS Se apresentou a Jacó em sonho, quando ele viu a escada que unia a Terra ao Céu? Será que naquela ocasião o arrependimento de Jacó foi superficial? Será que não foi autêntico? Será que ele se arrependeu mesmo?


Sim, Jacó se arrependeu de verdade naquela ocasião. E nos casos do diagnóstico acima, geralmente essas pessoas se arrependem inteiramente, mas continuam falhando. O que lhes falta então? Falta-lhes o mesmo que a Jacó, elas se arrependem, mas esquecem, ou nem sabem, que para não pecarem mais, só o arrependimento não é suficiente. Elas precisam de uma força a mais que a delas. Falham por que:


a) não se encontram regularmente com DEUS;
b) não andam com DEUS;
c) esquecem de DEUS nos momentos de suas dificuldades.


Espiritualmente nós somos como crianças. Somos muito fracos, incapazes de conduzir nossa vida sem um poder superior. Precisamos a cada momento de DEUS. Mas, como se faz isso?


3. Como obter poder de DEUS para vencer nossas fraquezas


É muito simples, mas como as pessoas não sabem, lutam, como Jacó, que lutou durante 20 anos na casa do sogro, e nada nesse tempo chegou a mudar em sua vida: continuava enganando e sendo enganado. A grande mudança em Jacó ocorreu na noite em que Ele lutou com DEUS, no vale do Jaboque, na véspera do encontro com seu irmão. Essa foi a tal angústia de Jacó. Ele estava mesmo com motivos para ficar angustiado, pois se passaram duas décadas, e ele continuava o mesmo enganador de sempre. Será que DEUS ainda estaria com ele, pecador como continuava sendo, ao encontrar-se com seu irmão? Sim claro, o fato é que DEUS foi ter com Ele, e, Jacó, não O reconhecendo, pôs-se a brigar com DEUS, pensando ser um assaltante. Então ali Jacó se arrependeu para mudar de vida. Depois daquele dia Jacó passou a an dar mais perto de DEUS, era outro homem, tanto que DEUS então resolveu mudar o seu nome para Israel.


Aí está o ponto, arrepender-se para mudar de vida. Isso requer algumas providências a mais do que simplesmente arrepender-se. Elas são os seguintes procedimentos bem práticos, que necessitam ser observados para que não nos afastemos de DEUS justamente na hora da tentação. O nosso grande problema é que confiamos demais em nossas capacidades pessoais, e na verdade elas são insuficientes para nos transformar em outra pessoa. Há certos momentos, aqueles momentos críticos, que precisamos espiritualmente pegar na mão de CRISTO. Vejamos como se faz isso, aliás, é bem fácil.


a) Em primeiro lugar, é preciso colocar DEUS como O primeiro em nossa vida.


b) Depois, é preciso encontrar-se com DEUS por três vezes ao dia. Isso se faz em oração, uma pela manhã, que pode ser na atividade espiritual no item anterior, e mais duas orações, de joelhos, em lugar reservado. Isso aprendemos de Daniel, ele orava três vezes ao dia de joelhos. Não quer dizer que não orasse mais vezes, de outras formas, em outros lugares.


c) Então falta ainda a experiência de Enoque, a de andar durante todo o dia com DEUS. Nesses dias finais, de grande luta espiritual, precisamos nos apegar a DEUS mais que Daniel e mais que Enoque, certo? Os nossos dias são piores que os deles, são os piores de toda a história. Nós precisamos de um diálogo permanente com DEUS, de um “orar sem cessar”. É isso que nos falta, para nos tornarmos vencedores contra as tentações que já se tornaram rotina em nossa vida. Como fazer isso? Vejamos em forma de itens, mas cada um pode adaptar o método para si mesmo. O importante é que tome providências para, por exemplo, meia hora ou uma hora após a sua oração, não se esqueça de DEUS, e venha a cair nos erros de sempre.


• Invente um artifício para não se esquecer de DEUS. Pode ser um bilhete discreto que só você entende, mas quando o vê sabe que deve lembrar-se de DEUS. E cada vez que lembrar d’Ele, faça uma oração a Ele, ou simplesmente fale com Ele como se fosse um amigo. Isso pode ser em pensamento. Entendeu a lógica? Crie formas visuais (não ídolos, é claro) para a cada pouco lembrar de DEUS. Por exemplo, quando estou em aula, levo junto uns papeizinhos onde coloco bem grande a letra “D”, que quer dizer DEUS. Coloco em cima da mesa. Como a cada pouco olho para a mesa, assim lembro de DEUS. E tenho um propósito, cada vez que lembrar d’Ele, falo com Ele alguma coisa, esses assuntos entre amigos íntimos. Quanto mais faço isso, melhores são as aulas. Um dia desses, de uma turma de 62 alunos, num a aula muito difícil, no final de uma explanação, bateram palmas. Agradeci a DEUS, pois estava ali comigo, e eu com Ele. Perceba bem, esse lembrete é para lembrar-se de falar com DEUS a cada pouco. Dou um exemplo. Dias atrás, consertava parte do telhado de minha casa. A todo momento falava com DEUS sobre o que fazia, e pedia opinião a Ele. Sentia nos pensamentos as Suas respostas, e fiz um bom trabalho, ou seja, fizemos juntos um bom trabalho. Foi uma experiência muito gostosa, eu e DEUS consertando o telhado!


• Perceba bem o seguinte, não adianta DEUS estar com o(a) irmão(a), se não estiveres com Ele. E nós somos muito esquecidos e distraídos, quando entramos no corre-corre diário, simplesmente como que deletamos o conceito da presença de DEUS em nossa vida. Então temos que criar uma ou mais formas de lembrarmos d’Ele, e estarmos juntos, não só Ele conosco, mas nós com Ele.


• Mas isso ainda não é suficiente. E, se naquele momento em que vier aquela velha e poderosa tentação? E se simplesmente o lembrete não estiver lá, ou se não o vermos? Aí precisamos de mais uma outra solução emergencial. Precisamos habituar a nossa mente a pedir socorro nesses instantes. Isso também não é difícil. Como se faz isso?


• Para isso deve-se criar o hábito, ou seja, repetir algo uma quantidade de vezes até que, no momento em que a tentação aparecer, vai lembrar de DEUS. Se lembrar d’Ele, ore pedindo socorro. Basta por exemplo dizer uma ou duas palavras, como: DEUS, me ajude agora. E, tenha certeza, o poder da tentação desaparece milagrosamente sobre a sua pessoa. Então, já a salvo, não deixe de fazer outra oração de agradecimento, e pedindo forças para vencer da próxima vez. Peça que satanás seja afastado.


• Como se adquire o hábito de pedir socorro a DEUS? Já dissemos, por repetição. Quando não estiver sendo tentado, imagine-se (isso é meditação) sendo tentado, e então, ore pedindo socorro. Faça isso muitas vezes, todos os dias. Anote num lembrete para fazer isso. É para se lembrar de DEUS no momento da emergência. Os bombeiros que apagam incêndios, por exemplo, são treinados para agirem quase que automaticamente nos casos de tragédias. Eles decoraram bem o que devem fazer, e o fazem quase sem pensar, em grande velocidade. Ore pedindo a DEUS que o ajude nisso.


• Para reforço, pode, por exemplo, em seu lembrete, incluir orar de hora em hora do jeito que estiver e onde estiver, para pedir que durante a próxima hora não se esqueça de pedir socorro caso seja tentado por satanás. E pode pedir preventivamente que o inimigo se afaste de você por esse tempo. Mas, como nós somos livres, quem garante que ao ver um cartaz de rua, ou uma música, ou encontrar um amigo, ou seja lá o que for, aquilo desencadeie a sua fraqueza, e então se veja na iminência de cair em pecado? Para isso precisa lembrar nesse exato momento de DEUS, e numa curta oração pedir força a Ele. Uma cosia é certa, Ele atende em menos de um segundo.


d) Isso sugerido acima ainda não é suficiente para vencer as tenta-ções. É preciso agir sobre os pensamentos. Há aquelas tentações que, depois de cairmos, sentimos nojo do que fizemos, e não queremos fazer mais. No entanto, como nos habituamos a elas, e na verdade gostamos, após um certo tempo, caímos outra vez. Como acontece isso? Acontece por meio de nossa mente. Passa um tempo após a queda, e a mente retorna a pensar no assunto e aos poucos a sentir desejo de repetir a experiência, embora não desejemos. É contraditório, mas é sempre assim. No início dos pensamentos, quando eles retornam após uma queda, pensamos só um pouco de cada vez. Parece bem inocente, mas vamos sendo dominados por esses pensamentos, até que não os podemos combater mais, até que se torna irresistível. Então pen-samos longamente naquele pecado, ele outra vez domina e controla a nossa mente. Não queremos isso, mas a mente gosta. A situação vai piorando, até que ocorre outra queda. Aí tudo se repete: sentimos nojo, nos sentimos arrependidos, um trapo, depois a mente outra vez pensa no assunto, e assim por diante... Portanto, é preciso reeducar a mente contra o mal. Isso não é muito fácil. Não tente por você mesmo pois não vai conseguir. Por suas próprias forças não há como conseguir. O que fazer nesses casos? É o mesmo que no item anterior, mas sendo uma luta interna, contra maus pensamentos, a luta precisa ser um pouco mais renhida. Faça o seguinte:


• Não espere a queda, ore em suas três orações diárias, pedindo forças a DEUS para aquele dia sobre aquela(s) tentação(es) específica(s).


• Ore também de hora em hora se o caso for muito dramático.


• Treine lembrar-se de DEUS nos momentos da tentação. Nesse caso, precisa lembrar-se de DEUS no momento em que vem o tal pensamento. Precisa orar imediatamente assim que o tal pensamento aparecer em sua mente. Desse modo vai vencer, pois DEUS dará toda a força necessária para tal.


• Outra coisa que pode fazer nesses momentos de pensamentos maus, ou de qualquer tentação, além de orar, é, quando a tentação aparecer, mudar de ambiente, ou fazer alguma coisa que ocupe a sua mente, ou falar com alguém sobre qualquer assunto, enfim, ocupar a mente com outra coisa. Essa é a sua parte, fazer alguma coisa, DEUS fará o resto, mas você deve orar e agir, não ficar passivo. E não lute sozinho, sempre ore, sempre! Mesmo após as primeiras vitórias, não pense que já é poderoso para conseguir vencer sem DEUS, isso é impossível.


e) Experimente um precedente de vitória. Isso é importante. Há pessoas que alimentam pecados durante anos, ou décadas, e nunca experimentaram uma vitória com DEUS. Tudo pode ser vencido se recorremos a DEUS. É o seguinte, cada vez que conseguir vencer uma tentação, isso é uma vitória, e facilita para outras vitórias. Há pessoas, não poucas, que estão a tempo na igreja, e ainda não sentiram o sabor de uma vitória sobre alguma tentação repetitiva. Lute como acima, e sinta a sua primeira vitória, que é evitar cair num daqueles ataques. Cada vez que consegue, com DEUS, evitar uma queda, será uma vitória. Essas experiências fortalecem a fé, e aumentam o poder para continuar vencendo. Portanto a primeira vitória é a mais importante, pois é precedente de outras. A cada vitória agradeça a DEUS, pode fazer isso muitas vezes. A primeira vitória é um precedente bom para outras vitórias. Ela abre a porta para facilitar outras vitórias. A cada vitória ficará mais forte espiritualmente, se sentirá mais seguro andando com DEUS, e apreciará cada vez mais a Sua companhia. Com o tempo se tornará um(a) campeão(ã) com DEUS, uma pessoa poderosa, vencedora na vida espiritual. Mas não será por sua força, e sim, pelo poder de DEUS ao qual se acostumou recorrer quando necessitado. Vai, pela experiência, acostumar-se a sentir DEUS a seu lado. Foi assim com Enoque. Com o tempo o tal pecado e sua tentação tornam-se fracos, e depois desaparecem, não incomodando mais. Mas isso pode levar semanas, meses e eventualmente até anos. De qualquer forma, com relação a tal fraqueza, mesmo superada, não podemos relaxar e baixar a guarda.


f) Para isso, é importante que queira vencer as suas tentações, que sinta nojo delas, e se sinta insuficiente, incapaz, e que necessita do poder de DEUS. E Ele nunca falha.


g) Se for o caso, e se for recomendável, pode pedir a um(a) amigo(a) ou mais pessoas, que orem por seu caso. Mas se o assunto não pode ser divulgado, cuide com a pessoa que escolher, talvez seja melhor lutar só com DEUS que revelar um segredo que pode sujar sua reputação. Pode pedir a outras pessoas que orem mas sem saberem do que se trata.


h) Muito importante, aprenda a MEDITAR. O que é meditar? É, a qualquer momento, ficar pensando em algum assunto. No caso, é muito bom meditar com DEUS. Imagine-se, por exemplo, sendo um dos discípulos, lá junto com JESUS. Faça de conta que está com JESUS, fale com Ele, ouça-o em seus pensamentos. Leve seus problemas a Ele. Pode também ouvir o que Ele falava naquele tempo, revendo as histórias bíblicas. Para meditar é bom fechar os olhos. Os momentos mais favoráveis são ao dormir e ao levantar. Você adormece meditando, e tem um sono tranqüilo. E, ao acordar, inicie o dia meditando em algum assunto da Bíblia. Há muitos assuntos para se meditar. A melhor experiência em meditação que tive foi sobre os momentos que se seguiram à ressurreição de JESUS, e todos os lances a eles relacionados. Parecia que JESUS, em pessoa, estava ali, orando sobre o alimento, quando aqueles dois discípulos chegaram com Ele em sua casa... na meditação, eu era um deles, e saímos correndo logo a seguir de volta a Jerusalém, para levar a notícia aos demais. “Os anjos celestiais devem atuar constantemente para levar o homem, o instrumento vivente, a olhar para Jesus, contemplá-Lo e meditar sobre Ele, a fim de poder, em face à perfeição de Cristo, ficar impressionado com as imperfeições de Seu próprio caráter” (Olhando para o alto, MM, 1983, 338).


4. Essas dicas acima não tem nada de especial. É o que todos nós deve-ríamos ter feito desde sempre. Vai ver, os personagens bíblicos poderosos venceram por meio delas. Ou seja, assim simplesmente estaremos o tempo todo com DEUS, e enquanto estivermos com Ele, pois Ele é certo que está conosco, não há como sermos derrotados pelas tentações. Se, no entanto, ainda cairmos outra vez, não desistamos, voltemos a lutar. Agarremo-nos ainda mais a DEUS, intensificando a luta real (como acima sugerido) e certamente venceremos. Foi para estes casos que Paulo escreveu Romanos 3:9 a 20 e o capítulo 7 inteiro. Leia esses trechos, e entenderá a nossa situação de pecadores, e como DEUS quer nos livrar dela. Após adquirir o hábito de orar, de lembrar-se de DEUS frequentemente durante o dia, e perceber que não se esquece mais de DEUS enquanto realiza o seu trabalho profissional diário, então pode dispensar os lembretes. Eles servem somente para formar o hábito, nada mais.


Prof. Sikberto Renaldo Marks via Sétimo Dia

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Corra que o pecado vem aí

A Bíblia exorta que devemos viver em santidade, porém muitas vezes colocamos desculpa no nosso atual contexto de sociedade para sermos menos santos. Porém, um dos personagens mais admirados das Escrituras ensina o que devemos fazer quando o pecado bate a porta:
Como, pois... pecaria
contra Deus
"E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os seus olhos em José, e disse: Deita-te comigo.Porém ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;
Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?
E aconteceu que, falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvidos, para deitar-se com ela, e estar com ela,
Sucedeu num certo dia que ele veio à casa para fazer seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali;
E ela lhe pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou a sua roupa na mão dela, e fugiu, e saiu para fora." (Gênesis 39:7-12)

UM ESCRAVO FIEL A DEUS
José preso pelos irmãos.
José é um dos maiores exemplos bíblicos de temor a Deus, percebemos em toda sua história como o Senhor moldou sua vida visando usá-lo como testemunho a todo povo de Israel.

Este acontecimento descrito acima ocorreu após a venda de José pelos próprios irmãos aos mercadores midianitas. Ele foi comprado para ser escravo (modo de produção da época) na casa do oficial da guarda de faraó, chamado Potifar, homem rico e importante no Egito.

A história relata que o Senhor foi muito benigno com José, Deus viu o esforço dele e usou as habilidades que possuia para fazer prosperar na casa de seu senhor. As coisas pareciam ir muito bem para José ao ponto de chegar a ser mordomo na casa de Potifar. O trabalho de um mordomo é de grande responsabilidade e só era dado a pessoas de extrema confiança, pois envolvia cuidar de todos os bens e riquezas de seu senhor.


FIRME PARA NÃO PECAR
Entretanto, a mulher de Potifar passa a ter um desejo doentio por José, ela se insinuava constantemente ao hebreu. Há relatos que as mulheres egípcias daquela época não eram muito confiáveis e a infidelidade conjugal parecia corriqueira.

José escada da mulher de Potifar.
Quero chamar a atenção para uma das alegações que José utilizou para não se deitar com aquela mulher: "como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus". Acho essa resposta uma das mais fascinantes frases da Bíblia, pois não representa apenas uma desculpa qualquer, mas sim a filosofia de vida de José. Ao meditarmos nessa frase percebemos que José não era apenas um homem religioso, mas sim uma pessoa que tinha uma enorme intimidade com o Senhor. José baseava sua felicidade em obedecer a Deus, sua alegria era viver em santidade, por isso ele considerou loucura pecar contra o seu|Deus.

José sabia que era um pecador e por isso quando a mulher de Potifar o agarrou (talvez ela estivesse em trajes sensuais ou até mesmo sem trajes) ele correu e fugiu da presença dela. Ele sabia se ficasse por ali com certeza um pecado grave acorreria.

Quando Potifar soube do acontecido ele deveria ter matado José, pois a acusação dele era muito grave e contra alguém muito poderoso daquela época, mas Potifar resolveu apenas prendê-lo. Provavelmente ele percebeu que aquela situação era muito estranha e que não combinava com o testemunho de vida de seu jovem mordomo.


A FELICIDADE ESTÁ NA OBEDIÊNCIA A DEUS
Deus: fonte de eterna felicidade.
Imagem: Google
A filosofia de vida de José constrasta com a felicidade hedonista pecaminosa no qual o mundo está preso, até em muitas igrejas as pessoas só se sentem felizes se houverem atividades que envolvam os prazeres banais desta vida.

O conceito de felicidade é muito raso, muitos a veem como apenas momentos de alegria ou ter sucesso financeiro ou profissional, porém o crente tem certeza que existe uma fonte de felicidade eterna que traz prazeres indescritíveis. Essa fonte é a certeza da salvação em Jesus Cristo e por isso que José e tantos outros heróis da fé entregaram tudo para servir e obedecer a Deus.

Pense nisso:
Muitas vezes pecamos porque o nosso conceito de felicidade ainda está baseado na filosofia deste mundo, porém aqueles que encontram regozijo na obediência ao Senhor conseguem viver mais facilmente em santidade.

domingo, 19 de junho de 2011

Como superar as tentações sexuais

Não é fácil manter-se puro no mundo de hoje o qual respira e transpira sexo. Somos simplesmente bombardeados diariamente por propagandas de todos os tipos onde a mídia tenta nos vender a idéia de que o mundo gira em torno do sexo.

Nunca se fez tanto sexo e nunca houve tanta falta de amor entre os casais e entre as pessoas. Satanás tem deturpado tudo aquilo que Deus criou para o benefício do homem. Deus criou o sexo para unir o homem e a mulher em amor, mas em vez disto as pessoas estão apenas se usando mutuamente, e em conseqüência, estão cada vez mais distantes uma das outras, mais frias e tendo menos prazer.
Por estas e outras razões vale a pena esperar o momento adequado para satisfazer nossas necessidades físicas, seguindo a orientação de Deus para nossa felicidade. O maior anseio da humanidade é ter uma vida feliz, só que não existe felicidade separada de Jesus Cristo. Quando o homem tenta dar um jeitinho, pegar um atalho, dar uma “mãozinha” a Deus, é então que ele fica confuso, deprimido, atrasa a realização dos sonhos que Deus tem para ele e segue os caminhos que levam à morte.
O pior desta situação, é que para a pessoa cristã existe o problema da culpa. Por um lado ela se sente mal por não ter a chance de fazer sexo, e por outro se sente culpado por ter o desejo sexual. Na realidade dentro de nós existe este conflito constante entre a nova e a velha natureza. O que fazer então para ter uma vida vitoriosa e encontrar a paz permanente?
Primeiramente saiba que você não é a única pessoa que passa por este dilema. O apóstolo Paulo teve experiência parecida, pois fazia exatamente o que não queria e aquilo que era certo fazer, ou seja a vontade de Deus, ele não conseguia, embora quisesse.
Desesperado em sua agonia, clamou a Deus: “Miserável homem que sou! quem me livrará do corpo desta morte?”. Leia em Romanos 7:14-25 esta luta pessoal de Paulo e como ele encontrou a solução, se apegou na graça e na misericórdia de Jesus Cristo.
Esta era a luta de Paulo, esta é a minha e a sua luta. A diferença entre vitória e fracasso não depende de nossas habilidades pessoais, mas sim em quem depositamos nossa confiança. Isaías 27:5 apresenta a proposta de Deus ? ?Que os homens se apoderem da minha força e façam paz comigo; sim, que façam paz comigo.?
Existe uma diferença entre uma necessi¬dade real e legítima, e a maneira de suprir esta necessidade. A carência por sexo, afeição, companheirismo, amizade e carinho, é totalmente correta. Foi Deus quem colocou dentro de nós, seres humanos, estes sentimentos e esta necessidade de ser reconhecido. O problema está na maneira que nós utilizamos para suprir estas carências. Como elas foram criadas por Deus, sem Ele jamais conseguiremos a satisfação dos nossos desejos.
O ponto de partida para uma vida vitoriosa, é primeiramente ter certeza do perdão divino quanto a nossas falhas passadas. Cristo não veio ao mundo para condenar pecadores, mas para salvá-los.
Depois da certeza do perdão, o próximo passo é alimentar a nova natureza com a vida de Cristo, através de um relacionamento diário com Ele. Pela contemplação, através do louvor, do estudo da Bíblia, e também pela oração, somos transformados. Se contemplamos a Cristo seremos paulatinamente transformados a Sua semelhança.
Passos adicionais podem incluir: a contemplação somente do que é belo, puro, nobre e bom. A prática de algum esporte, como a natação ou até mesmo longas caminhadas. O desenvolvimento de hobbies. O hábito de interessar-se mais pelos semelhantes e ajudar pessoas necessitadas.
Seja sincero e honesto ao compartilhar com Cristo seus verdadeiros sentimentos, seus sonhos, suas decepções, suas frustrações e seus desejos. Ele está vendo sua luta e se compadece intercedendo por você junto a Deus.
Não importa qual a fraqueza pessoal ou força da tentação. Cristo é o libertador. Ele veio para libertar-nos do poder do pecado e para nos dar a paz e a alegria de uma vida em harmonia com Ele. Ele quer e pode lhe ajudar.
Tenha a certeza de que cada passo dado na direção da abstinência sexual somente estará contribuindo para sua maior felicidade nesta vida. Isto porque Deus lhe ama demais. O que ele pede é apenas para o seu bem.
Rádio Novo Tempo

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