segunda-feira, 30 de julho de 2012

Salmo 2 – A Coroação do Ungido de Deus


O livro dos Salmos é o próprio coração da Bíblia. Os Salmos contém as orações que Deus atende porque foi Ele mesmo quem as inspirou. É o fundamento de uma religião viva. São 150 orações inspiradas que nos ensinam como orar e como nos relacionar sinceramente com Deus.

Os Salmos são a maior fonte poética para penetrarmos no conhecimento de Deus. Eles contém mensagens de ânimo e encorajamento para o povo de Deus em nosso tempo. Eles contém mensagens de fé, esperança e vitória. Ali nós encontramos o segredo da verdadeira religião, que é a religião do coração. Temos ali na beleza da poesia, a história passada dos atos salvadores de Deus e a promessa segura de um futuro eterno.

Temos ainda no Livro dos Salmos o ensino de todas as doutrinas da Bíblia. Nele encontramos a doutrina da Criação, da Redenção e da Preservação. Os atributos comunicáveis e incomunicáveis de Deus estão claramente expostos. As expressões do caráter de Jeová Se encontram ali,  a Sua justiça, a misericórdia e a graça, bem como a Sua onipotência, imutabilidade e eternidade. Os Salmos nos falam sobre o Santuário, a Lei de Deus, o Juízo final, a Salvação e a Cruz. Ali encontramos a doutrina da Mortalidade da alma, da Ressurreição e a esperança da Vida Eterna. Ali encontramos o verdadeiro conhecimento de Deus e de Jesus Cristo.

Salmo 2 foi chamado "A Canção do Ungido do Senhor" e foi citado no Aleluia de Handel. O Salmo 2 é o primeiro salmo messiânico e apocalíptico, porque contém uma revelação surpreendente de Cristo tanto do passado como para o futuro. Portanto, a sua mensagem é cristocêntrica e escatológica, e foi citado pelo apóstolo João no Apocalipse, com duas referências ao governo justo de Cristo contra os ímpios habitantes da Terra. Davi, que escreveu este Salmo (At 4:25) e mais outros 72, é o suave cantor e pastor de Israel.

I – REBELIÃO UNIVERSAL (1-3)

1. O Salmo 2 começa com duas perguntas(v. 1).

(1) A 1ª pergunta: "Por que se enfurecem os gentios?"

(a) Os gentios estavam irados. Esta era a atitude das nações idólatras no tempo de Davi. Eles estavam enfurecidos. A prova disso estava nas guerras com que se envolviam para matar e roubar. A ira das nações se manifesta nas guerras; a ira dos estados se manifesta nas revoluções; a ira dos indivíduos se manifesta nas brigas. É a rebelião universal.

(b) Esta é uma profecia muito atual que se cumpre em nossos dias. A Bíblia diz que no tempo do fim as nações se enfureceriam (Ap 11:18). Disse Cristo que antes de Sua vinda surgiriam "guerras e rumores de guerras... Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino." (Mt 24:6-7). Portanto, isso indica que estamos no tempo do fim, que se apressa a passos largos, culminando na destruição do mundo e dos pecadores.

(c) Mas a pergunta mais perscrutadora é "por quê?" Por que se enfurecem os povos, as nações e os homens em geral? Por que estão irados? A resposta já está implícita na pergunta: não há nenhuma razão para ficarem irados. Deus perguntou a Caim: "Por que andas irado? E por que descaiu o teu semblante?" (Gn 4:6). Ele perguntou a Jonas: "É razoável essa tua ira?" (Jn 4:9). É racional mostrar toda a sua ira? Aonde isto o levaria? É irracional resolver as coisas com ira! Quando você encontra alguém que não respeita os seus limites, como você reage?   

(2) A 2ª pergunta: "Por que os povos imaginam coisas vãs?"

(a) A palavra "imaginam" é a mesma palavra traduzida por "medita", no original do Sal. 1:4. O justo medita na Lei de Deus. Os ímpios também "meditam", e como resultado, ficam furiosos. A ira é um sentimento interno que se demonstra externamente, mas se origina nas meditações secretas do coração.  

(b) Deus conhece a revolta de dentro do próprio coração dos rebeldes, que por sua vez "imaginam coisas vãs". A imaginação, se não for direcionada, pode se desviar da justiça para as coisas vãs. É inútil se revoltar, é inútil revelar a ira de dentro do coração.

2. Contra quem os gentios estão revoltados e irados? V. 2-3: "Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido." Reis e príncipes, ou governantes em geral, foram colocados em elevadas posições pelo próprio Deus (Rm 13:1,4). No entanto, esses mesmos que receberam de Deus a honra estão desonrando o seu Benfeitor.

 (1) Os reis estão revoltados contra o SENHOR. A palavra SENHOR é tradução de Yahweh, e significa "o Eterno", "Aquele que vive por Si Mesmo". Jehovah, é o grande, o glorioso e incomunicável nome de Deus, e é expressivo de Seu Ser eterno e auto-existência. Ele tem esse nome de modo exclusivo, porque só Ele possui esta qualidade.

Então, esses reis e príncipes estão se revoltando contra Alguém que é o próprio Eterno. Portanto, eles estão se irando contra a Pessoa errada, porque estão em completa e esmagadora desvantagem. Como pode alguém de posição privilegiada e conhecimento se revoltar contra Deus? Eles estão revoltados contra Jeová, o Eterno, o próprio Criador. Este é o mistério da iniquidade.

(2) Os reis e príncipes estão revoltados contra "o Seu Ungido"Quem é o Ungido de Deus? Ungido é a tradução de "Messias" no hebraico e "Cristo" no grego. A Bíblia diz que o Ungido seria o Senhor Jesus Cristo. Daniel já falava dEle como o "Ungido, o Príncipe" (Dn 9:25). Ele é 'Miguel, o grande Príncipe, o Defensor dos filhos do teu povo" (Dn 12:1).

3. Mas, como podem reis e príncipes conspirar contra Deus e o Seu Ungido? Eles não estão seguros no Céu? Como podem fazer complôs e se levantar contra Eles? Herodes o grande, o rei da Judéia, tentou tirar a vida de Jesus na Sua infância; o rei Herodes Antipas, o tetrarca da Galiléia, com seus homens de guerra zombaram dEle, e O desprezaram; Anás e Caifásse reuniram em concílio para decidirem o que fariam para tirar a vida de Jesus. Pôncio Pilatos, o governador da Judéia, que representava o imperador romano, condenou-O à morte. E todos os reis da terra desde os mais remotos tempos, que se levantaram contra Deus e contra o Seu Ungido na pessoa do Seu povo, em guerras, perseguições e massacres, cumpriram esta profecia. 

4. O que eles estão "dizendo"? V.3: "Rompamos os seus laços". As palavras revelam o caráter; podemos saber o motivo da rebelião por suas palavras. Eles dizem: "Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas." Laços e algemas são uma  referência às leis de Deus. Eles não querem se submeter à Lei de Deus que é uma lei de amor e sabedoria e que promove a felicidade. Eles rejeitam as regras e as leis de Deus. Eles querem plena liberdade.

(1) Este é o grande conflito dos séculos que Satanás está promovendo, desde o  começo. Ele não queria que Deus governasse sobre ele. Ele teve inveja de Jesus Cristo porque Ele foi escolhido, honrado e ungido como o Filho de Deus. Lúcifer disse que as leis de Deus eram restrições injustas e desnecessárias. Assim ele espalhou esse argumento no Céu. E muitos se uniram a ele. É o princípio do antinomianismo: falta de lei. É o princípio da anarquia: não querem que Deus seja rei sobre eles, e vem o caos. É auto-deificação: quando os homens rejeitam as leis de Deus, se deificam a si mesmos, fazendo suas próprias leis.

(2) Hoje não é diferente de antigamente. Os governantes fabricam as suas leis e se insurgem contra a Lei de Deus, e é por isso que falta a justiça e a verdade anda tropeçando pelas praças. E como um resultado, a insatisfação cresce de uns para com os outros e a revolta se multiplica. As multidões estão "sem ar, sem luz, sem razão", para usarmos as expressões de Castro Alves.

(3) Com efeito, não há razões palpáveis para ficarem irados e revoltados contra Deus. Não há motivos nem para os reis nem para os príncipes, nem para as nações fazerem levantes nem conspiração contra o Senhor da Terra. Também não há motivos para você ficar revoltado.

(4) Você conhece alguém revoltado contra Deus? Conhece algumas pessoas que falam contra Deus e contra o Senhor Jesus Cristo? Eles apresentam as suas acusações, falam da injustiça e dos atos e "omissões" de Deus. Falam do avanço da ciência e do neodarwinismo. E ficam nervosos se você tentar convencê-los, eles ficam irados, enfurecidos se você os desmascarar, apresentando a inteligência da necessidade de um "designer inteligente". Você não vai convencer a uma pessoa irada, enfurecida e revoltada. Ela sempre tem razão, embora agindo irracionalmente. 

II – A INDIGNAÇÃO DIVINA (4-5)

1. Qual a reação de Deus? V.4: "Ri-se Aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles."

(1) Este é um aspecto interessante da personalidade de Deus. Temos ouvido acerca dos atributos divinos, mas é difícil ouvirmos que Ele se ri. Eu gosto desta expressão que indica que nós temos um Deus um tanto humorístico, um Deus que reage, que tem sentimentos, muito diferente dAquele Deus impassível que nos pintam muitos teólogos. Entretanto, as Escrituras nos tem retratado a personalidade divina desse modo mais relacional. Este é um aspecto antropomórfico, visando explicar o sentimento de Deus em linguagem humana.

(2) Pode imaginar o Deus Todo-poderoso olhando para esses fracos humanos conspirando contra Ele? Pode imaginar o Criador contemplando estas pobres criaturas revoltadas e levantando os seus punhos em luta contra Ele? Pode imaginar as infinitas desvantagens nas quais se encontram esses rebeldes? Como podem finitos mortais se levantar contra o Eterno e infinito Deus? Não poderia ser diferente. Se é Deus que os contempla, só pode mesmo se rir e zombar da pretensão desses ímpios.

2. Qual é a outra reação de Deus? V. 5: "Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá."

(1) Aqui está a ira de Deus. Este é um segundo antropomorfismo: temos que explicar a Deus na linguagem humana; não há outro meio, porque não entenderíamos a linguagem dos anjos. Mas mesmo os anjos não teriam muito a nos dizer porque eles também não conheciam este aspecto do caráter de Deus e de Sua reação. Antes do pecado, Deus nunca Se manifestara com ira; isto é novo até mesmo para os anjos.

(2) O que é a ira de Deus? Se os gentios se enfureceram, se as nações estão iradas, agora é a vez de Deus revelar a sua ira. O homem foi feito à semelhança de Deus e como nós temos ira, Deus tem ira. Mas qual é a diferença entre a ira de Deus e a ira do homem? A ira do homem é motivada pelo pecado; a ira de Deus é motivada pela santidade. A ira do homem é uma paixão irracional e descontrolada, visando a vingança; a ira de Deus é um princípio controlado, racional, visando a justiça. A ira do homem revela injustiça; a ira de Deus revela Sua inescapável justiça.

(3) Quando será o Dia da Ira de Deus? Diz o salmista Davi que ela se demonstrará "a seu tempo". Sabemos que esse tempo será pouco antes da volta de Cristo, o Seu Ungido, e se revelará nas 7 Últimas Pragas que sobrevirão ao mundo. Hoje vemos que a ira de Deus está mesclada com a misericórdia. Mas isto é apenas por esse tempo de graça, enquanto temos oportunidade de nos arrepender de nossos pecados e nos levantar a favor do nosso grande Deus e de Jesus Cristo. Mas naquele tempo a Sua ira se revelará sem misericórdia, e todos os ímpios habitantes da terra serão destruídos. E todos proclamarão a justiça do Rei do universo.

III – A UNÇÃO DO REI (6-9)

1. Até o v. 5, falava Davi. Agora, Deus está falando. O que Ele está dizendo? "Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o Meu santo monte Sião." (v. 6). A palavra "Eu" se refere a Deus o Pai que diz: "Eles estão irados e insatisfeitos com a Minha lei e com o Meu Ungido. Eu, porém, constituí o Meu Rei".

2. Deus tem o Seu Rei teocrático. Ele vai estabelecer um reino universal sobe esta Terra, em breve. O seu Rei a quem Ele escolheu já foi constituído. Ele estará sobre o monte Sião. Sião era a fortaleza de Jerusalém; sobre o monte Sião estava edificada a cidade de Jerusalém terrestre. O monte Sião é descrito como habitação de Deus, o Céu dos céus (Hb 12:22; Ap 14:1). Lá estará o Rei constituído por Deus. Lá Jesus Cristo foi constituído como o "Rei dos Reis e Senhor dos senhores". Esta é uma mensagem poética, mas também profética e escatológica.

3. Mas agora, é a vez do Rei ungido falar. V. 7: "Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei." Aqui o próprio Messias está falando ao proclamar o decreto de Deus o Pai. Este é um decreto eterno e imutável, estabelecido por Deus diante de todo o universo. Qual é o decreto? Deus Se revela como o Pai do Messias e diz para o Seu escolhido: "Tu és o Meu Filho! Eu, hoje, Te gerei!"

(1) O que significam estas palavras? Porventura Deus gerou a Jesus Cristo, originando o Filho de Sua própria natureza? Estaria certa a mitologia grega que ensinava que os seus deuses eram gerados entre si mesmos, como acontece com a família humana?

(a) Foi o próprio Diabo que inventou toda essa estória, e torceu as Escrituras, de tal modo que mesmo hoje muitos estão ensinando que Jesus Cristo é o Filho de Deus no sentido restrito da palavra, no sentido humano. Eles dizem que Jesus Cristo Se originou da natureza de Deus, que o Soberano gerou literalmente a Cristo, dando-Lhe origem de existência.

(b) Entretanto, esta interpretação é equivocada. Precisamos interpretar a Bíblia nos termos da Bíblia, considerando os antropomorfismos, que são, como vimos, a descrição de Deus na linguagem humana. Os profetas jamais poderiam usar linguagem divina, porque eles nem a possuíam e nem nós a compreenderíamos.

(2) Em que sentido Jesus Cristo foi "gerado"? Em que sentido Cristo é o Filho de Deus? Poderia ser Ele "gerado" por Deus, no sentido humano da palavra? É impossível interpretar literalmente estas palavras, porque a própria Bíblia testifica que Jesus Cristo é eterno, imortal, incriado e sem origem (Jo 1:1-3). Ele jamais Se originou em qualquer tempo da eternidade. Ele sempre existiu e sempre existirá.

(3) Como podemos interpretar corretamente o Salmo 2:7? Consideremos a explicação baseada num paralelismo bíblico. Se tivermos o apoio de outros escritores inspirados, conheceremos a devida significação.
(a) Em At 13:33, Pedro disse que Deus ressuscitou a Jesus Cristo e cumpriu o Salmo 2:7. Paulo também tem o mesmo pensamento, e disse que Cristo "foi designado ('constituído', BJ) Filho de Deus ...pela ressurreição dos mortos". (Rm 1:4).
(b) Em Heb 1:5, Paulo aplica as mesmas palavras de Davi para a divindade de Cristo, comparando-O aos anjos, quando disse: "Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?"
(c) Mas em Heb. 5:5, Paulo introduz um novo significado: Ele diz que quando Cristo foi constituído Sumo Sacerdote, cumpriu-se mais uma vez o Salmo 2:7.

(d) Mas há um outro sentido em que estas palavras foram usadas, e que corresponde mais diretamente ao sentido e ao contexto do Salmo 2:7. Natã recebeu uma palavra de Deus que dirigiu a Davi, referindo-se a Salomão, e usou a mesma linguagem do Sal. 2:7: "... Eu estabelecerei o seu trono para sempre. Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho." (1Cr 17: 12-13). Estas palavras tiveram um cumprimento parcial através de Salomão, que foi constituído rei por ordem de Deus, que por esse fato, o chamou de "filho" de modo especial e incomum, porque o constituía como rei de um reino teocrático. Mas Salomão era um tipo de Cristo. Portanto, estas palavras em sentido secundário, se cumprem em Cristo, como Rei que reinará para sempre. Desse modo, o Sal. 2:7 nos diz que Cristo é o Filho de Deus, que foi "gerado" simbolicamente, porque foi ungido como Rei sobre todos os reis da Terra.

(4) Portanto, estas palavras do Sal. 2:7 foram interpretadas pelos apóstolos como se referindo à ressurreição, à divindade e ao sacerdócio e vemos agora, no Antigo Testamento que estas palavras do se aplicam também ao reinado de Cristo e, consequentemente, confirmam a Sua natureza não originada. Desse modo, sempre que temos uma unção de Deus a Jesus Cristo, cumprem-se as palavras do Sal.2:7.

(5) Portanto, quando Deus disse: "Tu és o Meu Filho; Eu, hoje, Te gerei!" dirigiu-se ao Messias, e emitia o Seu decreto de filiação real para uma Pessoa já existente, não de um ser que nascia de Sua natureza divina. Não era uma filiação literal do tipo humano que ocorria, era a linguagem figurada de uma filiação real, quando Deus constituía ao Messias como o Rei das nações. Assim aconteceu com Salomão e assim sucedeu com Jesus Cristo.

(6) Quando foi o Messias "gerado"? A resposta do texto é "hoje". Pelo contexto, "hoje" se refere a um ponto histórico, quando as nações da Terra já conspiravam "contra o Senhor e contra o seu Ungido". Num momento da História, quando já existiam os reis da Terra Se opondo ao Senhor, Ele chamou o Seu escolhido que já existia por toda a eternidade, e Lhe disse: "Tu és o meu Filho! Eu, hoje, Te gerei". Assim, foi ungido o Messias como Rei. E então, foi chamado de "Filho".

(7) Mas o que significa ser Jesus Cristo o "Filho" de Deus? Este foi um grande problema para os judeus do tempo de Cristo, porque eles não estavam satisfeitos pelo fato de que o Salvador Se intitulava desse modo. Ele dizia frequentemente que era o Filho do homem, mas também pretendia ser o Filho de Deus. O que significa isso? João explica desse modo: os judeus queriam matar a Cristo porque Ele "dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (Jo 5:18). Portanto, a pretensão de Jesus Cristo foi de que Ele era "igual a Deus" com todos os Seus atributos, não criado nem originado, mas eterno.

4. Qual é a promessa de Deus ao Messias, constituído como Rei? Qual é a herança do Pai ao Filho? V. 8: "Pede-me, e Eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão." Mas, se Jesus Cristo é o próprio Criador, e como tal é Dono de todo o mundo, como Lhe promete Deus a posse da mesma Terra? De fato, como Deus Ele é o Dono do universo, mas como o Messias Jesus Cristo é o Rei desta Terra. Como Messias, Ele é o Filho do homem e foi ungido para a salvação deste planeta e recebe de Deus o reinado deste mundo.

5. Como seria o reinado do MessiasV. 9: "Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro." Esta profecia há de se cumprir em sua fase apocalíptica, na destruição dos ímpios, e na consumação dos séculos. O apóstolo Paulo usou estas palavras para descrever a vinda de Cristo e seu efeito sobre os desprezadores de Sua graça (2Ts 2:8). Finalmente, o apóstolo João também falou de Seu "cetro de ferro", em um contexto da destruição dos ímpios que finalmente se confirmaram em sua rebelião (Ap 12:5; 19:15).

IV – O ÚLTIMO APELO DIVINO (10-12)


Os versos finais (10-12) contém o último apelo do Céu para os reis, governantes e povo em geral. Assim como o Apocalipse tem o último apelo de Deus para o Seu povo, assim termina o Salmo 2, com 5 imperativos:
(1) "Sede prudentes". Buscai a sabedoria. Isto é indispensável para termos a segurança da felicidade e da salvação. Não há mais a perder nas cisternas rotas das loucuras do mundo. Carecemos de mais prudência.
(2) "Deixai-vos advertir". Muitos não querem reconhecer os seus erros, e julgam difícil se deixar persuadir a fim de receber a advertência divina. Isso requer que deixemos o orgulho de lado, porque sem humildade não podemos conseguir nada diante de Deus.
(3) "Servi ao Senhor com temor". O serviço de Deus é o mais alto privilégio de criaturas humanas; mas temos que servi-Lo com temor, porque se trata de um serviço para o majestoso Rei dos reis.  
(4) "Alegrai-vos nEle com tremor". Como podemos nos alegrar com tremor? A vida cristã é cheia de alegria, mas servimos a Deus com temor, porque o temor é o equilíbrio necessário para não nos desviarmos pelos caminhos deste mundo. 

(5) Mas são particularmente interessantes as palavras do último imperativo: "Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira." A ira mencionada é a ira do Cordeiro, diante da qual todos os ímpios correrão, naquele dia da volta de Cristo dizendo aos montes e rochas: "Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Ap 6:16-17).

Portanto, o apelo divino é este: "Beijai o Filho!" O beijo nos tempos antigos era um símbolo de reconciliação, como no caso de Jacó e Esaú. O apelo para beijar o Filho é um claro chamado à reconciliação com Deus, através da fé no sacrifício de Cristo, que derramou o Seu sangue para nos reconciliar com o Pai: "Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus." (2Co 5:20).

Finalmente, o clímax do Salmo 2 contém estas palavras: "Bem-aventurados todos os que nEle se refugiam." Como o Salmo 1 se inicia com uma bem-aventurança, assim termina o Salmo 2.

Houve nos Estados Unidos um juiz famoso, porém ateu. Certa noite, estando fora de casa a esposa, sentiu-se possuído de uma convicção de estar errado em relação a Deus e às coisas espirituais e reais, e agora, que se achava sozinho, pôs-se a refletir sobre o caso. Quando ela voltou, ele ainda estava imerso em meditações. Ela procurou convencê-lo a dormir, mas ele não cedeu. Passou a noite em claro, andando para cá e para lá.
Pela manhã, bem cedo, foi para o escritório, fechou-se no gabinete, e deu ordens para não o interromperem. Tomou a resolução de não sair por aquela porta antes de ter descoberto a verdade acerca de Cristo. Prostrou-se de joelhos e começou a orar. Fora educado de modo a considerar Cristo apenas como homem, de modo que ao ajoelhar-se, orou: "Ó Deus, tem misericórdia de mim e salva-me!" Continuou assim clamando muitas vezes, mas nenhum alívio lhe veio. Então ouviu uma voz que sugeriu que ele dissesse: " - Deus, por amor de Jesus, salva-me!
Mas disse ele:
–       Isso não! Não posso orar assim!
Ali jazia, literalmente estendido no soalho, de bruços, ansiando o alívio, mas só conseguia dizer:
–       Ó Deus, salva-me!
Afinal, do íntimo da alma angustiada, clamou:
–       Ó Deus, por amor de Jesus, salva-me!
–       Oh – diz ele agora – como a luz irrompeu e o Céu veio para dentro daquele escritório!
Algo acontecera, e Deus viera em socorro de sua vida, transformando-a toda, e desse dia em diante ele se tornou um dos mais nobres membros da igreja. Não encontrara alívio enquanto não reconhecera que Jesus é o Filho de Deus.

E você, já reconheceu a Jesus Cristo como o Filho de Deus? Crê nEle, realmente? De fato, se queremos ser salvos, se queremos ser realmente felizes, temos que seguir o bendito caminho de Deus e nos refugiarmos no seu Messias, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

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