quarta-feira, 6 de abril de 2011

Deus mandou matar pessoas inocentes? 2 Samuel 21

É difícil entender a Bíblia. Por que os descendentes de Saul foram mortos sendo que eles nada tinham a ver com a maldade dele?
Realmente há na Bíblia textos mais difíceis de serem entendidos em sua plenitude. Isso não significa que a mensagem central não possa ser compreendida, mas apenas demonstra a nossa limitação humana para penetrarmos os segredos de Deus. Também devemos considerar o fato de o pensamento hebraico e sua forma de se expressar serem diferentes – o que contribui para que certos textos pareçam obscuros.
No caso de 2 Samuel 21 podemos entender algo sobre o capítulo se analisarmos o mandamento de Deus em Deuteronômio 24:16 onde Ele diz: “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado.” Perceba que o próprio Deus havia ordenado que, ao executar um criminoso, o povo jamais castigasse os descendentes dele.
Então, por que o Senhor autorizou que sete descendentes de Saul fossem mortos por causa da atitude criminosa dele para com os Gibeonitas?
Na verdade, quando lemos o verso 3 percebemos que dessa vez Davi não consultou o Senhor com havia feito antes (v. 1), mas sim os Gibeonitas. E, motivados pela ira e, quem sabe, baseados no fato registrado em Números 25:4, eles tenham entendido que a ira de Deus seria aplacada se os descendentes de Saul fossem mortos e pendurados.
Quando o verso 14 afirma que “Depois disto, Deus se tornou favorável para com a terra” ele expressa a visão de mundo do profeta. O escritor de 2 Samuel percebeu que depois de tal evento a maldição cessou – sem que isso signifique que Deus tenha apoiado o ato de Davi e dos Gibeonitas.
Nosso Criador teria outra forma de vingar os Gibeonitas. Mas, como o povo agiu dessa vez sem consultar ao Eterno, Ele permitiu que tal ação pecaminosa e injusta seguisse seu curso normal, pois, faz parte de Sua soberania dar o livre-arbítrio. Ele permite que coisas ruins aconteçam por que no conflito entre o bem e o mal Ele utiliza tais circunstâncias (que Ele não gosta) para mostrar ao universo a gravidade do pecado.
Podemos ver que Deus não apresentou a Davi essa “solução” para o problema. Quem fez foi o povo que queria vingança. O Senhor não poderia ir contra ao que Ele mesmo havia ensinado em Deuteronômio 24:16.
Espero que essas considerações lhe tenham sido úteis. Creio que todos os motivos para Deus permitir tal ato (mesmo Ele não consentindo) nos serão apresentados apenas quando estivermos com Cristo em Sua Segunda Vinda. Enquanto aguardamos este momento maravilhoso podemos viver confiantes de que o “justo juiz” (Gn 18:25) esclarecerá essa e outras questões da vida que nos incomodam (1Co 13:12; Hb 8:11).
Deus lhe abençoe ricamente,
Leandro Quadros
[www.novotempo.com/namiradaverdade]

1 comentários:

irmão leitor disse...

A Bíblia é a Palavra de Deus.
Porém, a expressão "inspirou homens" não significa que Ele ditou as palavras que deveriam ser escritas.
Portanto, é verdadeiramente a Palavra de Deus assim como também verdadeiramente é a escrita humana. Ocorre que o homem é pecador, o que indica que sua escrita está contaminada pelo pecado.
É bem provável que, pelas limitações óbvias de um finito pecador, suas palavras não representam adequadamente as ações do Infinito e Santo Criador.
A única parte escrita pelo próprio Deus é a dos Dez Mandamentos. E um deles afirma "Não Matarás". Este é o "princípio", o "conceito". Interpretemos os textos difíceis tomando por base o princípio, que reflete o caráter de Deus.
Se Ele disse "não matarás" é porque não é para matar. Se alguém disse que Ele autorizou matar a partir de, ou, se tal coisa acontecer, lembremos: esse alguém é um escritor pecador, passível de ter interpretado inadequadamente a Palavra de Deus.

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