domingo, 29 de maio de 2011

Oração a Jesus ou a Deus, o Pai?

Já ouvi pessoas orando a Jesus e concluindo a oração “em nome de Jesus”. Teologicamente falando, isso é correto?

A verdade é que toda a Trindade está interessada em nossas orações. Deus, o Pai deseja dar “boas coisas aos que Lhe pedirem” (Mt 7:11), Deus, o Filho promete que, se pedirmos alguma coisa em Seu nome, isso Ele fará (Jo 14:14), e Deus, o Espírito Santo “intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis [...], porque não sabemos orar como convém” (Rm 8:26).
Mas esse interesse de todos os membros da Trindade em nossas orações não significa que devamos passar por cima das orientações bíblicas quanto à maneira correta de fazer nossas orações e orar, por exemplo, ao Espírito Santo “em nome de Jesus” ou a Jesus “em nome de Jesus”. Não negamos que tais orações possam ser atendidas, devido à ignorância quanto às orientações bíblicas, mas seria bom atentarmos para o que a Bíblia diz sobre a oração:

1. Toda oração deve ser dirigida a Deus, o Pai. Eis alguns textos: “[...] A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai [...] Ele vo-lo conceda” (Jo 15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá” (Jo 16:23). O próprio Jesus deixou-nos a oração-modelo, o Pai nosso, que assim começa: “Pai nosso, que estás nos Céus [...]” (Mt 6:9). Em Suas orações, Jesus Se dirigia ao Pai. Veja alguns exemplos: “Pai nosso, que estás nos Céus [...]” (Mt 6:9 – ao ensinar os discípulos a orar); “Pai, graças Te dou porque Me ouviste” (Jo 11:41 – em Sua oração, antes de ressuscitar Lázaro); “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador” (Jo 14:16 – ao prometer o envio do Espírito Santo); “Pai, é chegada a hora” (Jo 17:1 – no início de Sua oração sacerdotal); “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice” (Mt 26:39 – na noite de agonia no Getsêmani); “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34 – ao estar suspenso numa cruz romana e, mesmo assim, perdoando Seus algozes).

2. Toda oração deve ser concluída com a expressão “em nome de Jesus”, com “nome” indicando a “pessoa” de Jesus. Ou seja, pedimos confiados nos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual deu Sua vida como resgate pelos nossos pecados (Mt 20:28). Ou seja, pedimos para que tudo o que Jesus merece seja creditado para nós, pois, naturalmente, o que merecemos é a morte, como “salário do pecado” (Rm 6:23). Eis alguns textos sobre pedir em nome de Jesus: “E tudo quanto pedirdes em Meu nome, isso farei” (Jo 14:13); “A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em Meu nome, Ele vo-lo conceda” (15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá em Meu nome” (16:23).

3. Mesmo que em nossas orações não necessitemos pedir ao Espírito Santo que o faça, Ele atua como nosso intercessor junto ao Pai: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26).

Mais uma palavra sobre a oração: não devemos orar sempre para pedir coisas a Deus. Pedidos são apenas parte de uma oração. A oração deve incluir “confissão (Sl 51), adoração (Sl 95:6-9; Ap 11:17), gratidão (1Tm 2:1), petição pessoal (2Co 12:8) e intercessão pelos outros (Rm 10:1). Para ser atendida, a oração requer purificação (Sl 66:18), fé (Hb 11:6), vida em união com Cristo (Jo 15:7), submissão à vontade de Deus (1Jo 5:14-15; Mc 14:32-36), direção do Espírito Santo (Jd 20), espírito de perdão (Mt 6:12) e relacionamento correto com as pessoas (1Pe 3:7)” (Bíblia do Obreiro. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007, p. 1.654).

Como está sua vida de oração? Tem se valido desse meio tão poderoso, colocado à sua disposição, para falar com o Altíssimo? Mas ore dirigindo-se ao Pai, conclua sua oração com a expressão “em nome de Jesus”, e conte sempre com a divina intercessão da pessoa do Santo Espírito.
Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de Teologia no Salt – Unasp 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Fonte: Sétimo Dia

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