terça-feira, 6 de setembro de 2011

Seis dias ou milhões de anos?

Porque é importante?

Se os Dias da Criação realmente significam 'eras geológicas' de milhões de anos, então a mensagem do Evangelho é pouco efectiva nas suas bases porque coloca morte, doença, espinhos e sofrimento antes da Queda. Esta ideia também mostra uma abordagem errónea das Escrituras - que a Palavra de Deus pode ser interpretada com base em teorias falíveis de pessoas pecadoras.
É um bom exercício ler Genesis 1 e tentar colocar de lado influências exteriores que nos podem ter causado uma ideia predeterminada do que a palavra 'dia' possa querer dizer. Deixa que somente as palavras da passagem falem contigo.
Se lermos Génesis 1 desta forma, literalmente, sem dúvida vamos verificar que Deus criou o universo, a Terra, o sol, a lua e as estrelas, plantas e animais e as duas primeiras pessoas em seis dias comuns. Para seres realmente honesto, terias de admitir que não podes ter uma ideia de milhões de anos ao ler esta passagem.
A maioria dos Cristãos (incluindo muitos líderes Cristãos) no mundo Ocidental, contudo, ou não insistem em que os Dias da Criação foram dias de duração normal ou aceitam que devem ter sido longos períodos de tempo - mesmo milhões ou biliões de anos.

Como é que Deus comunica connosco?

Deus comunica através da linguagem. Quando Ele fez o primeiro homem, Adão, Ele já o tinha 'programado' com uma linguagem, para que houvesse comunicação. A linguagem humana consiste em palavras num contexto específico que se relacionam com a realidade global à nossa volta.
Portanto, Deus pode revelar coisas ao homem e o homem pode comunicar com Deus, porque essas palavras têm significado e transmitem uma mensagem perceptível. Se isto não fosse assim, como poderíamos comunicar uns com os outros, ou com Deus, ou Deus connosco?

Porquê 'dias longos'?

Romans 3:4 declara: "Sempre seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso."
Sempre que alguém não aceita os 'dias' da Criação como sendo dias comuns, é porque não permitiu que as palavras das Escrituras lhe falem dentro do contexto, como é necessário para que haja comunicação. Eles foram influenciados por ideias de fora das Escrituras. Portanto, abriram um precedente que poderia permitir que cada palavra fosse reinterpretada pelas ideias preconcebidas da pessoa que a estava a ler. Isto leva a uma quebra na comunicação, pois as mesmas palavras no mesmo contexto podem significar coisas diferentes para pessoas diferentes.
Os pais da igreja. A maior parte dos 'pais da igreja' aceitaram os dias da criação como dias normais.1 É verdade que alguns não ensinaram dessa forma os 'dias' da Criação - mas muitos deles tinham sido influenciados pela filosofia grega, que os levou a interpretarem os dias como alegóricos. Eles argumentaram que os 'dias' da Criação estavam relacionados com as actividades de Deus e como Deus é intemporal, isso significaria que os 'dias' não podiam ser relacionados com o tempo humano2. Em contraste com os alegorizadores actuais, não aceitavam que Deus tivesse demorado seis dias a criar o mundo.
Portanto, os 'dias' não literais resultaram de influências extra-Bíblicas (ou seja, influências de fora da Bíblia) e não das palavras da Bíblia!
Esta abordagem afectou até hoje a maneira como as pessoas interpretam as Escrituras. Mas, como disse o homem que iniciou a Reforma:
"Os Dias da Criação eram dias de duração normal. Devemos entender que estes dias eram dias reais, ao contrário da opinião dos Santos Pais. Quando verificamos que as opiniões dos Pais da Igreja discordam das Escrituras, nós reverentemente as temos em conta e reconhecemo-los como sendo os nossos inspiradores. No entanto, não devemos deixar de lado a autoridade das Escrituras por causa deles." 3
Os actuais líderes da igreja. Hoje, muitos líderes cristãos não aceitam os Dias da Criação como dias de rotação terrestre normal. Contudo, quando investigamos os seus argumentos, vemos que a causa para isso são as influências exteriores às Escrituras (particularmente a crença num universo de biliões de anos).
Considerem as seguintes citações de estudiosos bíblicos que são considerados conservadores, mas não aceitam os Dias da Criação como sendo dias de duração normal: "A partir de uma leitura superficial de Génesis 1, a impressão é que todo o processo criativo teve lugar em seis dias de vinte e quatro horas de duração… Isto parece ir contra a investigação científica moderna, que indica que o planeta Terra foi criado há vários biliões de anos."4
"Nós mostrámos a possibilidade de Deus ter formado a Terra e toda a sua vida numa série de dias criativos que representam longos períodos. Na perspectiva da aparente idade da Terra, isto não é somente possível - é provável.5"
É como se estes teólogos vissem a 'natureza' como o 67º livro da Bíblia e com muito mais autoridade que os 66 livros que a compõem. Considera as palavras de Charles Haddon Spurgeon em 1877:
"Irmãos, somos seriamente desafiados a deixar as crenças antigas dos nossos grandes pais por causa das supostas descobertas da ciência. O que é a ciência? O método pelo qual o homem tenta esconder a sua ignorância. Não deveria ser assim, mas é. Meus irmãos, não é suposto vocês serem dogmáticos em teologia, pois isso é perigoso; mas para os cientistas, isso é o que está correcto. Nunca devereis afirmar muito fortemente as vossas convicções; mas os cientistas podem afirmar ousadamente aquilo que não podem provar, e podem exigir uma fé muito mais crédula do que alguma que tenhamos. Na verdade, é suposto que nós tomemos as nossas Bíblias e formemos e moldemos as nossas crenças de acordo com os ensinamentos, sempre em mudança, do chamado homem científico. Que loucura! Porque é que a falsamente chamada marcha da ciência através do mundo pode ser traçada por falácias desacreditadas e teorias abandonadas? Exploradores anteriores, antes adorados são agora ridicularizados; o constante abandono de hipóteses falsas é uma matéria do conhecimento geral. Podes descobrir onde é que o aprendiz está pelos destroços deixados para trás de suposições e teorias tão cheios como garrafas partidas."6
Aqueles que usam a ciência histórica (como é proposto por pessoas que ignoram a revelação escrita de Deus) para interpretar a Bíblia e para nos ensinar coisas acerca de Deus, estão a inverter a ordem das coisas. Porque somos criaturas falíveis e pecadoras, precisamos da Palavra escrita de Deus, iluminada pelo Espírito Santo, para entendermos adequadamente a história natural. O respeitado e metódico teólogo Berkhof disse:
"Desde a entrada do pecado no mundo, o homem só pode obter informação verdadeira acerca da revelação geral de Deus se a estudar à luz das Escrituras, nas quais os elementos da auto revelação original de Deus, que foram obscurecidos e pervertidos pelo pecado, são reeditados, corrigidos e interpretados… Algumas pessoas têm tendência para falar da revelação de Deus como uma segunda fonte; mas isto não é muito correcto pois a natureza só pode ser tida em consideração se for interpretada à luz das Escrituras."7
Por outras palavras, os Cristãos devem formar o seu pensamento a partir da Bíblia e não da 'ciência'.

Os 'Dias' de Génesis 1

O que é que a Bíblia nos diz acerca do significado de 'dia' em Génesis 1? Uma palavra pode ter mais de um significado, dependendo do contexto. Por exemplo, a palavra 'dia' em inglês pode ter cerca de 14 significados diferentes.
Para entender o significado da palavra 'dia' em Génesis 1, precisamos de determinar como a palavra hebraica para 'dia´, yom, é usada no contexto das Escrituras. Considerem o seguinte:
  1. Uma concordância típica ilustrará que yom pode ter uma variedade de significados: um período de luz contrastando com a noite; um período de 24 horas; tempo; um ponto específico no tempo; ou um ano.
  2. Um respeitado dicionário clássico de Hebraico-Inglês tem sete definições8 e sub-definições para a palavra yom - mas define os Dias da Criação de Génesis 1 como dias comuns, sendo 'dia definido pela tarde e manhã.'
  3. Um número e a frase 'tarde e manhã' são usados para cada um dos seis Dias da Criação (Gén. 1:5, 8, 13, 19, 23, 31).
  4. Fora de Génesis 1, yom é usado 410 vezes com um número e em cada vez significa um dia normal.9 Porque é que Génesis seria a excepção?10
  5. Fora de Génesis 1, yom é usado 23 vezes com a palavra 'tarde' ou 'manhã'.11 'Tarde' e 'manhã' aparecem associados, mas sem yom, 38 vezes. Todas as 61 vezes, o texto refere-se a um dia normal. Porque é que Génesis seria a excepção?12
  6. Em Génesis 1:5, yom ocorre associado com a palavra 'noite'. Fora de Génesis 1, 'noite' é usada com yom 53 vezes - e de cada vez, significa um dia normal. Porque é que Génesis seria a excepção? Mesmo o uso da palavra 'luz' com yom nesta passagem determina o significado como sendo dia normal.13
  7. O plural de yom, que não aparece em Génesis 1, pode ser usado para comunicar um longo período de tempo, ex., 'naqueles dias'.14 Acrescentar aqui um número seria absurdo. Claramente, em Exodus 20:11, onde um número é usado com 'dias', refere-se obviamente a seis dias de rotação terrestre.
  8. Existem palavras no Hebraico bíblico (tais como olam ou qedem) que são muito adequadas para comunicar longos períodos de tempo, ou tempo indefinido, mas nenhuma destas palavras é usada em Génesis 115. Alternativamente, os dias ou anos poderiam ter sido comparados com grãos de areia se fossem para se referir intencionalmente a longos períodos.
O Dr. James Barr (Professor Régio de Hebraico da Universidade de Oxford), apesar de não acreditar que Génesis seja uma história verdadeira, admitiu no entanto, no que respeita à linguagem de Génesis 1 que:
"Ao que sei, não existe nenhum professor de Hebraico ou do Antigo Testamento em nenhuma universidade de nível mundial que não acredite que o escritor(es) de Génesis 1-11 tivesse a intenção de passar aos leitores a ideia de que: a) a criação teve lugar numa série de seis dias semelhantes aos dias de 24 horas que agora temos; b) os números contidos nas genealogias de Génesis fornecem por simples adição, uma cronologia desde o início do mundo até estágios mais tardios na história bíblica; c) o Dilúvio de Noé é apresentado como tendo sido mundial e tendo extinguido todos os seres humanos e toda a vida animal excepto aqueles que estavam na arca."16
Da mesma maneira, o Professor liberal do século 19 Marcus Dods, do 'New College" de Edimburgo, disse: "Se, por exemplo, a palavra 'dia' nestes capítulos não significa um período de vinte e quatro horas, a interpretação das Escrituras não tem esperança."17

Conclusão sobre 'dia' de Génesis 1.

Se estamos preparados para deixar as palavras da linguagem falarem-nos de acordo com o contexto e definições normais, sem estarmos influenciados por ideias exteriores, então a palavra para 'dia' vista em Génesis 1 - que é qualificada por um número, a frase 'tarde e manhã' e para o Dia 1, as palavras 'luz e trevas' - obviamente significa um dia comum (cerca de 24 horas).
Na altura de Martinho Lutero, alguns dos pais da igreja diziam que Deus criou tudo num único dia, ou num instante. Martinho Lutero escreveu:
"Quando Moisés escreve que Deus criou o Céu e a Terra e tudo o que estava nele em seis dias, então deixa que este período seja mesmo seis dias e não te aventures a fazer algum comentário a respeito dos seis dias serem considerados um. Mas, se não consegues entender como isto pode ter sido feito em seis dias, então dá ao Espírito Santo a honra de saber mais do que tu. Porque tu deves lidar com as Escrituras tendo em conta que é o próprio Deus quem diz o que nelas está escrito. Uma vez que é Deus quem está a falar, não é apropriado que queiras alterar a Sua Palavra da forma que desejas."18
Similarmente, John Calvin declarou: "Embora a duração do mundo, agora a declinar para o seu fim, ainda não tenha alcançado seis mil anos… O trabalho de Deus não foi realizado num momento mas em seis dias."19
Lutero e Calvin foram a espinha dorsal da Reforma Protestante a que chamavam a Igreja de volta às Escrituras - Sola Scriptura (Só as Escrituras). Ambos defendiam que Génesis 1 ensina que a Criação foi realizada em seis dias normais.

Porquê seis dias?

Exodus 31:12 diz que Deus mandou Moisés dizer aos filhos de Israel:
"Trabalhar-se-á durante seis dias, mas no sétimo haverá descanso total consagrado ao Senhor. Quem trabalhar no dia de sábado será punido com a morte. Os filhos de Israel serão então fiéis ao sábado, guardando-o através de todas as suas gerações como um pacto imutável. Entre Mim e os filhos de Israel é um sinal externo, testemunho de que o Senhor fez os céus e a terra em seis dias e que no sétimo terminou a obra e descansou." (Exodus 31:15-17)
Depois Deus deu a Moisés duas tábuas de pedra onde estavam escritos os mandamentos de Deus, escritos pelo dedo de Deus (Exodus 31:18).
Porque Deus é infinito em poder e sabedoria, não há dúvida de que Ele poderia ter criado o universo e tudo o que ele contém num instante, ou em seis segundos, ou seis minutos ou seis horas - afinal de contas, com Deus, nada é impossível (Luke 1:37).
Para a questão: 'Porque é que Deus demorou tanto tempo? Porquê seis dias?' A resposta é também dada em Exodus 20:11 e é a base do Quarto Mandamento: "Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto contém, e descansou no sétimo; por isso o Senhor abençoou o dia de Sábado e santificou-o."
A semana de sete dias não tem outra base a não ser as Escrituras. Nesta passagem do Antigo Testamento, Deus manda o Seu povo, Israel, trabalhar durante seis dias e descansar um - mostrando-nos assim porque razão Ele deliberadamente levou seis dias para criar tudo. Ele estabeleceu o exemplo para o homem. A nossa semana é moldada a partir deste princípio. Mas se Ele tivesse criado tudo em seis mil, ou seis milhões de anos, seguido de um descanso de mil anos ou um milhão de anos, então teríamos uma semana bem interessante!
Alguns dizem que Êxodo 20:11 é somente uma analogia no sentido de que o homem deve trabalhar e descansar - e não que significa seis dias comuns literais seguidos de um dia comum literal. Contudo, estudiosos bíblicos mostraram que este mandamento 'não usa analogia ou pensamento arquétipo mas a sua ênfase é "declarada em termos da imitação de Deus ou um precedente divino que deve ser seguido"'20 Por outras palavras, é mesmo para ser seis dias literais de trabalho, seguidos de um dia literal de descanso, tal como Deus trabalhou seis dias literais e descansou um.
Alguns argumentam que os 'céus e a terra' é somente a Terra e talvez o sistema solar, não o universo todo. Contudo, este versículo claramente diz que Deus fez tudo em seis dias - seis dias normais consecutivos, tal como o mandamento no versículo anterior para trabalhar durante seis dias normais consecutivos.
A frase 'céu(s) e terra' nas Escrituras é um exemplo de uma figura de estilo chamada de merismo, onde dois opostos são combinados num único conceito que abarca tudo, neste caso a totalidade da criação. Uma análise linguística das palavras 'céu(s) e terra' nas Escrituras mostra que se referem a toda a criação (o hebraico não tem uma palavra para 'universo'). Por exemplo, em Genesis 14:19 Deus é chamado 'Criador do céu e da terra'. Em Jeremiah 23:24 Deus fala de si próprio como preenchendo o 'céu e a terra'. Ver também Genesis 14:22, 2 Kings 19:14, 2 Chronicles 2:12, Psalms 115:15, 121:2, 124:8, 134:3, 146:6, Isaiah 37:16.
Portanto, não há forma de restringir Êxodo 20:11 à Terra e à sua atmosfera, ou só ao sistema solar. Assim, Êxodo 20:11 mostra que todo o universo foi criado em seis dias normais.

Implicação

Como os Dias da Criação são dias de duração normal, ao somar os anos que nos são dados nas Escrituras (assumindo que não há hiatos nas genealogias 21), podemos concluir que a idade do universo é somente cerca de seis mil anos. 22

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