quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Teriam alguns líderes da Igreja adulterado os escritos de Ellen White para advogar a doutrina da Trindade?

Na tradução dos escritos de Ellen G. White ao português, o termo “Godhead” (Divindade) acabou sendo vertido algumas vezes como “Trindade” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 671; Testemunhos Para Ministros, pág. 392; Evangelismo, pág. 617; Cristo Triunfante, 25 de julho, pág. 213; ibidem, 21 de outubro, pág. 301). Também a expressão “the heavenly trio” (o trio celestial) foi traduzida como “a trindade celeste” (Evangelismo, pág. 615). Em espanhol, essas expressões foram vertidas literalmente como “Divindade” e “o trio celestial”. Mas o conceito de uma Divindade composta por três Pessoas distintas (Pai, Filho e Espírito Santo) é claramente expresso nos escritos de Ellen White, e não depende de qualquer tradução interpretativa. Em outras palavras, mesmo que se mantenha uma tradução literal dos termos, o conceito permanece inalterado. Já a alegação de que a liderança da Igreja Adventista tenha inserido nesses escritos o conceito da Trindade é uma falsa acusação, não endossada por
uma análise honesta dos textos originais de Ellen White (ver “Original Sources for Ellen White’s Statements on the Godhead Printed in Evangelism, págs. 613-617” [Silver Spring, MD: Ellen G. White Estate, 2003). Os defensores dessa teoria normalmente comparam escritos paralelos de Ellen White para depois alegar que, se alguns conceitos foram por ela expandidos ou enunciados de forma diferente, tais modificações não foram feitas pela própria autora, e sim por outras pessoas mal intencionadas. Se os profetas não podem expandir e clarificar conceitos previamente enunciados, como explicar então as diferentes perspectivas de determinados eventos descritos nos evangelhos sinóticos de Mateus, Marcos e
Lucas?
Os antitrinitarianos não se intimidam em afirmar que a expressão “batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mat. 28:18) é uma declaração herética que não se encontra no texto original de Mateus, embora não existam quaisquer variantes textuais nos manuscritos gregos mais antigos que comprovem essa alegação. Uma pesquisa no CD-ROM em inglês The Complete Published Ellen G. White Writings (versão 3.0) revela que essa expressão aparece cerca de 166 vezes nos escritos publicados de Ellen White, algumas das quais são republicações. Se essa expressão fosse herética e espúria, como querem alguns, por que então a Sra. White a usou já em 1854 em seu livro Supplement to the Christian Experience and Views of Ellen G. White (pág. 19)? Por que Deus não lhe esclareceu essa questão?
Se analisarmos cuidadosamente as 166 vezes em que aparece a expressão “batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” nos escritos publicados de Ellen White, bem como as demais declarações nas quais ela se refere às três Pessoas da Divindade, perceberemos que muitas delas foram publicadas ao longo de sua existência, e ela jamais reclamou de qualquer suposta adulteração dos seus escritos por terceiros! Cuidadosa como sempre foi com a
integridade de seus escritos, ela jamais teria deixado de detectar essas supostas alterações e jamais as teria tolerado. Por que teria Deus “iluminado” algumas pessoas apenas a partir da década de 1990 a respeito disso? Lamentavelmente, porém, tais pessoas consideram as citações de Eusébio da Cesaréia (ca. 260-ca. 340 d.C.) sobre o batismo apenas em nome de Jesus como bem mais confiáveis do que as declarações de Ellen White a respeito do batismo “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.
A maioria dos antitrinitarianos adventistas alega crer no Espírito de Profecia. Mas a obra deles acaba gerando descrença nos escritos de Ellen White, pois estes são tidos como não sendo mais confiáveis por terem sido “adulterados” pela liderança da igreja. Sem sombra de dúvidas, esta é uma das mais sutis estratégias satânicas para tornar sem efeito o Espírito de Profecia. A própria Sra. White advertiu que “o último engano de Satanás será exatamente anular o testemunho do Espírito de Deus” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 78), pois
"não havendo profecia, o povo se corrompe" (Prov. 29:18). Não estariam as alegações de adulteração dos escritos de Ellen G. White cumprindo a predição contida nesta advertência?
Por mais lógica e atrativa que possa parecer, a teoria da adulteração dos textos originais da Bíblia e dos escritos de Ellen G. White só é aceitável àqueles que não acreditam que Deus preservou a integridade conceitual desses textos em suas respectivas línguas originais. Embora existam interpolações ao texto bíblico original e problemas de tradução, Deus não permitiu que ensinos heréticos fossem acrescidos às Escrituras em suas línguas originais. De acordo com Ellen White, “se não quisermos construir nossas esperanças celestiais sobre um falso fundamento, precisamos aceitar a Bíblia como se lê e crer que o Senhor quer dizer o que diz” (Testimonies for the Church, vol. 5, pág. 171). E o mesmo princípio é aplicável também aos escritos que constituem a manifestação moderna do Espírito de Profecia para a Igreja remanescente do tempo do fim.
Por Alberto R. Timm (artigo publicado na revista do Ancião em out – dez 2005)

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