quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Os Livros Apócrifos

O termo apócrifo, é comumente usado para a coleção de 14 ou 15 livros ou partes de livros que em algum tempo foram colocados entre os livros do Velho e do Novo Testamentos.
Para nós designa os livros que não faziam parte do Cânon Hebraico, que não são inspirados, porém, foram anexados à Septuaginta e à Vulgata Latina.
Etimologicamente a palavra significa oculto, escondido longe. É uma das palavras que tem sofrido várias transformações semânticas, pois seu sentido tem variado com o tempo e com diferentes grupos sociais que a têm empregado. Nos dias de Jerônimo designava a literatura “falsa”, isto é, não inspirada.
O vocábulo tem sido usado diferentemente por estudiosos católicos e protestantes. Para os protestantes apócrifo significa que o livro não fazia parte do cânon hebraico, portanto não inspirado, enquanto os católicos designam estes livros como deuterocanônicos e denominam de apócrifos os livros que os estudiosos protestantes chamam pseudo-epígrafos.
Estes livros foram escritos durante os dois últimos séculos A.C. e no primeiro século A.D.
A literatura apócrifa é uma importante fonte, não apenas para o conhecimento da história, cultura e religião dos judeus, mas também utilíssima para nossa compreensão dos acontecimentos intertestamentários.
Nossos opositores, por vezes, afirmam que as Bíblias protestantes são incompletas, falsas, por não possuírem os livros apócrifos; por isto este assunto precisa ser bem estudado, para que se possa dar uma resposta correta e autorizada sobre este problema. Uma atenta comparação entre esses livros e os textos inspirados, reconhecidos unânime e universalmente pela Igreja de Deus, desde sempre, mostra a profunda e radical diferença que há entre os primeiros e os segundos, no assunto, no estilo, na autoridade e até nos idiomas usados. Só em 15 de abril de 1546 se lembrou a Igreja Católica Romana, pelo Concílio de Trento, de incluir esses livros no cânon Bíblico, como inspirados, impondo-os assim aos seus fiéis. São livros de leitura histórica edificante e úteis como subsídio aos estudos das antigüidades religiosas judaicas.
A estudiosa obreira bíblica, Mary E. Walsk, coligiu as principais razões para a rejeição dos apócrifos, por isso prazerosamente as transcrevemos:

Razões da Rejeição dos Livros Apócrifos

I – Escritos Inspirados e Não Inspirados
1. A razão porque 66 livros da Bíblia se harmonizam entre si é que a mesma mente divina inspirou a cada escritor. Se, por exemplo, João tivesse escrito algo que não concordasse com as obras de Moisés, seríamos obrigados a rejeitar seu Evangelho, as Epístolas e o livro do Apocalipse.
2. Os primeiros livros constituem o critério para todos os outros chamados inspirados. Se as doutrinas dos livros apócrifos não concordam em cada ocasião com aquilo que Moisés escreveu, não devem achar-se no Cânon da Palavra Inspirada.
3. Os livros apócrifos ensinam doutrinas que são contrárias ao que Moisés e outros profetas escreveram. Por essa razão não foram colocados entre os outros livros do Velho Testamento, nos dias de Esdras.
4. Nem Cristo nem os apóstolos citaram os livros apócrifos. S. Jerônimo os rejeitou da Bíblia Latina, por não estarem escritos em hebraico.
5. A Igreja Católica, no Concílio de Trento, colocou os livros apócrifos no mesmo nível de igualdade com os outros livros inspirados da Bíblia. Todos aqueles que não aceitassem os apócrifos, como de igual autoridade com as Escrituras, seriam anatematizados (amaldiçoados) pela mesma igreja.
II – Os Apócrifos Não São Inspirados
Por que continua a Igreja Católica a apegar-se a estes escritos não inspirados? É porque suas doutrinas fictícias confirmam os falsos ensinos da igreja; como por exemplo as orações pelos mortos, as curas falsas, haver virtude em queimar o coração de um peixe para espantar os maus espíritos, dar esmolas para libertar da morte e do pecado, e a salvação pelas obras. Seguem-se algumas razões pelas quais rejeitamos os apócrifos:
1. Ensino da Arte Mágica:
Tobias 6:5-8. “Então, o anjo lhe disse: toma as entranhas deste peixe e guarde para ti seu coração, o fel e seu fígado. Pois são necessários para medicinas úteis. . . Logo, Tobias perguntou ao anjo e lhe disse: Eu te rogo, irmão Azarias, para quais remédios são boas essas coisas, que tu pediste separar do peixe. E o anjo, respondendo, lhe disse: Se puseres um pedacinho do seu coração sobre as brasas, seu fumo há de espantar toda a espécie de demônios, seja de um homem ou de uma mulher, de modo que não possam mais voltar a eles.”
Tal ensino não se dá em nenhuma outra parte das Escrituras. O coração de um peixe não possui poder mágico e sobrenatural para espantar “toda a espécie de demônios.” É inexplicável acreditar-se que Deus tivesse mandado a um de Seus anjos dar a Tobias ou a algum outro homem o conselho de praticar semelhante arte feiticeira.
Satanás não pode ser expulso por algum truque. Qualquer pessoa que pretenda usar alguma das artes aludidas para executar coisas sobrenaturais não procede de acordo com os 66 livros dos Escritos Inspirados.
S. Marcos 16: 17. Cristo afirma que Satanás seria expulso em Seu nome.
Atos 16:18. Paulo mandou o espírito sair da mulher em NOME DE JESUS CRISTO. Ela foi livrada do poder maligno. Tudo isso não se harmoniza com os escritos de Tobias.
2. Dar Esmolas Purifica do Pecado
Tobias 12:8, 9. “A oração é boa como o jejum e esmolas; é melhor do que guardar tesouros de ouro, pois, esmolas livram da morte, e é o mesmo que espia os pecados e conduz à misericórdia e vida eterna.”
Se ofertas caridosas pudessem expiar os nossos pecados, não teríamos necessidade do sangue de Jesus Cristo.
I S. Pedro 1:18, 19. Somos salvos, não por coisas corruptíveis, como prata e ouro ou esmolas, mas pelo sangue precioso de Cristo. A doutrina da Igreja Católica é – “Obras de Satisfação.”
Eclesiástico 3:33. “As esmolas rebatem os pecados.” Não se atribui ao poder de Cristo, segundo essa frase, mas às obras. (S. Judas 24).
3. Pecados Perdoados pela Oração
Eclesiástico 3:4. “Quem amar a Deus, receberá perdão de Seus pecados pela oração.”
Os pecados não se perdoam pela oração. Se fosse assim, não teríamos necessidade de Jesus. Todos os povos pagãos fazem orações, mas os pecados não se perdoam somente pela oração.
Prov. 28:1; 1 S. João 1: 9. A confissão e a renúncia do pecado por Jesus Cristo é o que ensina a palavra veraz.
I S. João 2: 1, 2. Cristo, nosso Advogado, pode perdoar o pecado.
4. Orações pelos Mortos
II Macabeus 12:42-46, “E, fazendo uma arrecadação, mandou doze mil dracmas de prata a Jerusalém para ser oferecido um sacrifício pelos pecados dos mortos, e fez bem em pensar religiosamente na ressurreição, (pois, se não tivesse esperança que os que haviam sido mortos ressuscitassem novamente, haveria de ser supérfluo e em vão orar pelos mortos). E considerava que, os que haviam adormecido no temor de Deus, alcançaram para si muita graça. Portanto, é um pensamento santo e nobre orar pelos mortos para que sejam libertos dos pecados.”
A Igreja Católica afirma que estes versículos lhe autorizam a doutrina do purgatório. Orações e missas pelos mortos são aceitas e o devoto católico crê nelas. Excede a imaginação a quantidade de dinheiro que aflui todos os anos aos cofres da igreja pelas missas em favor dos mortos. É uma fonte de grandes rendas.
5. Destino Selado por Ocasião da Morte
Atos 2:34. Consoante à Palavra de Deus, os mortos não vão ao lugar da recompensa. Davi, um homem segundo o coração de Deus, ainda não acendeu ao céu.
Isa. 38:18. Os mortos levados à sepultura “não esperarão em Tua verdade.” Ao falecer alguém, seu destino está selado aqui e pela eternidade. Todas as preces e sufrágios dos vivos não lhe são de proveito.
Lucas 16:26. “E, além disso, está posto um grande abismo.” Não há passagem ou graduação desde o lugar de sofrimento até às delícias do céu.
Isa. 8:20. São rejeitados os livros dos Macabeus por ensinar doutrinas contrárias às que se acham em outras partes da Bíblia. “À Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.”
6. O Ensino do Purgatório
Sabedoria 3:1-4. “Mas, as almas dos justos estão na mão de Deus; e o tormento da morte não as tocará. Aos olhos dos ignorantes pareciam eles morrer e sua partida foi considerada desgraça. E, sua separação de nós, por uma extrema perda. Mas, eles estão em paz. E, embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperança está plenamente na imortalidade.”
A Igreja Católica baseia a sua crença da doutrina do purgatório nestes versículos citados: “Embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperança está plenamente na imortalidade.”
“Os tormentos” nos quais se acham os “justos”, diz a Igreja, referem-se ao fogo do purgatório, onde os pecados estão sendo expiados.
“Sua esperança está plenamente na imortalidade”, pois a igreja interpreta isso, declarando que após suficiente tempo de sofrimento no meio do fogo, poderão passar para o céu.
I S. João 1:7. Esse ensino aniquila completamente a expiação de Cristo. Se o pecado pudesse ser extinguido pelo fogo, não teríamos necessidade do nosso Salvador.
Trechos de Obras Católicas:
“Se pudéssemos contemplar essas boas almas no purgatório, não as esqueceríamos. Sedentas estão clamando enquanto nós estamos descansando e bebendo. O desassossego as tortura enquanto nós estamos dormindo. Nós folgamos, enquanto grandes dores as torturam. Fogo ardente as consome, enquanto nós estamos banqueteando. Elas clamam por auxílio daqueles que outrora lhes eram caros. Imploram piedade, as orações e os sacrifícios que se prometeram.”
“Pela oração suavizamos a agonia das almas no purgatório. Pelo sacrifício aceleramos a sua libertação. O que estamos nós como indivíduos, fazendo em favor de nossos mortos? É um dos mistérios da vida esquecermo-nos tão facilmente daqueles que nos precederam, enquanto devíamos lembrar-nos deles onde estão, visto estar à nossa disposição a mais eficaz ajuda. Segundo palavras do Concílio de Trento, ‘há um purgatório e as almas nele são confortadas pelos sufrágios dos fiéis, especialmente pelo mais aceitável sacrifício do altar’. Lembremo-nos de nossos mortos pela missa. Mandemos rezar missas por eles.” – Jesuit Seminary News, Vol. 3, n.º 9 (Nov. 15, de 1928), pág. 70.
7. O Anjo Relata uma Falsidade
Tobias 5:15-19. “O anjo disse-lhe (a Tobias): Guiá-lo-ei para lá (o filho de Tobias) e o farei voltar a ti. E Tobias lhe disse (ao anjo): Eu te rogo, dize-me, de que família ou de que tribo és tu? E Rafael, o anjo, respondeu: . . . Eu sou Azarias, o filho do grande Ananias. Respondeu-lhe Tobias: Tu és de uma grande família.”
Se um anjo de Deus mentisse acerca de sua identidade, tornar-se-ia culpado de violação do nono mandamento.
S. Lucas 1:19. Confrontando esta declaração com o que está registrado no livro de Tobias, compreenderemos logo porque Cristo nunca Se referiu aos livros apócrifos.
8. Uma Mulher Jejuando Toda Sua Vida
Judith 8:5, 6. “E ela fez para si um aposento separado no andar superior de sua casa no qual vivia com suas servas. Seu vestido era de cabelo de crina e ela jejuava todos os dias de sua vida, com exceção dos sábados, das luas novas e demais festas da casa de Israel.”
Esta passagem é parecida a outras lendas católicas romanas, com respeito a seus santos canonizados. Uma mulher dificilmente jejuaria toda sua vida, com exceção de um dia da semana e algumas outras ocasiões durante o ano. Cristo jejuou quarenta dias, porém não toda a Sua vida.
9. Outra Contradição Bíblica
Judith 9:2. “Ó Senhor Deus, do meu pai Simeão, a quem deste a espada para executar vingança contra os gentios.”
Jesus não tinha nenhuma relação com o fato de ser dada “a espada para executar vingança” contra os habitantes de Siquém.
Gên. 34:30. Notemos o que Jacó, o pai de Simeão, disse, conforme se acha registrado em Gênesis: “Tendes-me turbado, fazendo-nos cheirar mal entre os moradores desta terra.”
Gên. 49:5-7, ao estender a sua bênção antes de morrer, pronunciou uma maldição sobre Simeão e Levi, por seu ato cruel. Disse ele: ‘maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura’. E, devido a isso, haviam de ser divididos e espalhados em Israel.
Rom. 12:19. A vingança pertence a Deus. É Ele quem há de recompensar.
Rom. 12:17. Não tornemos mal por mal. Simeão estava fazendo justamente o contrário. O livro de Judith deve ser colocado entre os livros não inspirados, e não deve ter lugar no Cânon.
10. A Imaculada Conceição
Sabedoria 8:19 e 20. “E eu era filho entendido e recebi uma boa alma. E, sendo que era mais entendido, cheguei a um corpo incontaminado.”
Os católicos usam este texto para sustentar a sua doutrina que Maria nascera sem pecados.
S. Lucas 1:30-35. Houve somente um Ser de quem os Escritos Sagrados declaram que fora concebido imaculado e este Ser é nosso Salvador.
Salmo 51:5; Rom. 3:23. Essa asserção é outra das doutrinas que os livros das Escrituras Sagradas não apoiam.
11. Ensinos da Crueldade e do Egoísmo
Eclesiástico 12:6. “Não favoreças aos ímpios; retêm o teu pão e não o dês a eles.”
Poderá alguém pensar que Deus havia de inspirar a algum homem a escrever semelhante conselho? Eis, o que está escrito:
Prov. 25:21, 22. “Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o Senhor te retribuirá.”
Rom. 12:20. O apóstolo Paulo, que teve de sofrer muito nas mãos de seus inimigos, citou essas palavras dos provérbios em sua epístola aos Romanos.
S. João 6:5. Certamente Cristo, quando andou neste mundo, alimentou a muitos de Seus perseguidores.
S. Mat. 6:44-48. Em Seu sermão da Montanha mencionou a regra cristã a ser seguida e explicitamente nos exorta a amar, abençoar e orar pelos nossos inimigos.

III – Fracassam as Provas para Apoiar os Apócrifos

Ainda há outras referências nos livros apócrifos para provar que sua origem não é divina. Mas, já foi dito suficiente neste estudo para vindicar a expulsão desses livros do Cânon de nossa Bíblia.
Isa. 8:20. “À Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.” (Transcrito de “O Pregador Adventista” maio-junho de 1950, pp. 16 a 19)
São Jerônimo, que foi o primeiro a usar o termo “apócrifo” rejeitou estes livros com toda a veemência, porque eles não se achavam na Bíblia Hebraica dos judeus. Diz ele que estes livros por não se acharem no cânon hebraico deveriam ser postos entre os apócrifos, e usados somente para edificação da Igreja e não para confirmar doutrinas. No livro Our Bible and the Ancient Manuscripts de Frederic Kenyon, páginas 84 e 87 há estas afirmações:
“Os livros apócrifos de Esdras, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I e II Macabeus, juntos com as adições a Daniel e Ester, não foram traduzidos ou revisados por Jerônimo.”
“Ele desejou rejeitar inteiramente os livros apócrifos, porque eles não tinham lugar na Bíblia Hebraica corrente. Ele realmente consentiu, relutantemente, em fazer uma rápida tradução do livro de Judite e Tobias, mas os demais ele os deixou intocáveis. Apesar de tudo isso, eles continuaram a achar lugar na Bíblia latina; e a Vulgata como adotada finalmente pela Igreja de Roma, contém estes livros na forma em que eles têm permanecido, antes dos dias de Jerônimo, na Velha Versão Latina.”
Santo Agostinho que foi contemporâneo de São Jerônimo, pois viveu de 354 a 430 A.D., discordou frontalmente das idéias do autor da Vulgata, quanto aos livros apócrifos. O bispo de Hipona defendeu um cânon do Velho Testamento constituído de 44 livros, incluindo entre eles os apócrifos e alguns pseudepígrafos. Para ele apócrifo não significava “espúrio” ou “falso”, mas simplesmente livros cujos autores eram desconhecidos.
Em 1562 a Igreja da Inglaterra declarou que os apócrifos podem ser lidos com proveito, mas não há neles autoridade doutrinária. Apesar da confissão de Westminster, em 1643, que declarou como matéria de fé que os livros apócrifos não são de inspiração divina, algumas igrejas protestantes inseriram em suas Bíblias todos ou alguns destes livros. Só no século passado (1826) houve uma exclusão definitiva das edições publicadas pela Sociedade Bíblica. Os reformadores fundamentando-se na autoridade exclusiva da Palavra de Deus, rejeitaram os apócrifos, desde que a autenticidade destes livros se baseava na tradição.
Edições Bíblicas protestantes, como a Bíblia de Zurique e a Bíblia de Genebra, fizeram separação entre os livros canônicos e os apócrifos. Publicaram os apócrifos no fim do Velho Testamento, precedidos de algumas observações judiciosas:
“Aqui estão os livros que se acham enumerados pelos antigos entre os escritos bíblicos, e que não são encontrados no cânon hebraico . . . É verdade que eles não devem ser desprezados, porque contêm doutrinas úteis e boas. Ao mesmo tempo, é justo que o que foi dado pelo Espírito Santo, deve ter preeminência sobre o que veio do homem.”
A igreja católica apega-se a estes livros não inspirados porque eles sancionam alguns de seus falsos ensinos, como: oração pelos mortos, salvação pelas obras, a doutrina do purgatório, dar esmolas para libertar as pessoas do pecado e da morte.

Lista dos Livros Apócrifos

Embora haja muita divergência quanto ao número dos livros apócrifos, o Comentário Bíblico Adventista, vol. VIII, páginas 50-53, citando pela ordem em que eles aparecem na R. S. V, apresenta a seguinte lista:
1. O Primeiro Livro de Esdras;
2. O Segundo Livro de Esdras;
3. Tobias;
4. Judite;
5. Adições ao Livro de Ester;
6. A Sabedoria de Salomão;
7. A Sabedoria de Jesus o Filho de Siraque, ou Eclesiástico;
8. Baruque;
9. A Carta de Jeremias;
10. A Oração de Azarias e o Canto dos Três Jovens;
11. Susana;
12. Bel e o Dragão;
13. A Oração de Manassés;
14. O Primeiro Livro dos Macabeus;
15. O Segundo Livro dos Macabeus.
Os Sete Apócrifos Mais Importantes
Os sete mais importantes são: I e II Macabeus, Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruque. Os quatro primeiros são históricos; Sabedoria de Salomão e Eclesiástico são poéticos, mas também chamados de Sapienciais, Baruque é profético.
Sinteticamente tratam dos seguintes assuntos:
Os livros de Macabeus contam a história da revolta contra a opressão síria, liderada pela família dos Macabeus.
Tobias é um conto para ilustrar o mérito de uma vida caritativa e virtuosa.
Judite é uma lição de patriotismo, na ação destemida de uma viúva judia, que se serviu dos artifícios de sua beleza para assassinar o general do exército inimigo.
Sabedoria é um louvor à sabedoria de Deus. O autor se apresenta na pessoa de Salomão. É certamente uma ficção literária, Foi escrito no primeiro século a.C.
Eclesiástico – em grego chamado “Sabedoria de Jesus, Filho de Siraque”, é um compêndio de ética. O texto original se perdeu; resta a tradução grega.
Baruque – profeta quase completamente desconhecido.
Há belos trechos nos livros apócrifos, como estas passagens do Eclesiástico, capítulo 26, onde se exalta a alegria pujante da vida conjugal.
“Feliz o marido que tem uma mulher virtuosa, ele dobra o número dos seus dias. A mulher valorosa é a delícia de seu marido, que desfruta seus dias em paz. Uma mulher virtuosa é uma boa sorte, que é concedida a quem teme a Deus: rico ou pobre tem o coração contente e o rosto sempre alegre.”
“A graça de uma mulher alegra o marido e o saboreio nela fortalece os ossos dele.
Dom de Deus é uma mulher calada, e não há nada que valha uma mulher bem educada.
Graça sobre graça é uma pudica mulher, e não há preço que iguale uma casta alma.
O sol brilha no alto dos céus, e a beleza de uma mulher virtuosa adorna sua casa.”

Apócrifos do Novo Testamento

Os apócrifos do Novo Testamento não constituem nenhum problema, porque são rejeitados por todas as igrejas cristãs.
Não podíamos esperar algo diferente diante da fragilidade de seus escritos. Basta citar um exemplo do Evangelho de São Tomás:
“Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado, disse: não continuarás tua carreira. Imediatamente, o menino caiu morto. Seus pais correram a falar a José; este repreende a Jesus que castiga os reclamantes com terrível cegueira.”
Este relato, que não se coaduna com a sublimidade dos ensinos de Cristo, é suficiente para provar que este evangelho é espúrio.
Os Judeus perceberam que a inspiração profética terminara com Esdras. Esta é a conclusão a que chegamos através das palavras de Flávio Josefo.
“Desde Artaxerxes até os nossos dias, escreveram-se vários livros; mas não os consideramos dignos de confiança idêntica aos livros que os precederam, porque se interrompeu a sucessão dos profetas. Esta é a prova do respeito que temos pelas nossas Escrituras. Ainda que um grande intervalo nos separe do tempo em que elas foram encerradas, ninguém se atreveu a juntar-lhes ou tirar-lhes uma única sílaba; desde o dia de seu nascimento, todos os judeus são compelidos, como por instinto, a considerar as Escrituras como o próprio ensinamento de Deus, e a ser-lhes fiéis, e, se tal for necessário, dar alegremente a sua vida por elas.” (Discurso Contra Ápion, capítulo primeiro, oitavo parágrafo).
Segue-se uma lista dos apócrifos do Novo Testamento apresentada pelo professor Benedito P. Bittencourt em seu livro O Novo Testamento – Cânon, Língua, Texto, pág. 45.
Apócrifos do Novo Testamento:
1. “Evangelhos: Evangelho segundo os Hebreus; Evangelho dos Egípcios; Evangelho dos Ebionitas; Evangelho de Pedro; Protoevangelho de Tiago; Evangelho de Tomé; Evangelho de Filipe; Evangelho de Bartomeu; Evangelho de Nicodemos; Evangelho de Gamaliel; Evangelho da Verdade.
2. Epístolas: I Clemente, As Sete Epístolas de Inácio; aos Efésios, aos Magnésios; aos Trálios, aos Romanos, aos Filadélfios, aos Esmirnenses e a Policarpo; a Epístola de Policarpo aos Filipenses; a Epístola de Barnabé.
3. Atos: Atos de Paulo; Atos de Pedro; Atos de João; Atos de André; Atos de Tomé.
4. Apocalipses: Apocalipse de Pedro; o Pastor de Hermas; Apocalipse de Paulo; Apocalipse de Tomé; Apocalipse de Estêvão.
5. Manuais de Instrução: Didaquê ou o ensino dos Doze Apóstolos: 2 Clemente; Pregação de Pedro.
Os vários “Atos” apócrifos estão repletos de fantasia. Um deles merece rápida referência, embora seja pura ficção, refiro-me ao Atos de Paulo, por apresentar um retrato imaginário, mas curioso de Paulo. Declara ser ele um “homem de pequena estatura, sobrancelhas sem separação, nariz avantajado, calvo, pernas arqueadas, de compleição forte, exuberante em graça, pois que às vezes parecia homem, às vezes revelava a face de um anjo.”
Texto de Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 17.

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