quinta-feira, 7 de julho de 2011

Os Dois Concertos

Paulo estabelece em II Coríntios 3, um contraste entre dois Concertos, a saber:


dois concertos

O Velho Concerto, foi com sangue de animais (Hebreus 9:19 e 20). O Novo Concerto foi com o sangue de Jesus.

A base fundamental destes dois Concertos foi uma só: Os Dez Mandamentos, chamados de Lei Moral. A função da Lei é revelar o pecado (Romanos 7:7). O objetivo da Lei é levar o homem a Cristo. (Romanos 2:13).

Jesus no Templo

II Coríntios 3:3 - “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.”

Tábuas de “pedra e de carne”: Isto é uma metáfora, para comparar os dois Concertos. Leia o que diz o profeta, nas palavras seguintes:

Jeremias 31:31 a 33 - “Eis que vem dias, diz o Senhor, em que fareis um Concerto Novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o Concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o Meu Concerto, apesar de Eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o Concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor:

‘Porei a Minha Lei no seu interior, e a escreverei no seu coração: e Eu serei o seu Deus e eles serão Meu povo.”

Deus está falando de um Novo Concerto e Se refere à mesma Lei que escreveu com o Seu dedo no Sinai. Portanto, nada há de indicativo do cancelamento da Lei Moral. Observe:

Ezequiel 11:19 e 20 - “E lhes darei um mesmo coração e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei de sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Para que andem nos Meus estatutos, e guardem os Meus juízos (leis), e os executem; e eles serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus.”

Hebreus 8:10 - “Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as Minhas Leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu serei por Deus, e eles Me serão por povo.”

No Novo Concerto, a Lei de Deus seria impressa não em pedra, mas em carne (no coração). Isso prova que jamais seria abolida. Sem sombra de dúvida, sob o evangelho, só pode participar do Novo Concerto que tenha conhecimento da Lei de Deus, pois ela será colocada no coração do crente.

O que é concerto?


Diz o dicionário ser: Combinação, acordo. Concerto não é uma Lei, mas um pacto normativo entre duas pessoas. Neste caso, com o povo de Deus, os cristãos. E a norma ou base é a Lei Moral.

Se Deus acabar com o objeto (norma/base) do Seu acordo, como saberá se a outra parte (nós) está cumprindo o acordo?

Qual legislador executará a sentença se não possuir uma lei reguladora?

Quando Deus julgar o mundo (João 12:47, Atos 17:31), o fará através desta Lei (Tiago 2:12). Como faria, estando cancelada?

Por conseguinte, o problema de II Coríntios 3 não é o cancelamento da Lei de Deus, porque o próprio Paulo diz que a fé não anula a Lei ( Romanos 3:31). Em nenhuma hipótese ou circunstância a Lei Moral pode ser abolida, porque ela é base, o fundamento do governo de Deus no presente e o será no futuro, para todos os Seus súditos fiéis e leais.

“Ministério da Morte” - (II Coríntios 3:7)
“Ministério da Condenação” - (II Coríntios 3:9)

“Sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hebreus 9:22). Se alguém transgredisse a Lei Moral deveria morrer. Todavia, o pecador poderia conseguir um substituto para assumir o seu lugar.

O Velho Concerto foi estabelecido nesta base: “A alma que pecar, esta morrerá” (Ezequiel 18:20). A Lei realiza sua função (ministério da condenação). Ao revelar o pecado, exige a morte do pecador (ministério da morte).

Quando pecava (transgredindo a Lei de Deus), o que, então, fazia o pecador? Adquiria um cordeiro sem defeitos físicos e o levava ao sacerdote para ser morto pelo seu pecado. Hoje a base (Lei Moral – único instrumento que revela o pecado) continua a mesma, apenas, o sacrifício é melhor. O Cordeiro é Jesus, o “Cordeiro que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

“Letra que Mata” – (II Coríntios 3:6)


A função (ministério) da Lei era definida. Sua “letra que mata”, resultava evidentemente em morte para os transgressores. Hoje, porém, a função (ministério) da Lei continua, mas “baseada na justiça de Cristo através da ação do Espírito Santo no coração do pecador, resulta em vida.”

Assim, “o primeiro ministério foi letra mortal, por inadimplemento por parte do povo. O último, ‘Espírito que vivifica’, por ser Cristo que habilita o homem a obedecer.” Em ambos os Concertos, nada sugere a abolição da Lei de Deus.

“Foi Abolido” – (II Coríntios 3:14)


Quanto ao que foi “abolido”, é claro, foi o Velho Concerto e não a Lei de Deus. O Novo Concerto permanece, e a Lei Moral como sua eterna base, continua em vigor. Enquanto houver o pecado, a Lei terá que existir. Ela é o mais perfeito instrumento que Deus possui para revelar o pecado. Mas, indagará alguém: Estaria Deus circunscrito a uma Lei para definir o pecado?

O que é pecado?


Você pode dizer: beber, fumar, falar palavrão são pecados. Sim! Mas Deus em Sua suprema sabedoria, enfeixou todo o pecado, sob quaisquer espécie, nome ou títulos, em Dez Mandamentos. Por isso a melhor definição para o pecado é bíblica:

“Pecado é transgressão da Lei de Deus.” (I João 3:4). Por isso, a Lei só perderá seu valor quando o pecado acabar.

” Em Glória” – (II Coríntios 3:10)


O Sinai foi envolvido em glória quando Deus proclamou a Lei. Porém, maior glória viu a Terra quando Cristo desceu do Céu para “salvar o povo dos seus pecados” (Mateus 1:21). A glória de Jesus no Sinai, produziu reflexos no rosto de Moisés, que precisou cobri-lo com um véu. Mas, a glória de Jesus em pessoa na Terra, visível e palpável entre os homens, empalideceu a glória do Sinai.

Cristo exaltou a Sua Lei (Isaías 42:21), libertando-a da grande quantidade de tradições (39 classes de regulamentos impostas pelos rabis), que levavam as pessoas a considerá-la fardo pesado. Ele esclareceu-a, explicou-a, honrou-a e obedeceu-a. Jesus tornou-a muito mais gloriosa. E quando pediu que orássemos para não transgredir o Sábado (Mateus 24:20), Jesus demonstrou, de fato, ser uma Lei por demais gloriosa.

O texto de II Coríntios 3, menciona duas palavras que muitos cristãos sinceros aplicam à Lei de Deus, equivocadamente. Ei-las:

Abolido - Está claro que é o Velho Concerto.
Transitório - Esta palavra não pode referir-se à Lei Moral, porque:

1. Paulo em nenhum lugar da Bíblia falou contra ela.
2. Paulo, dezenas de vezes realça a santidade, legitimidade, utilidade e necessidade dela.
3. O Senhor Jesus mencionou cinco dos Dez Mandamentos dessa Lei, para o jovem rico, dizendo-lhe da necessidade de observá-la, para entrar na vida eterna. (Mateus 19:16 a 19).
4. Na Nova Terra (Isaías 66:22 e 23), o Sábado será eternamente o Dia do Senhor.
5. Deus não se contradiz.
6. A grande maioria dos cristãos não admite o cancelamento de Nove Mandamentos desta Lei, mas apenas um (4.º Mandamento).
7. Deus não daria uma lei nas circunstâncias que fez, para depois dizer que foi cancelada ou que só valeria para um povo, uma época ou ocasião.
8. Na Lei, especificamente no quarto mandamento, está o selo de Deus, isto é: Seu nome: “Senhor teu Deus”. Seu cargo ou posição: “Fez os Céus e a Terra”. Território sobre que domina: “Os Céus e a Terra”. Abolindo a Lei de Deus, a idolatria se generalizaria na proliferação de deuses.

O texto de II Coríntios 3, apresenta apenas a função da Lei. Paulo jamais poderia concluir pela ab-rogação dela neste texto isolado, senão contraditaria dezenas de outros textos seus, que exaltam a Lei de Deus. Portanto, transitório e fadado a extinção foi o Velho Concerto que abrigava o Sistema Sacrifical.

Charles Spurgeon: “Antes de vir a fé, éramos mantidos sob a lei, retidos dentro da fé que depois se revelaria. Por essa causa a lei era nosso aio para conduzir-nos a Cristo, a fim de sermos justificados pela fé. Digo-vos que, pondo de parte a lei, despojastes o evangelho de seu auxiliar mais competente. Tiraste dele o aio que leva os homens a Cristo. Eles nunca aceitarão a Graça sem que tremam perante uma lei justa e santa. Por conseguinte, a lei serve ao mais necessário e bendito propósito, e não deve ser removida do lugar que ocupa.” – C. H. Spurgeon, The Perpetuity of the Law of God, pág. 11.

Willian Carey Taylor: “Seria uma bênção se cada púlpito do mundo trovejasse ao povo a voz divina do Decálogo, pois a lei é o aio para guiar a Cristo.” – W. C. Taylor, Os Dez Mandamentos, pág. 5.

Perceba este detalhe:


II Coríntios 3:13 – “E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.”

Por que o véu era posto sobre o rosto de Moisés e não sobre as tábuas de pedra?

A Lei de Deus é fato consumado em toda a Bíblia, e confirmado por todos os escritores bíblicos, inclusive o próprio Paulo.

Portanto, isto não é forte argumento para se concluir que o que era transitório foi o reflexo de glória que ficou na face de Moisés?

II Coríntios 3:14 e 15 - “… Porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do Velho Concerto (nunca Velho Testamento), o qual por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.”

“Deles” quem? – Paulo esta se referindo aos “judaizantes”.

Paulo escreveu esta epístola em 52-54 d.C., nesta ocasião os judeus teimavam em praticar o ritual (lei Cerimonial) que por Jesus foi abolido ao morrer no Calvário. Somente no ano 70 com a destruição do Templo pelos romanos é que cessou “definitivamente” o que fora transitório. Este texto de II Coríntios 3, jamais financia a abolição de 39 livros da Bíblia, como afirma em seu livro, o pastor pentecostal Antenor Santos de Oliveira. Nele Paulo realmente se refere à  Lei Moral escrita em tábuas de pedra, porque ela era, e é o único instrumento que Deus tem para revelar o pecado. Paulo diz claramente que o que foi abolido é o Velho Concerto e não o Velho Testamento.

Semelhanças entre os dois concertos:


Ambos são chamados concertos.
Ambos foram ratificados com sangue.
Ambos foram feitos com base na Lei de Deus.
Ambos foram feitos com o povo de Deus.
Ambos foram estabelecidos sobre promessas.

“… Moisés mesmo estava inconsciente da brilhante glória que irradiava da face, e não sabia porque era que os filhos de Israel fugiam dele quando se lhes aproximava. Chamou-os para junto de si, mas não ousavam olhar para aquela face glorificada. Quando Moisés percebeu que o povo não lhes podia mirar o rosto, por causa de sua glória, cobriu-o com o véu.

A glória do rosto de Moisés era muitíssimo penosa para os filhos de Israel, por motivo de sua transgressão da santa Lei de Deus. Isto é uma ilustração dos sentimentos dos que violam a lei divina. Desejam remover dela sua luz penetrante, que é um terror para o que a transgride, ao passo que para os leais ela se afigura santa, justa e boa. Apenas os que têm justa consideração para com a Lei de Deus podem estimar devidamente a expiação de Cristo, tornada necessária pela violação da Lei do Pai.” - Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág 232.

Os Verdadeiros Obedientes Não Cairão


“Mas quando o mundo anular a Lei de Deus, qual será o efeito sobre os que são verdadeiramente obedientes e justos? Serão levados pela forte corrente do mal? Porque tantos se enfileiram sob a bandeira do príncipe das trevas, hão de os que guardam os Mandamentos de Deus apartar-se de sua fidelidade? Nunca!

Nem um dos que permanecem em Cristo falhará ou cairá. Seus seguidores curvar-se-ão em obediência a uma autoridade superior à de qualquer potentado terrestre. Ao passo que o desprezo lançado sobre os Mandamentos de Deus leva muitos a suprimir a verdade e mostrar por ela menos reverência, os fiéis hão de com maior zelo manter erguidas suas verdades distintivas. Não somos deixados a nossa própria direção.

Devemos reconhecer a Deus em todos os nossos caminhos, e Ele dirigirá nossas veredas. Devemos consultar-Lhe a Palavra em humildade de coração, pedir-Lhe o conselho, e submeter nossa vontade à Sua. Nada podemos fazer sem Deus.” - Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 368.
Fonte: Artigo extraído do livro "O Selo de Deus na Lei", no capítulo 7

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