segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Relato da Pitonisa de En-Dor


Como vocês harmonizam com sua crença na inconsciência do ser humano na morte o relato bíblico da médium de En-Dor, que trouxe de volta Samuel para falar com o rei Saul? (Veja 1 Sam. 28:7-19.)


SAUL ORDENOU AOS SEUS SERVOS: “APONTAI-ME UMA MULHER QUE SEJA MÉDIUM, PARA QUE ME ENCONTRE COM ELA E A CONSULTE.” VERSO 7, Eles encontraram tal mulher em En-Dor. 


A mulher indaga:
“Quem te farei subir?”“Respondeu ele [Saul]: Faze-me subir Samuel.” Verso 11. Um momento depois a mulher disse: “Vejo um deus que sobe da terra. ... Vem subindo um ancião e está envolto numa capa.” Versos 13 e 14. “Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? ... O Senhor entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo.” Versos 15-19.

Essa narrativa não diz nada acerca da descida do profeta Samuel do Céu nessa ocasião. Saul usa as palavras “faze-me subir”. A médium usa expressões iguais ou semelhantes: “subir”, “que sobe da terra”, “vem subindo”. E a Samuel são atribuídas palavras equivalentes: “fazendo-me subir”. 

Se alguém pudesse recorrer a esse excêntrico e trágico relato, seriamos nós que acreditamos que, quando os mortos voltam ao mundo, eles “sobem da terra”. Mas, ao procurar evidência a respeito da condição humana na morte, não consideramos seguro nos apoiar nos eventos e conversações de uma sessão espírita infestada de demônios e condenada por Deus. 

Contudo, visto que os crentes na imortalidade da alma apelam para essa sessão espírita, gostaríamos de indagar: como vocês harmonizam todas essas declarações com a sua crença? Vocês acreditam que os justos mortos estão em cima no Céu, não embaixo “na terra”. Pode “subindo da terra” significar descendo do Céu?

Além disso, a narrativa assim descreve “Samuel”: “Um ancião
envolto numa capa.” É desse modo que um espírito imortal apareceria? Ele realmente assume um corpo? Se é assim, onde obtém ele o corpo? Se fosse respondido que houve uma ressurreição, responderíamos que tal confissão prejudica todo o argumento, porque cremos que os mortos podem ser ressuscitados. Mas não cremos que o diabo tem poder para ressuscitar os mortos, e certamente Deus não estava às ordens dessa médium, que se achava sob o divino edito de morte por praticar feitiçaria (veja Lev. 20:27; Deut. 18:10 e 11).

Ora, o relato posteriormente nos diz que Saul chegou ao clímax do seu pecaminoso procedimento cometendo suicídio (veja 1 Sam, 31:4). Mas “Samuel”, prevendo a morte de Saul, declara: “Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo.” Por favor, digam-nos: onde habitava Samuel, se o suicida Saul iria estar com ele? Realmente, nos maravilhamos de que aqueles que crêem na doutrina da imortalidade natural tragam à baila este relato bíblico. 

Com isso, eles fazem Samuel “subir da terra”, quando, segundo o seu ponto de vista, ele deveria estar no Céu; e fazem o ímpio Saul ir para “estar com” o santo Samuel, sendo que, em vez disso, esse suicida real, como se supõe, iria para o inferno.

Mas por que o relato fala de “Samuel”, se ele realmente não estava ali? O registro não diz que Saul viu “Samuel”, porque, quando a médium gritou, ele perguntou: “Que vês?” E um momento depois:
“Como é a sua figura?” Se Samuel realmente estivesse ali, por que Saul não o teria visto? Eram somente os olhos da feiticeira suficientemente penetrantes para discernir “um ancião ... envolto numa capa”? Lemos: “Entendendo Saul que era Samuel.” A palavra “entendendo” é de uma palavra hebraica diferente de “vendo”. O significado é que Saul compreendeu, ou concluiu, como resultado da descrição dada pela médium, que Samuel estava presente.

A médium praticou um engano contra Saul. Ela, enganada também pelo diabo, provavelmente achava que via Samuel. Saul, por sua vez, aceitou sua explicação. Portanto, a narrativa bíblica simplesmente descreve essa sessão espiritualista em termos de suposições da médium e de Saul. 

Esta é uma regra literária conhecida como a linguagem da aparência. Quando o relato diz “Samuel”, podemos compreendê-lo simplesmente como significando aquela aparição gerada pelo diabo que sem dúvida apareceu, e que eles supunham que fosse Samuel.


- Francis D. Nichol, Respostas a Objeções. 

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