segunda-feira, 12 de março de 2012

Atos, capítulo 10, que fala sobre animais limpos e imundos. “No Novo Testamento Está tudo liberado?”


Vamos começar lendo Atos 10:9-16 “No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar.  Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase;  então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas,  contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu.  E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come.  Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda.  Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum.  Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu”. (Atos 10:9-16).
Para entendermos um texto, temos de examinar o seu “contexto”, ou seja, ver o que vem “antes” e “depois” do verso e também “qual era o objetivo do autor ao escrever tal declaração”.
A resposta de Pedro foi: “… de modo nenhum, Senhor; porque jamais entrou em minha boca qualquer coisa comum ou imunda. Segunda vez, falou a voz do céu: Ao que Deus purificou não consideres comum”. (Atos 11:8-9).
Se lermos o contexto do verso (capítulos 10 e 11) vamos compreender qual o significado da declaração “ao que Deus purificou não consideres comum”.   “Morava em Cesaréia um homem de nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus. Esse homem observou claramente durante uma visão, cerca da hora nona do dia, um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe disse: Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus. Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro.  Ele está hospedado com Simão, curtidor, cuja residência está situada à beira-mar.  Logo que se retirou o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus domésticos e um soldado piedoso dos que estavam a seu serviço  e, havendo-lhes contado tudo, enviou-os a Jope”. (Atos 10:1-8).
Na cidade de Cesaréia morava um homem de nome Cornélio. Mesmo não sendo judeu, ele buscou a Deus e o Senhor mandou um anjo para confortar Cornélio de que Deus o ouviu; para poder saber melhor o plano de Deus para sua vida, deveria mandar chamar (conforme a ordem do anjo) um homem chamado Pedro.
O objetivo de Deus era com que Pedro evangelizasse este homem. Atendendo a ordem do anjo, Cornélio mandou mensageiros á cidade de Jope para chamar Pedro. Enquanto eles estavam indo a caminho, Pedro tinha subido ao eirado para orar; quando começou a ficar com fome, Deus deu uma visão a ele: “Então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas,  contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu.  E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come.  Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda.  Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum.  Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu”. (Atos 10:11-16).
O que significava aquela visão? Continuemos a leitura. Atos 10:17. “Enquanto Pedro estava perplexo sobre qual seria o significado da visão, eis que os homens enviados da parte de Cornelio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam junto à porta”.
Note que Pedro não entendeu o que significava aquela visão. Enquanto ele meditava acerca da visão (verso 19), o Espírito Santo disse: “Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu os enviei”. (Atos 10:19-20). Pedro obedeceu e foi com eles conforme Deus havia ordenado. Ao chegar na casa de Cornélio esperando por ele com seus parentes e amigos (verso 24), com o objetivo de ouvir seus ensinamentos; e entender o porque Deus o tinha dado esta visão, disse: “A quem se dirigiu, dizendo: Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo”. (Atos 10:28).
Percebeu? Pedro era judeu e, de acordo com a lei deles, um judeu não devia misturar-se com alguém de outra raça para não se contaminar. Com esta visão, Deus mostrou a Pedro que a nenhum homem deve-se considerar comum ou imundo. Podemos ver claramente que “o lençol com animais imundos representava Cornélio e os gentios”; Quando Deus disse para Pedro “matar e comer” e “não considerar imundo o que Deus purificou”,estava dizendo que não era para considerar “os gentios” (e Cornélio) como imundos e indignos de receber o evangelho. Deus não faz acepção de pessoas. O fato de Pedro dizer: “jamais comi coisa alguma comum e imunda” demonstra que ele nunca comeu carne imunda, seguindo assim a orientação da Bíblia.
Agora leia comigo estes versos que irão esclarecer melhor ainda. Comecemos com Atos 10:33 “… Portanto, sem demora, mandei chamar-te, e fizeste bem em vir. Agora, pois, estamos todos aqui, na presença de Deus, prontos para ouvir tudo o que te foi ordenado da parte do Senhor”. Ao Cornélio relatar a Pedro que tinha tido uma visão (leia os versos 29-33), Pedro viu que, pelo modo como ocorreram as coisas, foi algo de Deus e disse: “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável”. (Atos 10:34-35).
Podemos concluir que nestes versos Deus não está dando permissão para usarmos alimentos imundos; simplesmente está ensinado a Pedro que a nenhum homem considere imundo, pois todos são dignos, pelo sangue de Jesus, de receber o evangelho e salvação. Poder examinar se quiser o capítulo 11, onde Pedro defendeu-se perante os apóstolos por ter levado o evangelho aos gentios.
Deus não insinuou nem de perto (com esta visão) de que suas leis dietéticas foram abolidas. As orientações de Levítico 11 servem para todos os povos de todas as épocas, pois nosso organismo não é diferente das pessoas do passado (nosso organismo não é ‘mais forte’ a ponto de podermos comer coisas imundas; é muito provável que o organismo humano naquela época tenha sido muito mais saudável que o nosso hoje); a ciência comprova isto.

domingo, 11 de março de 2012

Por que Deus fez o mundo em seis dias e não em sete?

A Bíblia resume a criação da seguinte maneira: ?Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera?. (Gênesis 2:1-3).
Deus poderia ter feito o mundo em um segundo se quisesse; Ele é onipotente (Salmo 91:1; Ezequiel 1:24). Creio que não o fez para que pudesse desfrutar melhor de suas obras criadas juntamente com suas criaturas.
Não sabemos todas as razões as quais levaram Deus a fazer o mundo em seis dias e não em sete. Mas algo que pode servir para que entendamos pelo menos um pouco, é o fato de que Deus queria fechar sua obra com o descanso do 7o Dia, pois este dia é o estabelecido por Ele, para que descansássemos de nossas obras e lembrássemos de nosso Criador. O Sábado é um memorial do Criador e da criação. Êxodo 30:8-11 apresenta a seguinte recomendação: ?Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.
Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou?. (Êxodo 20:8-11).
Ao guardarmos este dia santificado e abençoado por Deus, demonstramos crer que não estamos aqui por acaso, ou por ‘evolução’, mas sim que cremos em um Deus Criador de todas as coisas e o adoramos e amamos.
Que melhor maneira haveria de Deus concluir a obra da criação estabelecendo o último dia como sendo de descanso, para que tenhamos a oportunidade de contemplarmos com Ele suas lindas obras criadas e para que fortaleçamos nossos laços de amor com o Senhor. Isaías 56:2 diz que a pessoa que faz isso é feliz ou, como diz a Bíblia, bem-aventurada. ‘Bem-aventurado o homem que faz isto, e o filho do homem que nisto se firma, que se guarda de profanar o sábado e guarda a sua mão de cometer algum mal’. (Isaías 56:2).
Outro fator que levou Deus a fazer tudo em seis dias talvez tenha sido com o propósito de nos ensinar a importância da ‘organização’. Deus fez tudo em seis dias mostrando que o ‘planejamento’ é muito importante para que tenhamos êxito naquilo que fazemos. Deus é um ‘Deus de ordem’ (I Coríntios 14:33). Santifique o dia de sábado; desfrute da comunhão total com Deus neste dia e serás ‘bem-aventurado’ ao fazer a vontade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Esconderijo- Salmo 91

Desenhos para Colorir- Livro Nasce Jesus

Clique nas imagens para ampliar!











Autoria: Katiuscia Glusti
Ilustrações:  Didier Martin

Deus pode perdoar um necromante e assassino dos próprios filhos?

Deus pode perdoar um assassino ou estuprador?
O que é justificação pela fé?
O Pentateuco foi escrito por Moisés?
Nabucodonozor escreveu parte da Bíblia?
Foi Jesus ou Deus Pai que criou o mundo?
O diabo pode manipular nossos sonhos?
Hebreus 4:9-11. Deus mudou o dia de Guarda?
A lei de Moisés foi abolida na Cruz?
Jesus curava por seu poder ou pelo poder do Pai?
Qual a importância do Jejum?

Religião sem máscara


Os escribas e fariseus eram adeptos da religião do faz de conta. Achavam que a prática de rituais fosse indício de religião autêntica. Mas, certo dia, eles foram desmascarados por Alguém que, usando um infalível aparelho de ressonância espiritual, viu cada centímetro quadrado da matéria putrefata em que consistia a vida deles: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” (Mt 23:27).


Não há muita diferença entre os “sepulcros caiados” do tempo de Jesus e os de hoje. Existe muita caiação religiosa entre nós. Essa postura merece um nome nada agradável: hipocrisia.


Os hipócritas gostam de se vangloriar. Além disso, não se apercebem de que constituem um entrave ao crescimento espiritual da igreja e à obra de evangelização. Algumas pessoas saem da igreja porque se escandalizam com a religião do faz de conta. O prejuízo causado por uma religião de epiderme é tão grande que Jesus deu nome ao cemitério dos escandalizadores: “profundeza do mar”(Mt 18:6). Contudo, não nos cumpre decidir quem deve ir para esse lugar, porque presunção espiritual também causa escândalo.


Vamos dar alguns exemplos de sepulcros caiados, a fim de nos prevenirmos contra a síndrome da religião de aparência.


É tempo de sermos formosos por fora e por dentro


1. Faça o que digo, mas… Todos nós conhecemos o ditado: “Faça o que digo, mas não faça o que faço.” No lar, na escola e na igreja, o abismo entre as coisas que ensinamos e as que deixamos de fazer é um desserviço à obra do Senhor.


Na minha adolescência, trabalhei numa fábrica de alimentos. Todos os dias eu conversava com um funcionário que, aparentemente, era honesto. Com a boca, ele defendia os princípios da igreja e, com as mãos, se esmerava no trabalho, mas tinha o hábito de furtar produtos da fábrica! Quando eu soube disso, fiquei decepcionado, mas, com o passar do tempo, entendi que meu grande exemplo é Jesus.


A igreja perde muito quando alguns exigem isso e aquilo dos membros, mas não praticam o que ensinam.


2. Sou mais santo do que você. Essa atitude é também comprometedora, pois caracteriza aqueles que se ufanam de sua religiosidade. Alguns optam pela aparência exterior, como se isso fosse sinal de vida espiritual exemplar. Exaltam regras e normas, tentando segui-las à risca, mas negligenciam o desenvolvimento das virtudes cristãs.


No campo do estilo de vida, tais pessoas são reducionistas, pois acham que não comendo isso nem bebendo aquilo são cristãos genuínos. Sim, precisamos de uma reforma na área de saúde, mas esse processo começa pelo coração. Em primeiro lugar, o coração de pedra precisa ser transformado em coração de carne. Depois, vem a luta contra a carne. Não nos esqueçamos de que Deus é quem deve ser glorificado: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, [...] e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co 6:19, 20).


3. O que me interessa é aparecer. Característica marcante dos portadores da síndrome de “sepulcros caiados” é o desejo de serem vistos. Ora, a igreja é lugar para serviço desinteressado, não para culto ao ego. Há pessoas que, se não estiverem na posição de comando, não servem para nada. Isolam-se e veem defeito em tudo. O que, na verdade, desejam é mostrar suas habilidades e ser elogiadas por sua capacidade empreendedora. Essa atitude também esconde um homem interior putrefato, carente do poder regenerador do Espírito.


A grande motivação de uma pessoa transformada interiormente é o desejo de proclamar, pelo exemplo e por palavras, a superioridade e excelência do Filho de Deus: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Ap 5:12).


Conclusão – Quando nos despojarmos das máscaras mencionadas acima, reconheceremos nossa indignidade e passaremos a depender do poder do Alto. Então, seremos formosos por fora e por dentro.


Rubens Lessa é editor da Revista Adventista.rubens.lessa@cpb.com.br

sábado, 10 de março de 2012

O que Jesus quis dizer quando afirmou que ‘Maria escolheu a melhor parte’?

Vamos ao texto bíblico de Lucas 10:38-42: ‘Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha’ Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.
Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada’. Ao Jesus falar que Maria escolheu a melhor parte, Ele estava se referindo a Ele mesmo, pois estar envolvido com o Senhor é melhor do que dedicar tempo somente aos afazeres diários.
Marta não deveria de cuidar somente das coisas da casa, mas sim cuidar em ‘estar na companhia de Jesus’ como fez sua irmã. Este exemplo Deus deixou na Bíblia para advertir as donas de casa hoje, que não dedicam tempo para estarem com o Senhor Jesus, através da guarda do Sábado – que se preocuparem apenas com o serviço doméstico.
A intenção de Jesus aqui não é dizer que os trabalhos domésticos não sejam importantes, mas sim ensinar às mulheres de hoje que elas devem separar um tempo diário (e também semanal, através da guarda do Sábado) para estarem em íntima comunhão com Jesus.
Não basta apenas cuidar da casa e não cuidar a vida espiritual. Deus deve ser o primeiro em nossas afeições e
cuidados: ‘Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas’. (Mateus 6:33). Que maravilhoso seria se todas as mulheres seguissem o exemplo de Maria, que descansou um pouco de suas tarefas e ‘quedou- se assentada aos pés de Jesus para ouvir-lhe os ensinamentos!’. (verso 39).

O Arrependimento de Deus e do Homem

O leitor da Bíblia ao chegar a passagens como Gênesis 6:6; I Samuel 15:11 e Jonas 3:10 que declaram que Deus se arrependeu e posteriormente confrontá-las com Números 23:19;I Samuel 15:29; Salmo 110:4 e Hebreus 6:17 que afirmam ser impossível que Deus se arrependa, pensará que existe grande contradição na Palavra de Deus quanto ao arrependimento divino.
Com a finalidade de dissipar dúvidas sobre a veracidade da palavra inspirada e para que declarações aparentemente conflitantes sejam esclarecidas esta monografia foi preparada. Para que este objetivo seja alcançado é necessário pesquisar diretamente nas línguas originais em que o Velho e o Novo Testamento foram escritos, porque estas nos fornecem elementos convincentes.

O Que é Arrependimento?

Afirmou Billy Graham que se o vocábulo arrependimento pudesse ser descrito com uma palavra, ele usaria o vocábulo renúncia. E esta renúncia seria o pecado.
O primeiro sermão pregado por Jesus foi: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.”
Devemos a salvação unicamente à graça de Deus, mas a fim de que o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário se torne eficaz ao crente, é preciso que ele se arrependa do pecado e aceite a Cristo através da fé.
O arrependimento é mencionado 70 vezes no Novo Testamento. Jesus disse: “. . . se, porém não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”
Que significaria a palavra arrependimento para Jesus?
Qualquer um de nossos dicionários a definirá como “sentir tristeza, ou lamentar.” Porém, a palavra no original hebraico e grego tem uma conotação muito mais ampla por significar mais do que lamentar e sentir tristeza pelo pecado.
Arrependimento na Bíblia significa “mudar ou voltar-se”. A Palavra indica que deve haver uma completa mudança no indivíduo.
Pedro mostrou com seu arrependimento que estava disposto a transformar sua vida, a seguir uma nova direção. De outro lado, Judas entristeceu-se, sentiu remorso, mas não se arrependeu.
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “arrependimento é sinônimo de compunção, contrição. Insatisfação causada por violação da lei ou de conduta moral e que resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações.”
Como um termo teológico é o ato de abandonar o pecado, aceitando a graciosa dádiva da salvação de Deus, entrando para o companheirismo com Ele.
Arrependimento evangélico tem sido definido como mudança de pensamento, que leva a novo modo de agir. Em outras palavras, é a revolta consciente e definitiva do homem contra seu próprio pecado.
Arrependimento significa tornar-se outra pessoa. “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de medo algum entrareis no reino dos céus”. Mateus18:3.
Russell Norman Champlin assim define arrependimento:
1º) “É um ato divino que transforma o homem, mas que depende de reação positiva do homem, uma vez inspirada pela fé.”
2º) “É o começo do processo da santificação.”1
“Consiste de uma revolução naquilo que é mais determinativo na personalidade humana, sendo o reflexo, na consciência, da radical mudança operada pelo Espírito Santo por ocasião da regeneração.”2

Arrependimento no Velho Testamento

No hebraico são encontrados dois vocábulos para expressar a idéia de arrependimento.
1. hbb – Naham. É o arrependimento de Deus e corresponde ao grego metamélomai. As seguintes passagens bíblicas confirmam a sua existência. Gênesis 6: 6 e 7; Êxodo 32: 14; Jonas 3:9 e10.
Deus é imutável em seu ser, na sua perfeição e em seus propósitos. O arrependimento divino não traz mudança do seu ser, do seu caráter, mas apenas mudança em sua maneira de tratar com os homens. O arrependimento de Deus é uma referência à alteração que se realiza na sua relação para com o homem. O exemplo dos ninivitas nos ajuda a compreender o arrependimento de Deus. A cidade não foi destruída porque o povo se arrependeu de suas más obras. Deus mudou o seu tratamento devido à mudança operada no povo. O arrependimento de Deus (Naham) foi uma conseqüência do arrependimento do povo (Shubh).
Na International Standard Bible Encyclopaedia, vol. IV, pág. 2.558 se encontra a seguinte explicação:
“A palavra hebraica Naham é um termo onomatopaico, que significa dificuldade em respirar, como gemer, suspirar, e também lamentar, magoar-se, compadecer-se e, quando a emoção é produzida pelo desejo do bem dos outros, chega a significar compaixão e simpatia; quando, porém, se refere ao próprio caráter e atos, significa lastimar, arrepender-se. A fim de adaptar a linguagem à nossa compreensão, Deus é representado como alguém que se arrepende, quando retarda as penalidades que tem de aplicar ou quando o mal a sobrevir é desviado por ter havido uma reforma genuína (Gênesis 6:6; Jonas 3:10).”
II. dd` – Shubh – arrependimento do homem.
Este vocábulo hebraico corresponde ao grego metanoéo.
A palavra significa girar, voltar ou retornar, e é aplicada quando a pessoa deixa o pecado e se volta para Deus de todo o coração.
Se pecado etimologicamente significa falhar em atingir o alvo, desviar-se do caminho certo; arrepender-se é retornar ao caminho correto ou total retorno da pessoa a Deus.

O Arrependimento no Novo Testamento

Assim como há no hebraico duas palavras, uma para expressar o arrependimento divino e outra o humano, existem também em grego duas diferentes palavras para transmitir estes dois tipos de arrependimento.
I. O verbo usado em grego para o arrependimento de Deus é metamelomai – metamélomai.
Metamélomai pode ser traduzido por pesar, sentir tristeza, remorso, mudança de sentimento. Ter cuidado ou preocupação por alguém ou alguma coisa. Etimologicamente significa mudar uma preocupação por outra.
Possuindo Deus caráter e atributos imutáveis Ele é perfeito, logo não pode mudar nem para melhor nem para pior. No entanto, a imutabilidade divina não consiste em agir sempre da mesma maneira. Há casos e circunstâncias que podem ser alterados.
Strong nos esclarece sobre a imutabilidade de Deus:
“Deus, embora imutável, não é imóvel. Se Ele, coerentemente, segue um curso de ação segundo a justiça, Sua atitude precisa ser adaptada á toda mudança moral nos homens. A imutável santidade de Deus requer que Ele trate os ímpios diferentemente dos justos.
“Quando os justos se tornam ímpios, seu tratamento a respeito destes deve mudar. O sol não é volúvel ou parcial porque derrete a cera, enquanto endurece o barro; a mudança não está no sol, mas nos objetos sabre os quais brilha. A mudança no tratamento de Deus para com os homens é descrita antropomorficamente como se ocorressem mudanças no próprio Deus.”3
II. Metanoeo – metanoéo é o verbo usado em grego para o arrependimento do homem.
Dicionários e comentários nos informam que significa:
a) Uma mudança de mente, de pensamento
b) Literalmente significa pensar diferentemente.
c) Teologicamente a palavra inclui não somente mudança da mente, mas uma nova direção da vontade, propósito e atitudes.
O verbo metanoéo é usado em o Novo Testamento 32 vezes.
O arrependimento inclui três aspectos:
1º) O aspecto intelectual, ou seja, o reconhecimento, pelo homem, do erro de sua vida, sua culpa diante de Deus, sua incapacidade para, em suas próprias forças agradar a Deus. Sendo o homem um ser intelectual, Deus somente se agrada em ser adorado por meio de um processa racional.
2º) O aspecto emocional – tristeza pelo seu pecado como uma ofensa contra um Deus santo e justo. Os sentimentos não são equivalentes ao arrependimento, mas podem conduzir a um verdadeiro arrependimento, porque o verdadeiro arrependimento não pode provir de um coração frio ou indiferente.
3º) O aspecto da vontade ou volitivo – mudança de propósito, resolução íntima contra o pecado e disposição para buscar de Deus o perdão, purificação e poder. Este é o mais importante dos elementos, pois Deus pode apelar à pessoa para se converter, chamá-la ao arrependimento, mas como Deus dotou o homem com o livre arbítrio, somente este pode ou não aceitar o perdão divino; somente o próprio homem pode escolher arrepender-se ou não.
Apesar das ponderações anteriores, o arrependimento, no mais profundo sentido está além das forças ou do poder humano. Ellen G. White declara: “O arrependimento, bem como o perdão, são dons de Deus por meio de Cristo.”4
É importante compreender (como insiste Morris Venden, o autor de Meditações Matinais, 1981, nos dias 22 a 31 de maio) esta verdade fundamental. Não podemos primeiro arrepender-nos para depois ir a Cristo. Devemos ir a Ele como estamos e Ele irá transformar a nossa vida.
Paulo em Romanos 2:4 nos asseverou com muita objetividade que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento.
O arrependimento é um passo decisivo na vida do cristão, desde que a Bíblia no-lo apresenta como uma das condições para a salvação. As seguintes citações bíblicas corroboram para esta afirmação:
Mat. 3:1 e 2 – “Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.”
Mat. 4:17 – “Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.”
Luc. 13:3 – “… Se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”
A Pena abalizada de Ellen G. White confirma a nítida distinção entre o arrependimento divino e humano.
“O arrependimento de Deus não é como o do homem. ‘Aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa.’ I Samuel 15:22. O arrependimento de Deus implica uma mudança de circunstâncias e relações. O homem pode mudar sua relação para com Deus, conformando-se com as condições sob as quais pode ser levado ao favor divino; ou pode pela sua própria ação, colocar-se fora da condição favorável, mas o Senhor é o mesmo, ontem, hoje e eternamente. Heb. 13:8.”5
“O arrependimento quando referente a Deus significa uma mudança de atitude, ou um voltar atrás. Nesse sentido é que a expressão é usada em I Sam. 18:8. Deus não modifica seu propósito, porém o homem, sendo um agente moral livre, pode modificar a realização do propósito divino. O relato de Jonas sobre a destruição de Nínive nos mostra que houve uma mudança de atitude com relação a Deus, e Ele também mudou Seu procedimento, isto é, arrependeu-se do mal de que lhes ameaçara.”6

Dois Exemplos Distintos de Arrependimento Encontrados na Bíblia

1º) O arrependimento de Pedro.
Após a negação do Mestre, quando o olhar compassivo e perdoador de Cristo lhe penetrou na alma, ele se rendeu à influência benfazeja do amor. Lucas 22:62 afirma que ele chorou amargamente. Esta é a tristeza que opera o arrependimento que conduz à salvação – II Cor. 7:9-10. O arrependimento de Pedro foi o metanoéo que modificou toda a sua vida. Ele estava triste por causa do seu pecado. Sua trágica queda por ocasião do julgamento de Cristo, seguida de seu arrependimento e subseqüente reabilitação, aparece como sendo o ponto de conversão de sua vida e caráter. Daí por diante, e com uma única exceção (Gál. 2:11-13), ele nos é apresentado como nobre apóstolo, com dignidade, coragem, prudência e firmeza de propósito.
2º) O arrependimento de Judas.
Em Mateus 27:3 se encontra o verbo metamélomai, que em algumas traduções aparece traduzido por arrepender-se, mas o seu arrependimento foi somente no sentido de tristeza ou remorso pelo seu pecado, e não no sentido de mudança de vida, de abandono do pecado. Essa tristeza segundo o mundo é a que opera a morte (II Cor. 7:10).
Judas não sentiu profundo pesar por haver traído a Cristo, mas tristeza por perceber que seus planos falharam.
O verbo metamélomai foi usado porque o seu arrependimento foi apenas mera tristeza, desespero, sem nenhuma mudança da mente (metanoéo).
Cristo sabia que o traidor não se arrependera verdadeiramente.
A pena inspirada confirma esta declaração:
“Até dar esse passa Judas não passara os limites da possibilidade de arrependimento. Mas quando saiu da presença de seu Senhor e de seus condiscípulos, fora tomada a decisão final. Ultrapassara os termos.”7

Conclusão

A idéia principal na afirmação de que Deus se arrependeu, nada tem a ver com falhas e pecados como acontece com o homem, mas apenas a sua mágoa com o mau procedimento humano e o seu desejo de sustar o curso do mal.
Rendamos sempre graças a Deus porque no seu infinito amor ele se entristece com o nosso pecado e muda o seu tratamento, quando nos arrependemos de nossas obras más.
Deus é imutável, mas a mutabilidade humana faz com que ele mude o seu trato para conosco.
Referências
1. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. III, pág. 68.
2. O Novo Dicionário da Bíblia, vol. 1, pág. 141.
3. A Teologia Sistemática de Strong, pág. 124.
4. Testemunhos Seletos, de Ellen G. White, vol. II, pág. 94.
5. Patriarcas e Profetas, de Ellen G. White, pág. 630.
6. SDA Bible Dictionary
7. O Desejado de Todas as Nações, de Ellen G. White, págs. 654 e 655.
Extraído do livro “Explicação de Textos Difíceis da Bíblia” de Pedro Apolinário, Professor de Grego e Crítica Textual no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia.

O Problema da Dor e do Sofrimento Humano


 
As seguintes perguntas nos devem levar à reflexão e a preparar o espírito para melhor compreensão deste tema.
a) É a dor um bem ou um mal?
b) Por que pessoas boas sofrem grandes males, enquanto maus e perversos, muitas vezes, estão livres de infortúnios?
c) O que nos ensina uma melhor lição: a dor, o sofrimento; ou a segurança, a prosperidade?
d) Por que Salomão diz em Ecles. 7:2 que é melhor ir à casa onde há morte, tristeza do que à casa onde há festa, alegria?
e) Se Deus é amor e bondade por que permite Ele o sofrimento em nosso mundo?
f) Sabemos dar uma resposta bíblica satisfatória para o problema da dor e do sofrimento?
Pregação é uma mensagem divina para uma necessidade humana. Creio sinceramente que há grande necessidade de compreender bem o problema da dor e do sofrimento entre nós.
Existem pelo menos quatro idéias apresentando razões para o sofrimento:
1ª) É a Vontade de Deus.
2ª) A pessoa está recebendo o castigo, por causa do seu pecado.
3ª) Sofremos porque Deus nos está disciplinando.
4ª) O sofrimento é causado por Satanás e pelo desobediência ou ignorância do homem.
Estas quatro explicações são apresentadas na Bíblia, especificamente no livro de Jó, mas três são respostas humanas, portanto erradas, enquanto a quarta é de origem divina, logo correta.
Queremos estudá-las para que todos tenhamos boa compreensão deste problema que nos preocupa e a todos atinge.
A finalidade do livro de Jó é apresentar uma solução correta para o problema da dor e do sofrimento.
É a dor um bem ou um mal?
Dor é advertência do perigo, dor é a guarda da vida.
Zenão, filósofo grego, do III século AC. foi o criador do estoicismo. O estoicismo é a doutrina que vê no sofrimento um benefício para o homem. O lema da escola era: Dor tu és uma bênção para nós. Os estóicos sofrem sem se queixarem.

1ª) É a vontade de Deus

Muitos afirmam que as tragédias e os dissabores da vida manifestam a vontade divina.
O poeta Magalhães Muniz expressa esta mesma idéia nestes dois versos:
O sofrimento é lâmpada sagrada,
Que a mão de Deus acende em nossa vida.
Esta é a idéia dos muçulmanos. Devem aceitar o sofrimento como a vontade de Deus. Islamismo significa submissão à vontade divina.
Esta afirmação é totalmente antibíblica.
Poderá Deus desejar que seres humanos criados à sua imagem sofram enfermidades e desgraças?
O próprio Jó, a exemplo de tantos hoje, pela estreiteza da mente era incapaz de compreender os planos divinos.
Jó 30:6 – “Sabei agora que Deus é que me oprimiu.”
Jó 30:11 – “Porque Deus afrouxou a corda do meu arco, e me oprimiu…”
Jó 30:19 – “Deus, tu me lançaste na lama…”
Este raciocínio é humano, mais do que humano é diabólico, jamais endossado na Bíblia.
Deus não foi o causador do sofrimento de Jó – foi Satanás com o objetivo de que o paciente Jó visse a Deus, como um tirano e dele se afastasse.
Não tem ele conseguido este objetivo com muitas pessoas em nosso mundo?
Certo professor duma grande Universidade nos Estados Unidos foi atropelado por um carro, que o atirou ao chão, fraturando-lhe a perna. Depois de restabelecido ao assistir a um serviço religioso disse: “Não creio mais num Deus pessoal. Se houvesse Deus, Ele me teria advertido para eu tomar cuidado com o perigo do carro que se aproximava e me teria salvo dessa desgraça.”

2ª) Com o sofrimento Deus está castigando a pessoa.

O livro de Jó nos parece contraditório, conflitante em algumas de suas afirmações. Fique bem claro que Deus não está aprovando afirmações de Jó e muito menos os conceitos errados dos seus amigos.
Os três amigos de Jó – Elifaz, Bildade e Zofar argumentavam que Deus o estava castigando por causa dos seus pecados.
Elifaz declara em Jó 4:7 – “Lembra-te: acaso já pereceu algum inocente? E onde foram os retos destruídos?”
No capítulo 5, verso 6 ele é mais enfático – “Porque a aflição não vem do pó, e não é da terra que brota o enfado.”
Bildade com suas catilinárias – Jó 8: 4, 10-13 prossegue afirmando que Deus o está castigando porque ele é um pecador.
Como afirmar isto se o próprio Deus havia declarado em Jó 1:1, 8 que ele era um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
“Permitiu que a aflição sobreviesse a Jó, mas não o abandonou. . . . Deus sempre tem provado o Seu povo na fornalha da aflição. É no calor da fornalha que a escória se separa do verdadeiro ouro do caráter cristão.” – Patriarcas e Profetas págs. 129.
No capítulo 11 Zofar acusa Jó de iniquidade.
Quem está certo? Deus ou os homens?
Raciocínios humanos não se devem opor aos ensinamentos divinos. Os amigos de Jó eram pessoas boas e sinceras, mas com noções erradas a respeito do caráter de Deus.
Se passarmos ao Novo Testamento veremos que os discípulos também pensavam da mesma maneira. Encontrando o cego de nascimento perguntaram a Jesus: “Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? A resposta de Cristo é enfática e elucidativa: “Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus”. João 9:1-3.
Calamidades e desastres não significam castigo por pecados pessoais. Bons e maus se acham juntos na Terra e as tragédias sobrevêm a uns e a outros.
Como harmonizar esta declaração com as afirmativas bíblicas de que Deus cuida de seus filhos, que os anjos são seres ministradores enviados a nosso favor?
Após a triste tragédia que atingiu o Pastor José Monteiro, o Pastor _Enoch de Oliveira faz mais ou menos a seguinte declaração perante a Mesa Administrativa do IAE: “Está havendo poucos desastres diante da maneira ousada e imprudente de nossos pastores dirigirem seus automóveis”.
Deus não vai intervir quando nós infringimos as leis do trânsito. Ele não vai operar um milagre, quando alguém cansado e vencido pelo sono, continua dirigindo o seu carro como muitos têm feito e como eu também já fiz. Da mesma maneira que Ele não pode intervir, ajudar-nos ao sermos desrespeitadores das leis da saúde, transgressores de leis criadas por Ele. Mas quantas vezes o povo de Deus não tem sido livrado da morte e dos sofrimentos que Satanás provoca como mundo.
Três vezes Cristo faz referências a Satanás como Príncipe deste mundo: João 12:31; 14:30; 16:11.

3ª) Sofremos porque Deus nos está disciplinando.

Não está esta idéia bastante arraigada em nosso meio?
O quarto acusador de Jó, o jovem Eliú parece ser o pai deste argumento. Isto está bem confirmado no capítulo 33:19 e 29. Há muitos Eliús em nossos dias, bem intencionados, mas totalmente equivocados quanto ao modo de Deus agir com o homem.
Muitos admitem que Deus em Sua infinita sabedoria e bondade submete o homem a uma tortura cruel para purificá-lo.
Alguém afirmou: “O sofrimento é a escada da purificação”.
Em um Estudo Bíblico estampado na Revista Adventista do mês de Abril de 1952 pág. 11, há esta afirmação: “Deus nos purifica mediante a aflição. Isa. 48:10; Jó 23:10.”
Se fosse assim não deveríamos abrandar o sofrimento, porque seria contrário aos planos divinos. Sabemos que é uma obra divina o aliviar a dor. Se a perfeição fosse adquirida pelo sofrimento teríamos a salvação pelas obras. As penitências teriam a aprovação divina. A salvação só é obtida pela graça de Cristo mediante a influência do Espírito Santo no coração.
Note bem: Se Deus usasse a dor, o sofrimento para nossa disciplina haveria uma incoerência com a teologia bíblica que ensina algo diferente. I Cor. 3:16-17. Ainda mais o apóstolo João, em sua terceira carta, verso 2 declara: “Desejo que tenhas saúde”.
Há uma íntima relação entre a saúde do corpo e da alma. A condição física afeta a condição da alma, portanto o sofrimento não pode purificar a alma. Lendo o livro Temperança, especialmente, o capítulo Fumo, notaremos a nítida relação entre a saúde do corpo e da alma.
Mas não diz a Bíblia que Deus corrige, admoesta, disciplina os seus filhos?
Apoc. 3:19 – “Eu repreendo e castigo a quantos amo.”
Heb. 12:6 – “Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita todo filho a quem recebe.”
Sempre que Deus tomou medidas disciplinares com os homens, quando a sua maldade era extrema como no Dilúvio e em Sodoma e Gomorra, antes de fazê-lo enviou mensageiros apelando para que as pessoas se arrependessem. Já o fez e o fará novamente no futuro, mas Isaías 28:21 nos diz que esta obra é uma obra estranha à personalidade divina.
Alguém estará raciocinando assim: “Se as idéias dos amigos de Jó estão relatadas na Bíblia, então elas são certas.”
A resposta a esta afirmação está em Jó 42:7 e 8. Deus repreendeu os amigos de Jó por havê-lo acusado injustamente, por haverem atribuído o sofrimento do patriarca à ira divina.
Através de perguntas que levassem Jó a raciocinar corretamente Deus o convence que tanto ele, quanto seus amigos, não compreendiam corretamente o trato de Deus com o homem. Nos capítulos 38 e 39 encontramos mais de 40 destas perguntas. Estas interrogaç6es, em última análise, visavam mostrar a Jó e a nós que Deus é o Criador e Mantenedor de tudo.
Jó havia lutado com um crocodilo e o havia vencido e domesticado. Jó 41:8. Se Deus se deleitava em cuidar de um animal perigoso e para nós até repulsivo como o crocodilo, quanto mais não cuidaria do homem criado à Sua imagem e semelhança? Deus não se esquecera de Jó, sofrera com ele. Como pois afirmar que Ele era o autor do castigo?
Estará Deus alheio, indiferente às nossas dores e sofrimentos? A Bíblia está repleta de afirmações que mostram a identificação divina com os que sofrem. Os exemplos são muitos, mas estes três são bastante enfáticos:
1º) Salmo 9:9 – “O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação.
2º) Salmo 41:3. O Senhor nos assiste no leito da enfermidade.
3º) II Cor. 1:4. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação.

4ª) Qual a explicação bíblica, divina para a dor e o sofrimento?

A dor surgiu como conseqüência de um desvio das ordens divinas da parte dos nossos primeiros pais.
Prov. 26:2 última parte afirma: “Assim a maldição sem causa não se cumpre.”
A dor e sofrimento não podiam ser criados por Deus, pois são intrusos na criação divina. O culpado por estes males em nosso mundo é Satanás, e o homem que desobedeceu à ordem divina que preceituava – “mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.”
Deus dotando o homem do livre arbítrio, da liberdade, responsabilizou-o pelos seus atos. Apesar de avisado o homem contrariou os desígnios divinos.
Como alguém escreveu muito judiciosamente:
Deus fez o bem – o homem escolheu o mal.
Deus fez o homem justo, o homem procurou a impiedade.
Deus o fez feliz – ele procurou a desgraça e a miséria.
Em essência as Escrituras nos relatam o seguinte:
1º) O homem foi criado perfeito e colocado por Deus num mundo ideal.
A criação original é descrita como muito boa (Gên. 1:31), harmoniosa e ordenada, isenta de sofrimento.
2º) A condição de felicidade era obediência à vontade divina.
3º) Desobedecendo à lei divina o homem acarretou sobre si: sofrimento, miséria e morte.
“A história de Jó mostrara que o sofrimento é infligido por Satanás, mas Deus predomina sobre ele, para fins misericordiosos.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 471.
A sentença divina foi bem explícita – “Com dor terás filhos. Maldita é a terra por causa de ti, com dor comerás dela todos os dias da tua vida.”
A dor apareceu devido à desobediência dos nossos primeiros pais.
O poeta patrício Francisco Otaviano tornou clara a realidade de que todo o ser humano deve sofrer, pois em sua poesia Ilusão da Vida disse:
Quem passou pela vida em branca nuvem,
e em plácido repouso adormeceu;
quem não sentiu o frio da desgraça;
quem passou pela vida e não sofreu,
foi espectro de homem, não foi homem;
só passou pela vida, não viveu.
Annie Johnson Flint escreveu um lindo poema que diz:
Deus não prometeu céus sempre azuis,
veredas semeadas de flores por toda a vida;
não prometeu sol sem chuva,
nem alegrias sem tristeza ou paz sem dor;
mas Deus prometeu forças para o dia,
luz para o caminho, graças para as tribulações,
auxílio de cima, compaixão inalterável e imorredouro amor.
O profeta Daniel, não foi guardado de ir para a cova dos leões; porém o anjo do Senhor esteve, com ele ali.
José era justo, mas foi da mesma maneira para a prisão. As Escrituras dizem: “O Senhor, porém estava com José”. Gên. 39:21.
Se tivermos de enfrentar dores e tribulações devemos estar confiantes que o Senhor estará conosco.
Heb. 13:6 – “Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?”
Deus tolera o sofrimento e pode ser até que por meio de aflições, dores e tribulações esteja nos ensinando algumas lições, que de outro modo não aprenderíamos, mas jamais olvidemos que em todas nossas angústias Ele é angustiado. Isa. 63:9.
“Paulo tinha um sofrimento corporal, tinha má vista. Pensava ele que por meio da oração fervorosa a dificuldade fosse removida. Mas o Senhor tinha o Seu próprio propósito, e disse a Paulo: Não fales mais deste assunto. Minha graça é suficiente. Eu te capacitarei para suportares a enfermidade”. – Comentários de E. G. White, SDABC, Vol. VI, p. 1117.
O sofrimento corporal foi permitido para que ele não se exaltasse. II Cor. 12:7.
Foi João Batista o culpado pelo seu sofrimento da prisão, pelo desfecho trágico de sua existência? Por que Deus permitiu que isto acontecesse é quase inexplicável por argumentos humanos.
Há algumas passagens na Bíblia que não podemos compreender muito bem.
• Salmos 116:15 – “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.”
• Isa. 57:1 – “. . . pois o justo é levado antes que venha o mal.”
O que nos ensina uma melhor lição: o sofrimento, o luto ou segurança e a prosperidade?
Há uma resposta na Bíblia para esta indagação.
Ela se encontra em Eclesiastes 7:2 e 3 – “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.”
Segundo a Bíblia os discípulos de Cristo recebem de Deus a força para suportar os sofrimentos, mas em nenhum lugar ensina um comportamento estóico.
A obra de Cristo consiste em livrar o homem do sofrimento, da corrupção e da morte (Rom. 8:21; I Cor. 15:26), bem como do pecado (Mat. 1:21).
Qual deve ser a nossa atitude para com a dor e sofrimento?
A resposta se encontra em I Pedro 4:16, 19.
Devemos aceitar a dor e o sofrimento com espírito cristão. Eles nos devem levar a confiar mais em Deus.
As aflições aceitas com espírito cristão suavizam as asperezas da vida, controlam as ambições humanas, removem o egoísmo e o orgulho.
Os sofrimentos nos ensinam a paciência e enriquecem a nossa experiência.
Goethe escreveu: “Se tua dor te incomoda faze dela um poema”.
É interessante notar que muitas das mais belas páginas literárias, dos mais belos e sublimes hinos, das mais eloqüentes composições musicais foram inspirados em momentos de profunda tristeza. Foi a dor diante da morte do filho que levou Fagundes Varela a nos brindar com o Cântico no Calvário, uma das mais sublimes páginas da literatura brasileira.
Beethoven, Mozart e Haendel acometidos por cruéis sofrimentos compuseram músicas de imorredoura beleza.

Conclusão

Diante da dor e do sofrimento – os estóicos suportam, os epicuristas procuram o prazer como compensação; os budistas e os hindus, sem esperanças se retiram desiludidos; os maometanos se submetem, pois crêem ser a vontade de Deus. Mas nós firmados na palavra do Senhor os colocamos em seu devido lugar, e até podemos nos alegrar porque eles nos aproximam mais de Deus.
Graças a Deus pela declaração de O Grande Conflito, pág. 676:
“A dor não pode existir na atmosfera do Céu. Ali não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres, manifestações de pesar. ‘Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, … porque já as primeiras coisas são passadas.’ Apoc. 21:4. ‘E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniqüidade.’ Isa. 33:24.”
Se no início da Bíblia há o relato da entrada da dor e do sofrimento, no seu final há promessas de um novo céu e uma Nova Terra, onde tudo isto estará no passado.
Demos Graças a Deus pela orientação segura da sua Palavra, porque esperamos uma Terra onde poderemos viver felizes, sem temor, decepções e sofrimentos.
Extraído da Apostila Explicação de Textos difíceis da Bíblia de Pedro Apolinário.

Cristo é a Pedra e não Pedro como afirma a Igreja Católica – (O Primado de Pedro – Refutado)!)

São Mateus 16:18 tem sido considerado como o texto mais controvertido do Novo Testamento. Nenhum outro tem suscitado tantos problemas e levantado tantos debates.
A Igreja Católica Romana tem pregado através dos séculos, que Cristo nomeou São Pedro chefe dos Apóstolos, primaz de seus colegas, superior hierárquico da ordem clerical, papa da Cristandade.
Se perguntarmos: Mas, onde estão no Novo Testamento os títulos dessa nomeação e dessa transmissão hereditária, três passagens serão citadas:
1) São Mateus 16:18-19.
2) São Lucas 12:31, 32.
3) São João 21:15-17.
Dos três passos citados o único importante para a defesa católica é o de Mateus 16:18, 19. Apelando ainda para a tradição, a igreja de Roma pretende provar estas quatro coisas:
1) Pedro é a pedra fundamental do texto de Mateus.
2) Pedro foi o superior hierárquico dos Apóstolos.
3) Pedro estabeleceu em Roma a sede de seu episcopado.
4) Ele instituiu os bispos de Roma seus herdeiros.
Os líderes católicos romanos chamam de “Primado de Pedro” esta distinção e primazia sobre os demais apóstolos.
A dificuldade exegética de Mat. 16:18, 19 encontra-se na interpretação correta de duas metáforas – pedra e chaves.
Quem é a pedra? O que são as chaves?

Identificação da Pedra

A leitura atenta do contexto é útil para uma melhor compreensão do assunto.
Jesus caminhando para Cesaréia de Filipe pergunta aos discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” Mat. 16:13.
Após várias respostas interroga diretamente os discípulos: “Mas vós quem dizeis que eu sou?”. A resposta de Pedro é imediata e firme: “Tu és o Cristo, e Filho do Deus vivo”. Mat. 16:15-16.
A Igreja Católica Romana ensina que como recompensa a esta confissão. . .
1) Cristo lhe mudou o nome, indicando a posição que ocuparia daí por diante.
2) Edificou a Sua Igreja sobre Pedro.
Cristo não mudou o nome neste momento, mas apenas confirmou o sobrenome que lhe atribuíra no dia do seu chamado. S. João 1:41, 42; S. Lucas 6:14.
Três principais e diferentes interpretações têm sido dadas para identificar a pedra sobre quem Cristo edificou a Sua Igreja:
1ª) A pedra é Cristo.
2ª) A pedra sobre a qual a igreja está edificada é Pedro.
3ª) A pedra é a confissão que Pedro fizera sobre Cristo.
Pais da Igreja, Teólogos e Comentaristas têm lutado com mais ou menos ardor em defesa de cada uma destas alternativas. Antes de discutirmos sobre quem a Igreja foi construída seria bom lembrar estes princípios hermenêuticos:
Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia, pois como disse Irineu: “Se há passagens obscuras, estas se explicam pelas que são mais claras, de tal sorte que a Escritura se explica pela própria Escritura”.
Orígenes apresenta mais ou menos a mesma idéia através das seguintes palavras: o texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados.

A Pedra é Cristo

Teólogos protestantes sempre foram ardorosos defensores da Igreja construída sabre Cristo.
Jerônimo, Agostinho e Ambrósio aplicam a pedra tanto a Pedro como a Cristo. Eis as palavras que aparecem no fim do Evangelho de S. Mateus, tradução da Bíblia do Padre Antônio Pereira de Figueiredo, edição de 1857, de Lisboa, pág. 95:
“Santo Agostinho no tratado CXXIV sobre S. João entende por esta pedra não a Pedro, mas a Cristo, em quanto confessado Deus por Pedro, como se Cristo dissera: Tu és Pedro, denominado assim da pedra, que confessaste, que sou eu, sobre a qual edificarei a minha igreja”.
Estas palavras do maior teólogo católico romano por serem muito claras dispensam comentários.
É do nosso conhecimento que o termo “pedra ou rocha” foi usado no Velho Testamento para Deus. Salmo 18:2 – “O Senhor é a minha rocha”; Deut. 32: 4 – “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas.”
O Messias é descrito em Isaías 28:16 como “uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada”.
O Novo Testamento apresenta a Cristo como o fundamento da igreja: 1 Cor. 10:4; Atos 4:12; Rom. 9:33; 1 Cor. 3:11; Efés. 2:20; I Pedro 2:4, 5; Mat. 21:42-44.
A estrutura da fé cristã tem resistido, e irá resistir até o fim, porque é construída sobre um alicerce firme – o próprio Jesus Cristo.

Argumento Baseado na Diferença Entre Pétros e Pétra

O Folheto Nº 44, da Série V.A. pontifica: “O Evangelho de S. Mateus foi escrito originalmente em aramaico”.
Há uma forte corrente baseada em algumas citações de Pais da Igreja, como uma de Irineu, apresentada por Eusébio (História da Igreja, vol. 8) que diz:
“Mateus escreveu seu Evangelho entre hebreus, em sua própria linguagem, enquanto Pedro e Paulo estavam pregando e fundando a igreja em Roma, sendo depois traduzido para o grego”.
Na base desta citação e de outras congêneres alguns concluem que o Evangelho de Mateus foi primitivamente escrito em aramaico. Se escreveu em aramaico a distinção entre Pétros e Pétra não podia existir.
Outros ainda acrescentam: Cristo falava o aramaico, não o grego, não fazendo também esta distinção. Se Cristo não a fez por falar em aramaico, por que Mateus ao relatá-las em grego não poderia fazer inspirado pelo Espirito Santo?
Suposições de alguns Pais da Igreja, reforçadas por um ou outro teólogo moderno, não nos devem levar à conclusão definitiva de Mateus ter sido escrito em aramaico.
É preferível ficar com as declarações do Comentário Adventista, vol. V, pág. 272:
1) O texto grego de Mateus não revela as características de uma obra traduzida.
2) A uniformidade de linguagem e estilo nos conduzem à distinta impressão de que o livro foi escrito em grego.
Dicionários e Comentários nos comprovam que Pedro, em grego “Pétros” significa um fragmento de pedra, pedra movediça, lasca da rocha; enquanto pedra, no grego “Pétra” significa rocha, massa sólida de pedra.
Alguns comentaristas asseveram que o Espírito Santo orientou o apóstolo, ao redigir esta passagem para empregar duas palavras, em grego, para evitar a idéia de que Pedro fosse a pedra.
Desta sucinta explicação se conclui que Pétros não é um símbolo apropriado para um fundamento, um edifício, mas que Pétros – rocha – é um símbolo muito próprio para o fundamento estável e permanente da Igreja.
Na Ilíada, VI1, 270, Ajax está atirando uma Pedra (Pétros) em Heitor, mas na Odisséia, IX, 243, há o relato de uma Pedra (Pétra) colocada na Porta de uma caverna, inamovível pelo seu tamanho descomunal.
Afirmam alguns que esta distinção do Grego Clássico não mais existira na (Koinê) do Novo Testamento, porque o povo comum destrói sutis distinções gramaticais.
Moulton afirma que em Mateus 16:18 Cristo usou a forma Pétros, masculina, para Pedro, porque não era próprio aplicar a um homem um nome feminino.

A Igreja Construída Sobre Pedro

Esta tese é sustentada pela maioria dos comentadores católicos.
Vincent, comentando Mateus 16:18 defende a idéia de que a Igreja foi construída sabre Pedro, desde que Cristo nesta passagem aparece não como a fundação, mas como o arquiteto.
Outros apresentam o seguinte argumento: a conjunção coordenativa “e”, em grego “kai” liga orações que têm o mesmo valor, por isso se Cristo visasse estabelecer um contraste entre ele e Pedro teria empregado a conjunção “allá” = mas. Este argumento não é seguro porque “kai” tem em grego também o significado de “mas”. Ver Arndt and Gingrich, página 393 e Robertson, página 1181.
A igreja católica se baseia num texto isolado sem levar em consideração o consenso de todo o ensino bíblico a respeito, isto é, sem considerar os dois princípios hermenêuticos (de 1rineu e Orígenes) já citados anteriormente.
Cotejando vários textos das Escrituras chega-se à conclusão iniludível de que a Bíblia ensina que Cristo é a Pedra e não Pedro.
O próprio Pedro, através de suas enfáticas declarações, se encarregou de dirimir todas as dúvidas neste sentido. I S. Pedro 2:4-8.
Paulo, outro grande baluarte do cristianismo, apresenta em seus escritos declarações insofismáveis de que Cristo é a Pedra. I Cor. 3:10-11; 10:4; Efés. 2:19-22.

Provas Bíblicas de que Pedro não foi Escolhido como Líder da Igreja, ou Superior Hierárquico dos Apóstolos

a) Mateus 23:8 e 10 nos ensina que Cristo não queria que nenhum deles fosse mestre ou guia, porque esta é uma prerrogativa divina.
b) Lucas nos relata (9:46; 22:24-30), que por duas vezes se levantou entre os discípulos, o problema de quem entre eles tinha a primazia. Tal problema jamais se levantaria se Cristo tivesse estabelecido a Pedro como superior a eles.
c) Se Cristo tivesse indicado a Pedro como o líder da Igreja, como o Papa, ele seria infalível em suas decisões, portanto jamais lhe aconteceria o que Lucas nos relata no seu evangelho capítulo 22:54-60.
d) Sendo Pedro o dirigente seria a pessoa que enviaria outros, mas Lucas nos informa em Atos 8:14 que Pedro e João foram enviados pelos apóstolos.
e) Se fosse o superior hierárquico dos apóstolos a argüição que eles fizeram e a defesa de Pedro seriam inoportunas e desarrazoadas, conforme o relato de Atos 11:1-18.
f) O primeiro concílio da igreja não foi convocado e dirigido por Pedro mas por Tiago. O contexto apresentado pelo Dr. Lucas (Atos 15:13, 19) sugere que Tiago era o presidente.
g) Em Atos 15:22-29 há o relato de que a epístola enviada a Antioquia foi dirigida em nome dos apóstolos, dos presbíteros, e da igreja e não por Pedro.
h) Se Pedro fosse o líder, Paulo não poderia escrever o que se encontra em Gálatas 2:11-14, pois seria faltar à ética hierárquica. A afirmação de Paulo no verso 11 é bastante taxativa para desmoronar todo o falso edifício que o papado tem construído na base de Mateus 16:18 sobre o primado de Pedro.
i) 1 Coríntios 12:28. Se Pedro fosse o Papa, na enumeração dos ofícios da Igreja, Paulo não se esqueceria deste tão preeminente – o Vigário de Cristo.
j) Paulo afirma em Gálatas 2:9 que Tiago, Cefas (Pedro) e João eram considerados como colunas. Note-se que Tiago está em primeiro lugar.
No SDABC, Vol. V pág. 431 se encontram estas oportunas palavras:
“Talvez a melhor evidência. de que Cristo não apontou a Pedro como a ‘pedra’ sobre a qual edificaria Sua igreja seja o fato de que nenhum dos que ouviram esta afirmação de Cristo, nem o próprio Pedro assim entendeu Suas palavras, nem durante o tempo em que Cristo esteve na Terra nem posteriormente. Houvesse Cristo feito a Pedro chefe entre os discípulos, depois disto eles não se veriam envolvidos em discussões sobre qual deles seria considerado o maior.”

Pedro Estabeleceu em Roma a Sede de Seu Episcopado. Esteve Pedro em Roma?

Eduardo Carlos Pereira no livro O Problema Religioso na América Latina, págs. 276 a 278, procura provar, que afirmações da igreja católica, quanto à estada de Pedro em Roma são destituídas de valor por lhe faltarem base comprovatória.
A Igreja Católica declara que Pedro estabeleceu em Roma a sede do seu governo no ano 42 e que após ter governado a Igreja por 25 anos, ai faleceu mártir com Paulo, no ano 67, durante o reinado de Nero.
As principais ponderações de Eduardo Carlos Pereira são estas:
1ª) Se Pedro estivesse em Roma a Epístola aos Romanos, escrita em 58, seria desnecessária, porque haveria quem os exortasse e doutrinasse.
2ª) A Igreja Católica cita vagas afirmações de Clemente, Papias e Hierápolis para concluir que Pedro esteve em Roma, como líder da igreja todos aqueles anos. Mas como harmonizar estas declarações com o fato do Novo Testamento que se iniciou depois de 42 AD e foi concluído no final do século silenciar totalmente sobre a notável investidura de Pedro como a cabeça da Igreja?
3ª) Cita do renomado historiador eclesiástico P. Schaff, do livro History of the Church, Vol. 1, página 250 esta afirmação:
“A tradição romana de 20 ou 25 anos de episcopado de S. Pedro em Roma é sem contestação um erro cronológico colossal”.
4ª) Eusébio, História Eclesiástica, livro III, C. 2, provavelmente baseado em Irineu, declara que Lino foi considerado o primeiro bispo de Roma. Irineu afirma que Pedro e Paulo ordenaram primeiro bispo a Lino, cujo nome aparece em II Tim. 4:21.
Historiadores Católicos defendem ardorosamente a estada de Pedro em Roma, enquanto os protestantes negam a afirmação anterior.
Não há nenhuma prova bíblica para afirmar ou negar estas opiniões divergentes.
O Espírito de Profecia declara sobre esta pendência:
“Na providência de Deus foi permitido a Pedro encerrar seu ministério em Roma, onde sua prisão foi ordenada pelo imperador Nero, aproximadamente ao tempo da última prisão de Paulo”. – Atos dos Apóstolos, pág, 537.

A Igreja Construída Sobre a Confissão de Pedro

Crisóstomo (350-407 AD) afirmou que a igreja foi construída sabre a confissão de Pedro. Outros Pais da Igreja e reformadores como Lutero, Huss, Zwínglio e Melanchton defendem a mesma idéia.
Os fatos parecem indicar que esta não é a melhor interpretação, desde que a Igreja é construída não sobre confissões, mas sobre os que fazem a confissão, isto é, sobre seres vivos: Cristo, os Apóstolos e os que aceitam a Cristo como Seu Salvador. As passagens de Efésios 2:20 e 1 Pedro 2: 4-8 confirmam as declarações anteriores.

Que Significam as Chaves?

Se as chaves são usadas para abrir e fechar, a figura indica que as chaves do Reino dos Céus, servem para abrir e fechar o Reino dos Céus.
O abrir e fechar é expresso no texto por ligar e desligar ou desatar.
As chaves, que abrem e fecham a Casa de Deus, ligam os homens à Igreja, ou dela os desligam, são os princípios dos Evangelhos, as condições da Salvação, aceitas ou rejeitadas pelos homens. Pedro abriu, com a chave da Palavra de Deus, as portas do Reino dos Céus a três mil pessoas que se converteram, Atos 2:14-41. Este privilégio não foi apenas concedido a Pedro, mas a todos os discípulos. São Mateus 18:18.
Autoridades acatadíssimas na literatura bíblica nos ensinam que entre os rabinos “ligar e desligar” eram sinônimos de “proibir e permitir’. Esses doutores da lei se arrogavam o direito de possuir a “chave da ciência” para declarar o que era ilícito, segundo a lei de Moisés. As passagens de Mateus 23:14 e Lucas 11:52 nos esclarecem a este respeito.
Quando uma pessoa completava satisfatoriamente um curso de estudos com um rabi judeu, era costume receber ela uma chave, significando que se havia tornado bem versada na doutrina e que estava agora habilitada para abrir os segredos das coisas de Deus. As palavras de Cristo se referem a este costume.
“As chaves simbolizam a autoridade que Jesus confiou a Sua igreja para agir em Seu nome. Especificamente elas indicam as Escrituras onde Deus expõe o plano da salvação. A autoridade não é baseada numa escritura de igreja como tal, mas nas Escrituras”. – Lição da Escola Sabatina, 10-1-81.
Algumas declarações bíblicas nos levam a concluir que a igreja de Deus na Terra se acha investida de grande autoridade, mas esta autoridade tem sido mal interpretada pela Igreja Católica em alguns aspectos, como no problema de perdoar pecados.
Comentando S. João 20: 23, diz o douto exegeta Dr. Adão Clarke o seguinte:
“É certo que Deus unicamente pode perdoar pecados; e seria não somente blasfêmia, mas também crasso absurdo, dizer que qualquer criatura pudesse perdoar a culpa de uma transgressão cometida contra o Criador. Os apóstolos receberam do Senhor a doutrina da reconciliação e a doutrina da condenação. Os que em conseqüência de Sua pregação cressem no Filho de Deus, tinham perdoados os seus pecados; e os que não cressem, permaneciam na condenação.”
Russell Norman Champlin em O Novo Testamento Interpretado enfatiza a mesma idéia comentada acima ao analisar Mat.16:19:
“O perdão de pecados não pertence ao indivíduo, em si mesmo, mas Cristo outorga essa autoridade àqueles que pregam a Palavra de Deus, porquanto a aceitação ou rejeição dessa mensagem é que determina o ‘perdão’ ou ausência de perdão dos pecados, O homem não perdoa nem se recusa a perdoar, mas a sua ação, uma vez dirigida por Deus, está revestida dessa autoridade”.
As declarações de Ellen G, White no livro O Desejado de Todas as Nações, págs. 413 e 414, são bem claras neste sentido:
” ‘As chaves do reino dos céus’ são as palavras de Cristo. Todas as palavras da Santa Escritura são dEle e se acham aqui incluídas. Estas palavras têm poder para abrir e fechar os céus. Declaram as condições sob que os homens do recebidos ou rejeitados”.
Este pensamento do livro Mensagens Escolhidas, vol. II, pág. 396 jamais deve ser esquecido:
“Devemos lembrar que a igreja, enfraquecida e defeituosa como seja, é o único objeto na Terra a que Cristo concede Sua suprema consideração. Ele vela constantemente com solicitude por ela, e fortalece-a por Seu Espírito Santo.”
Teodoro Beza, a notável figura da Crítica Textual e propugnador da difusão do texto bíblico declarou:
“A igreja é uma bigorna que já desgastou muitos martelos.”

“As Portas do Inferno Não Prevalecerão Contra Ela.” Que Significa Esta Afirmação?

A interpretação mais comum é que os poderes do mal nunca poderão prevalecer contra a Igreja de Cristo. Outros comentaristas defendem que uma melhor interpretação, de acordo com o significado da palavra original – Hades – impropriamente traduzida por inferno, pois significa a habitação dos mortos, a sepultura; será que a morte que não pôde vencer a Cristo, também não poderá vencer os que O aceitarem como seu Salvador pessoal.
O SDABC analisando Mat. 16:18 afirma: “O triunfo de Cristo sobre a morte e a sepultura é a verdade central do cristianismo”.
“O último inimigo que será vencido é a morte”.
Será útil ainda o conhecimento do que afirmou Rui Barbosa em sua destacada obra – O Papa e o Concílio. (Obra traduzida de Janus, mas a introdução de Rui, exatamente a metade do livro, 330 páginas, por sua profundidade faz com que ela seja sempre atribuída ao ínclito brasileiro), pág. 412:
“Tudo isso explica-se, porém, logo que examinarmos de perto, mediante os Padres, a significação das bem conhecidas palavras de Cristo a S. Pedro. Não as aplica aos bispos de Roma como sucessores de S. Pedro nenhum dos Padres que trataram exegeticamente, nessa época, os tópicos do Evangelho relativos ao poder transmitido a Pedro (Mat. 16: 18; João 21:18). Que de Padres não se ocuparam com esses tópicas! Entretanto, nenhum daqueles cujos comentários possuímos ainda, Orígenes, Crisóstomo, Hilário, Agostinho, Cirilo, Teodoreto, nem dos outros cujas explicações se acham agrupadas nas Catenas, nenhum desses exprimiu, por uma sílaba sequer, a idéia de que se refira ao primaz de Roma a conseqüência da missão incumbida e das promessas dirigidas a Pedro. – Nenhum deles interpretou a pedra, ou a base onde o Cristo quer edificar a sua igreja, como atributo especialmente cometido a Pedro, e, por morte deste, hereditário. Aquilo para eles significava o próprio Cristo, ou a fé notória de Pedro em Cristo; porque nos seus escritos é freqüente confundirem-se essas duas idéias. – Por outro lado, entendiam-se que Pedro era tão fundamento da igreja quanto os demais apóstolos, isto é, pensavam que os apóstolos todos juntos formavam as doze pedras fundamentais da igreja.”
Após tecer considerações sobre a impossibilidade de Pedro ter sido o primeiro papa em Roma, Russel Norman Champlin conclui, ao comentar Mat. 16:18:
“Finalmente, podemos afirmar que essas doutrinas, como a do papado, a da extrema primazia de Pedro, só aparecem no dogma posterior da história eclesiástica, e não se alicerçam nas próprias Escrituras nem em qualquer precedente da igreja primitiva. Não havia primazia do bispo de Roma sobre o bispo de Jerusalém, de Cesaréia ou de qualquer outra localidade, A primazia do bispo de Roma foi desenvolvimento muito posterior”.
É certamente confortador crer que a igreja não esteja fundada sobre um homem frágil e vacilante como Pedro, que no momento em que o Mestre mais dele carecia o negou. Embora admiremos a Pedro e nos alegremos por sua nobre confissão, agradeçamos a Deus por Sua Igreja estar fundada sobre o “Príncipe da Paz”, a “Rocha Poderosa”, o “Fundamento Indestrutível” o “Nome Maravilhoso” o “Deus Forte” isto é, Cristo Jesus.

Nota

Este trabalho pesquisado em várias fontes, recebeu a melhor orientação das seguintes obras:
1. O Problema Religioso na América Latina de Eduardo Carlos Pereira e
2. O Comentário Adventista.
Extraído da Apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia, de Pedro Apolinário
Via Sétimo Dia

▲ TOPO DA PÁGINA