Ao adorar a Deus em liberdade, lembre-se dos que não têm esse privilégio.
No mundo, há cerca de dez países em que não existe liberdade religiosa. Mais de quarenta países impõem severas restrições a minorias religiosas. Como seria sua vida se você vivesse em tais circunstâncias?
Fidelidade sob pressão
Em muitos desses países, é proibido partilhar a fé com a intenção de que as pessoas se unam à igreja. Isso é visto como traição pela comunidade e a família. Em vinte e dois países, mudar de religião é considerado crime.
Suponha que cada pessoa com quem você falar sobre doutrina aceite sua religião. Nesse caso, a pessoa ficará sob ameaça de morte e não apenas ostracismo. No mínimo, será rejeitada pela família, perderá o emprego e, mais cedo ou mais tarde, será posta de lado. Você também enfrentará sérios problemas. Fanáticos religiosos poderão executá-lo sumariamente, ou, no mínimo, você e sua família entrarão em ostracismo.
Em 1999, autoridades do Turcomenistão destruíram o único templo adventista no país. Posteriormente, uma senhora adventista convidou algumas pessoas para adorar a Deus em seu apartamento. A polícia apareceu, anotou os nomes de todas elas e fez com que a vida dessa irmã ficasse tão difícil que ela teve que abandonar o país. Ela perdeu todas as suas posses. Por quê? Por ter promovido uma reunião de oração em seu apartamento!
Recentemente, policiais invadiram várias igrejas em horário de reuniões, prenderam pastores, anotaram nomes e endereços das pessoas presentes e ameaçaram os pais dizendo que lhes tomariam os filhos. Como você reagiria se vivesse em tal país?
Sobrevivendo a duras penas
Em alguns países, minorias cristãs têm sobrevivido ao longo dos séculos evitando todo e qualquer tipo de proselitismo. Para eles a equação é simples: para sobreviver, viva sua fé em sua comunidade, mas sem partilhá-la. Se você testemunhar abertamente, sua família e sua comunidade religiosa enfrentarão sérios problemas.
Em tais circunstâncias, eles se identificam como cristãos e, como não ameaçam a ordem estabelecida, escapam da morte. Têm que sobreviver para ser testemunhas de Jesus por meio de sua presença. Eles testemunham do poder do evangelho por meio de uma vida cristã coerente. Atividades evangelísticas ostensivas teriam ameaçado sua presença ali e impedido para sempre seu testemunho.
Para nós que vivemos em países com liberdade religiosa, é difícil entender essa situação. Desfrutamos o privilégio de pregar abertamente, usamos os recursos da mídia e somos protegidos pelas autoridades. No país em que moro, você pode até criticar as crenças de outras religiões sem que haja muitos problemas, exceto pelo fato de constranger seus seguidores. É possível ganhar muito dinheiro por meio da religião. Isso faz parte da liberdade de expressão, e nós a usamos com muita alegria, algumas vezes sem pensar nas conseqüências. Mas essa não é a situação de pelo menos um milhão de adventistas que vivem em países onde têm que agir prudentemente para sobreviver e partilhar sua luz.
Já visitei vários dos cinqüenta países em que a liberdade religiosa é limitada ou não existe. Vi as conseqüências da intolerância e do fanatismo religioso. Vi escombros de casas, universidades e templos que foram incendiados. Falei com famílias adventistas que ficaram semanas sob ameaça de morte ou perda de suas posses pelo fato de não aceitarem a religião do Estado. Sobreviveram e agora brilham nas trevas.
Pense nisto
Imagine como é viver num país repressivo. Você se levanta sexta-feira cedo, feliz porque o sábado está se aproximando. Mas, provavelmente, você enfrentará hostililidade, recriminação ou zombaria de seu chefe, colegas de trabalho ou professores. Por quê? No dia seguinte, sábado, você não irá à escola ou ao trabalho. Poderá perder o emprego ou ser forçado pela polícia a enviar seus filhos à escola. As pessoas o verão como alguém esquisito, diferente, um espia em potencial a serviço de um país cristão. Os olhares das pessoas dirão: O que você está fazendo aqui? Se nossa religião não é boa para você, retire-se e una-se a seus amigos na América! Você terá que explicar muitas vezes por que tomou a decisão de viver dessa maneira. Você se sentirá só, sem ninguém que o defenda.
Hoje, alguns oram porque estão na cova dos leões, enquanto outros desfrutam liberdade religiosa. Alguns oram para que não tenham que enfrentar uma tragédia como a de Waco, em que o nome adventista foi explorado impiedosamente pela mídia. Isso poderia pôr de cabeça para baixo a vida dessas pessoas e suas famílias. Alguns estão na cova dos leões e, mesmo que os leões estejam quietos no momento, seu temperamento poderá mudar repentinamente.
Para sovreviver na cova dos leões, tais pessoas precisam ser fiéis, devem orar muito e agir com discernimento. O sonho delas é viver num país em que haja liberdade religiosa, onde seus filhos possam escolher uma profissão e se preparar para exercê-la, onde possam partilhar sua fé com outros e seus direitos sejam protegidos. Alguns estão na cova dos leões e, mesmo assim, brilham pelo reino de Deus. Esses têm certeza de uma coisa: Deus é seu protetor e a vida deles está em Suas mãos. Estão na cova dos leões, mas Deus tem poder para fechar a boca desses ferozes animais.
Texto de autoria de John Graz, diretor do Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Associação Geral. Publicado na RA de Setembro/2008.