quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Uma Pessoa Maravilhosa Chamada Espírito Santo




A personalidade do Espírito Santo é claramente inferida do testemunho bíblico

Dos membros da Santíssima Trindade, o terceiro é Aquele de quem há menos informações objetivas, precisas, que definam o Seu próprio Ser. O filho Se tornou um de nós. Sua manifestação foi visível, material, em nosso nível. O Pai foi por Ele revelado. Mas o Espírito permanece um tanto imperceptível, à parte, despretensioso, operando sem auto-projeção, não se impondo, não falando “de Si mesmo” (João 16:13). E no próprio ato de desprendimento, Ele cumpre a divina obra que O faz conhecido. É parte de Sua glória exaltar e glorificar o Filho, e através do Filho, o Pai, fazendo com que a revelação de ambos se efetive na consciência humana. Que exemplo de abnegação!
No quarto Evangelho, o Espírito executa sete atividades, todas em exaltação a Jesus:

(1) Ensinar, e
(2) Fazer lembrar tudo o que Jesus disse – João 14:26.
(3) Dar testemunho de Jesus – João 15:26.
(4) Convencer do pecado (porque o mundo não crê em Jesus); da justiça (porque Ele foi ao Pai); e do juízo (porque Satanás foi julgado e derrotado) – João 16:8.
(5) Guiar a toda a verdade, e Jesus é a verdade (14:6) – João 16:13.
(6) Declarar, ou anunciar, o que Jesus, da parte do Pai, Lhe entrega – João 16:13, 14 e 15.
(7) Glorificar a Jesus – João 16:14.
O Apocalipse refere-se a Ele como os sete Espíritos de Deus (Apocalipse 1:4 e 5; 4:5). Sete é o número da plenitude. O Espírito alcança a plenitude nesta atividade cristocêntrica sétupla.
Isso é tão fundamental para o plano da redenção, que, sem a atuação do Espírito, seria como se Jesus nunca tivesse encarnado e Deus nunca tivesse Se manifestado. Ele habilita o homem a entender a salvação e responder positivamente a ela, sem Ele, a Igreja não poderia cumprir Sua missão, e estaríamos fadados a permanecer neste mundo indefinidamente.
Objeto de especulação – Talvez o fato de existir pouca informação sobre o Espírito Santo faz com que uma conceituação sobre Ele se torne mais susceptível de especulação. Nos dias de Ellen G. White, havia aqueles que afirmavam que o Espírito era uma “luz derramada” e “uma chuva caída”. Ela condenou esse tipo de comparação por rebaixar a Deus (Evangelismo, pág. 614).
Mais afrontoso ainda é tomá-Lo por uma criatura. Há os que acreditam que Ele e Gabriel se equivalem. A inspiração nega isso fazendo clara distinção entre ambos no registro das palavras deste anjo a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo...” (Lucas 1:35). Gabriel não poderia estar falando de si mesmo. E Ellen G. White assegura que o seguidor de Jesus pode sentir-se confiante e seguro no conflito “contra as hostes espirituais da maldade”, porque “mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha”. – O Desejado de Todas as Nações, pág.352. Rebaixar o Espírito Santo à categoria de anjo é, na realidade, minimizar o poder de Deus, algo muito a gosto de Satanás.
Outra forma especulativa no tratamento de tão sublime tema é despojar o Espírito de Sua personalidade. As chamadas Testemunhas de Jeová afirmam que Ele é apenas uma influência ou energia – o poder de Deus. Esta idéia é tão antiga quanto o século III, quando Paulo de Samosata a difundiu. No tempo da Reforma, Lécio Socino e seu sobrinho Fausto propagaram a teoria.
Não há como negar que este conceito rebaixa o valor do Espírito Santo para a Igreja. L. E. Froom a isto se refere quando afirma que negar a personalidade do Espírito não é “mera questão técnica, acadêmica ou simplesmente teórica. É de suprema importância e do mais elevado valor prático. Se Ele é uma Pessoa divina e O consideramos como influência impessoal, estamos roubando desta Pessoa divina a deferência, honra e amor que Lhe são devidos. E mais: Se o Espírito é mera influência ou poder, podemos então procurar apropriar-nos dEle e usá-Lo”. – A Vinda do Consolador, pág. 40. À pág. 36 da edição castelhana acrescenta-se ao final deste parágrafo: “Mas se O reconhecemos como Pessoa, estudaremos como nos submeter a Ele de modo que nos use segundo Sua vontade”.
“Não – continua Froom, - o Espírito Santo não é uma tênue, nebulosa influência imanente do Pai. Não é algo impessoal, vagamente reconhecido, apenas um invisível princípio de vida... Jesus foi a personalidade mais influente e marcante neste velho mundo, e o Espírito Santo foi designado para preencher Sua vaga. Nada a não ser uma Pessoa poderia substituir aquela maravilhosa Pessoa. Nenhuma simples influência seria suficiente”. – Ibidem, págs. 41 e 42. Para substituir uma pessoa maravilhosa, só outra pessoa maravilhosa.
Alguns se valem do fato de a Bíblia identificá-Lo como Espírito de Deus ou de Cristo (I João 4:2; I Coríntios 3:16; Gálatas. 4:6; I Pedro 1:11, entre outros textos), para afirmar que o Espírito Santo é algo inerente a Deus, tal como a Sua energia ou virtude. Todavia, a fórmula indica procedência e não inerência (cf. João 14:26; 15:26). Pode também indicar que Sua obra é executada em subordinação ao Pai e ao Filho. Parte desta obra é a representação vicária de ambos neste mundo. De fato, Jesus prometeu aos discípulos que retornaria para eles na pessoa do Espírito Santo (João 14:16-18 e 23).
Outro expediente utilizado pelos que rejeitam a personalidade do Espírito Santo tem a ver com o gênero neutro do grego pneuma, espírito. “A Bíblia não empregaria uma palavra neutra para identificar uma personalidade”, dizem. Contra esta hipótese se verifica que o termo é usado em referência a entidades reconhecidamente pessoais. “São todos eles espíritos ministradores...”, afirma o escritor sagrado acerca dos anjos (Hebreus 1:14).
Além disso, o Novo Testamento emprega fartamente pronomes pessoais gregos em referência ao Espírito Santo. Apenas em João 14-16 isso ocorre 24 vezes, e Ele próprio faz referência a Si com o pronome pessoal: “Disse-lhe o Espírito [a Pedro]: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque Eu os enviei” (Atos 10:19 e 20). 
Deve-se notar, finalmente, que o título Parákletos, aplicado ao Espírito Santo é vertido Consolador em nossas Bíblias, subentende a Sua personalidade. Etimologicamente significa alguém chamado para estar ao lado de, “advogado” e “conselheiro”, sendo apropriados equivalentes em português.
Condenando as especulações, o Espírito de Profecia adverte: “A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a Igreja. Com relação a tais mistérios – demasiado profundos para o entendimento humano – o silêncio é ouro”. – Atos dos Apóstolos, pág. 52.
Um ser pessoal – Quando Ellen G. White afirma que “a natureza do Espírito Santo é um ministério”, não quer ela dizer que nada podemos saber sobre Ele. Aquilo que a revelação nos transmite não é especulação; é a realidade, e é nosso dever aceitar por fé.
Dois pontos sobre o Espírito Santo estão devidamente assentados nas páginas sagradas. Ele é uma pessoa, e é Deus. “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus”. – Evangelismo, pág. 617.
A personalidade do Espírito Santo é claramente inferida do testemunho bíblico. As seguintes referências não deixam dúvida a respeito:

(1) Ele é citado entre pessoas: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo” (Atos 15:28). Além disso, Ele aparece na fórmula batismal junto ao Pai e ao Filho (Mat. 28:19); seria redundância Jesus mencionar o Espírito Santo, tendo já mencionado o Pai, fosse Ele a mera energia dEste; também não faria sentido Jesus ordenar o batismo em nome de uma Pessoa, o Pai, de outra Pessoa, o Filho, e agora em nome de uma energia, o Espírito.

(2) Ele é o Senhor (II Coríntios 3:17 e 18). Este termo define personalidade e divindade quando aplicado ao Pai e ao Filho; porque não quando aplicado ao Espírito?

(3) Ele possui mente (Romanos 8:27). O termo grego traduzido “mente” neste texto em algumas versões é phrónema (alguma coisa que se tem em mente, que passa pela mente, o pensamento), em contraste com nous (a mente como sede da consciência, da reflexão, da percepção, do entendimento, do julgamento crítico e da determinação). O importante é que phrónema pressupõe a existência de nous. Apenas um ser pessoal é dotado de nous, e pode exercer phrónema. O Espírito Santo é um ser pensante, o que implica inteligência. Ele não pode ser menos que uma pessoa.

(4) Ele tem sentimentos:

pode ser contristado – Efésios 4:30
expressa anseio – Tiago 4:5
possui alegria – I Tessalonicenses 1:6
ama – Romanos 15:30
expressa vontade – I Coríntios 12:11

(5) Pode, e deve, ser mantida comunhão com Ele (Filipenses 2:1; II Coríntios 13:13). Não se mantém comunhão com uma energia.

(6) Não é mero poder, mas tem poder (Romanos 15:19). Seria outra redundância a Bíblia falar do poder do Espírito Santo, fosse Ele mero poder; seria “o poder do poder”!

(7) Pode-se mentir a Ele (Atos 5:3). Mente-se a uma pessoa e não a uma energia.

(8) Pode-se-Lhe resistir (Atos 7:51). É possível cumprir o papel de um resistor (componente que impede, ou atenua, o fluxo da corrente elétrica) para com o Espírito Santo? Sim, e isto o pecador faz quando, diante do apelo divino, prefere permanecer no erro. Mas isso não significa que o Espírito Santo não seja uma pessoa, pois não é apenas a uma energia que se resiste. Pessoas também podem ser resistidas, incluindo Deus (11:17). O texto fala de se resistir às claras evidências da verdade, apresentadas pelo Espírito Santo.

(9) Pode-se guerrear contra Ele (Gálatas 5:17). O que é uma intensificação de resistência ao Espírito Santo.

(10) Pode-se ultrajá-Lo (Hebreus 10:29). Como é possível ultrajar uma energia? Ultrajar se liga naturalmente ao sentido de afrontar, insultar, difamar, injuriar, ofender deprimir, vilipendiar, desacatar, vituperar, envergonhar. Como se pode fazer tudo isso a uma energia?

(11) Pode-se blasfemar contra Ele como se blasfema contra o Filho (Mateus 12:31). É possível blasfemar contra uma energia? Blasfema-se contra uma pessoa, como é o caso de Jesus aqui.

(12) Ele executa específicas funções próprias,não de uma energia, mas de uma pessoa:

sonda, perscruta a Deus – I Coríntios 2:10.
concede dons para a edificação da Igreja – I Coríntios 12:8 e 12.
manifesta-Se nesses dons – I Coríntios 12.7 (em outras palavras, ao conceder dons à Igreja o Espírito Se dá a ela).
contende com pecadores - Gênesis 6:3. 
ordena sobre itens relevantes para a obra e o povo de Deus – Atos 8: 39; 10:19 e 20.
envia pessoas no processo do cumprimento de alguma missão – Atos 10:19-20.
ensina o que uma vez ouviu – João 16:13 (ouvir não é próprio de uma energia), ver também 14:26; I Coríntios 2:13.
revela, especialmente pelo exercício profético – Atos 1:16; II Pedro 1:21; I Timóteo 4:1.
testifica através da intuição na consciência, bem como com o testemunho da Igreja – Romanos 8:16; Atos 5:32; Apocalipse 22:17.
move o agente humano na captação da revelação divina – I Pedro 1:21.
incute novas realidades ainda não percebidas – Hebreus 9:8.
indica a correta compreensão do que é revelado – I Pedro 1:11
guia os filhos de Deus – Romanos 8:14, inclusive na busca de “toda a verdade” - João 16:13.
assiste nas fraquezas – Romanos 8:26.
intercede corrigindo nossas orações – Romanos 8:26.
produz frutos na vida dos que se submetem a Ele – Galátas 5:22 e 23.
lava e renova, o que resulta em salvação – Tito 3:5. Em João 3:5 e 6 este ato é referido por Jesus em termos do novo nascimento.
escreve a lei de Deus nas tábuas do coração – II Coríntios 3:3.
santifica – II Tessalonicenses 2:13; I Pedro 1:2
sela os que são de Deus – Efésios 1:13.

Conclusão – Que pessoa maravilhosa é o Espírito Santo! Que humildade, que interesse, que desvelo! Ele nos ama a ponto de instar conosco a que sejamos salvos. Ele está disposto a aplicar em nossa vida a obra redentora da cruz em toda a sua extensão. A exemplo do Pai e do Filho, Ele anseia por nossa presença no reino de Deus. Já Lhe agradecemos por isso?
De fato, Ele é um precioso Amigo. Se O resistirmos, magoá-Lo-emos, e Ele poderá Se afastar triste e pesaroso por nossa indelicadeza e apego àquilo que resultará em nossa infelicidade permanente. Mas se O acolhermos, Ele tomará posse do nosso ser, far-nos-á crescer até a semelhança com Jesus e até colocar os nossos pés na cidade celestial.
“Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hebreus 4:7).

por Hudson Cavalcanti, colunista do Site Bíblia e a Ciência

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