Atos 13:48 assim foi traduzido na Almeida Revista e Atualizada no Brasil: “… e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”.
Seria útil saber que o povo atribui um significado para predestinação, mas o contexto bíblico apresenta outro um pouco diferente.
Para o povo, é crer que Deus traçou um plano para nossa vida, e que devemos segui-lo sem o direito de escolha. Para a Bíblia, predestinar refere-se ao decreto de Deus que possibilita a salvação a todos os que aceitam a Cristo.
Para compreender bem Atos 13:48 os seguintes pontos são importantes:
1º) A palavra predestinação não aparece na Bíblia, mas o verbo predestinar é usado quatro vezes (Romanos 8:28-29; Efésios 1:5 e 11).
2º) O livre arbítrio é uma plena verdade bíblica. Se há livre arbítrio, é impossível haver Deus escolhido um grupo para a salvação e outro para a perdição, sem considerar o privilégio humano da escolha.
3º) Três princípios exegéticos (explicativos) devem ser observados no estudo desta passagem:
a) Que palavra original foi traduzida por “predestinados”;
b) A passagem bíblica deve ser compreendida à luz de todas as outras passagens. Uma passagem não pode contradizer outras;
c) Ter em mente o contexto. Ler o que está antes e o que está depois para concluir o que o autor tinha em mente.
Aplicação desses princípios a Atos 13:48: As traduções não transmitem exatamente a ideia do original. O verbo usado por Lucas é tasso, que significa ordenar, designar, determinar, colocar, mas nesta específica passagem os dicionários gregos lhe atribuem o sentido de dispor, ajustar, submeter-se a um esquema. O verbo não transmite nenhuma ideia de predestinação. Se a palavra original tem vários significados, o contexto deve determinar o sentido em que foi usada.
R. C. H. Lenski, em seu Comentário sobre Atos, pág. 553, afirma: “Embora esta passagem trate da doutrina da conversão, tem sido muitas vezes considerada como um pronunciamento sobre a predestinação. Esta concepção teve início com Jerônimo, que modificou a antiga tradução latina ao trocar ‘ordinati’ por ‘praeordinati’ a fim de tornar a aceitação da fé e da salvação produto de um decreto predestinatório-eterno.
O contexto nos ajuda a compreender o verdadeiro significado de Atos 13:48. O verso 45 declara que os judeus blasfemadores rejeitaram a salvação que Paulo lhes apresentava. Esta rejeição o fez voltar-se para os gentios, que se alegraram ao saber que eles também tinham o privilégio da salvação, concluindo que creram todos aqueles que se dispuseram a aceitar a salvação oferecida.
No contexto das passagens de Romanos e Efésios, onde aparece o verbo predestinar, Paulo ensina que através de Cristo todos fomos predestinados para a salvação.
Se a doutrina da predestinação fosse verdadeira, como harmonizá-la-íamos com as passagens que trazem convites e apelos de Deus aos pecadores para que se arrependam? A leitura atenta de oito versos bíblicos (Jeremias 21:8; Ezequiel 18:32; João 3:16; Atos 10:34; 1Tessalonicenses 5:9; 1Timóteo 2:4; Tito 2:11; 2Pedro3:9) é suficiente para provar que a predestinação não é defensável na Bíblia. Essas passagens e outras que poderiam ser acrescentadas desmoronam o frágil edifício da predestinação calvinista.
Muitas provas poderiam ser adicionadas, confirmantes de que não há nesta passagem nenhuma base para a defesa da predestinação.
Segue-se apenas parte do comentário de Adam Clarke sobre Atos 13:48:
“Esse texto tem sido muito lamentavelmente mal entendido. Muitos supõem que ele signifique simplesmente que os que naquela Assembleia estavam destinados por decreto divino, para a vida eterna creram, dada a força do decreto. Ora, deveríamos ter o cuidado de examinar o que uma palavra significa, antes de tentar estabelecer seu significado. Apalavra original não inclui nenhuma ideia de predeterminação de qualquer espécie”.
Após apresentar vários significados para a palavra original, ele prossegue:
“Portanto tem sido considerada aqui como implicada disposição e prontidão de várias pessoas da congregação, como os prosélitos piedosos mencionados no verso 43, que possuíam o reverso da disposição dos judeus que falavam contra aquelas coisas; contradizendo e blasfemando, verso 45, embora a palavra aqui tenha sido traduzida de várias formas, em todos os sentidos, mesmo assim, de todos os significados que se lhe atribuíram nenhuma discorda mais de sua natureza e significação conhecida do que o que a representa como designando os que foram predestinados para a vida eterna: este não é absolutamente o significado do termo, e jamais se aplicaria a ele”.
Há traduções como esta do Novo Testamento Vivo: “…e todos os que queriam a vida eterna, creram”, que transmitem bem o sentido original.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
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Gênesis 3:16 diz que Deus aumentou a dor de Eva depois da Queda. Isso quer dizer que a dor já existia antes do pecado?
Para a mulher Ele disse: "Multiplicarei grandemente a tua dor [hebraico: itstsabown] no parto, Na dor [hebraico: etseb] você vai trazer à luz filhos; No entanto, seu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. "Alguns podem supor que, se a dor era para ser multiplicada, então já havia dor, a intensidade só aumentou. 1 Mas isso é correto? Para entender esta passagem melhor, vamos olhar para as palavras hebraicas usadas para a dor e mergulhar mais fundo nas Escrituras. As palavras hebraicas usadas para a dor em Gênesis 3:16 são itstsabown e etseb.
De nada para algo é, obviamente, um aumento.Com relação à dor física como na gravidez, uma leitura semelhante pode ser aplicado. A dor aumentou, não significa necessariamente dor antes.
Apocalipse 21: 4 E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos; não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor. Não haverá mais dor, porque as primeiras coisas passaram.
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“E aconteceu que, no sábado segundo-primeiro, passou pelas searas, e os Seus discípulos iam arrancando espigas, e, esfregando-as com as mãos comiam”.
Na Almeida Revista e Atualizada no Brasil não aparece o problema:
“Aconteceu que, num sábado, passando Jesus pelas searas, os Seus discípulos colhiam e comiam espigas, debulhando-as com as mãos”.
A expressão sábado segundo-primeiro que aparece em muitas traduções tem dado muito trabalho aos comentaristas. Pelo fato dos estudiosos estarem muito divididos em suas explicações, até hoje não foi possível chegar a uma solução definitiva.
Russell Norman Champlin escreveu:
“Essas palavras têm deixado perplexos a muitos eruditos, e a verdade é que não parece existir um meio de explicá-las convenientemente. Não aparecem em nenhum dos manuscritos antigos, e muitos acreditam que não são autênticas no texto, tendo resultado de anotações feitas por escribas em manuscritos posteriores. Uma explicação possível sobre a sua existência é a observação que Lucas mencionara as atividades de Jesus em outros dias de sábado, antes desta narrativa (Ver Lucas 4:31-32). Assim, este seria o segundo sábado mencionado por Lucas, ao descrever as ações de Jesus. É possível, pois, que isso seja tudo quanto está envolvido nas palavras ‘no segundo sábado depois do primeiro'”.
Essas palavras aparecem, segundo ele, em alguns manuscritos unciais e em poucas traduções.
“A evidência textual favorece esmagadoramente a versão mais simples. É provável que algum escriba tenha feito essa adição, a fim de distinguir esse sábado dos outros dias de sábado, mencionados em narrativas próximas. Alguns editores têm defendido o texto mais longo, sobretudo porque é o texto mais difícil, podendo ter sido descontinuado de manuscritos mais antigos para efeito de simplificação do texto, posto que alguns podem ter deixado de compreender o sentido da observação” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 2, pág. 60).
Adam Clarke se estende bastante em suas notas sobre Lucas 6:1 apresentando suas ideias e de outros estudiosos. A essência do que ele escreveu seria o seguinte:
Este sábado tinha que ver com os que estavam incluídos nos dias que iam da Páscoa ao Pentecostes. E assim este “sábado segundo-primeiro” era o segundo sábado, a começar com o segundo dia da festa dos pães asmos, que era o primeiro dia da semana. Outros comentaristas concordam em que os judeus tinham três primeiros sábados: o primeiro, no primeiro sábado depois da páscoa; o segundo, no primeiro sábado depois do pentecostes; e o terceiro, no primeiro sábado depois da festa dos tabernáculos.
Em nosso livro História do Texto Bíblico apresentamos esta ideia: Sendo que esta expressão não aparece em outra parte, tem sido um problema exegético difícil de ser solucionado. Em virtude da palavra não constar nos melhores manuscritos, poder-se-ia afirmar que ela não se encontra no original, não fosse a suspeita de que algum copista a tivesse omitido por causa de sua obscuridade.
O princípio da probabilidade transcricional torna necessário explicar a sua inserção, se não é genuína. Meyer engenhosamente sugere que a palavra é simplesmente a fusão de duas notas marginais, opinião esta que foi adotada por W. H. e outros.
Como no versículo 6 está a expressão “noutro” (heteros) sábado, algum escriba pôs na margem do primeiro verso a nota “num primeiro” (proto). Mas a recordação de diversos incidentes, que se tinham dado em sábados anteriores, levou outro copista a acrescentar “num segundo” (deuteros) sobre a outra margem. Disto se originou o anômalo “deuteroproto” que algum copista posterior intercalou no texto para confusão dos comentaristas. Ou seja assim, ou não, o fato esclarece uma deturpação do texto original.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.
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Existe, à primeira vista, uma aparente tensão entre as descrições de Atos
9:7 e 22:9 sobre a experiência dos companheiros de Saulo por ocasião da
conversão dele. Porém, considerando mais detidamente esses textos,
percebe-se que em Atos 9:7 é dito que os companheiros ouviram “a voz”, mas não viram “ninguém”, enquanto que Atos 22:9 acrescenta que eles “viram a luz, sem contudo perceberem o sentido da voz que falava” com Saulo.
Tanto a voz quanto a luz mencionadas nessas passagens eram do próprio
Jesus (ver Atos 9:5; 22:8; 26:15). Os companheiros de Saulo ouviram a
“voz” de Jesus falando com ele, mas não entenderam o “sentido” das
palavras proferidas. Viram apenas uma “luz” sobrenatural, sem terem o
privilégio de contemplar a forma específica dAquele que Se revelara a
Saulo. Cremos, assim, que os textos se complementam em suas declarações.
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos”, novembro–dezembro de 2001, p. 30.
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Na grande comissão evangélica de Mateus 28:18-20, Cristo
ordenou que o Evangelho fosse pregado a “todas as nações”, e que os
conversos dessas nações fossem batizados “em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo” (verso 19). No entanto, eventos registrados no livro
de Atos falam de conversos que foram batizados “em nome de Jesus Cristo”
(Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5). Diante disso surge a indagação: esses
batismos “em nome de Jesus” invalidam a ordem de ministrar-se o batismo
em nome da Trindade?
Várias teorias têm sido propostas para explicar essa aparente tensão
entre a ordem de Cristo e a prática da igreja apostólica. A mais
convincente delas parece ser a de que as referências ao batismo “em nome
de Jesus Cristo” não estejam sugerindo uma nova fórmula batismal, mas apenas enfatizando a condição básica
para esse rito ser ministrado. Em outras palavras, um judeu étnico ou
prosélito, que já cria no verdadeiro Deus, só poderia ser batizado na
comunidade cristã se ele cresse também em Jesus de Nazaré como o
prometido Messias.
O mesmo Cristo que declarou, em Mateus 28:19, que o rito do batismo deve ser ministrado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, também afirmou, em Marcos 16:16, que a submissão a esse rito deve ser precedida pela
fé que se centraliza no próprio Cristo (João 3:16; Hebreus 12:2). Por
ocasião do Pentecostes, aqueles que, em resposta ao discurso de Pedro,
aceitaram a Jesus de Nazaré como o Messias, foram batizados “em nome de
Jesus Cristo” (Atos 2:38) como demonstração pública dessa aceitação.
Mas é importante notar que mesmo os textos que falam do batismo “em
nome de Jesus Cristo” estão impregnados pelo conceito da Trindade.
Analisando-se o conteúdo desses textos, percebe-se, em primeiro lugar,
que aqueles que foram então batizados “em nome de Jesus Cristo” eram
pessoas que já criam previamente em Deus o Pai. Além disso, em todas
essas ocasiões o batismo “em nome de Jesus Cristo” foi acompanhado pelo
recebimento prévio, simultâneo ou posterior do “dom do Espírito Santo”
(Atos 2:38; 8:14-17; 10:44-48; 19:1-6).
Procurando invalidar a fórmula batismal em nome da Trindade, alguns indivíduos alegam que o texto de Mateus
28:19 não aparece no original grego do Novo Testamento. Essa alegação é
totalmente infundada, pois não existem quaisquer evidências textuais
que a comprovem. Embora hajam discussões significativas a respeito do conteúdo original de Marcos 16:9-20 (ver Bruce M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, ed. corr. [Londres: United Bible Societies, 1975], págs. 122-128), o mesmo não ocorre com Mateus 28:18-20.
Cremos, portanto, que a ministração do batismo “em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito” é parte dos ensinos de Cristo que devem ser
observados por Sua igreja “até à consumação do século” (Mateus 28:20).
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos”, agosto de 1999, p. 29.
Marcadores: Batismo
Algumas pessoas alegam, com base em Efésios 4:5 (“há um só
Senhor, uma só fé, um só batismo”), que o batismo por imersão só pode
ser ministrado uma única vez a cada indivíduo. Essa teoria acaba
distorcendo não apenas o sentido básico do texto bíblico, mas, também, o
significado do rito batismal e o ensino de outros textos inspirados que
abordam a questão do rebatismo. Efésios 4:1-6 fala a respeito da
unidade que deveria existir entre todos aqueles que ingressaram na
comunidade dos crentes através do mesmo rito batismal. Andrew T. Lincoln
esclarece que “o ‘um só batismo’ é o batismo nas águas, o rito público
de confissão da única fé no único Senhor. O batismo é único, não por ter
uma única forma ou por ser ministrado uma única vez, mas por ser a
iniciação em Cristo, no único corpo”. Como todos os crentes se tornaram
membros do corpo de Cristo através do batismo, esse rito é um “fator
unificador” da igreja (Word Biblical Commentary, vol. 42, pág. 240).
Biblicamente, o batismo não é um sacramento que concede méritos à
salvação, e sim um símbolo visível de uma nova aliança salvífica entre
Deus e o pecador regenerado pela graça divina. Através desse ato
público, a pessoa se compromete a deixar de servir o pecado, passando a
viver “em novidade de vida” (Romanos 6:1-7). A nova vida em Cristo
implica na aceitação de Cristo como Salvador e Senhor, bem como na
vivência prática de Sua vontade revelada nas Escrituras.
O ideal é que o batismo seja ministrado uma única vez aos novos conversos, no início da vida cristã. Mas o Manual da Igreja (rev. 2000), págs. 42 e 43, menciona duas circunstâncias nas quais é aconselhável que a pessoa seja rebatizada.
Uma delas diz respeito aos conversos provenientes de outras
comunidades cristãs nas quais já foram batizados por imersão. Mesmo
nunca tendo rompido seu relacionamento com Cristo, essas pessoas podem
selar publicamente, por um novo batismo, sua aceitação de uma nova
plataforma doutrinária, mais ampla e mais comprometida com o conteúdo
geral das Escrituras (ver Mateus 4:4; 28:19 e 20; João 16:13).
Que a aceitação de novos componentes doutrinários fundamentais pode
justificar o rebatismo de um cristão é evidente nas experiências tanto
de um grupo de crentes em Éfeso como de Ellen G. White. Somos informados
em Atos 19:1-7 que, em Éfeso, o apóstolo Paulo encontrou “uns
doze” discípulos já batizados por João Batista no “batismo de
arrependimento” que nem ao menos haviam ouvido falar “que existe o
Espírito Santo”. Após compreenderem essa verdade, eles foram rebatizados
“em o nome do Senhor Jesus”. No caso de Ellen G. White, ela já havia
sido batizada por imersão em Portland, Maine, em 1842, sendo ainda metodista.
Mas, após compreender a verdade do sábado em 1846, pediu que o seu
próprio esposo, Pastor Tiago White, a rebatizasse (Arthur L. White, Ellen G. White, vol. 1 – “The Early Years”, págs. 121 e 122). Tiago White, em seu livro Life Incidents,
pág. 273, declara que ela foi tomada em visão após essa experiência.
“Ao ser batizada por mim, em um período inicial de sua experiência,
quando eu a levantei das águas, ela foi imediatamente tomada em visão”.
Outra circunstância mencionada no Manual da Igreja, na qual é
aconselhável que a pessoa seja rebatizada diz respeito a pessoas que já
foram adventistas e apostataram da fé. Quando o crente rompe sua aliança
com Cristo e volta a uma vida de pecado, ele se torna passível de ter
seu nome eliminado do rol de membros da igreja. O seu reingresso na
comunidade dos crentes deve ser assinalado por um novo testemunho
público de uma mudança de vida, selado pelo rebatismo.
As principais declarações de Ellen G. White sobre a prática do rebatismo aparecem em seu livro Evangelismo,
págs. 372-375. Analisando-se essas declarações, pode-se concluir, em
primeiro lugar, que adventistas apostatados que se convertem e desejam
voltar à comunhão da igreja devem submeter-se ao rebatismo; e, em
segundo lugar, que crentes já batizados por imersão em outras
denominações seriam aceitos na comunhão da igreja idealmente pelo
rebatismo, mas sem jamais coagi-los a se submeterem a esse rito, caso
não sintam genuína necessidade dele. Portanto, Efésios 4:1-6
ratifica a unidade da fé ao mencionar que todos os crentes se tornaram
parte do corpo de Cristo através do mesmo rito público (o batismo) de
confissão da única fé no único Senhor. Mas essa realidade não desaprova o
rebatismo daqueles que assumem uma nova aliança com Cristo e com Sua
Palavra.
Alberto Timm, “Revista do Ancião”, outubro–dezembro de 2004.
Marcadores: Rebatismo
Determinar a natureza específica de cada sonho de uma pessoa é um
assunto muito complexo e subjetivo. Além dos “sonhos mentirosos” e não
autênticos (Jeremias 23:32; 29:8-9), existem dois grandes grupos de
sonhos reais. O primeiro e mais comum deles é o formado pelos sonhos
naturais, que fazem parte do processo normal de descanso durante o sono,
e cujo conteúdo pode apresentar-se de forma organizada ou
desorganizada. Uma vez que “dos muitos trabalhos vêm os sonhos”
(Eclesiastes 5:3), é provável que pessoas envolvidas em assuntos
religiosos acabem sonhando com eles, sem que tais sonhos sejam de origem
sobrenatural.
Já o segundo grupo básico de sonhos é formado pelos sonhos
sobrenaturais, que podem ser de origem divina ou satânica. Os sonhos de
origem divina tem normalmente um propósito salvífico bem definido, e
podem ser concedidos tanto aos profetas verdadeiros (Números 12:6), como
aos membros comuns do povo de Deus (Joel 2:28), e mesmo às pessoas que
não pertencem ao povo de Deus (Gênesis 41; Daniel 2). Por sua vez, os
sonhos de origem satânica são quase sempre fascinantes, e podem conter
verdades, para confundir a pessoa. Suas predições podem até se cumprir,
mas eles tendem a afastar, eventualmente e de alguma forma, a pessoa de
Deus e de Sua vontade (ver Jeremias 29:8; Mateus 24:24; 1Pedro 5:8).
Torna-se evidente, portanto, que tanto os sonhos naturais como os
sobrenaturais (quer divinos ou satânicos) podem ter um conteúdo
religioso. Além disso, o simples fato de Deus conceder um sonho
sobrenatural a alguém não transforma essa pessoa automaticamente num
profeta, como pode-se inferir das experiências de Faraó (Gênesis 41) e
de Nabucodonosor (Daniel 2). Embora todo profeta receba sonhos de origem
divina (Números 12:6), nem todos os que recebem tais sonhos podem ser
considerados profetas. O chamado para os ministérios proféticos é
algo diferente e bem mais abrangente.
A atitude de atribuir a Deus a origem de todos os sonhos de cunho
religioso, e de buscar sempre um significado especial para o seu
conteúdo, é altamente perigosa. Aqueles que assim agem são tentados a se
considerar mais privilegiados por Deus do que os demais, tornando-se
presas fáceis das artimanhas do maligno. Somos advertidos pelo próprio
Deus de que todos os sonhos (até mesmo os dos profetas) devem permanecer
subordinados à autoridade normativa das Escrituras. “O profeta que tem
sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a Minha
palavra, fale a Minha palavra como verdade. Que tem a palha com o trigo?
– diz o Senhor” (Jeremias 23:28). ”À lei e ao testemunho! Se eles não
falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Isaías 8:20; ver também
Mateus 7:21-23; Gálatas 1:8-9; 1João 2:4; 4:1).
Sonhos jamais são usados por Deus como um fim em si mesmos, mas
apenas como um meio de nos aproximar mais dEle e de Sua Palavra (ver
João 20:29). Ademais, não podemos permitir que nossa fé dependa de tais
meios, possíveis de serem usados também por Satanás. Portanto, se você
tiver um sonho que julga ser de procedência divina, mas não tem plena
certeza disso, o mais prudente é tentar extrair dele uma lição positiva
para a vida, até que a sua origem e o seu propósito fiquem mais bem
esclarecidos.
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos” – julho de 1999
Marcadores: Sonhos
O relacionamento entre o clero e os leigos foi desequilibrado por
duas distorções opostas que emergiram no meio do cristianismo. A
primeira foi a superênfase do catolicismo medieval sobre as funções sacerdotais, que acabou enaltecendo o clero em detrimento dos leigos. A segunda foi a tentativa anabatista,
no século 16, de eliminar toda e qualquer distinção entre clérigos e
leigos, obliterando assim as funções eclesiásticas. O equilíbrio entre
esses dois extremos foi mantido por Lutero, que restaurou o
conceito bíblico do “sacerdócio universal” de todos os crentes, sem
abolir as funções sacerdotais exercidas por alguns crentes escolhidos
especificamente para tais funções.
Rompendo com os dogmas católicos da confissão auricular e da mediação dos santos, Lutero
ensinava que todos os crentes tinham pleno direito (1) de orar
diretamente ao Pai, por meio de Jesus Cristo (João 14:6; 1Timóteo 2:5), e
(2) de testemunhar a outros as boas-novas da salvação (Atos 1:8). Mas
esse “sacerdócio universal” não eliminava a necessidade de um
bem-organizado ofício ministerial; pois, de acordo com Lutero, “o
povo não pode fazê-lo como um todo, mas tem que delegá-lo a uma pessoa
ou deixá-lo aos cuidados de alguém. Do contrário, que aconteceria se
cada qual quisesse falar e administrar [o sacramento], e ninguém
quisesse ceder ao outro?” (Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 3, p. 413).
A importância do ofício dentro da comunidade dos crentes é enfatizada
tanto no Antigo Testamento, por meio da instituição do sacerdócio
levítico (Êxodo 28), como no Novo Testamento, através do ensino
apostólico. Paulo é claro em afirmar que o próprio Cristo “concedeu
uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos
para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11 e 12). Isso significa que nem todos são chamados a exercer as mesmas funções dentro da igreja.
Além disso, o Novo Testamento atesta que o rito do batismo não era
oficiado por todos os crentes da igreja primitiva. Por exemplo, o
batismo de arrependimento que preparava o caminho do Messias era
ministrado especificamente por João Batista (Mateus 3; João 1:19-34).
Aqueles que aceitavam o evangelho, durante o ministério de Cristo, eram
batizados pelos “Seus discípulos” (João 4:1 e 2). Já o livro de Atos
revela que, após a ascensão de Cristo, esse rito era oficiado pelos
apóstolos e por outros líderes da igreja (ver Atos 2:38-41; 8:12, 35-39;
9:18; 10:44-48; 16:14 e 15, 30-34; 18:8).
Embora o imperativo de ir e fazer “discípulos de todas as nações,
batizando-os…” (Mateus 28:19) fosse dado originalmente aos “onze
discípulos” (versos 16 e 18), cremos que ele se aplica a todos os
cristãos, de todas as épocas e lugares. Todos os crentes têm, portanto, a
solene responsabilidade de testemunhar do evangelho aos descrentes,
incentivando-os a uma experiência genuína com Cristo que culmine com o
batismo. Isso não significa que todo crente deva oficiar pessoalmente o
batismo de seus conversos; pois essa cerimônia deve ser ministrada
apenas por aqueles que foram escolhidos dentro da comunidade dos
crentes, como ministros do evangelho, para esse ofício.
Alberto Timm, “Sinais dos Tempos”, junho de 1998, p. 29.
Marcadores: Batismo
Marcadores: Perguntas e Respostas Bíblicas, Ressureição
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