quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Estruturas conceituais: Qual cosmovisão oferece uma melhor resposta?

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Conceituar ciência não constitui uma tarefa difícil. Basta apenas considerar cada uma das principais etapas normalmente desenvolvidas na metodologia científica. Poderíamos até afirmar que a ciência traduz, em sua prática, uma linguagem universal que possibilita contatos produtivos, repetição de experimentos, envolvendo, em muitos casos, pessoas com princípios morais e religiosos totalmente diversos. Essa é uma das fortes razões do progresso contínuo da ciência.
Infelizmente, o mesmo não ocorre com a religião. Não existe uma doutrina única. O relativismo, a subjetividade e a grande variedade de doutrinas imperam de tal forma que dificulta sobremaneira a nobre tarefa do sincero pesquisador, que está em busca de algo mais além daquilo que a ciência ou outras atividades humanas lhe possa proporcionar.
A situação pode complicar-se ainda mais quando alguém se propõe a associar, equivocadamente, a ciência e a religião. Assim, em uma primeira análise, pareceria bem mais seguro e vantajoso envolver-se exclusivamente com a ciência. No entanto, por mais que se tente negar, a realidade é que o ser humano é essencialmente religioso, inclusive os ególatras e aqueles que idolatram a ciência e se dizem ateus.
Como ponto de partida, quando se trata deste assunto, um importante fator refere-se à definição de religião – o termo deriva do verbo latim religare, que significa religar. O significado parece bastante apropriado para caracterizar o principal fundamento da religião cristã – o plano da redenção: Deus, e a obra prima de Sua criação – o homem – coexistiram em perfeita harmonia (Gênesis 1:26-27); em um dado momento (a queda) esse relacionamento perfeito foi interrompido (Gênesis 3:15); Deus toma então a iniciativa de reconduzir o homem à condição original (João 3:16); para que este processo de religar se complete, basta a aceitação de Deus, no plano individual, como Senhor e Salvador (Apocalipse 22:12). Que outra religião poderia melhor interpretar o significado de religar?
Tendo em vista esta definição de religião, pode-se afirmar que o livro da natureza é imprescindível para uma interpretação coerente e total da Bíblia. Assim, aquele que estuda as Sagradas Escrituras sentir-se-á estimulado a desvendar os mistérios da natureza, valendo-se da metodologia científica. A importância do estudo dos dois livros, paralelamente, fica evidenciada quando nos deparamos com as duas faces da natureza:
  • A primeira, refere-se – às características estéticas (beleza, simetria e ordem); ao alto grau de complexidade tanto da matéria como dos organismos; às leis de reprodução e manutenção da vida; etc. Este lado da natureza revela desígnio, propósito e aponta para um Grande Arquiteto, o Deus Criador, revelado nas Sagradas Escrituras.
  • A segunda face é tão real quanto a primeira. No entanto, provoca reações adversas (medo, repulsa e até pavor). Contitui o mundo – dos predadores, com suas garras, presas e venenos; da disputa (sobrevivência dos mais fortes); dos processos degenerativos; das doenças e da morte; etc. Esta estranha face do mundo natural sempre existiu?
Que explicação a ciência nos proporciona para a compreensão desta notável dualidade entre a natureza? Qual estrutura conceitual contempla este dualismo? A seguir, apresentaremos, sucintamente, as principais cosmovisões, ou estruturas conceituais, para então escolhermos aquela que fornece respostas convincentes às referidas questões e, também, oferece as melhores condições para o desenvolvimento harmônico da ciência e da religião?
1. EVOLUCIONISMO NATURALISTA
Neste paradigma não há espaço para religião e muito menos para Deus. Considera-se então a ciência, como uma ilimitada fonte para a solução de todos os problemas e, suficientemente capaz para decifrar todos os enigmas. Aquilo que não é solucionado ou decifrado hoje, no futuro o será. A seguir, alguns postulados básicos deste modelo:
  • A matéria existiu sempre ou surgiu ao acaso;
  • A vida originou-se a partir de matéria inorgânica (abiogênese);
  • Todos os organismos atuais descendem de um [único] ancestral comum;
  • A vida pode ter se originado de organismos extraterrestres;
  • Os seres vivos desenvolveram-se, casualmente, para níveis de maior complexidade.
Os principais e graves problemas do Evolucionismo Naturalista são os seguintes:
  • A 2° Lei da Termodinâmica deve ser efetivamente ignorada;
  • Os seres de transição ou os elos intermediários, necessários na construção da “grande árvore filogenética”, estão notavelmente ausentes.
Este paradigma, evidentemente, não promove a tão almejada harmonia entre ciência e religião.

2. EVOLUCIONISMO AGNÓSTICO
Neste modelo, basicamente semelhante ao anterior, não se afirma categoricamente a inexistência de Deus. Seus principais postulados são o seguinte:
  • Deus não pode ser parte de nossa compreensão do mundo;
  • Não se afirma o ateísmo nem o teísmo;
  • Aceita-se o evolucionismo em sua forma integral;
  • O cientista não deve transpor os limites que lhe é proporcionado pela metodologia científica.
A supervalorização da ciência pode ser perigosa e conduzir o pesquisador a graves erros, tendo em vista as limitações do próprio método científico. O cientista por mais experiente e dedicado que seja, terá apenas uma visão parcial ou incompleta da realidade. Deveríamos ainda refletir na seguinte questão: seriam os problemas, sobre as origens, de âmbito exclusivo da ciência?
O presente modelo contém os mesmos problemas do paradigma anterior, portanto, não deve ser adotado pelo cientista que valoriza tanto a ciência quanto a religião.

3. EVOLUCIONISMO PANTEÍSTA
O modelo em questão, já se diferencia dos anteriores visto que, considera a existência de uma divindade. Quem é esse Deus? Analisemos alguns enunciados desta estrutura conceitual:
  • Deus e o mundo formam uma unidade, constituindo-se um todo indivisível;
  • Deus impregna todo o universo, sendo assim um ente impessoal;
  • A natureza é o próprio Deus, que progride com a evolução.
Este deus que evolui simultaneamente com a natureza e, que não se relaciona, ao nível pessoal, com os seres (que não foram criados, diretamente por ele), certamente não é o Deus revelado na Bíblia.
Tendo em vista o significado mais amplo do termo religião (religar), já comentado, e por outro lado, a grande dificuldade de se sustentar os prolongados períodos de tempo, preconizados pelo paradigma evolucionista, constata-se a impossibilidade de encontrar na presente estrutura conceitual, elementos que possam favorecer uma associação coerente entre ciência e religião.

4. EVOLUCIONISMO DEÍSTA
A grandiosidade do espaço sideral, a complexidade da vida e outras realidades que sensibilizam  a razão humana, constituem o motivo principal que inspira os deístas a admirarem a existência de Deus. Vejamos então os principais enunciados deste paradigma:
  • A existência de um Deus Criador apenas como exigência da razão;
  • Determinados conceitos como – pecado, redenção, providência, perdão e graça, não existem, pois constituem idéias irracionais;
  • Não existem milagres e o sobrenatural; porém a ordem do Universo provém de um Deus – da natureza e não da humanidade;
  • Este Deus teria sido imprescindível no processo evolutivo – originou a vida e orientou os mecanismos de formação de alguns sistemas biológicos complexos.
O modelo apresenta um deus estranho que se envolve, ao longo do tempo, com os processos evolutivos. Estes conceitos deturpam o verdadeiro caráter de Deus, expresso nas Sagradas Escrituras. Os prolongados períodos de tempo, de desenvolvimento evolutivo dos seres, não podem ser justificados pela própria Geologia. Assim, este paradigma defende uma duplamente equivocada associação entre ciência e religião.

5. EVOLUCIONISMO TEÍSTA
O Evolucionismo Teísta está se tornando cada vez mais popular. Considerado, por um grande número de cientistas, como a cosmovisão mais equilibrada, onde a ciência e a religião se compatibilizam plenamente. Esta harmonia, verdadeiramente, existe? Consideremos então alguns princípios do paradigma em questão:
  • Deus criou a matéria com propriedades evolutivas, no entanto teria existido espaço ou liberdade para o desenvolvimento das mutações e da seleção natural;
  • Deus coordena o processo contínuo da evolução, intervindo em determinadas ocasiões, para facilitar processos mais complexos, por exemplo, o surgimento da vida;
  • Deus participou, mais efetivamente no processo evolutivo, por ocasião do aparecimento do “Homo sapiens”, com suas características mentais mais nobres, relativamente à fase anterior (“Homo habilis”?).
O primeiro problema com este modelo refere-se às inconsistências e incoerências da própria Teoria da Evolução.
A tentativa de se associar o paradigma da evolução com o texto bíblico, de imediato, exige a reinterpretação dos primeiros onze capítulos de Gênesis, transformando-os, de relatos históricos e literais, em narrativas simbólicas ou folclóricas do povo hebreu. Certamente, tal modificação descaracterizaria a Bíblia como um todo.
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Por outro lado, a lentidão do processo evolutivo e o fator competição, são incompatíveis com o poder criativo, sabedoria e bondade de Deus, como revelado nas Sagradas Escrituras. Portanto, o modelo presente, por incrível que possa parecer, é o que traduz, dentre os demais, as maiores incoerências entre a ciência e a religião.

6. CRIACIONISMO  PROGRESSIVO
Esta é a primeira vez, no presente texto, que se menciona o termo “criacionismo”. O Criacionismo Progressivo é um modelo derivado do catastrofismo múltiplo de Cuvier (já mencionado no capítulo II). Os adeptos desta estrutura conceitual consideram ter logrado conciliar, com sucesso, os longos períodos da coluna geológica (ciência), com prolongados atos criativos de Deus (religião), sem a necessidade de recorrer à Teoria da Evolução. A seguir, alguns postulados do modelo:
  • Deus criou, progressivamente, ao longo de vastos períodos de tempo, conforme a sequência observada no registro fóssil;
  • Os dias da criação não teriam sido literais, mas sim representariam períodos de 1000 anos ou mais (Teoria dos Dias-Eras);
  • Alguns ainda consideram os seis dias, da primeira semana de Gênesis, como dias literais da revelação e não da criação.
As referidas interpretações bíblicas são totalmente insustentáveis. A existência de predadores e a extinção de plantas e animais, antes da criação do homem, implica no aparecimento do pecado antes de Adão e Eva.
Temos ainda verificado (capítulo I) as várias evidências em favor dos curtíssimos intervalos de tempo, na história geológica. Assim, os longos períodos defendidos por este modelo também devem ser rejeitados.
Concluímos então que, mesmo valorizando a Deus como criador, o Criacionismo Progressivo não pode ser qualificado como bíblico. Verificamos também que este modelo não pode ser sustentado cientificamente.

7. CRIACIONISMO BÍBLICO
Alguns cientistas consideram o termo “criacionismo” inadequado, para representar seu significado mais completo. Sugere-se, por exemplo, a designação “Intervencionismo Informado”, que se mostra mais apropriada ou, que melhor reproduz os princípios expostos a seguir:
7.1. A BÍBLIA
A Bíblia é a palavra de Deus escrita. São muitas as evidências disponíveis que lhe conferem autenticidade – historicidade confirmada pela Arqueologia; coerência interna; profecias cumpridas com exatidão; foi preservada, praticamente intacta, ao longo dos séculos; etc. Assim, os relatos das origens e do Grande Cataclismo, como descritos no livro de Gênesis, constituem verdades históricas.
7.2. O UNIVERSO
A substância física do Universo e as leis de interação que a caracteriza, foram trazidas à existência pelo Criador e são a manifestação de seu contínuo propósito.
7.3. TEMPO DA CRIAÇÃO
No período definido por seis rotações sucessivas do planeta Terra, à aproximadamente 6.000 anos atrás, o Criador organizou e/ou criou o planeta para prover um ambiente ideal para os seres vivos e, colocou ali os ancestrais de todos os organismos que têm vivido neste planeta (uma das duas faces da natureza – a face bela – é estabelecida nessa ocasião; a outra face, simplesmente não existiria).
7.4. PROCESSOS DEGENERATIVOS
A criação, inicialmente perfeita, que refletia a personalidade do Criador, cuja principal característica é o amor, foi, subsequentemente, modificada como resultado do pecado. Começa então a entrar em operação processos degenerativos, resultando na consequente diminuição de complexidade e de ordem (explicada pela 2° Lei da Termodinâmica). Assim, a morte torna-se o destino de todos os organismos (a natureza mostra, pela primeira vez, sua segunda face – a face disforme).
7.5. MICROEVOLUÇÃO
Os organismos criados foram dotados de capacidade de propagação com modificações, que tem resultado em um amplo leque de adaptações e especializações dentro de categorias básicas (microevolução).
7.6. CATÁSTROFE UNIVERSAL
A superfície do planeta foi radicalmente transformada em um evento, ocorrido após a criação, conhecido como dilúvio (evidenciado nos estratos geológicos [e a disposição paralela dos sedimentos, demonstrando soterramento rápido] e no registro fóssil), que soterrou as condições previamente existentes e resultou em um mundo pós-diluviano que, em muitas situações, proveu condições ambientais drasticamente diferentes para os organismos vivos.
Figura 1 – Foto de rio no Grand Canyon, Arizona, EUA demonstrado a estratificação paralela que evidencia uma deposição rápida de sedimentos (Fonte: API-NING).
7.7. RESTAURAÇÃO BIOLÓGICA
O planeta Terra no seu aspecto físico será, no futuro, totalmente restaurado. O Criador procederá, novamente, a atos de criação ou transformação dos seres vivos. A perfeição edênica será implantada definitivamente.

Evidentemente que a sétima estrutura conceitual – o Criacionismo Bíblico, não somente responde a questões levantadas no início do presente capítulo, mas também oferece as melhores condições para o desenvolvimento harmônico da ciência e da religião. Os seis primeiros princípios, deste modelo, podem ser sustentados com uma sólida argumentação científica:
  • PRINCÍPIO 7.1 - A veracidade da Bíblia é atestada pela própria Arqueologia;
  • PRINCÍPIO 7.2 e 7.3 – A complexidade da matéria e dos seres vivos, desvendada pela própria ciência, não pode [e não demonstra] ser simples produto do acaso;
  • PRINCÍPIO 7.4 – A operação de processos degenerativos na natureza e o aumento da entropia - 2° Lei da Termodinâmica, são satisfatoriamente compreendidos à luz da sétima estrutura conceitual;
  • PRINCÍPIO 7.5 – A microevolução se ajusta muito melhor ao modelo Criacionista, comparativamente ao modelo Evolucionista;
  • PRINCÍPIO 7.6 – Os mais importante modelo unificador da Geologia é encontrado em Gênesis 7 e 8, onde os fenômenos geológicos globais se ajustam com perfeição.
Uma teoria científica, consistentemente estabelecida, é capaz de fazer predições (acontecimentos futuros ou novas descobertas), tendo em vista a imutabilidade de determinadas leis. Em qualquer outra situação, da experiência humana, as predições podem falhar, podem ser perigosas ou mesmo impossíveis.
Na realidade, a natureza humana está sempre propensa a desejar conhecer o futuro, por diferentes motivos – curiosidade, insegurança, ou mesmo, por uma razão legítima. Seria então a ciência a única detentora das predições seguras ou confiáveis?
Com base nos fatos, ou acontecimentos históricos devidamente registrados, podemos com segurança afirmar que a Bíblia apresenta as predições mais relevantes da história humana, cujo cumprimento foi e tem sido impressionantemente exato – ver Daniel 2, 8:14; São Mateus 1 e 2; muitos outros exemplos poderiam ser mencionados.
Estas predições ou profecias foram feitas pela Mente Superior de um Deus Onisciente, o mesmo Ser que estabeleceu e mantém leis imutáveis (previsíveis). Com essa realidade em mente é que incluímos o sétimo princípio (Princípio 7.7.) na estrutura conceitual Criacionista. O que este princípio significa para você?!

TEXTO RETIRADO NA ÍNTEGRA DE:
SOUZA JUNIOR, Nahor Neves. Uma breve história da Terra. 1° ed., Núcleo de Estudo das Origens. UNASP, São Paulo, 2002. p.  118-131 (Capítulo IV).

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