segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Um Ministério de Música

Paulo escreveu sua primeira carta aos Coríntios buscando ajudar uma igreja dividida. Se você lê-la com atenção vai ver que procura esclarecer algumas questões que causavam polêmica na igreja. Uma delas era o dom de línguas. Uma confusão sem sentido, que agradava a um grupo de membros. Eles defendiam suas atitudes como saudáveis e necessárias para edificar a igreja.


Diante da situação Paulo faz uma profunda apresentação mostrando que não importa o quanto alguma coisa pareça fazer bem para a igreja, é preciso que seja compreensível e verdadeiramente edificante.

No meio de suas orientações ele dá um conselho precioso, que vai além do dom de línguas e envolve a música. Aliás, uma pergunta seguida por duas soluções ou orientações.

Em I Coríntios 14:15 ele diz: “Que farei então? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento”.

Esta é uma forma de encarar a música diferente do convencional. Para Paulo a música precisa ter sentimento, criação, emoção – o espírito; mas também ser vista e analisada pelo ângulo da razão - entendimento.

Diante de seu envolvimento com a música Adventista, é importante parar para fazer uma análise da música Adventista. Você já parou para pensar como tem sido sua relação com a nossa música?

A razão nos leva a encarar algumas realidades que precisam ser desenvolvidas.:

1. A música adventista precisa se tornar um resultado de mais oração, missão e integração e de menos discussão.

É comum em encontros, apresentações musicais, comissões, ou mesmo em conversas sobre música acontecerem sérias discussões entre defensores de estilos diferentes de música. São os chamados conservadores e liberais em ação.

Em muitos casos ainda não aprendemos que discussão e confronto nunca vão resolver a questão, por mais razão que alguém tenha.

Precisamos ter sempre em mente que somos uma igreja e temos um Deus. Nossas atitudes precisam refletir essa realidade. Há uma direção maior, justa e sobrenatural. Se alguma música ou músico não são como acreditamos que deveriam ser, precisamos demonstrar que temos o amor de Deus em nossa vida e ele se manifesta no trato com as pessoas. Vamos conversar sempre como irmãos, pessoas que se amam e se respeitam. Essa é a verdadeira atitude cristã.

Se a mudança que esperamos não acontece, é tempo de orar. O que a discussão não faz a oração é capaz de fazer. Se orássemos mais como líderes, músicos e membros, pela música e pelos músicos, veríamos muito mais milagres, harmonia e poder nesta área.

2. É preciso ter mais cuidado ao tratar, tocar e usar um instrumento tão poderoso como a música.

Ellen White é muito clara quando apresenta esse poder. No livro Educação, pág. 166 e 167 ela descreve uma lista do que a música é capaz:

• Fixar palavras na memória;

• Subjugar as naturezas rudes e incultas;

• Suscitar pensamentos;

• Despertar simpatia;

• Promover a harmonia de ação;

• Excluir a tristeza e os maus pensamentos;

• Impressionar o coração com as verdades espirituais;

• Diminuir o poder da tentação.

Esta lista pode, inclusive, ser ampliada por descobertas mais recentes sobre o poder da música. Ela também é capaz de:

• Provocar Lembranças;

• Levar a decisão;

• Expulsar Satanás;

• Ajudar na recuperação da saúde;

• Desenvolver ou retardar a inteligência;

• Influenciar no apetite.



Deus capacitou cada músico a entrar neste universo de poder. É preciso, entretanto, ter cuidado e habilidade. O grande desafio é:

• Não produzir apenas aquilo que os sentimentos e a criatividade mandam;

• Não produzir apenas aquilo que é a tendência do momento;

• Não produzir apenas aquilo que é ditado pelo gosto pessoal;

• Não produzir apenas aquilo que vende;

• Não produzir apenas aquilo que entretém;

• Usar o poder da música para transmitir mensagens espirituais consistentes;

• Usar o poder da música para engrandecer a Deus;

• Usar o poder da música para tocar corações.

Enfim, use o poder da música para salvar.

3. É preciso fortalecer a visão de um ministério de música Adventista.

Essa visão passa por alguns pontos:

a. Maior unidade entre músicos e pastores

Todos são ministros, apesar dos formatos de ministério serem diferentes. Os dois têm o mesmo objetivo – a salvação.

É muito triste ouvir gente falando por ai: “Pastores não podem falar de música porque esta não é a área deles”. Ou mesmo: “Os músicos são um risco ou um problema constante com suas produções”.

Esta separação não apenas enfraquece os dois, como limita extremamente o cumprimento da missão da igreja.

Aqueles que falam dos Pastores precisam melhorar sua visão. Realmente a maioria deles não são músicos e não entendem tecnicamente de música, apesar de haver um bom grupo deles que também tem preparo na área.

Por outro lado, eles entendem de Bíblia e devem ser porta-vozes da vontade de Deus.

Não podemos esquecer que Moisés não foi médico nem advogado, mesmo dentro da realidade de sua época, mas escreveu a base das leis civis e sanitárias de uma nação. Ellen White não era educadora, mas escreveu sólidas e respeitadas orientações nesta área e em várias outras.

As orientações de Deus estão acima da formação técnica. Afinal, Ele é o criador de todas as coisas.

Este preconceito deveria desaparecer pelo bem do ministério da música. Já aqueles que falam dos músicos, também precisam melhorar sua visão. Os músicos não são um risco, muito menos um problema, mas são colaboradores do ministério. Afinal, receberam um dom extremamente útil, fundamental e importante e que foi dado diretamente pelo Espírito Santo.

É aos músicos que a igreja recorre, sempre que precisa de músicas para seus eventos, CDs, hinários, etc.

São os músicos que, pelo poder de Deus, tem composto hinos que vem gravando mensagens espirituais e tocando corações por anos e por gerações.

Precisamos fortalecer a unidade entre os ministérios da igreja, especialmente o da Música e o pastoral. Os dois têm uma grande influência, um grande poder e uma grande missão.

b. Fortalecimento do uso da música no louvor congregacional

Precisamos dar à música um lugar especial em nossos cultos de adoração. Ela não pode ser usada para preencher espaços vazios, ou ocupar a congregação enquanto não começa algum programa.

Precisamos mudar o conceito de música mecânica ou automática, usada simplesmente para o cumprimento de um processo litúrgico.

É preciso conduzir qualquer momento de louvor envolvendo o adorador e fazendo com que ele seja profundamente influenciado pelas palavras e acordes daquilo que está sendo cantado, tocado ou apresentado.

Isso é utilizar a música como um ministério de adoração.

c. Uso da musica para o cumprimento da missão da igreja.

A música é uma das mais poderosas ferramentas para tocar corações. Ela precisa ser usada para alcançar aqueles que ainda não se entregaram.

Para isso não basta cantar ou tocar. É preciso ir mais além, colocar o coração em cada apresentação, não perder a chance de apelar a qualquer público ouvinte e desenvolver projetos para conquistar novas pessoas para Jesus. A música precisa se tornar, também, um ministério de evangelização.

d. Fortalecimento da vida espiritual de cada músico.

Ninguém dá aquilo que não tem. Se um músico quer compor o melhor acorde, escolher o melhor repertório, desenvolver os melhores conceitos, ter uma vida pessoal pura, que autentique sua música e, como resultado, tocar corações, é preciso se alimentar das coisas de Deus. Gastar tempo com a Bíblia e a oração. Não ter tempo para Deus é viver perdendo tempo.

Quem produz música para Deus, mas não tem uma relação com Ele, pode produzir belas peças de arte, mas não toca corações. Não tem um ministério.

Mais sério ainda é o caso de um músico que bebe de fonte impura e quer oferecer água pura. Vive ligado no que é popular, mas quer oferecer o que é espiritual. É preciso beber em fonte pura para oferecer água pura.

e. Produção e uso de músicas que edificam e tocam o coração das pessoas.

Sem dúvida, existe música para todo o tipo de momento e lugar. Há músicas que podem ser úteis em uma situação acabam sendo impróprias em outra.

O músico Adventista, porém, precisa ter bem claro que não importando o lugar ou o momento temos um compromisso com um ministério de crescimento espiritual, conversão e salvação.

Não temos tempo a perder. Queremos chegar ao céu, e nada pode nos desviar dessa rota.

• Precisamos diminuir a visão comercial e aumentar a visão espiritual;

• Precisamos diminuir a visão de entretenimento e aumentar a visão de adoração;

• Precisamos diminuir o conceito de show e aumentar o conceito de culto;

• Precisamos diminuir a visão de um artista e aumentar a visão de um ministro;

• Precisamos diminuir até mesmo aquilo que agrada e aumentar aquilo que edifica.

Música é arte, mas como músicos cristãos, precisamos reafirmar a idéia de que a arte está a serviço da mensagem. A música Adventista é um veículo de comunicação da mensagem da Bíblia para esse tempo. Isso é ministério de música Adventista.

UM CHAMADO DE DEUS

Deus está chamando você para um Ministério de Música. Este chamado é para:

• Os músicos profissionais Adventistas;

• Os compositores;

• Os produtores musicais;

• Os cantores e instrumentistas;

• Os maestros e líderes de grupos musicais;

• Aqueles que não são músicos, mas dirigem o departamento de música das igrejas.

Este convite vem dos dias de Davi. Depois de fortalecer o reino e conquistar Jerusalém para ser sua capital, Ele decidiu trazer a Arca da aliança para a cidade. Preparou uma tenda especial, reuniu o povo e estabeleceu um local de adoração.

Em I Crônicas 15 ele convocou os levitas e organizou todo o funcionamento do sistema de adoração, definindo exatamente o que cada um deles deveria tocar. Ao fazer isso deixou clara a importância dos músicos dentro do ministério e da adoração.

Chegou o momento de buscar a Arca e colocá-la no lugar preparado. No capítulo 15, verso 27 a Bíblia apresenta aqueles que tiveram destaque neste ritual: Davi, os levitas, os músicos, e Quenaías, chefe dos músicos. Este momento foi tão importante que até as roupas daqueles que participaram está descrita.

No capítulo 16:4-6 a Bíblia apresenta Davi nomeando os levitas para estarem constantemente ministrando o louvor. Mais uma vez registra o nome e a função de cada um.

No momento da chegada da arca, Davi encarregou, pela primeira vez, Asafe e sua família da coordenação do louvor. A partir daí, eles foram destacados para cumprirem este ministério regularmente.

Leia este relato na Bíblia. Quando são apresentadas as equipes de trabalho do templo, a primeira é a dos ministros da música. Fica clara a importância do ministério da música dentro do templo, de forma organizada, definida e bem planejada.

A história da Bíblia mostra que os músicos têm um papel fundamental no ministério de adoração a Deus. A atuação dos músicos e a adoração deveriam estar diretamente ligadas à intercessão.

O que ocorria durante aqueles momentos não era um show nem um momento de entretenimento musical. As pessoas chamadas por Deus exerciam literalmente um ministério. Elas tinham plena consciência da importância do papel que exerciam e o quanto à eficiência da adoração dependia do correto desempenho das suas funções.

O ministério da música, que atua diretamente na presença de Deus, que abre as portas do céu e traz o seu ambiente até a terra, tem um lugar especial nos planos de Deus. Precisamos de menos músicas que falem de Deus e de mais músicas que tragam a presença de Deus e sejam Sua voz. Elas podem ser para jovens ou para a igreja, para quartetos, solos, corais, bandas ou orquestras. Enfim, em qualquer grupo ou situação a prioridade precisa ser trazer o céu mais perto da terra.

Hoje precisamos resgatar mais desta visão de ministério. Precisamos focar mais na música que toca corações. Precisamos ir além da busca por um padrão de música. Nossa prioridade deve ser a visão e a estruturação de um ministério de música Adventista.

Há muitos músicos já focados nisso, ou dando uma boa colaboração para este ministério. A igreja tem uma grande gratidão a eles pelo trabalho que tem feito.E quanto mais nos afinarmos com a vontade de Deus, maiores serão as portas que vão se abrir diante de nós.

Para todos aqueles que já entenderam ou ainda precisam entender o seu papel como ministros, o primeiro salmo, de Davi, apresentado no novo lugar de adoração, faz dois desafios.

O primeiro está em I Crônicas 16:9 (NVI): “Cantem para Ele”. Este desafio não é apenas para os cantores, mas para todos os envolvidos com a música da igreja. Nossa música precisa ser produzida para Deus, e para a Sua glória.

Queridos músicos:

• Permitam que Ele seja o centro de tudo o que vão fazer;

• Desenvolvam um ministério de adoração e salvação;

• Exaltem sempre a Deus, a imagem de Deus e o nome de Deus.

O segundo desafio, uma extensão do primeiro, está em I Crônicas 16:23 (NVI), quando Davi repete: “Cantem ao Senhor”, mas continua dizendo: “proclamem a Sua salvação dia após dia”.

• Usem a arte a serviço da mensagem, e nunca permitam que a arte seja mais forte ou atrativa que a mensagem;

• Usem a linguagem da música, que é tão forte, em sintonia e apoio à mensagem que ela precisa transmitir;

• Toquem, cantem ou produzam aquilo que vai conquistar corações para Jesus;

• Usem a música para cumprir a missão da igreja, e conquistar pessoas para Jesus.

Deus chamou cada músico para ser o Seu porta-voz; Para ocupar um lugar importantíssimo em sua causa; Para utilizar uma de Suas ferramentas mais poderosas; Para ajudar a abreviar a volta de Cristo.

Há um desafio para você que está envolvido com a música Adventista: Transforme seu talento em um chamado, e transforme seu chamado em um ministério. Cante, toque, reja, ensine, produza, sempre para Ele, para proclamar a Sua salvação. Isso é ministério.

Você, músico cristão, que já tem um compromisso com Deus, gostaria de confirmar seu propósito de utilizar a música como um ministério?

Você que ainda não tem desenvolvido essa missão gostaria de aceitar o desafio de dar um novo rumo ao seu envolvimento musical, construindo um ministério de salvação?

Precisamos tornar reais as palavras que tantas vezes cantamos juntos (HA No. 10):

“Louvemos o Rei, Glorioso Senhor. Oh vamos cantar o Seu infindo amor”.

“Falemos de Deus, da graça sem par...”.

“Cantemos do seu cuidado por nós...”.

Deus está esperando o seu compromisso para que possa transformar seu talento em um poderoso Ministério.

Erton Kohler, Presidente da
Divisão Sul-Americana da IASD, Brasília, DF

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