terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O Fim dos 2.300 Dias de Daniel 8:14




Na profecia da mensagem do primeiro anjo, no capítulo 14 de Apocalipse, é predito um grande despertamento religioso sob a proclamação da breve vinda de Jesus. É visto um anjo a voar “pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a Terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo”. “Com grande voz” ele proclama a mensagem: “Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque vinda é a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas.” Apoc. 14:6 e 7.


É significativo o fato de afirmar-se ser um anjo o arauto desta advertência. Pela pureza, glória e poder do mensageiro celestial, a sabedoria divina foi servida de representar o caráter exaltado da obra a cumprir-se pela mensagem, e o poder e glória que a deveriam acompanhar. E o vôo do anjo “pelo meio do céu”, “a grande voz” com que é proferida a advertência, e sua proclamação a todos os “que habitam sobre a Terra”, “a toda a nação, e tribo, e língua, e povo”, evidenciam a rapidez e extensão mundial do movimento. …

Como a grande reforma do século dezesseis, o movimento do advento apareceu simultaneamente em vários países da cristandade. Tanto na Europa como na América, homens de fé e oração foram levados a estudar as profecias e, seguindo o relatório inspirado, viram provas convincentes de que o fim de todas as coisas estava próximo. Em diferentes países houve grupos isolados de cristãos que, unicamente pelo estudo das Escrituras, creram na proximidade do advento do Salvador. …

A Guilherme Miller e seus cooperadores coube a pregação desta advertência na América do Norte. Este país se tornou o centro da grande obra do advento. Foi aqui que a profecia da mensagem do primeiro anjo teve o cumprimento mais direto. Os escritos de Miller e seus companheiros foram levados a países distantes. Em todo o mundo, onde quer que houvessem penetrado missionários, para ali se enviaram as alegres novas da breve volta de Cristo. Por toda parte se propagou a mensagem do evangelho eterno: “Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque vinda é a hora do Seu juízo.” …

Aguardando em Calma Expectação

Com inexprimível desejo, os que haviam recebido a mensagem aguardavam a vinda do Salvador. O tempo em que esperavam encontrar-se com Ele estava às portas. Com calma e solenidade viam aproximar-se a hora. Permaneciam em doce comunhão com Deus, como que antegozando a paz que desfrutariam no glorioso futuro. Pessoa alguma que haja experimentado esta confiante esperança, poderá esquecer-se daquelas preciosas horas de expectativa. Algumas semanas antes do tempo, as ocupações seculares foram em sua maior parte postas de lado. Como se estivessem no leito de morte, e devessem dentro de poucas horas cerrar os olhos às cenas terrestres, os crentes sinceros examinavam cuidadosamente todos os pensamentos e emoções de seu coração. Não houve confecção de “vestes para a ascensão”; todos sentiam, porém, a necessidade de evidência íntima de que estavam preparados para encontrar-se com o Salvador; suas vestes brancas eram a pureza da alma – o caráter purificado do pecado pelo sangue expiatório de Cristo. Oxalá ainda houvesse entre o povo professo de Deus o mesmo espírito de exame do coração, a mesma fé, ardorosa e resoluta. Houvessem eles desta maneira continuado a humilhar-se perante o Senhor, a instar com suas petições no propiciatório, e estariam de posse de uma experiência muito mais rica do que aquela que ora possuem. Há muito pouca oração, muita falta de verdadeira convicção do pecado, e a ausência de uma fé viva deixa a muitos destituídos da graça tão ricamente provida por nosso Redentor.

Deus intentara provar o Seu povo. Sua mão ocultou um erro no cômputo dos períodos proféticos. Os adventistas não descobriram esse erro; tampouco foi descoberto pelos mais instruídos de seus oponentes. Estes últimos diziam: “Vossa contagem dos períodos proféticos é correta. Qualquer grande acontecimento está prestes a ocorrer; mas não é o que o senhor Miller prediz: é a conversão do mundo, e não o segundo advento de Cristo.”

Passou-se o tempo de expectação e Cristo não apareceu para o libertamento de Seu povo. Os que com fé e amor sinceros haviam esperado o Salvador, experimentaram amargo desapontamento. Todavia, os propósitos de Deus se cumpriam: estava Ele a provar o coração dos que professavam estar à espera de Seu aparecimento. Muitos havia, entre eles, que não tinham sido constrangidos por motivos mais elevados do que o medo. A profissão de fé não lhes transformara o coração nem a vida. Não se realizando o acontecimento esperado declararam essas pessoas que não se achavam decepcionadas; nunca tinham crido que Cristo viria. Contavam-se entre os primeiros a ridicularizar a tristeza dos verdadeiros crentes.

Mas Jesus e toda a hoste celestial olhavam com amor e simpatia para os provados e fiéis, embora decepcionados. Pudesse descerrar-se o véu que separava o mundo visível do invisível, e ter-se-iam visto anjos aproximando-se daquelas almas constantes, escudando-as dos dardos de Satanás. O Grande Conflito, págs. 355-374.

Reexaminadas as Escrituras

Quando se passou o tempo em que pela primeira vez se esperou a vinda do Senhor, na primavera de 1844, os que pela fé haviam aguardado o Seu aparecimento ficaram por algum tempo envoltos em perplexidade e dúvida. Embora o mundo os considerasse inteiramente derrotados, e julgasse provado que tivessem seguido uma ilusão, sua fonte de consolo era ainda a Palavra de Deus. Muitos continuaram a pesquisar as Escrituras, examinando de novo as provas de sua fé, e estudando cuidadosamente as profecias para obterem mais luz. O testemunho da Bíblia em apoio de sua atitude parecia claro e conclusivo. Sinais que não poderiam ser malcompreendidos apontavam para a vinda de Cristo como estando próxima. A bênção especial do Senhor, tanto na conversão de pecadores como no avivamento da vida espiritual, entre os cristãos, havia testificado que a mensagem era do Céu. E, posto que os crentes não pudessem explicar o desapontamento, sentiam-se seguros de que Deus os guiara na experiência por que haviam passado.

Entretecida com as profecias que tinham considerado como tendo aplicação ao tempo do segundo advento, havia instrução especialmente adaptada ao seu estado de incerteza e indecisão e que os animava a esperar pacientemente na fé segundo a qual o que então lhes era obscuro à inteligência se faria claro no tempo devido. …

No verão de 1844, período de tempo intermediário entre a época em que, a princípio, se supusera devessem terminar os 2.300 dias, e o outono do mesmo ano, até onde, segundo mais tarde se descobriu, deveriam eles chegar, a mensagem foi proclamada nos próprios termos das Escrituras: “Aí vem o Esposo!”

O que determinou este movimento foi descobrir-se que o decreto de Artaxerxes para a restauração de Jerusalém, o qual estabelecia o ponto de partida para o período dos 2.300 dias, entrou em vigor no outono do ano 457 antes de Cristo, e não no começo do ano, conforme anteriormente se havia crido. Contando o outono de 457, os 2.300 anos terminam no outono de 1844.

Tipos no Cerimonial do Santuário

Argumentos aduzidos dos símbolos do Antigo Testamento apontavam também para o outono como o tempo em que deveria ocorrer o acontecimento representado pela “purificação do santuário”. Isto se tornou muito claro ao dar-se atenção à maneira por que os símbolos relativos ao primeiro advento de Cristo se haviam cumprido.

A morte do cordeiro pascal era sombra da morte de Cristo. Diz Paulo: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.” I Cor. 5:7. O molho das primícias, que por ocasião da Páscoa era movido perante o Senhor, simbolizava a ressurreição de Cristo. …

Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao tempo. No dia catorze do primeiro mês judaico, no mesmo dia e mês em que, durante quinze longos séculos, o cordeiro pascal havia sido morto, Cristo, tendo comido a Páscoa com os discípulos, instituiu a solenidade que deveria comemorar Sua própria morte como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Naquela mesma noite Ele foi tomado por mãos ímpias, para ser crucificado e morto. E, como o antítipo dos molhos que eram agitados, nosso Senhor ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, como – “as primícias dos que dormem” (I Cor. 15:20), exemplo de todos os ressuscitados justos, cujo “corpo abatido” será transformado, “para ser conforme o Seu corpo glorioso”. Filip. 3:21.

De igual maneira, os tipos que se referem ao segundo advento devem cumprir-se ao tempo designado no culto simbólico. No cerimonial mosaico, a purificação do santuário, ou o grande dia da expiação, ocorria no décimo dia do sétimo mês judaico (Lev. 16:29-34), dia em que o sumo sacerdote, tendo feito expiação por todo o Israel, e assim removido seus pecados do santuário, saía e abençoava o povo. Destarte, acreditava-se que Cristo, nosso Sumo Sacerdote, apareceria para purificar a Terra pela destruição do pecado e pecadores, e glorificar com a imortalidade a Seu povo expectante. O décimo dia do sétimo mês, o grande dia da expiação, tempo da purificação do santuário, que no ano 1844 caía no dia vinte e dois de outubro, foi considerado como o tempo da vinda do Senhor. Isto estava de acordo com as provas já apresentadas, de que os 2.300 dias terminariam no outono, e a conclusão parecia irresistível. …

Cuidadosa e solenemente os que receberam a mensagem chegaram ao tempo em que esperavam encontrar-se com o Senhor. Sentiam como primeiro dever, cada manhã, obter a certeza de estar aceitos por Deus. De corações intimamente unidos, oravam muito uns com os outros e uns pelos outros. A fim de ter comunhão com Deus, reuniam-se muitas vezes em lugares isolados, e dos campos ou dos bosques as vozes de intercessão ascendiam ao Céu. A certeza da aprovação do Salvador era-lhes mais indispensável do que o pão cotidiano; e, se alguma nuvem lhes toldava o espírito, não descansavam enquanto não fosse dissipada. Sentindo o testemunho da graça perdoadora, almejavam contemplar Aquele que de sua alma era amado.

Desapontados, mas Confiantes na Inabalável Palavra de Deus

Mas, de novo estavam destinados ao desapontamento. O tempo de expectação passou e o Salvador não apareceu. Com inabalável confiança tinham aguardado Sua vinda, e agora experimentavam o mesmo sentimento de Maria quando, indo ao túmulo do Salvador e encontrando-o vazio, exclamou em pranto: “Levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram.” João 20:13. …

O mundo estivera a olhar, na expectativa de que, se o tempo passasse e Cristo não aparecesse, todo o sistema do adventismo seria abandonado. Mas, enquanto muitos, sob forte tentação, deixaram a fé, alguns houve que permaneceram firmes. Os frutos do movimento adventista: o espírito de humildade e exame de coração, de renúncia ao mundo e reforma da vida, acompanharam a obra, testificando que esta era de Deus. Não ousavam os fiéis negar que o poder do Espírito Santo acompanhara a pregação do segundo advento, e não podiam descobrir erro algum na contagem dos períodos proféticos. Os mais hábeis de seus oponentes não conseguiram subverter-lhes o sistema de interpretação profética. Não poderiam consentir, sem prova bíblica, em renunciar posições que tinham sido atingidas por meio de ardoroso e devoto estudo das Escrituras, feito por inteligências iluminadas pelo Espírito de Deus, e corações ardentes de Seu vivo poder; posições que tinham resistido à crítica mais severa e à mais amarga oposição dos mestres religiosos do povo e dos sábios deste mundo, e que haviam permanecido firmes ante as forças combinadas do saber e da eloqüência, contra os insultos e zombarias tanto das pessoas de reputação como do vulgo.

Verdade é que houve erro quanto ao acontecimento esperado, mas mesmo isto não podia abalar-lhes a fé na Palavra de Deus.

Deus não abandonou Seu povo; Seu Espírito ainda permaneceu com os que não negaram temerariamente a luz que tinham recebido, nem acusaram o movimento adventista. Na epístola aos Hebreus existem palavras de animação e advertência para os provados e expectantes nesta crise: “Não rejeiteis pois a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. Porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará. Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.” Heb. 10:35-39.

Que este aviso se dirige à igreja dos últimos dias, é evidente das palavras que apontam para a proximidade da vinda do Senhor: “Porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará.” E claramente se subentende que haveria uma aparente tardança, e que pareceria demorar-Se o Senhor. A instrução aqui proporcionada adapta-se especialmente à experiência dos adventistas naquele tempo. O povo, a que a passagem aqui se refere, estava em perigo de naufragar na fé. Tinham feito a vontade de Deus, seguindo a guia de Seu Espírito e Sua Palavra; não podiam, contudo, entender-Lhe o propósito na experiência passada, tampouco discernir o caminho diante deles; e eram tentados a duvidar de que Deus, em verdade, os estivesse a dirigir. A esse tempo se aplicavam as palavras: “Mas o justo viverá da fé.” Dado o fato de haver a brilhante luz do “clamor da meia-noite” lhes resplandecido no caminho e terem visto descerrarem-se as profecias, e em rápido cumprimento os sinais que declaravam estar próxima a vinda de Cristo, haviam caminhado, por assim dizer, pela vista. Agora, porém, abatidos por verem frustradas as esperanças, unicamente pela fé em Deus e em Sua Palavra poderiam permanecer em pé. O mundo escarnecedor dizia: “Fostes enganados. Abandonai vossa fé e dizei que o movimento do advento foi de Satanás.” Declarava, porém, a Palavra de Deus: “Se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele.” Renunciar então à fé e negar o poder do Espírito Santo, que acompanhara a mensagem, seria recuar para a perdição. Eram incentivados à firmeza pelas palavras de Paulo: “Não rejeiteis pois a vossa confiança”; “necessitais de paciência”, “porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará.” A única maneira segura de proceder era reter a luz que já haviam recebido de Deus, apegar-se firmemente às Suas promessas e continuar a examinar as Escrituras, esperando e vigiando pacientemente, a fim de receber mais luz. O Grande Conflito, págs. 391-408.

Cap 7 do Livro Cristo em Seu Santuário de autoria de Ellen G.White.

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