quarta-feira, 25 de março de 2015

Relâmpagos em vulcões?Vídeo

Além de ser raro, este acontecimento não é bem compreendido pelos cientistas. Fotos do evento já foram registradas antes, mas o fotógrafo Marc Szeglat, especialista em vulcões, conseguiu capturá-lo em vídeo.

vulcao relampagos

Ele já escalou mais de 40 vulcões e estava observando uma erupção do Sakurajima, no Japão, quando fez esse filme incrível. A última grande erupção desse vulcão foi em 1914, quando 35 pessoas morreram. Szeglat esteva lá no início de março e presenciou diversas erupções menores. 



terça-feira, 24 de março de 2015

Vulcões submarinos: novo fator para mudanças climáticas


Erupções submarinas afetam o clima

As vastas cadeias de vulcões escondidas no fundo dos oceanos são vistas por muitos cientistas como “gigantes gentis”, expelindo lava a um ritmo lento e constante ao longo das fissuras no leito marinho. Mas um novo estudo mostra que elas se agitam em ciclos regulares, que variam de duas semanas a cem mil anos, entrando em erupção quase exclusivamente nos primeiros seis meses de cada ano. E tais pulsos, aparentemente ligados a variações de curto e longo prazo na órbita da Terra e no nível do mar, podem ajudar a dar a partida em mudanças climáticas naturais. Os cientistas há tempos especulam que os ciclos de atividade dos vulcões em terra, ao emitir grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, poderiam influenciar no clima, mas até agora não existiam evidências de que os vulcões submarinos também poderiam contribuir com tais fenômenos. Assim, o estudo sugere que os modelos da dinâmica natural do clima do planeta e, por consequência, as mudanças climáticas que estariam sendo causadas pela ação humana devem ser ajustados para incluir esses ciclos.

“As pessoas têm ignorado os vulcões nos leitos oceânicos baseadas na ideia de que sua influência é pequena, mas isso acontece apenas porque elas presumem que eles têm uma atividade constante, o que não é verdade”, conta Maya Tolstoy, pesquisadora do Observatório da Terra da Universidade de Columbia (EUA) e autora do estudo, publicado ontem no periódico científico Geophysical Research Letters. “Eles respondem a forças muito grandes e muito pequenas, e isso nos diz que devemos observá-los mais de perto.”

As fissuras com atividade vulcânica submarina cortam o leito oceânico como as costuras de uma bola de futebol, totalizando cerca de 60 mil quilômetros de extensão. Essas fissuras são os locais de crescimento das placas tectônicas: à medida que a lava é expelida, ela forma novas extensões do fundo do mar, que responde por cerca de 80% da crosta terrestre. Por muito tempo, o consenso era de que elas entravam em erupção a um ritmo constante, mas Maya descobriu que as fissuras na verdade estão apenas passando por uma fase de calmaria atualmente.

Mesmo assim, Maya calcula que essas fissuras produzem oito vezes mais lava anualmente do que os vulcões em terra. Graças à química peculiar de seu magma, no entanto, a quantidade de dióxido de carbono emitida pelas erupções submarinas é aproximadamente a mesma, ou até um pouco menor, do que a lançada pelos vulcões terrestres: cerca de 88 milhões de toneladas por ano. Mas, quando elas entram nos períodos de grande atividade, suas emissões de CO2 disparariam, num processo que faria parte dos longos ciclos naturais de aquecimento e esfriamento do planeta.

“Isso pode claramente ter implicações na quantificação e na caracterização das variações climáticas em períodos que vão de décadas a centenas de milhares de anos”, diz Daniel Fornari, pesquisador do Instituto Oceanográfico Woods Hole e que não participou do estudo de Maya.

Via O Globo

Nota: Outro fator que pode influenciar nas mudanças climáticas são os raios cósmicos (conforme destaquei aqui). A tentativa de culpar apenas ou principalmente o ser humano pelo aquecimento global atende aos interesses da agenda ecomênica. [MB]

Saúde na casca da jabuticaba


Saúde na casca da jabuticaba
Probióticos

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) constataram que a casca da jabuticaba é rica em compostos antioxidantes, podendo ser um componente importante na produção e conservação de alimentos probióticos.

Os alimentos probióticos recebem o acréscimo de bactérias (chamadas probióticas) que podem agir no controle de infecções intestinais, estimular o trânsito intestinal, melhorar a absorção de nutrientes, auxiliar a digestão da lactose, contribuir para a redução dos níveis de colesterol, ativar a produção de anticorpos, além de possuírem efeitos anticarcinogênicos.

A ausência de oxigênio é de fundamental importância para as culturas probióticas para que seja evitada a toxicidade e a morte dos micro-organismos e, consequentemente, a perda de funcionalidade do produto.

É daí que vem a necessidade dos antioxidantes.

Eliene Penha Pereira e José de Assis Faria descobriram que a casca da jabuticaba, normalmente jogada fora após o consumo ou processamento da polpa, é uma fonte natural de antioxidantes.

Queijo com jabuticaba

O extrato sólido obtido da casca da fruta, de coloração que varia de roxa a preta, é rico em antocianinas e outros compostos fenólicos que, além de atuarem como antioxidantes, possuem capacidade anti-inflamatória, atividade antimutagênica e anticancerígena.

Isto mostra a importância do subproduto gerado a partir da potencial produção industrial de sucos, geleias, licores e vinagres provenientes de jabuticaba, que apesar do amplo leque de possibilidades de utilização do fruto, é ainda pouco explorado em escala no Brasil.

A pesquisadora testou a utilização das cascas de jabuticaba na conservação de um queijo do tipo petit suisse probiótico, sem aditivos. Apesar de uma ligeira mudança de cor, o queijo passou por todos os testes sensoriais e alcançou maior tempo de vida útil sem degradação.

Via Diario da Saúde

O que poderia ter sido, pode ser!

Resistência na Ucrânia


Entrevista-Resistencia-na-ucrania
Psicóloga conta como seus pais e avós enfrentaram perseguição e pregaram o evangelho atrás da cortina de ferro

Quando Svitlana Samoylenko nasceu, quatro anos antes da queda do Muro de Berlim, o comunismo dava seus últimos suspiros. Do fim daquele regime ela lembra pouca coisa, detalhes como a cor do uniforme escolar e a disciplina rígida ensinada às crianças. Natural de Kirovograd, Ucrânia, ela morou no leste do país, na cidade de Lugansk, até terminar os estudos primários.

Se por décadas os adventistas daquela região sofreram perseguição atrás da “cortina de ferro”, hoje a igreja é prejudicada pela crise política que divide o país entre os separatistas pró-Rússia e os mais alinhados com a União Europeia.

No fim de 2014, por exemplo, um pastor adventista foi sequestrado e solto semanas depois com vários problemas de saúde, pois foi deixado apenas com a roupa do corpo em uma cela, no meio do inverno e sem comida suficiente. Nenhuma razão foi dada para essa prisão.

Apesar de viver no Brasil com o esposo, Daniel Meder, que é pastor em Curitiba, e de estar geograficamente distante da Ucrânia, Svitlana carrega consigo a inspiração que recebeu das histórias contadas por seus pais e avós. Nesta entrevista, ela fala um pouco sobre sua família e a fé adventista, revelando como sobreviveram sob o regime comunista.

Como foi sua infância na Ucrânia?

A Ucrânia é um dos maiores países da Europa e foi chamada de “cesta de alimentos” da ­ex-União Soviética. O país tem uma história interessante, pois fez parte de diferentes impérios em diferentes épocas, sem perder sua identidade e língua. Onde nasci, no leste, falávamos russo. Mas aprendi também o ucraniano, por influência dos meus avós.

Minha infância foi bem normal. O ensino na escola tinha alto nível de cobrança, principalmente nas disciplinas de ciências e matemática. As aulas só eram canceladas quando a temperatura caía para 20 graus negativos. Como uma típica criança adventista, eu estudei violino em uma escola de música. Tínhamos aulas quase a semana toda.

O maior evento da minha infância foi a chegada dos pastores norte-americanos à Ucrânia, logo depois da queda da União Soviética. Os adultos estavam empolgadíssimos. Meu pai foi o motorista dos evangelistas, pois era o único que tinha carro na vila. Eles levaram brinquedos de pelúcia, que não existiam na época, além de adesivos e lápis de cor, com cores e formas que nunca havíamos visto.

Seu avô foi pastor na época da União Soviética. Foi difícil para ele?

Como os outros pastores, ele tinha seu emprego normal durante o dia e exercia o ministério à noite, sem receber salário por isso. Antes de a minha mãe se casar, ela mudou de casa onze vezes, pois, quando alguém na cidade em que moravam descobria que eram cristãos, meu avô era ameaçado. Algumas vezes, no mesmo dia em que chegava a uma cidade, ele já recebia um recado: tinha que deixar o lugar em 24 horas.

Meus avós paternos também eram muito ativos na “igreja”. Eles organizavam cultos camuflados para que os adventistas pudessem ter um momento de adoração aos sábados. Tudo feito em segredo. Enquanto o culto era realizado no porão de uma casa, uma criança era incumbida de “brincar” no quintal. Caso a polícia chegasse, ela deveria gritar alguma frase-código para que os adultos, no porão, se preparassem. Então as Bíblias eram escondidas dentro de massas de pão e colocadas para assar. Cada um começava uma atividade diferente, como se estivessem preparando uma festinha de aniversário.

As reuniões de planejamento eram realizadas na casa do meu avô, pois era a última residência da vila. Assim, os pastores pegavam o último ônibus para a vila e se escondiam na floresta até que anoitecesse e então pudessem entrar na casa dele. Faziam a reunião durante a noite toda e, antes de raiar o dia, eles saíam e se escondiam novamente na floresta, até o horário do primeiro ônibus, para que voltassem ao trabalho.

O que vocês faziam para ter os livros da igreja?

Como não havia livros de Ellen White disponíveis, cópias eram feitas a mão e a partir de raríssimos originais. Em 1965, meu avô paterno copiou o livro Primeiros Escritos. Todos os livros eram encadernados com uma máquina que ele havia construído.

Quando se conseguiu dinheiro na floresta suficiente para comprar uma máquina de datilografia, as coisas ficaram muito mais fáceis. Usando papel carbono, dez folhas podiam ser copiadas de uma vez. O trabalho era feito à noite para evitar suspeita. Minha avó estendia cobertores nas janelas para abafar o som, e ela datilografava com a máquina sobre um travesseiro e cobertores por cima de sua cabeça.

Depois as páginas eram distribuídas sobre uma mesa para que os livros fossem montados. Posteriormente, meu pai aprendeu a tirar e revelar fotos por si mesmo e começou a fotografar as páginas dos livros originais. Dessa forma, o evangelho poderia ser pregado mais rapidamente.

Os adventistas, especificamente, sofreram muito no regime comunista?

Sim. Quando meu pai era criança, havia o constante perigo de as famílias adventistas perderem seus filhos, pois os pais que não enviavam as crianças para a escola no sábado eram considerados inaptos e corriam o risco de perder a guarda delas. Por isso, meus pais foram à escola, mesmo no sábado, até completarem o ensino médio; caso contrário, seriam enviados a um orfanato. Mas meus avós ensinaram valores aos filhos, o que fez com que eles continuassem firmes.

Meu pai foi proibido de frequentar a faculdade, assim como seus irmãos, pois, mesmo tendo passado em todos os exames, “crentes” não deveriam ter nenhum direito. O mesmo acontecia com os melhores empregos. Meu avô chorou na primeira vez que viu uma van cheia de Bíblias, quando os evangelistas americanos chegaram na década de 1990. Para ele, durante muito tempo isso parecia impossível.

Hoje os adventistas podem distribuir livros livremente por lá?

Eles podem e o fazem. Na vila em que meus pais moram, eles distribuem livros regularmente. Mesmo com 77 anos e recursos escassos, meu avô compra vários livros, CDs, DVDs e outros materiais da igreja para estudar e distribuir.

Há alguns anos, um amigo do meu avô declarou sentir que, durante a perseguição, os cristãos são mais dedicados. Ele lembrou que, quando tudo era proibido, os adventistas arriscavam a vida para adorar a Deus. Mas o conforto trouxe certo marasmo à vida da maioria, fazendo com que muitos desanimassem ou mesmo desistissem diante de qualquer problema.
De que forma essas experiências moldaram você?

Elas me fortaleceram para vencer muitas tentações. Até hoje não consigo colocar a Bíblia no chão nem embaixo de outro livro. O sábado também sempre foi tão sagrado para mim que nem passa pela minha cabeça deixar de guardá-lo por causa de um emprego. Sobre os dízimos e as ofertas, aprendi que, mesmo com a crise, tudo o que recebo deve ser consagrado a Deus.

De que maneira a Igreja Adventista está enfrentando a atual crise na Ucrânia?

No leste da Ucrânia, onde vivi, a igreja é relativamente forte. Infelizmente, com a crise, os adventistas também estão divididos entre Rússia e União Europeia. Meus pais estão cuidando de quatro famílias que fugiram do leste do país, e essas pessoas, assim como milhões de outras, não têm nenhuma perspectiva de quando poderão voltar para casa. Conheço muitos que perderam filhos, pois bombas estão sendo jogadas sobre a população.
Eu não imaginava que uma barbaridade dessas poderia acontecer de forma tão súbita. Isso nos mostra que, mesmo em nossa época, a qualquer momento, nossa liberdade pode ser tirada. Sabemos que nosso tempo aqui na Terra está acabando. É hora de acordar da sonolência espiritual e viver o privilégio da liberdade em Cristo.


A psicóloga
Lana, como é chamada pelos amigos brasileiros, fez intercâmbio organizado pelo governo dos Estados Unidos, em 2001, e depois foi estudar no Newbold College, na Inglaterra. Graduou-se em Psicologia e concluiu a pós-graduação em Psicologia do Trauma e o mestrado em Terapia Cognitivo-Comportamental. Atuou durante oito anos na Inglaterra, numa clínica particular, e também numa prisão de segurança máxima, com criminosos perigosos. Além disso, trabalhou com terapia assistida por golfinhos, com crianças e adultos autistas e com paralisia cerebral. Foi também na terra da rainha que Lana conheceu Daniel Meder, na época estudante de Teologia. Casados desde agosto de 2013, o casal pastoral trabalha em Curitiba (PR).

Publicado Originalmente na Revista Adventista de março de 2015

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Via Revista Adventista Março de 2015

segunda-feira, 23 de março de 2015

A era dos transumanos e o fim do mundo



Estão mexendo no que não devem

Embrião com “três pais”, aprovado na Grã-Bretanha, pode ser um passo rumo a mudanças mais radicais na genética

No dia 24 de fevereiro, o legislativo britânico aprovou uma lei permitindo a geração de embriões com DNAs de três pessoas diferentes. O objetivo é deixar que mães com mutações maléficas em seu DNA mitocondrial não as transmitam para o filho. Segundo a lei, durante a reprodução assistida, essa parte de seu genoma poderá ser substituída pelo de uma doadora, gerando uma criança saudável. Assim, a Grã-Bretanha se tornou o primeiro país a permitir a manipulação genética em células germinais humanas. Apesar do objetivo puramente médico, a decisão está sendo saudada por alguns pesquisadores como um estágio importante de um longo percurso que pode trazer consequências radicais para a ciência e a humanidade. São os defensores do transumanismo, que propõem a aplicação dos avanços obtidos em áreas chaves da ciência, como a genética, a nanotecnologia e a neurociência, para romper os limites impostos ao homem por seu próprio corpo biológico. “A Grã-Bretanha também foi o primeiro país a introduzir a fertilização in vitro em 1979. Essa decisão é apenas outro passo desse processo”, diz o filósofo Steve Fuller, professor da Universidade de Warwick, na Inglaterra. Ele é autor dos livros Humanidade 2.0 e O Imperativo Proativo (inéditos em português), nos quais se propõe a estabelecer as bases teóricas e filosóficas para o transumanismo.

O objetivo desse movimento é utilizar a ciência para aumentar as capacidades físicas, intelectuais e até emocionais dos seres humanos. Ele busca, no limite, estender a vida humana indefinidamente, extirpando dela todo tipo de sofrimento. Os transumanistas defendem, por exemplo, a manipulação genética de embriões para eliminar doenças e escolher características vantajosas para os filhos, a criação de implantes neurais que permitam a interação com computadores pelo pensamento, e o uso de drogas capazes de manipular o cérebro humano, melhorando sua cognição, memória, concentração e humor.

“Mesmo que esses projetos pareçam vindos da ficção científica, eles podem ser encarados como soluções em longo prazo para problemas atuais. Temos visto, por exemplo, investimentos cada vez maiores em projetos que pretendem estender o nosso tempo de vida”, diz Fuller. [...]

Uma crítica frequentemente feita a essa ideologia é que, em sua tentativa de tomar a evolução nas mãos, o homem estaria brincando de Deus. Os transumanistas, longe de discordar da crítica, acham isso desejável. “Nós queremos usar toda a natureza em prol da humanidade. Isso pode, sim, ser encarado como ‘brincar de Deus’, pois Ele é normalmente visto como o único ser separado da natureza e capaz de manipulá-la para seus propósitos. O transumanismo apela para essa tendência presente na natureza humana”, diz o filósofo. [...]

Filósofos tão diferentes como o americano Francis Fukuyama e o alemão Jurgen Habermas apontam para [as ideias do transumanismo] como uma ameaça à democracia. Numa sociedade desigual como a atual, a manipulação genética de embriões, por exemplo, seria acessível a só uma parcela da população, e a diferença social passaria a estar contida no próprio DNA.

Os críticos dizem, basicamente, que existem limites éticos que a ciência não deve cruzar. O Centro para a Genética e Sociedade (CGS), por exemplo, foi criado nos Estados Unidos em 2001 para defender pesquisas de engenharia genética responsáveis, que não objetifiquem ou comercializem o ser humano. Por isso, bate de frente com algumas das principais bandeiras dos transumanistas, como a engenharia genética de células germinativas e a clonagem. “Existem tecnologias genéticas que atingem apenas os indivíduos vivos, capazes de dar seu consentimento. Mas as alterações genéticas em embriões e zigotos criam mudanças permanentes em crianças que nem nasceram, que serão passadas adiante para as futuras gerações”, diz Marcy Darnovsky, diretora do CGS. Por esse motivo, o grupo foi contrário à decisão do governo britânico de aprovar a geração de embriões com o DNA de três pessoas.

Segundo Marcy Darnovsky, esse tipo de pesquisa favorece que se encare a vida humana a partir de uma mentalidade consumista grotesca, na qual apenas bebês perfeitos merecem nascer. “Se essas modificações forem aprovadas, é possível - e até provável - que a dinâmica social e comercial leve a esforços para produzir seres humanos ‘melhorados’. Isso está bem próximo da definição clássica de eugenia. Nós podemos nos ver em um mundo onde tipos inteiramente novos de desigualdade serão trazidos à existência”, diz Marcy.

Boa parte dos críticos do transumanismo aponta justamente para essa semelhança entre o movimento e a eugenia exercida no início do século 20. Ela foi uma prática científica e política que buscava o melhoramento genético da espécie humana. Para isso, seus defensores incentivavam a reprodução daqueles que consideravam ter os “melhores” genes, enquanto combatiam o daqueles com características indesejáveis. A prática acabou misturada com o racismo da época, e foi adotada pelo regime nazista, que, em sua busca pela raça perfeita, levou ao Holocausto. Desde então foi relegada pelos cientistas. [Diga-se de passagem, Hitler se inspirou em Darwin.] [...]

O filósofo defende que se reabilite a ideia de usar a genética e outras áreas de ponta da ciência para promover a saúde e o bem-estar da humanidade. Ele diz que, infelizmente, os códigos de ética e a legislação restritivos que existem hoje e impedem esse tipo de pesquisa são uma resposta direta às práticas eugênicas. “Infelizmente, o pêndulo balançou demais na direção oposta. Hoje é muito difícil fazer pesquisas mais arriscadas em seres humanos, mesmo quando os voluntários dão o seu consentimento e existem compensações adequadas estipuladas em caso de falha”, diz Fuller.

É nesse sentido que o filósofo saúda a decisão do governo inglês de permitir a geração de embriões com o DNA de três pais diferentes. “Ainda que não conheçamos todas as consequências genéticas e sociológicas que vão acontecer com as crianças nascidas desse modo, o governo aprovou o procedimento como seguro. Sem dúvida, essa é uma lei proativa”, diz. Se sua previsão estiver certa, e a disputa entre o Princípio Proativo e o da Precaução for realmente central para o século 21, um dos lados já saiu na frente.

(Veja.com)

Nota: Há mais de cem anos Ellen White escreveu: “Mas se havia um pecado acima de qualquer outro, que levou à destruição da raça pelo dilúvio, foi o aviltante crime de amálgama de homem e animal, que desfigurou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte” (Spiritual Gifts, v. 3, p. 64). Deus tolera longamente os pecados da humanidade e tem usado de misericórdia com o ser humano corrompido. Mas se há algo que Ele não tolera é que esse ser humano brinque com a vida e danifique/adultere/corrompa o patrimônio genético criado por Ele. Ainda não sabemos quais serão as consequências dessas experiências genéticas e que portas poderão ser abertas por elas. Também não sabemos quanta coisa já pode/deve ter sido feita “debaixo dos panos”. Aliás, já se sabe de experiências que misturam genes humanos com genes de animais (lembra desta?). Deus colocou um fim nas barbaridades genéticas promovidas pelos antediluvianos, sendo esse um dos principais pecados que levaram à destruição da humanidade pelo dilúvio. Jesus disse que os dias que precederiam Sua vinda seriam em quase tudo semelhantes aos dias anteriores ao dilúvio. Precisamos de mais sinais? [MB]

Páscoa - Uma História Mal Contada

Quando pensamos em páscoa, quase que inevitavelmente lembramos de coelhos e ovos de chocolates, mas afinal de contas, o que tudo isso tem haver com páscoa? Qual a sua origem? Seu verdadeiro significado? Nos contaram mal essa história!

O batismo dos cristãos primitivos era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo?

Boa-pergunta-a-formula-trinitaria-Codex_fmtO batismo dos cristãos primitivos era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? O texto de Mateus 28:19, que menciona esse tipo de batismo, faz parte do original em grego? 


Essas são perguntas recorrentes. Vamos começar pela segunda. Em relação à fórmula batismal trinitariana de Mateus 28:19, a situação é a seguinte: (1) A fórmula está presente em todos os manuscritos gregos que contêm Mateus 28:19, pois nem todos os manuscritos sobreviveram de forma completa. Na verdade, alguns chegaram até nós em estado bastante fragmentário, mas todos os que contêm o versículo em questão registram a fórmula trinitariana, sem exceção, e isso acontece com vários manuscritos cujo texto remonta ao 2º século. (2) A fórmula também está presente em todas as antigas versões, cujo texto também data do 2º século. (3) Toda a literatura patrística anterior ao 4º século que cita Mateus 28:19 inclui a fórmula trinitariana. Exemplos: a Didaquê (c. 130-150), uma espécie de manual da igreja síria; Justino Mártir (c. 150); Clemente de Alexandria (150-215); e Cipriano (3º século). Levando-se em conta o registro textual, portanto, é praticamente impossível afirmar que a fórmula trinitariana de Mateus 28:19 não seja original.

E quanto ao batismo cristão primitivo, era ele feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? De acordo com o livro de Atos, a resposta é não, pois todos os batismos ali mencionados são em nome de Jesus apenas (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; 22:16; cf. 1 Coríntios 6:11). Como entender isso? Não é fácil, como não é fácil entender que, mesmo após a ressurreição de Jesus, os apóstolos ainda achavam que ele tivesse vindo para restaurar a independência política de Israel (Atos 1:6, 7), ou que eles, de alguma forma, ainda continuavam envolvidos nas atividades cerimoniais do templo (Atos 2:46; 3:1; 21:23, 24), ou que o próprio Paulo, ao final de sua terceira viagem missionária, ainda tivesse ido ao templo oferecer sacrifício (Atos 21:26).

Seja como for, isso significa que não devemos olhar para o livro de Atos como se fosse um manual de igreja, muito menos como um manual evangelístico, como muitos o fazem. O livro de Atos apenas descreve como foram os primeiros 30 anos da igreja apostólica, seus erros e acertos, e como Deus atuou por meio deles para a consolidação e expansão da igreja. O período histórico abrangido por Atos foi de transição, em que muitos temas e práticas ainda careciam de desenvolvimento ou de uma compreensão mais clara. Foi assim com a questão da volta de Jesus, a pregação aos gentios e a própria organização da igreja.
Já a fórmula batismal em Mateus 28:19 se apresenta como uma clara ordenança de Jesus, e, portanto, é ela que deve pautar as atividades da igreja hoje. No fim do 1º século, a igreja já batizava em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Evidência disso é a própria Didaquê acima citada, que faz referência clara ao batismo trinitariano. Embora sendo do início do 2º século, há suficientes razões para crermos que tal prática retrocede ao período apostólico, na segunda metade do 1º século.

Devemos nos lembrar de que a revelação, mesmo aos apóstolos, foi progressiva (João 16:12; cf. Hebreus 1:1, 2; 2 Coríntios 1:13), e de que esse princípio se aplica também à compreensão dela (cf. João 12:16; 14:29; Lucas 24:8). É por isso que nosso credo é a Bíblia em sua totalidade (tota scriptura), e não apenas o livro de Atos. E é no evangelho de João, por exemplo, que encontramos as revelações mais claras acerca da personalidade do Espírito Santo e sua atuação, juntamente com Cristo e o Pai, no plano da redenção (cf. João 14:16, 17, 26; 16:7-15), e esse evangelho foi um dos últimos livros do Novo Testamento a ser escrito, se não o último, já bem no fim do 1º século.

Seja como for, a crença na personalidade do Espírito Santo e a utilização da fórmula batismal trinitariana são bem anteriores ao Concílio de Niceia, no 4º século, que teria sido, segundo alegam alguns desinformados, quando tal crença foi introduzida na igreja cristã. Um melhor conhecimento da história da igreja e o uso de fontes e evidências documentais, como os manuscritos gregos, as antigas versões e as citações patrísticas, tornam quase impossível afirmar que a fórmula trinitariana de Mateus 28:19 constitua um acréscimo posterior. [Imagem: Wikimedia]

Wilson Paroschi, doutor em Teologia, com especialização em Novo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

Os Principais grupos religiosos da época de Jesus

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Via Revista Adventista Março de 2015

domingo, 22 de março de 2015

Cientistas estão alterando DNA de embriões humanos




Uma série de reportagens e apelos assinados por cientistas de universidades e empresas de biotecnologia está chamando a atenção da imprensa do mundo todo. Nas reportagens, os próprios pesquisadores conclamam uma moratória total nas pesquisas com a manipulação genética de embriões humanos, taxadas por eles como perigosas e antiéticas. 
Segundo as revistas Nature e Science, artigos científicos a serem publicados nos próximos dias relatam experimentos com “técnicas de edição genética de precisão”, nos quais os cientistas modificaram o DNA de embriões humanos. O assunto foi denunciado pela revista Technology Review, do MIT (EUA), que cita “uma pesquisa ativa em torno de edição das células da linha germinativa, que está ocorrendo na China, na Universidade de Harvard e em uma empresa de biotecnologia de capital aberto chamada OvaScience”.

Os resultados devem ter assustado os próprios cientistas. Embora as revistas citem apenas “rumores” sobre os experimentos, o processo de publicação científica envolve a chamada “revisão por pares”, por meio da qual outros cientistas da área avaliam a qualidade dos artigos e dos experimentos antes que os artigos sejam efetivamente publicados. Ou seja, os experimentos e seus resultados já são conhecidos de uma parte da comunidade científica - além, obviamente, dos próprios cientistas envolvidos -, embora só devam chegar ao conhecimento público nos próximos dias.

E, aparentemente temendo serem acusados de conivência pela opinião pública, esses cientistas e as duas revistas de ciência mais famosas do mundo lançaram o apelo pela moratória.

Em um dos textos publicados pela revista Nature, intitulado “Não editem a linha germinativa humana”, cinco pesquisadores da área afirmam que “há graves preocupações com relação às implicações éticas e de segurança dessa pesquisa. Há também medo do impacto negativo que ela poderá ter sobre trabalhos importantes envolvendo o uso das técnicas de edição genômica em células somáticas (não reprodutivas)”.

Segundo eles, as tecnologias de edição do DNA - que envolvem a ativação ou o silenciamento de genes específicos - têm grande importância para a pesquisa de várias doenças humanas, e que essas técnicas não precisam lidar com as células reprodutoras humanas, que afetam diretamente o bebê a ser gerado e que podem visar a aplicações não terapêuticas, incluindo a “modelagem” de filhos com características específicas.

“Em nossa visão, a edição genômica em embriões humanos usando as tecnologias atuais poderá ter efeitos imprevisíveis sobre as futuras gerações. Isso as torna perigosas e eticamente inaceitáveis”, afirmam Edward Lanphier e seus colegas.

O grande problema é que apenas poucos países - cerca de 40 - criaram legislações restringindo ou proibindo a manipulação genética dos embriões humanos. E, se não é proibido, pressupõem os cientistas que continuam com essas pesquisas, então deve ser permitido.

Mas a parte da comunidade científica que agora decidiu se manifestar defende que a ética está sendo ferida, com graves riscos para a humanidade. Eles conclamam a sociedade a se manifestar para evitar que o impacto negativo atrapalhe as pesquisas que seguem as regras éticas e são feitas para benefício da raça humana.

Um embargo voluntário dos cientistas parece não ser suficiente, a exemplo do que ocorreu em 2011, quando eles manipularam o vírus da gripe aviária para que ele afetasse humanos, uma pesquisa que foi duramente criticada pela Organização Mundial da Saúde - os artigos acabaram publicados.

(Diário da Saúde)

Via Criacionismo

Os argumentos contra a pena de morte são válidos?


Nao-mataras-Fotolia_6218501_Subscription_XLTodas as vezes que um crime hediondo é cometido, surge a pergunta sobre o que deve ser feito com o criminoso. Tem início uma grande discussão a respeito da pena capital. Desta vez, o que levantou a questão foi o fuzilamento do brasileiro Marco Archer Cardoso na Indonésia, à 0h30 do dia 18 de janeiro no horário local. Ele foi condenado por tráfico de drogas. Outro brasileiro, Rodrigo Gularte, também se encontra no corredor da morte naquele país e pode ter o mesmo destino.

Qual deve ser a posição cristã nesse caso? Como harmonizar o sexto mandamento com as leis que exigem a morte do transgressor? Como conciliar a misericórdia e o perdão de Deus com tais procedimentos?

Há diferentes opiniões acerca do assunto. Entre vários argumentos contrários à pena capital, podemos mencionar:
 (1) a proibição de matar encontrada nos Dez Mandamentos;
 (2) o princípio do perdão que deve ser dado a todos; 
(3) a possibilidade de haver erro no julgamento; e 
(4) a ineficácia da pena para a diminuição dos delitos cometidos.

Tais argumentos parecem ser suficientes para pôr um ponto final à questão, mas o assunto é mais complexo. A Bíblia mostra claramente que o castigo para o pecador deve ser a morte (Gn 2:16, 17; Dt 30:15; Pv 14:12; Ez 18:4; Mt 25:41; Rm 5:12; 6:23; Ap 20:14, 15; 21:8). Nesse caso, a pena de morte será aplicada por Deus na destruição final do pecador. Se fosse de outra forma, Cristo não precisaria ter morrido na cruz.

Desde o princípio, Deus permitiu que o povo de Israel aplicasse a pena capital para tipos específicos de transgressão. Gênesis 9:6 diz: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu.” Aqui se encontra a primeira referência bíblica acerca da prática da pena de morte como sentença judicial aplicada pelo ser humano. O texto explica que a pena de morte deve ser aplicada pelo valor da vida humana, pois Deus fez a humanidade segundo a sua imagem.

No Novo Testamento, declarações de Paulo em Atos 25:11 e Romanos 13:4 mostram que ele admitia haver crime digno de morte e que o Estado pode punir com a espada. Ele declarou também que as autoridades foram instituídas por Deus. O apóstolo se referia a um poder não teocrático, o Império Romano (Rm 13:1-7).

O consenso bíblico parece mostrar que a justiça e não a vingança exige a morte do transgressor. Mas como entender a ordem para não matar? O mandamento “não matarás” seria mais bem expresso na forma “não cometerás homicídio”, pois não é uma proibição contra a supressão da vida em qualquer circunstância. O que o mandamento está proibindo é o assassinato.

De acordo com uma pesquisa do Gallup divulgada em outubro de 2014, 63% dos americanos (ou 6 em 10) são a favor da pena de morte, enquanto 33% são contra e 4% não têm opinião formada

Segundo o teólogo James Keenan, “ninguém pode, em nenhuma circunstância, reivindicar para si o direito de destruir diretamente um ser humano inocente”. Norman Geisler, apologista cristão, defende que nem sempre tirar uma vida é assassinato. Para isso, a morte deve ter sido praticada de forma intencional.

E o argumento de que a pena de morte é anticristã, pois devemos perdoar a todos (Mt 18:21, 22)? Quando se fala de pena de morte, a referência não é necessariamente à morte eterna. O fato de que Deus quer dar o perdão até a quem praticou um crime hediondo não elimina as consequências do crime.

Em síntese, os governos que aplicam a pena de morte não estão transgredindo o sexto mandamento da lei de Deus. Agora, se em pleno século 21 a sociedade deve optar pela pena capital, isso é outra história.

JOSÉ FLORES JÚNIOR é pastor em Guarulhos (SP), publicado originalmente na Revista Adventista de março de 2015

Natureza Humana de Cristo

Natureza Humana de Cristo
By Joe Crews

INTRODUÇÃO

A falsificação mais perigosa é aquela que mais se assemelha à verdade. É por isso que as falsificações religiosas são tão mortais, embora frequentemente toleradas ao invés de serem identificadas e expostas. Os Cristãos, em geral, têm medo de serem mal compreendidos se se posicionarem contra algo que se parece tanto com a coisa mais pura na religião. Já que geralmente existe apenas uma fina linha separando o melhor do pior, o falso do verdadeiro, eles temem ser acusados de atacar o genuíno, caso se oponham à falsificação.

Será que Satanás fabricou algum tipo de falsificação da mais sagrada das doutrinas do Cristianismo? De fato ele a fabricou! E as delicadas diferenças têm levado até mesmo teólogos e eruditos muito reticentes a se oporem a ela abertamente.

Muitos sinceros Cristãos argumentam que as visões paralelas são tão próximas que nenhuma dúvida deveria existir sobre isso. Outros acreditam que a diferença é basicamente semântica e envolve apenas graus de significado no uso das palavras.

Seria possível que nosso poderoso adversário psicológico pudesse antecipar essas imprevisíveis reações humanas e habilidosamente criar sutis desvios da verdade que dificilmente seriam reconhecidos e resistidos? De fato, eu creio que ele seria um tolo se não explorasse seus seis mil anos de experiência nas ciências mentais! É por isso que o caminho do erro sempre jaz tão perto do caminho da verdade inegável. Satanás apostou que o professo Cristão relutaria em tomar posição contra algo tão próximo da verdade, especialmente se tal verdade envolvesse a obra da cruz, ou a imaculada vida do Filho de Deus. Quem gostaria de se posicionar contra essas santas realidades? Parece mais seguro simplesmente tolerar a posição deturpada do que se arriscar a ser mal compreendido ao atacar a falsificação quase perfeita.

Estou convencido de que Satanás engenhosamente produziu e popularizou um erro disfarçado, gerando assim uma rede de erros relacionados. E todos esses erros circulam em torno dos assuntos mais sagrados e queridos ao coração de um Cristão comprometido -justificação pela fé, a encarnação de Jesus, e a vitória sobre o pecado.

Não pode haver dúvida de que as séries de visões errôneas estão relacionadas umas às outras por uma convincente cadeia de lógicas e razões humanas. Se um ponto é verdadeiro, então todos os outros pontos devem, necessariamente, também ser verdadeiros. Mas se um ponto estiver em erro, os outros pontos perdem sua credibilidade.


O PECADO ORIGINAL

É muito provável que a cadeia de erros tenha sido iniciada pela inserção da doutrina do pecado original na teologia da igreja primitiva. Começando com a posição biblicamente válida da natureza carnal inerente ao homem, a qual o predispõe a pecar, a idéia gradualmente evoluiu para que a culpa de Adão também fosse imputada a seus descendentes. Agostinho foi responsável, mais do que qualquer outro, por propagar esta visão da culpa transmitida. Através de Lutero e dos reformadores, ela encontrou seu caminho dentro de muitas das igrejas Protestantes.

Embora a doutrina criasse uma tremenda controvérsia na igreja primitiva, muitos Cristãos modernos parecem aceitar a visão da maioria de hoje sem muita reflexão ou questionamentos profundos. É fácil ver que existe apenas uma única diferença marginal entre as duas visões, tanto naquela época quanto agora. A natureza enfraquecida e pecaminosa de Adão foi passada para seus filhos através das leis da hereditariedade, tornando impossível a eles não pecar enquanto permanecessem em um estado não convertido. Desde que os pecados deles eram o resultado do pecado de Adão, foi fácil deslizarem para dentro do erro de aceitar que eles compartilham a culpa do mesmo.

Mas há uma diferença muito importante entre a inclinação para o pecado e a culpa do pecado, e é esse pequeno grau de diferença que tem disparado uma série de outros erros doutrinários. Disse o profeta: “O filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho” (Ezequiel 18:20).


O BATISMO INFANTIL

Como uma conseqüência natural da crença do pecado original, a igreja Católica desenvolveu uma forte doutrina do batismo infantil. Apenas pelo seu sacramento de aspersão poderia a maldição da culpa de Adão ser removida do bebê. Uma vez que a salvação da criança dependia de um batismo apropriado, foi atribuída uma prioridade absoluta a esse ritual. Se uma escolha tivesse que ser feita entre a vida da mãe e a vida do bebê não nascido, a mãe seria sacrificada. Os médicos e enfermeiras Católicos eram instruídos na arte de batizar um feto ainda no útero se houvesse alguma dúvida da sobrevivência do mesmo.

A doutrina do pecado original também deu origem ao dogma da imaculada concepção de Maria. Se todo bebê nascia com a culpa em sua alma, então alguma coisa precisava ser feita para preservar Jesus dessa culpa, caso contrário, Ele não poderia ser um sacrifício perfeito pelo pecado. A solução Católica atribuiu a Maria uma concepção miraculosa também, que a preservou do efeito do pecado original. Portanto, Jesus teria nascido de uma mãe humana sem participar da suposta culpa de Adão.

Como uma conseqüência estendida da visão de Jesus ser, de forma geral, diferente do homem, a igreja Católica também introduziu o ilegítimo sistema do sacerdócio humano. Se o filho de Deus não viveu na natureza caída do homem, então a escada não foi descida do céu à terra. O abismo continua sem uma ponte entre um Deus santo e a humanidade caída. Dessa forma, alguns outros meios deveriam ser providenciados para completar a conexão.

Primeiro, ela foi atribuída aos sacerdotes na terra, os quais era sabido possuírem carne pecaminosa. Depois, um papel mediador foi reivindicado para aqueles que haviam habitado em carne pecaminosa mas foram canonizados, pela igreja, como santos no céu. Finalmente, aos anjos e à mãe de Jesus foi concedido o status de intercessores entre o homem e Deus.

Já podemos começar a ver a reação em cadeia das conseqüências de um pequeno desvio da verdadeira doutrina.


NATUREZA CAÍDA OU NÃO CAÍDA?

Agora vamos observar o efeito do pecado original nas igrejas Protestantes. Como elas puderam evitar o dilema de suas crenças relacionadas com a natureza de Cristo? Embora elas rejeitassem a tradição Católica da imaculada concepção, elas idealizaram uma doutrina que era igualmente nãoescriturística e que removia Cristo totalmente da família caída de Adão. Esta visão declarava que Jesus encarnou de uma maneira especial que o preservou da participação na natureza dos descendentes de Adão. Em vez disso, Ele nasceu com a natureza não caída de Adão e viveu Sua vida santa no estado incorrupto de humanidade inocente.

Novamente somos surpreendidos com a maravilhosa duplicidade da falsificação. Ele realmente veio na natureza humana, eles dizem, mas deveria ser na natureza não caída de Adão, de forma a protegê-Lo da poluição do pecado original. A verdade é que este pequeno desvio estendeu o fundamento para uma série de outras conclusões falsas que atacam algumas das mais acariciadas verdades do Protestantismo.

Em primeiro lugar, tal doutrina é diametralmente oposta ao claro ensinamento da Bíblia. Pelo menos, seis vezes somos assegurados que Jesus teve uma natureza humana exatamente como a nossa. Em Hebreus 2:11 lemos: “Tanto o que santifica, como os que são santificados, vêm todos de um só. Por esta causa Jesus não se envergonha de lhes chamar irmãos.” Irmãos são de uma mesma carne e natureza familiar. Cristo é o único que santifica, e nós estamos sendo santificados; e todos somos de uma única carne, de modo que Ele pode nos chamar de Seus irmãos. Isso estabelece o ponto além de qualquer dúvida.

“Pois na verdade Ele não tomou sobre si a natureza de anjos, mas Ele tomou sobre si a semente de Abraão” (Hebreus 2:16 KJV). Como poderia Ele participar da semente de Abraão se Ele tomasse sobre Si a natureza de Adão não caído? A ênfase aqui é que ele não tomou sobre Si alguma natureza exótica, sem pecado, tal como a que os anjos ou o santo Adão pudessem ter tido, mas a mesma natureza que os filhos de Abraão possuíam. Eles tinham corpos e mentes enfraquecidos pelo pecado. Assim também Ele. Isto não envolve culpa. Estar sujeito ao pecado não é ser culpado dele. Ele foi tentado da mesma forma que nós somos, todavia Ele nunca, nem mesmo uma única vez, nutriu ou cedeu ao pecado. Ele nunca desenvolveu qualquer propensão em direção ao pecado por dar-lhe caminho. Ele permaneceu imaculado pelo pecado e foi sempre totalmente puro e santo.

“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus” (Hebreus 2:17).


POR QUE A NATUREZA HUMANA?

Por que Ele nasceu na mesma carne e natureza que temos? Para que Ele pudesse ter entendimento de nossas fraquezas e inclinações para o pecado, e ser um Sumo Sacerdote misericordioso por nós. As palavras “em todas as coisas” realmente significam “em todas as coisas”? É claro que sim!

Paulo declarou que Jesus “nasceu da descendência de Davi segundo a carne” (Romanos 1:3). Seria contrário à razão interpretar estas palavras como significando que Cristo herdou de Maria uma natureza santa, não caída. Qualquer que fosse a semente de Davi segundo a carne, nosso Senhor participou da mesma. Todos os descendentes de Davi, exceto um, cedeu a suas inclinações hereditárias e cometeram pecados pessoais. Jesus, como todos os outros, herdou a natureza de Davi segundo a carne, mas Ele não cedeu à fraqueza inerente àquela natureza. Embora tentado em todos os pontos como nós somos, Ele não respondeu com um único grau de indulgência a qualquer dessas tentações. Sua vida foi uma constante fortaleza de invencível poder espiritual contra o tentador.

Ao contar completamente apenas com a força sempre presente de Seu Pai, Ele demonstrou a vitória que é possível, para toda semente de Davi segundo a carne, experimentar.

Novamente lemos: “Portanto, visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas” (Hebreus 2:14). Note como o escritor inspirado enfatiza a semelhança do corpo de Cristo com o do homem. ELE MESMO TAMBÉM PARTICIPOU DAS MESMAS COISAS (no inglês, HE ALSO HIMSELF LIKEWISE, significando ELE TAMBÉM, ELE MESMO, DA MESMA FORMA). Essas palavras são usadas consecutivamente, mesmo sendo repetitivas e redundantes. POR QUÊ? De forma a impressionar-nos de que Jesus realmente participou da MESMA natureza que o homem caído possui. Exatamente como os filhos participam da mesma carne e sangue, ELE MESMO, TAMBÉM DA MESMA FORMA, tomou a MESMA! Como alguém pode ser confundido por esta linguagem não ambígua?


JESUS POSSUIU FRAQUEZAS HEREDITÁRIAS?

Essas palavras inspiradas, definitivamente, nos dizem que Cristo tomou parte da mesma natureza que os filhos que “são participantes da carne e sangue”. Isto não nos diz, sem dúvida, o tipo de natureza que Cristo possuiu? Adão teve algum filho nascido antes que ele pecasse? Nenhum! O fato é que todos os filhos que já nasceram neste mundo herdaram a mesma natureza humana caída de Adão, porque eles nasceram depois que Adão pecou. O livro de Hebreus declara que Jesus “também participou das mesmas coisas”. As mesmas quais? A mesma carne e sangue que os filhos herdam de seus pais. Que tipo de carne as crianças herdam de seus pais? Apenas carne pecaminosa. Algum outro tipo de carne, exceto carne pecaminosa, alguma vez foi conhecida entre os descendentes de Adão? Nenhuma, seja qual for. Se Jesus participou da mesma carne e sangue que os folhos, tinha que ser carne e sangue pecaminosos. Não há nenhuma outra conclusão a ser tirada. Todavia, Ele mesmo era sem pecado!

Uma escritora, reconhecendo esta clara posição bíblica, descreveu isso sucintamente nestas palavras:

“Teria sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus revestir-Se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade. O que estes resultados foram, manifesta-se na história de seus ancestrais terrestres. Veio com essa hereditariedade para partilhar de nossas dores e tentações, e dar-nos o exemplo de uma vida impecável.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 49).

Essa declaração descreveu a operação das leis da hereditariedade e está em perfeita harmonia com a declaração de Paulo, de que Jesus participou da mesma carne e sangue que os filhos recebem de seus pais. Isso está referindo-se à hereditariedade também. Se Cristo tivesse nascido com a natureza não caída de Adão, a própria sugestão da influência hereditária seria ridícula ao extremo. Não poderia haver lugar para qualquer tipo de tendências hereditárias em uma natureza “adâmica” que nunca conheceu tanto o nascimento quanto a ancestralidade. Se Ele não possuísse nenhuma fraqueza herdada, por que o autor de Hebreus diria que ele participou da mesma carne e sangue que os filhos recebem dos pais? Certamente é porque o Criador não incorporou nenhuma fraqueza inerente na criação original. Adão não possuía nenhuma batalha para lutar contra tendências hereditárias. Ele possuía o poder em si mesmo para escolher sempre não pecar. Jesus, como homem, reivindicou ter esse mesmo tipo de poder? Não! Ele disse:“nada faço de mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou” (João 8:28). Repetidamente, Cristo falou de ser dependente de Seu Pai para o que Ele dizia e o que Ele fazia. Ele escolheu viver Sua vida aqui como um homem da mesma maneira que nós temos que vivê-la. Para salvar a Si mesmo do pecado e dos perigos da carne, Ele dependeu constantemente e unicamente do poder de Seu Pai. Foi dessa forma que Ele superou o Diabo, fechou cada avenida da tentação, e viveu uma vida de perfeita obediência.

Por nunca ceder ao apelo inerente da carne, Ele deu um exemplo do tipo de vitória que pode vir a cada filho de Adão através da dependência do Pai.

Satanás tentou Jesus no deserto a usar Seu poder divino para satisfazer Sua fome agonizante. Satanás sabia que Jesus tinha o poder divino para operar aquele milagre. Sua esperança era que ele pudesse provocá-Lo a depender de Sua divindade para alívio próprio. Por que isso teria sido um triunfo para Satanás? Ele poderia ter usado isso para sustentar suas acusações de que Deus requeria uma obediência que nenhum homem, na carne, poderia prestar. Se Jesus falhasse em superar o tentador na mesma natureza que temos e pelos mesmos meios disponíveis para nós, o Diabo teria provado que a obediência é, de fato, um requisito impossível. Satanás entendeu muito bem que Jesus não poderia usar Seu poder divino para salvar a Si mesmo e salvar o homem ao mesmo tempo. Foi isto o que tornou o teste uma experiência tão severa e agonizante para Cristo.

Se Jesus realmente herdou a natureza comprometida de Adão, então por que Ele não pecou como o resto dos descendentes de Adão? Porque Ele era cheio do Espírito Santo de Deus desde o ventre, e possuía uma vontade completamente entregue ao Pai, e uma natureza humana santificada. Podemos nós participar do mesmo poder para guardar-nos de pecar? Sim! Jesus ao viver Sua vida de vitória sobre o pecado, não utilizou Sua divindade, mas confinou-se ao mesmo poder disponível a nós através da conversão e santificação.


CRISTO VENCEU EM NOSSA PRÓPRIA NATUREZA

Não tivesse Ele obtido a vitória sobre Satanás na mesma natureza que temos, que encorajamento poderia ser tirado de Sua vitória? Não é necessário me mostrar que era possível para Adão não ceder ao pecado. Eu já sabia disso. O que eu preciso saber é se eu posso superar o pecado, sendo minha natureza a que é.

Satanás acusou Deus de requerer algo que não podia ser feito. A razão pela qual o homem caído não podia prestar obediência é claramente descrita em Romanos 8:3-4: “Pois o que era impossível à lei, visto que estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

Esses versos são simplificados quando fazemos algumas perguntas: O que a lei não poderia fazer por nós porque éramos muito fracos na carne para guardá-la? Ela não podia salvar-nos.

Já que nós não podíamos guardá-la devido à fraqueza da carne, o que fez Deus? Ele enviou Jesus para obedecer à lei perfeitamente na carne. Ele condenou o pecado na carne pela total vitória sobre ele.

O que Sua vitória na carne tornou possível para nós? “Para que a justiça (os justos requisitos) da lei se cumprisse em nós”. Ela habilitou-nos a obedecer.

Como Sua vitória na carne tornou possível a nossa obediência? Pelo milagre da conversão, que muda nossa caminhada, da carne para o Espírito. Então Cristo em nós, através do Seu Espírito, comunica vitória sobre o pecado para nossas vidas.

Estas verdades óbvias apontam um dos grandes problemas em se acreditar na natureza humana pré-lapsariana de Cristo (isto é, a natureza de Adão antes da queda). Se Sua vitória sobre Satanás, na carne, foi com o propósito de habilitar-me a cumprir os requisitos da lei, como poderia Sua vitória ajudar-me de alguma forma, se ela foi obtida em alguma outra carne se não a minha? Aqui é onde essa falsa doutrina ataca o belo princípio da justificação pela fé.

Justiça pela fé é a imputação e a comunicação dos resultados da vida sem pecado e morte expiatória de Cristo. Inclui tanto justificação quanto santificação. Cristo atribui, ou credita, a nós, os méritos de Sua experiência sem pecado para libertar-nos da penalidade do pecado. Isso é justificação. Para libertar-nos do poder do pecado Ele não apenas, e meramente, nos conta como justos, mas Ele realmente comunica Sua força para superar o pecado. Em ambos os casos, Ele pode apenas conceder-nos o que Ele conseguiu através de Sua própria experiência encarnada como o Salvador do mundo.

Alguém pode afirmar que desde que a justificação apenas envolve uma atribuição do registro sem pecado de Cristo em nossa conta, isto poderia ter sido feito em qualquer tipo de corpo. Mas seria isto verdade? O propósito da encarnação foi redimir o homem caído e não o homem que não pecou. Para fazer isso Ele tinha que “condenar o pecado na carne” (Romanos 8:3). Nossos pecados, que procedem da carne, deveriam ser condenados por Ele, e a única maneira pela qual isso poderia ser feito era conquistar aquela carne pecaminosa e submetê-la à morte da cruz.

Jesus veio tirar o pecado do mundo, como declarou João. Como Ele poderia tirar o pecado que não estivesse mesmo na carne que Ele assumiu? Para ser mais preciso, como ele poderia “condenar o pecado na carne” em uma carne sem pecado? Paulo disse: “Estou crucificado com Cristo” (Gálatas 2:20). Por que ele posteriormente declara que nós “fomos batizados na Sua morte” (Romanos 6:3)? Todo pecador deve passar, pela fé, pela experiência da crucificação e ressurreição com Cristo. De modo a passar da morte para a vida, cada um de nós deve identificar-se com Aquele que nos representou como o segundo Adão. Nossos pecados estavam nEle. Quando Ele morreu, nós morremos; e a penalidade pelos nossos pecados foi satisfeita e exaurida.

Você pode ver que Ele teve que carregar nossa natureza caída até àquela cruz, de modo a tornar possível que nossa natureza pecaminosa fosse colocada para morrer? Qualquer coisa a menos teria falhado em satisfazer a justiça de Deus. Cristo teve que render a humanidade condenada ao salário completo do pecado naquela cruz, de modo a tornar a expiação possível por nós. De outra forma, não poderíamos nos identificar com Ele ou sermos crucificados com Ele. Obviamente, a redenção requer que Jesus viva e morra com a natureza do homem caído, de forma a fornecer a ligação vital da justificação. Agora vamos para os requisitos da santificação


PARTICIPANDO NA VITÓRIA DE CRISTO

A santificação não é um mero crédito ou contabilidade. É a comunicação de algo a nós. Assim como Ele atribui justificação para nos libertar da culpa do pecado, Ele agora comunica santificação para nos libertar do poder do pecado. O que é a santificação que Ele nos comunica? É nossa real participação na vitória de Cristo sobre o pecado. Pela fé, nos apropriamos da força da vitória que Ele experimentou na carne. Em outras palavras, Ele é capaz e desejoso de viver em nós a mesma vida de superação que Ele viveu como um homem nesta terra. Ele reproduzirá em nós Sua própria experiência sem pecado. Isso é santificação.

Se Jesus veio ao mundo com a natureza não caída de Adão para manifestar uma vida sem pecado, como poderia aquela natureza não caída ser reproduzida em mim? Homens caídos não são santificados por participar da experiência não caída de Adão! Eles são santificados ao vencer o pecado em sua natureza caída, através do mesmo poder que Jesus utilizou para vencer o pecado. Não há nenhuma forma de nós participarmos da experiência não caída de Adão. Se este foi o meio pelo qual Jesus superou Satanás, não há nenhum modo para Ele comunicá-lo a mim. Mas se Jesus obteve a vitória sobre Satanás na natureza caída dos descendentes de Adão, então eu posso participar dela com Ele. Este tipo de vitória pode ser superposta sobre minha própria vida, porque ela foi obtida na mesma natureza que eu possuo.

Uma experiência sem pecado, vivida em alguma natureza alienígena não caída, não poderia ser creditada a mim, nem jamais poderia ser possuída por mim. A natureza caída nunca pode, nesta vida, ser restaurada ao estado do homem não caído. Mas nós podemos receber a vitória sobre o pecado, a qual Jesus obteve na carne como um de nós.


OS DOIS EXTREMOS

Nesse contexto, é interessante estudarmos a breve história vivida por um grupo de Cristãos em Indiana (EUA), que reivindicavam ter carne santa. Por volta do ano 1900, um corpo particularmente grande de membros conservadores tornou-se obcecado com a idéia de que Jesus viveu Sua vida sem pecado na natureza do Adão não caído.

Assumindo, corretamente, que Sua experiência vitoriosa na carne poderia ser comunicada a cada Cristão através da fé, eles começaram a ensinar que a mesmíssima vida incorrupta sem pecado de Adão poderia ser vivida pelos homens caídos. Esta visão fanática levou-os a acreditar que eles pudessem reproduzir a absoluta santidade e perfeição do Adão não caído. Esse é apenas um bem documentado exemplo das ramificações deste falso ensinamento.

A outra extremidade para a qual os homens são levados, ao aceitar o erro da natureza pré-queda de Cristo, é exatamente o oposto à teoria da “carne santa”. Eles simplesmente afirmam que, visto que Jesus venceu na natureza sem pecado de Adão, nós não podemos experimentar Sua vitória enquanto permanecemos em corpos de carne pecaminosa.

Cristo poderia apenas comunicar o que Ele tem para dar, e posto que Ele não obteve vitória sobre o pecado em nossa natureza caída, Ele não poderia compartilhá-la conosco. Portanto, é impossível vencer como Cristo venceu.

Assim, podemos ver como a verdade bela e simples da santificação é minimizada e removida da experiência da justificação pela fé. Já vimos como o erro do “pecado original” gerou duas outras perversões, a saber, que Jesus possuía a natureza não caída de Adão, e que a santificação não pode ser comunicada ao homem por Jesus. De fato, muitos proponentes do pecado original nem mesmo acreditam que é possível superar o pecado nesta vida. Eles negam as repetidas declarações das Escrituras de que o homem caído pode realmente participar da natureza divina de Cristo. De alguma forma, eles não conseguem perceber e aceitar o mistério celestial, tão freqüentemente afirmado na Bíblia, de que Jesus tomou a natureza caída do homem sobre Si e, todavia, nunca foi culpado de pecado. Para eles, a culpa herdada de Adão é tão penetrante na natureza humana, que ela apenas pode ser vencida quando a transladação tomar lugar na vinda de Cristo.


VIVENDO SEM PECADO

É difícil para nós crermos que Jesus, em Sua humanidade, pudesse manter uma mente absolutamente pura, impecável, durante Seus 33 anos e meio neste mundo? É impossível para qualquer um, em carne humana, mesmo sob o poder de Deus, alcançar um tal ponto de vitória sobre o pecado? A resposta da Bíblia é clara: “Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus... Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” ( II Coríntios 10:3-5).

Essa promessa é feita com relação aos pecadores na carne, os quais voltam-se para o poder libertador do Evangelho. Quanto mais nosso abençoado Senhor seria capaz de clamar a força capacitadora de Seu Pai para guardá-lo de pecar! A Palavra de Deus assegura-nos que podemos participar da natureza divina de Jesus e ter a “mente de Cristo”. Sua experiência sem pecado na carne é uma garantia de que qualquer um de nós pode ter a mesma vitória se dependermos do Pai como Ele fez.

Isto significa que ao vencer o pecado Ele não possuía nenhuma vantagem sobre nós. Ele lutou contra o inimigo na mesma natureza e com as mesmas armas espirituais que estão disponíveis para nós. Se Ele possuiu qualquer vantagem sobre outros homens, foi simplesmente por Sua natureza humana inerente nunca ter sido debilitada, posteriormente, pela indulgência pessoal ao pecado.

Podemos igualar-nos ao padrão perfeito da vida sem pecado de Jesus? Não! Todos nós temos degradado a natureza humana também, ao rendermonos à carne. Não apenas trouxemos a maldição da morte sobre nós mesmos ao quebrar a lei de Deus, mas tornamo-nos a nós mesmos mais vulneráveis a Satanás ao cooperarmos com ele. Jesus nunca respondeu a um único estímulo, e Satanás não podia achar nada nEle. Ele viveu toda a Sua vida com a mente rendida e a vontade do ser inteiramente santificada. Ele não cometeu nenhum pecado pelo qual ser expiado.

Mas, embora não podendo nos igualar ao padrão, devemos procurar ardentemente refletir aquela vida santa de Jesus, tão completamente quanto possível. Pela graça de Deus, podemos colocar de lado cada pecado conhecido e sermos perfeitos em nossa esfera, com consciência nenhuma de ter acariciado um mal proceder sequer.

Isto significa que estaremos nos gabando de viver sem pecado? Pelo contrário, quanto mais nos aproximarmos de Cristo, mais sentiremos nossa indignidade. Aqueles que alcançam o padrão de Cristo serão os últimos a reconhecer isso, quanto mais gabar-se disso. É importante que Deus tenha um povo obediente no final dos tempos, para que Ele possa apontar como uma prova de Seu caráter? A Bíblia revela que todo conflito cósmico entre Deus e o mal pode ser traçado ao desejo original de Satanás em tomar o lugar de Deus e governar o universo. Foi o seu programa de falsa acusação que provocou a rebelião no céu e alienou um terço dos anjos. Satanás apresentou de forma inapropriada o caráter de Deus e acusou o Criador de fazer exigências não razoáveis e impossíveis.

Como se poderia provar que o diabo estava errado? Deus tinha que fornecer uma demonstração que silenciaria o adversário para sempre. Foi uma longa e dolorosa demonstração que levou o Filho de Deus a descer em um corpo humano de homem caído e, dentro do limite dessa natureza, superar tudo o que Satanás pudesse atirar contra Ele. Tivesse Ele utilizado qualquer poder divino para vencer o pecado, que não estivesse disponível a outros na carne, Satanás teria usado isto pra sustentar suas reclamações de que ninguém poderia guardar a lei de Deus.

Na cruz, Jesus demonstrou ao universo inteiro que Satanás estava errado. Ele provou que era possível, na carne, ser obediente através da dependência do Pai. O passo final da prova terá lugar quando o caráter de Cristo tiver sido reproduzido naquele pequeno remanescente perseguido, que permanecer fiel através da tempestade de fogo do Armagedon e além. Muito tempo depois que os joelhos de Satanás tiverem se dobrado em reconhecimento à justiça de Deus, e eras após ele e seus seguidores tiverem provado as conseqüências eternas de seus pecados, os 144.000 continuarão ainda dando testemunho da honra e integridade do governo de Deus. Ao seu novo cântico de vitória e libertação ser escutados por anjos, mundos não caídos, inumerável multidão de santos, todos unir-se-ão em um oratório de louvor, dizendo: “Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.” (Apocalipse 7:12).

É fácil entender porque aquele pequeno grupo que canta o cântico de Moisés e do Cordeiro será tão assinaladamente honrado ao permanecerem mais perto do trono de Deus. É através da experiência deles que o caráter de Deus será vindicado afinal.

Em resumo, podemos ver como o antigo erro da culpa atribuída de Adão levou à uma cadeia de enganos relacionados. As verdades mais significativas da salvação foram habilmente falsificadas. A humanidade de Jesus foi negada, a justiça comunicada por Cristo foi desafiada, e a possibilidade de vitória sobre o pecado foi ridicularizada. É apenas ao reconhecermos o engano básico que podemos evitar as perversões que a seguem. Que Deus nos dê a sabedoria para permanecermos firmes sobre a Palavra apenas, e rejeitar toda doutrina que não estiver enraizada nEle.


sábado, 21 de março de 2015

Descobertas 9 galáxias anãs a orbitar a Via Láctea



Astrônomos a analisar dados do Dark Energy Survey descobriram 9 galáxias anãs que orbitam a nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Os resultados, publicados em dois estudos disponíveis no arXiv (artigo 1, artigo 2), podem ajudar a explicar alguns dos mistérios sobre a matéria escura, a substância invisível que prende as galáxias.

A matéria escura representa 25 por cento de toda a matéria e energia do universo, e a sua presença só é conhecida através da sua atração gravitacional. As galáxias anãs contêm até 99 por cento de matéria escura, deixando apenas um por cento de matéria observável.

Três desses novos satélites são definitivamente galáxias anãs, e os outros poderão ser galáxias anãs, mas também podem ser aglomerados globulares. Estes aglomerados são semelhantes a galáxias anãs, excepto pelo facto de não estarem colados pela matéria escura.

Estas são as primeiras galáxias anãs a serem descobertas desde 2005 e 2006, quando dezenas foram descobertas no hemisfério norte. Os nove novos satélites foram encontrados num pequeno pedaço de céu acima do hemisfério sul, perto das Grande e Pequena Nuvem de Magalhães, as maiores galáxias anãs em órbita da Via Láctea.

Estes novos objetos são cerca de um milhão de vezes menos massivos e 1.000 milhões de vezes mais fracos do que a Via Láctea, que contém centenas de milhões de estrelas. É por isso que têm sido tão difíceis de encontrar. As distâncias variam de cerca de 95.000 anos-luz a 1,2 milhões de anos-luz da Terra. A mais próxima está localizado na constelação do retículo a meio caminho das Nuvens de Magalhães, e está em vias de ser dilacerado por forças de maré.

O mais distante dos objetos está na constelação de Eridanus (ou do rio) mesmo à margem da Via Láctea, e está prestes a ser puxado para dentro. "Estes resultados são muito intrigantes", diz Wyn Evans, pesquisador no estudo. "Talvez fossem satélites que orbitavam as Nuvens de Magalhães e foram expulsos pela interação da Pequena e Grande Nuvem de Magalhães".

"Ou talvez eles fizessem parte de um grupo gigantesco de galáxias que, juntamente com as Nuvens de Magalhães estão a cair na nossa galáxia, a Via Láctea", acrescentou o pesquisador. O Dark Energy Survey, com sede no Laboratório Nacional do Acelerador Fermi, procura fotografar o céu do hemisfério sul com detalhes sem precedentes usando uma câmera com 570 megapixels.

Montado num telescópio no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, na Cordilheira dos Andes, no Chile, a câmera permite ver galáxias a distâncias até 8 mil milhões de anos-luz de distância. Estas novas descobertas foram feitas de forma independente por pesquisadores de Cambridge liderados por Sergey Koposov e por uma equipa liderada por Alex Fermilab Drlica-Wagner.

Via Ciencia Online

A Idade da Terra

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Como explicar a expressão “o Espírito de Deus pairava sobre as águas? (Gn 1:2)? Isso significa que as águas e as rochas já existiam antes da semana da criação? Elton Rodrigues


A afirmação “o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1:2) indica que essa pessoa da Divindade participou ativamente na criação. Ele estava pronto para agir.
Já a expressão “no princípio” (Gn 1:1) tem sido motivo de discussão entre os criacionistas. Há basicamente duas correntes de opinião. Uma afirma que esse “princípio” foi há cerca de 6 mil anos, quando os astros e a vida na Terra foram criados na semana literal da criação. A outra defende a ideia de que esse “princípio” tem que ver com um passado remoto, antes da criação da vida na Terra. Depois disso, em outra etapa, Deus organizou os elementos em nosso planeta e fez surgir nele a vida. Em um ponto as duas correntes estão de acordo: o aparecimento da vida na Terra é recente e aconteceu por obra de Deus há cerca de 6 mil anos.
Quem defende que o surgimento de tudo o que existe (astros e vida na Terra) foi há cerca de 6 mil anos argumenta que um Deus todo-poderoso poderia ter formado as coisas dessa maneira. Assim, a vida na Terra e os corpos celestes teriam sido criados todos na mesma ocasião. Para os defensores desse ponto de vista, pretender uma criação em duas etapas seria limitar o poder criador de Deus.
Um dos problemas com essa teoria é que ela situa a formação do planeta Terra três dias antes do aparecimento do Sol, da Lua e das estrelas, no 4º dia da semana literal da criação (Gn 1:14-18). Caso a Terra fosse mais antiga que o Sol, em torno do que ela teria orbitado até o 4º dia da criação?
É verdade que Deus poderia criar tudo de uma vez. Mas a Bíblia não é explícita sobre a data exata da criação dos astros. Diz apenas que “no princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gn 1:1). Quando teria sido esse “princípio”? Há milhões de anos ou há 6 mil anos?
Os que defendem a criação em duas etapas argumentam que o verso 3 do capítulo 1 de Gênesis parece indicar um espaço de tempo entre a criação dos astros (v. 1, 2) e a organização dos elementos em nosso planeta para o surgimento da vida (v. 3-31). E veem na informação de que a Terra “estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo” (v. 2) uma indicação de que, quando Deus passou a organizar os elementos para o surgimento da vida na Terra, o planeta já existia, tendo sido criado com os demais astros em um “princípio” remoto.
Quem defende a criação em duas etapas não crê que isso possa, de alguma forma, diminuir o poder criador de Deus. Sendo soberano, ele pode escolher criar como desejar, seja de uma vez ou em etapas, sem que isso signifique apoio à teoria da evolução.
A verdade é que a discussão sobre uma ou duas etapas para a obra criadora de Deus não deveria ser vista como tão importante assim. Afinal, tanto os defensores da criação em um único momento quanto os que pensam nela como ocorrendo em duas etapas não negam que (1) Deus é o Criador de tudo o que existe, (2) o aparecimento da vida na Terra é algo recente e (3) os dias da semana da criação são literais e de 24 horas, conforme indicado pelo uso da palavra hebraica yom seguida de numeral ordinal, como ocorre no fim do 2º ao 7º dia da criação. A exceção fica por conta do 1º dia, em que o termo echad, numeral cardinal (um), foi empregado pelo escritor bíblico como numeral ordinal (primeiro), como em Gênesis 8:5. Além disso, a expressão “tarde e manhã”, no relato da criação, indica um dia de 24 horas (confira Êxodo 27:21). Um detalhe importante: “A duração do sétimo dia necessariamente determina a extensão dos outros seis” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 191).
Assim, se aceitamos a ideia de que tudo foi criado de uma só vez e há cerca de 6 mil anos, então as águas e as rochas não existiam antes da semana da criação. Se, ao contrário, cremos que a criação se deu em duas etapas, então as águas e as rochas já existiam antes da semana da criação.
O que realmente importa é que aceitemos nossa condição de criaturas de Deus, necessitados de seu cuidado e orientações e deixemos que ele dirija nossa vida, de acordo com seus propósitos. 

OZEAS C. MOURA, doutor em Teologia Bíblica na área de Antigo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

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