quarta-feira, 6 de julho de 2011

Meditações Diárias de Julho de 2011

1º de julho Sexta

Hábitos




Pois o homem é escravo daquilo que o domina. 2 Pedro 2:19



Os hábitos são uma espécie de “poupa tempo”. Eles nos permitem fazer certas coisas “sem pensar”. Já pensou se todos os dias antes de calçar o sapato você ficasse decidindo: vou colocar o direito ou o esquerdo? E agora, que perna da calça vou vestir primeiro? E se toda vez que fosse abrir uma porta eu dissesse: “Agora vou segurar a maçaneta da porta, girar e puxar.” Os digitadores não precisam pensar que o R está em cima ou embaixo, no teclado, e o M no lado esquerdo ou direito. Formado o hábito, pronto: conseguem digitar sem mesmo olhar o teclado. Por isso, dizemos que “o hábito é como uma cama macia: fácil de deitar, difícil de levantar.”



Temos a tendência de pensar nos hábitos de forma negativa: drogas, bebida, mentira, fofoca. Mas está em nosso poder cultivar bons hábitos. Se você quiser melhorar a vida espiritual, terá que dar uma olhada em seus hábitos. Alguns vão aproximá-lo de Deus, outros vão afastá-lo dEle. O que podemos fazer?



Identificar o hábito. Todos têm hábitos que gostariam de mudar. Até que não identifiquemos e decidamos ter sob nosso controle aquele hábito, ele terá poder sobre nós. Podem ser hábitos que afetam a saúde ou nosso relacionamento com Deus. Seja qual for o hábito, temos que encará-lo com determinação para mudá-lo.



Desejo de mudar. Muitos conhecem os hábitos que os controlam, mas a menos que sintam necessidade de mudança, nada vai acontecer. Seja para se desfazer de um hábito, seja para incorporar outro, o cérebro tem que participar no processo, dando boa razão para isso.



Pedir ajuda. Quando reconhecemos que alguns hábitos necessitam ser abandonados, temos que pedir ajuda divina para isso. O diabo pode sussurrar: “Você já tentou isso várias vezes antes e nunca funcionou. Você nunca vai conseguir mudar.” Temos que depender da ajuda de Deus. “O Senhor firma os passos de um homem, quando a conduta deste O agrada; ainda que tropece, não cairá, pois o Senhor o toma pela mão” (Sl 37:23, 24). “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15:57).



“Acima de quaisquer dotes naturais, os hábitos estabelecidos nos primeiros anos decidem se um homem será vitorioso ou vencido na batalha da vida. A juventude é o tempo da semeadura. Determina o caráter da colheita, para esta vida e para a outra” (Ellen G. White, Mente, Caráter e Personalidade, v. 1, p. 308).






2 de julho Sábado


Graça no Convívio do Lar



Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres [...], como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida. 1 Pedro 3:7



Recebi, certa vez, em meu escritório uma jovem senhora, com rosto choroso, numa segunda-feira cedo. “Pastor, briguei com meu esposo ontem à noite. Mandei-o embora de casa e ele foi mesmo!” Na conversa, ela comentou que o esposo não a ajudava em casa, mas reconheceu que o tinha xingado. No dia seguinte, conversei com ele, que lamentava a interferência da sogra e o fato de a esposa não ter colocado o sobrenome dele junto ao nome dela. Marquei um encontro com os dois na segunda-feira seguinte.



Às seis horas da tarde, desci ao hall de entrada do escritório, onde só estavam os dois, sentados, olhando cada um para um lado, sem se conversar. Quando perguntei o que estava acontecendo, pareceu que eu havia passado um bisturi na ferida. Acusações mútuas surgiram em voz alta. Não havia clima de conciliação. A conversa ia e vinha, e ele dizia: “Ela não colocou o meu sobrenome no nome dela.” Enquanto falavam, eu orava silenciosamente pedindo que Deus me orientasse no que fazer e dizer, porque não via solução.



Já eram quase nove horas da noite, quando finalmente perguntei para os dois: “O que vamos fazer com as meninas?” (Eles têm duas filhas, de dois e quatro anos.) Houve silêncio total. Longo. Intencionalmente deixei que esse silêncio se tornasse incômodo. “Bem, pastor”, disse a esposa, “eu resolvi. Vou colocar o sobrenome dele no meu nome.” Foi uma meia-volta da noite para o dia na entrevista, e conversamos sobre os ajustes de responsabilidade por parte de cada um.



Ao sair da minha sala, havia apenas uma lâmpada acesa na escada. Ela disse: “Não estou enxergando.” Ele perguntou: “Posso lhe dar a mão?” Não acreditei no que estava vendo. Em silêncio, agradeci a Deus o milagre.



O conselho de Pedro é para que o homem trate sua mulher com honra, tendo em vista suas necessidades e maneira de ver as coisas. O esposo tem que conhecer os medos, ambições e expectativas da esposa e o que a faz feliz. Deve ter cuidado ao falar com a esposa e com as crianças, para que o tom da voz, e a escolha das palavras, a atenção, tudo possa estar dentro de uma moldura de graça que contribua para a atmosfera de felicidade.



Mais do que qualquer outro relacionamento, o casamento é feito de renúncias. Naquela noite, ao voltar para casa, agradeci a Deus pelo que é o amor, e pelo milagre que a graça pode realizar em cada casal.




3 de julho Domingo


Por que Desistir?



Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Salmo 42:5



O salmista enfrentava um momento de ansiedade e depressão e percebeu que estava sem recursos para enfrentar o que havia pela frente. Ele se perguntava: Por que estou querendo desistir? Por que toda essa inquietação? E respondeu confiantemente: “Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda O louvarei” (Sl 42:5).



Você já parou no meio da correria do dia a dia e se perguntou: “O que é mesmo que está me preocupando?”



Há alguma coisa neste exato momento inquietando seu coração? Está aguardando ansioso o resultado de algum exame médico? Sua noiva foi rude com você? Seu esposo está com um comportamento diferente? A filha já devia ter dado notícias e você não sabe onde ela está? Quanta coisa! Às vezes, é um telefonema que nos traz inquietação ou é a percepção de que alguma coisa importante foi esquecida. Ou até a frase de um amigo que, no meio da conversa, pergunta: “Mas é isso mesmo que você quer?”



Uma dessas situações ou o conjunto delas dispara dentro de nós um sentimento de ansiedade e temor que pode atrapalhar o dia. A imaginação vai a “mil por hora”. Ficamos como aquela imagem inoportuna aparecendo na tela do computador e clicamos uma e outra vez para que ela desapareça porque está tirando nossa concentração. É uma espécie de pisca-pisca em nosso cérebro, em estado de alerta, sinalizando uma situação preocupante; mas não sabemos muito bem por que estamos nos sentindo assim.



Nesse momento, o mais lógico é identificar o que nos preocupa. Não fazer de conta que tudo está bem quando, em realidade, não está. Também não devemos ignorar o que estamos sentindo.



Em segundo lugar, precisamos tomar providências para resolver a situação. Isso pode significar um telefonema, uma visita, ir a determinado lugar, gastar um tempo extra fora da agenda daquele dia e/ou conversar com alguém para que o problema seja resolvido.
A esperança não está em nós mesmos, mas em Deus. Devemos ir a Ele e permitir que Ele interprete nossos anseios. Quem sabe a situação não seja tão grave assim. Temos que pedir, finalmente, que Ele nos supra de força para enfrentar a situação.



Como é bom começar o dia sabendo que temos ao nosso lado alguém que sabe como nos tirar do labirinto em que nos encontramos. Coloquemos nossa esperança no Senhor. Ele nos livrará.






4 de julho Segunda


A Vontade de Deus



Eu sei o que estou fazendo. Já tenho tudo planejado – planos para cuidar de você, não abandoná-lo. Planos para lhe dar o futuro pelo qual você espera. Jeremias 29:11, The Message



Gostaria de conhecer o autor do texto que vem a seguir. Com muita propriedade e grande dose de inspiração, ele conseguiu colocar em um pequeno espaço riqueza de conceitos digna de um pequeno quadro. O poema tem como titulo “A Vontade de Deus”:



A vontade de Deus nunca irá levá-lo
Aonde a graça de Deus não possa guardá-lo,
Aonde os braços de Deus não possam sustentá-lo,
Aonde as riquezas de Deus
Não possam suprir suas necessidades,
Aonde o poder de Deus não possa capacitá-lo.
A vontade de Deus nunca irá levá-lo
Aonde o Espírito de Deus
Não possa operar por seu intermédio,
Aonde a sabedoria de Deus não possa ensiná-lo,
Aonde o exército de Deus não possa protegê-lo,
Aonde as mãos de Deus não possam moldá-lo.
A vontade de Deus nunca irá levá-lo
Aonde o amor de Deus não possa envolvê-lo,
Aonde as misericórdias de Deus não possam animá-lo.
Aonde a paz de Deus não possa acalmar seus temores,
Aonde a autoridade de Deus não possa dominá-lo.
A vontade de Deus nunca irá levá-lo
Aonde o consolo de Deus
Não possa secar suas lágrimas,
Aonde a Palavra de Deus não possa alimentá-lo,
Aonde os milagres de Deus
Não possam ser operados em você,
Aonde a onipresença de Deus não possa encontrá-lo.



Há sempre um longo caminho a percorrer quando falamos sobre a vontade de Deus para nossa vida. Gostaríamos de ter um ponto de chegada, mesmo que não vejamos claramente o fim da jornada. Nem sempre é assim. Mas podemos ter certeza de que Deus tem os melhores planos para nossa vida.






5 de julho Terça


Encontrando Vida na Cruz



Voltem-se para Mim e sejam salvos, todos vocês, confins da Terra. Isaías 45:22



Numa das viagens em que realizamos o projeto Prisma, na ilha de Breves, PA, fiquei hospedado em uma das casas de beira de rio, com telhado e madeiramento à vista. Estava na rede antes de dormir, quando vi na cumeeira da casa uma serpente se mexendo. Grande. Fui avisar os donos da casa, mas eles responderam: “Não precisa ter medo. É que aqui na ilha, como não existem gatos, a jiboia é que cuida dos ratos. Mesmo assim, seria bom armar a rede noutro lugar, porque aí, nesse ponto onde o Senhor está, ela já caiu em cima de outro.”



Durante sua caminhada no deserto, os israelitas tinham sido miraculosamente protegidos contra a invasão de serpentes venenosas. Depois, por causa de murmuração, ficaram desprotegidos e um bando dessas serpentes invadiu o acampamento. Era só abrir o cobertor, levantar o colchão, ou abrir a despensa da cozinha e deparar-se com uma serpente. A picada era seguida por inflamação dolorida e morte súbita.



A ordem de Deus a Moisés foi: “Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste; quem for mordido e olhar para ela viverá” (Nm 21:8). Imagine um israelita que descobre que seu filho foi picado por uma serpente. “Querida, traga o canivete.” Ele faz o corte e procura sugar o sangue. “Traga o antídoto.” Logo depois, porém, ele percebe que o filho está morto. Ele fez o que era lógico, mas não o que Deus havia dito para fazer.



Você não deve começar descobrindo quais são seus erros ou seus pecados. Não precisa pegar o canivete e nem mexer na ferida. Você tem que sair de sua tenda e olhar de frente para a serpente de bronze. Somente assim é que será curado. Moisés não perdeu tempo. Foi ao melhor artífice de metal e produziu uma figura igual à da serpente. O que seria necessário fazer antes de olhar para aquela haste com uma serpente? Crer que a cura iria acontecer.



O remédio não era nada convencional, mas era o que Deus determinara. O que era aceitável a Deus era a fé das pessoas em Sua providência. O israelita que olhasse não iria dizer: “Olha só como eu me saí dessa!”, mas diria: “Obrigado, Senhor, por me salvar.”



Não devemos minimizar a importância do olhar da fé, pois foi pela fé que aqueles que foram mordidos olharam para a serpente de bronze e viveram. O mais miserável dos pecadores pode olhar para Jesus e viver.



“Deus tornou pecado por nós Aquele que não tinha pecado, para que nEle nos tornássemos justiça de Deus” (2Co 5:21).






6 de julho Quarta


Diminuindo a Velocidade



Na quietude e na confiança está o seu vigor, mas vocês não quiseram. Isaías 30:15



Publicações especializadas na área do estresse trazem a notícia de que os holandeses estão inventando um aparelho eletrônico, uma espécie de bracelete, que muda de cor passando do amarelo para o vermelho quando a tensão sobe a níveis não recomendados. O aparelho manda um aviso: “Tire um tempo”, ou “Deixe esfriar”, ou ainda “Reconsidere o que ia fazer”. A expectativa é que traga benefício aos consumidores e fabricantes.



Enfrentamos o estresse todos os dias, desde o momento em que nos sentamos para tomar o desjejum, quando tomamos o ônibus e quando entramos no carro na expectativa de enfrentar trânsito carregado para ir à escola ou ao trabalho. Quando fazemos aquela pergunta rotineira: “Como vai?” A resposta é: “Correndo como sempre!”



Chegamos até mesmo a colocar o estresse dentro de várias categorias: estresse escolar, político, financeiro, pastoral, familiar, esportivo, etc. Sem querer, o médico também faz aumentar esse nível de estresse, ao dizer que nossa asma, pressão alta, úlcera e mais uma quantidade de doenças podem estar relacionadas ao estresse. Quanta gente consegue tirar seus momentos de lazer sem ficar com senso de culpa, e outros que se orgulham de não tirar férias?



E os remédios? São inúmeros. Alguns cientificamente comprovados, e outros repetitivos: diminua o ritmo, faça mais exercícios, chore mais, equilibre sua dieta, fique fora das situações que causam estresse, você não é insubstituível, etc.



Milhares de anos atrás, o Criador do ser humano, prevendo essa corrida doida, mandou um recado por meio do profeta: “Na quietude e na confiança está o seu vigor” (Is 30:15). Ou, como diz outra tradução: “Na tranquilidade, na completa dependência de Mim, está a sua força.”



Quando nos sentimos desorientados e rabiscamos numa folha de papel, tentando procurar soluções, nos esquecemos de pedir calma e do recado de Deus segundo o qual a tranquilidade e a confiança fazem bem. Precisamos receber paz e iluminação dAquele que pode e sabe o que é melhor para nós.



Alguém fez a seguinte oração: “Senhor, se a tensão pode criar alguma coisa boa na corda do violão, então não é demais pedir que Tu possas usar minha vida para criar alguma coisa boa.”






7 de julho Quinta


Intercedendo Como Jesus



Pois Ele levou o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu. Isaías 53:12



Moisés foi um intercessor por excelência. Muitas vezes, rogou em favor dos israelitas. Uma vez, dentro de sua estratégia militar contra os amalequitas, enquanto Josué liderava o exército no vale, Moisés subiu uma montanha juntamente com Arão e Hur. Enquanto uma batalha física era travada no vale nas mãos de Josué, outra batalha espiritual tinha lugar na montanha, com Moisés levantando as mãos sobre o conflito, ajudado por Arão e Hur até o fim do dia.



Jó também dizia: “Assim como alguém defende o seu amigo, eu preciso de quem defenda o meu direito diante de Deus” (Jó 16:21, NTLH). Paulo orou pelos irmãos da cidade de Éfeso: “Não deixo de dar graças por vocês mencionando-os em minhas orações” (Ef 1:16). Quando Pedro estava sendo severamente tentado por Satanás, Jesus saiu em sua defesa e disse: “Mas eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça os seus irmãos” (Lc 22:32).



Suponha que você estivesse enfrentando uma crise. Como você se sentiria se, justamente nesse momento, Jesus o chamasse pelo seu nome e dissesse “Eu orei por você”?



Jesus ora por causas específicas em nossa vida, como fez no caso de Pedro. As orações dEle são cheias de sabedoria e poder, adequadas às necessidades de cada um, como foi no caso de Pedro.



Nenhuma oração intercessória, no entanto, pode se comparar à oração de Jesus em João 17. Esta é a oração mais extensa de Jesus. Nos versos 6 a 19, Ele orou pelos discípulos e, finalmente, nos versos 20 a 26, orou por todos os crentes.



Nos sentimos fortalecidos e encorajados quando alguém nos toca o ombro e diz: “Estou orando por você.”



Às vezes, queremos passar a imagem de que estamos por cima de qualquer situação, de que somos super-homens e supermulheres. Que podemos superar qualquer crise por nós mesmos. Por que não falar com um amigo, e dizer: “Estou precisando que ore por mim nesta próxima semana”?



A família, os amigos, os vizinhos, a igreja podem ser apenas o círculo inicial dessa oração intercessória.






8 de julho Sexta


Confessando Diante do Senhor



Então reconheci diante de Ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: Confessarei as minhas transgressões ao Senhor e Tu perdoaste a culpa do meu pecado. Salmo 32:5



Por que relutamos em confessar nossos pecados a Deus se Ele já sabe tudo a nosso respeito? Por que, sabendo que erramos, passamos dias até confessar os pecados? Será que é para mostrar a Deus que a confissão está sendo realmente sincera e que estamos verdadeiramente arrependidos?



A palavra confessar traz em seu âmago a ideia de “admitir e reconhecer o pecado; concordar; reconhecer a falta a fim de ganhar um favor”. Se trouxermos para o âmbito espiritual, confessar é, também, concordar com aquilo que Deus diz ser pecado.



É difícil confessar apropriadamente. Procuramos quase sempre espremer, encolher, reduzir ao máximo possível nosso erro, como às vezes fazemos com pão francês quentinho.



A confissão é um reconhecimento de nossa pequenez, de nossa fragilidade. Tanto para pedir perdão quanto para confessar, precisamos dobrar nosso eu, nosso orgulho, nossa suficiência própria e nossa imagem de super-homem e supermulher.



Na confissão, nosso tom de voz não é explicativo, nem justificativo daquilo que fizemos, mas um tom de mágoa e enternecimento. Não é apenas dizer para Deus: “Senhor, sinto muito pelo erro que cometi”, mas dizer para Ele: “Senhor, pequei contra Ti.”



Não tente compensar o pecado não confessado dando uma de “bom menino”, correndo para ser mais prestativo ou chegando mais cedo em casa. Estaríamos fazendo o que é certo pelas razões erradas.



Um dos melhores exemplos de confissão que encontramos na Bíblia é o do filho pródigo. Ele chegou até mesmo a ensaiar o que devia falar. Tomou a atitude correta. Disse: “Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o Céu e contra ti” (Lc 15:18). A confissão dele foi específica.



“Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados” (Sl 32:1).






9 de julho Sábado


Liberdade em Cristo



Se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres. João 8:36



Estávamos no Congresso de Jovens da Divisão Euro-Africana, em Budapeste. A participação nos congressos é uma oportunidade de encontro e reencontro de jovens e amigos. Para essas ocasiões, os líderes têm sua agenda, os jovens têm sua agenda e Deus tem a dEle. Creio que Deus usa esses eventos para conseguir decisões de jovens que, de outra maneira, não iriam se decidir.



Lembro-me de dois momentos naquele congresso. O primeiro na cerimônia de abertura, quando os jovens da Hungria entraram com a antiga bandeira de seu país, com um furo no meio. É que no centro da bandeira havia estado o símbolo da dominação comunista, e eles agora se sentiam livres.
O outro momento foi quando a delegação africana apresentou seu programa. A música de fundo era “Born Free” (Nascido Livre), cantada por Frank Sinatra. Durante o programa, imagens de liberdade destacavam o que aqueles jovens apresentavam: algemas abertas, correntes quebradas, sol nascendo, pássaro voando.



Jesus, em Seu primeiro discurso, disse a respeito de Si mesmo: “Ele Me enviou para proclamar liberdade aos presos e [...] para libertar os oprimidos” (Lc 4:18).



O apóstolo João fala da transformação que acontece na vida da pessoa que se encontra com Cristo. Deus diz: “Você está livre para servir-Me o resto da vida”. “Aos que O receberam, [...] deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1:12).



Esqueça sua mentalidade de escravo e veja-se como filho. O escravo é aceito pelo que faz; o filho é aceito pelo que é. O escravo é aceito por sua capacidade de trabalho; o filho por seu vínculo afetivo. O escravo se sente vigiado; o filho se sente livre. O relacionamento do escravo é a distância; o relacionamento do filho é na proximidade. O escravo recebe salário; o filho recebe herança. O filho obedece por amor; o escravo, por compulsão.



“Cada história cristã é uma história de libertação. Cada uma diz como uma pessoa se libertou dos confinamentos e ideias pequenas, das correntes do que outros pensam, das grades emocionais da culpa e da mágoa [...]. Somos livres para mudar” (Tim Hansel, Holy Sweat, p. 64).



“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gl 5:1).






10 de julho Domingo


Não Deixe o Fermento de Fora



E contou-lhes ainda outra parábola: “O reino dos Céus é como o fermento.” Mateus 13:33



Pizzas, pães, bolos e panetones devem seu crescimento e boa aceitação ao fermento. Deixe-o fora da massa e todos eles perderão sua atratividade. Jesus usou muitas vezes em Suas parábolas metáforas que o povo conhecia: a rede de pescar, o campo do joio e do trigo, o grão de mostarda, etc., para ensinar verdades espirituais. Essas metáforas eram como uma centelha na imaginação dos ouvintes, despertando o interesse de todos para o que seria apresentado em seguida.



Uma de Suas menores parábolas é a do fermento. Apenas um verso. Nela, Ele queria que tivéssemos em vista o caráter dinâmico do fermento.



Um pouquinho de fermento foi jogado na massa e toda ela foi levedada. Se pudéssemos reproduzir esse processo de fermentação eletronicamente, veríamos um rápido avanço em cadeia, espalhando-se até que todos os cantos e recantos da massa fossem atingidos. Nada é capaz de deter seu avanço. Ellen White diz que essa parábola “ilustra o poder vivificante e assimilador da graça de Deus” (Parábolas de Jesus, p. 96).



O fermento era uma imagem vívida, própria para ensinar como a graça de Deus trabalha no homem. Consiste de uma transformação interior, atuando de dentro para fora. Não depende de esforço humano e atua de maneira silenciosa. É imperceptível aos olhos humanos; não chama atenção para si. Não dá para medir nem calcular matematicamente, mas nem por isso fica no campo do indeterminado. Outros perceberão mudanças na vida daqueles que receberam a graça de Deus e foram transformados pelo Seu poder.



O livro Parábolas de Jesus, nas páginas 101 e 102, mostra o que a atuação da graça de Deus fará em nossa vida. Ela “dulcificará a índole”; “aumenta a capacidade de sentir, de amar”; “não produzirá espírito de rivalidade, amor de ambição, desejo de primazia”; torna seu possuidor “bondoso e ponderado, humilde no conceito próprio”, “cheio de esperança”; a graça irá “reger o temperamento e a voz”; conferirá “polidez”, “palavras bondosas e encorajadoras”, “afabilidade, cortesia, clemência e longanimidade”; além disso, graças à presença da graça, o semblante se transforma e a presença de Cristo no coração transparece no exterior. Uau! Que lista!



Que tal adicionar uma colherinha desse fermento em nossa vida?






11 de julho Segunda


Chamados Para Pescar



Pois ele e todos os seus companheiros estavam perplexos com a pesca que haviam feito. Lucas 5:9



Ambiente de beira-mar. O mar azul e translúcido. Você escuta as ondas em marola quebrando preguiçosamente na praia, ou dando “tapinhas” no casco dos barcos. Sente em seu rosto o ar salgado. Um cheiro forte de peixe e restos de peixe. Ao caminhar pela areia grossa, você vê conchas quebradas, barracas abandonadas com areia acumulada à entrada. Mais adiante, vê pescadores que limpam as redes dos sargaços e de peixes que ninguém comprava. Acabavam de chegar de uma noite de pesca fracassada. Eram dois pares de irmãos, sócios de uma pequena companhia pesqueira.



Mas aquela seria uma manhã diferente, porque Jesus subiria com eles no barco. Ele utiliza coisas comuns para realizar coisas incomuns. Utilizou os instrumentos e o barco deles para demonstrar o que pode ser feito quando nos colocamos em Suas mãos.



O mundo vê fracasso nas redes vazias. Jesus vê oportunidades. Às vezes, fracassamos justamente onde tínhamos a certeza de que nos sairíamos bem ou em nossa área de maior conhecimento. Jesus mostra aquilo que podemos fazer quando obedecemos ao Seu mandado. Ele está sempre animando e dando uma segunda oportunidade.



Apesar de dizerem: “Já demos tudo o que podíamos”, Jesus os convidou a ir além do que sua limitada visão do poder divino conseguia ver. Ele quer nos tirar da comodidade, da segurança e das limitações que nos autoimpusemos. Ele diz: “Seu potencial é bem maior do que você pensa.” O desafio era o alto-mar, o risco, o desconhecido.



Jesus esconde Suas surpresas até que O sigamos. Não havia detector de cardumes, as águas do mar não resplandeceram, nem as redes brilharam. A surpresa não veio até o momento em que se atreveram a lançar novamente as redes. Ao ver as redes cheias, Pedro percebeu que estava na presença do Senhor que tudo pode, e reconheceu sua impureza: “Afasta-Te de mim, Senhor, porque sou um pecador” (v. 8).



Hoje você estará no seu trabalho, fazendo coisas comuns e incomuns, e poderá ter um dia banhado pela graça de Deus. Se seguirmos Sua palavra, o dia terá sido de boas surpresas.



Por que não convidar Jesus a entrar no seu barco hoje?






12 de julho Terça


Minha Graça lhe é Suficiente



Minha graça lhe é suficiente, pois, onde existe fraqueza, Meu poder é revelado de modo mais completo. 2 Coríntios 12:9, Phillips



Diante dos problemas, vamos escutar dezenas de vozes sugerindo o que devemos fazer. Posso sentir que preciso ir numa direção, mas não estou seguro disso. O que fazer? Ir a Deus.



Quando você perde uma pessoa na família, que é responsável pelo sustento da casa e fica sem saber que caminho tomar, e se pergunta: “O que devo fazer?”, Deus vai dizer: “Minha graça lhe é suficiente.” Quando você precisa ser enviado para trabalhar num lugar que não esperava, Deus vai dizer: “Minha graça lhe é suficiente.” Quando está sob o comando de um chefe dominador, com quem você se sente amedrontado diante do que possa acontecer, Deus vai dizer: “Minha graça lhe é suficiente.” Quando você tem que conviver com uma dor que não vai embora e com um filho que não obedece, Deus diz: “Meu poder é revelado quando você está fraco!”



Joni Eareckson Tada teve a vida alterada num dia quando estava mergulhando com amigos. Calculando mal a profundidade da água, ao mergulhar quebrou o pescoço e ficou paraplégica. Durante algum tempo, revoltou-se contra Deus e o mundo. Pacientemente, Deus trabalhou na vida dela e lhe disse: “Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” Ela entrou numa escola de arte, aprendeu a desenhar e pintar. Como fazia? Colocando o pincel na boca. Expandiu seu ministério, produziu música e escreveu livros. Ela orou para que Deus a curasse? Claro que sim. Mas Deus usou as limitações dela para levar ânimo a outras pessoas.



Quando as crianças se machucam ou ficam com medo, correm para o pai. E o que ele diz? “Fala para o papai o que aconteceu, fala!”, ou: “Logo vai passar!” Ou simplesmente abraça a criança sem dizer nada.



Diante do espinho na carne que o incomodava, Paulo pensava: “Eu podia ser mais eficiente, viajar mais, fazer muitas outras coisas, se Deus me tirasse esse problema; se Ele me curasse.”



Deus nem sempre vai atender a todos os nossos pedidos. Quem sabe não fará desaparecer a dor. Mas sempre estará ali para nos colocar em Seus braços, nos enxugar as lágrimas e nos dar forças para viver mais um dia.



Ele diz: “Minha graça lhe é suficiente.”






13 de julho Quarta


Graça Para Perdoar



Perdoem tão espontaneamente como o Senhor os perdoou. Colossenses 3:13, Phillips



No dia 1º de dezembro de 1997, Missy Jenkins, aluna do 2º ano do Ensino Médio na Escola Heath High, no Estado de Kentucky, reuniu-se com os colegas para uma oração de início das aulas. Antes de dizerem o “Amém” final, Michael Cornell puxou um revólver e disparou onze tiros contra o grupo. Uma bala atingiu a coluna de Missy. Paralisada da cintura para baixo, ela passaria o resto da vida numa cadeira de rodas.



Missy não tinha ideia do motivo pelo qual seu colega de classe a havia ferido. “Eu creio que odiá-lo é tempo e emoção perdidos” disse ela. “Odiá-lo não vai me fazer andar novamente. Além disso, não é o que Jesus faria.”



Não adiantava Missy ficar remoendo e repetindo mentalmente: “Seu infeliz! Se não fosse você, eu estaria em outro lugar. Teria completado meus estudos e teria uma família. Seria uma pessoa completa.”



Querer manter a pessoa que nos feriu como refém dizendo: “Enquanto eu estiver sangrando, não vou deixar que se esqueça do que fez”, não vai resolver o problema, nem ajudar no processo de cura. Nem tampouco revidar: “Se você me tirar da função, saio atirando para todo lado.”



Precisamos de grande dose da graça de Deus para fechar a ferida e ter um coração perdoador; para soltar, libertar, desamarrar nosso ofensor e nos desprender do ressentimento.



Em várias circunstâncias e em diferentes etapas da vida, fomos feridos física ou emocionalmente. Às vezes, por pessoas que estavam próximas de nós: pais de quem esperávamos proteção e apoio; amigos de quem esperávamos lealdade; filhos que se mostraram ingratos.



Escolher perdoar é, provavelmente, a coisa mais difícil de ser feita.



Há alguém em sua família a quem você precisa perdoar, ou, quem sabe, pedir perdão? Há algum amigo a quem você precise perdoar, ou pedir perdão?



Lewis Smedes, professor de ética e teologia, num artigo intitulado “Perdão: o poder de mudar o passado”, fez a seguinte comparação:
“Perdoar é tirar das costas uma mochila de vinte quilos depois de uma escalada de quinze quilômetros. Perdoar é se sentar numa cadeira de balanço depois de correr vinte quilômetros. Perdoar é libertar um prisioneiro, e descobrir que o prisioneiro é você. Perdoar é surfar na onda mais forte do amor.”






14 de julho Quinta


Presentes Para os Vivos



Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória. Marcos 14:9



Na maioria das vezes, as pessoas procuravam Jesus por interesse pessoal. Pouca gente procurou Jesus para dizer-Lhe: “Eu Te amo, Mestre”, ou: “Muito obrigado.”



Maria, num repente de intuição, viu que aquele seria o momento para apresentar sua dádiva a Jesus. Em agradecimento pelo fato de Jesus ter ressuscitado seu irmão e ter transformado sua vida, procurou o momento mais adequado para demonstrar agradecimento. Rompeu o selo do vaso de alabastro e derramou o perfume sobre Jesus. O que estava acontecendo com essa mulher para demonstrar tal carinho?



É bom lembrar que a dádiva de Maria ensina uma importante lição: há um tempo para fazer coisas, e um tempo para dizer coisas. Muitas vezes, em algum momento, somos movidos por um sentimento de simpatia, carinho, cuidado e preocupação pelos outros. Vem a vontade de fazer coisas e dizer coisas: mandar um e-mail, telefonar, dar aquele presentinho, ir à despedida dele, ficar até o fim, dizer uma palavra de apreciação, mostrar o quanto nos sentimos agradecidos, mas simplesmente não fazemos nada. Deixamos para depois, para amanhã, e perdemos a oportunidade de levar alegria não somente ao coração de outra pessoa, mas também ao nosso coração.



É incrível, mas quantas pessoas levam em sua personalidade um vaso de alabastro fechado, escondido, reservado? Guardam para si mesmas seu carisma, seu carinho, seu amor e amizade, sem repartir com outros que necessitam de simpatia, conforto e apoio. E seguem pela vida sem quebrar o jarro, esperando uma ocasião especial.



A atitude de Maria demonstra que algumas coisas precisam ser feitas enquanto há oportunidade. Senão, a probabilidade é de que a pessoa, o tempo, a ocasião, o impulso nunca voltem ou se repitam. Precisamos fazer isso enquanto temos a pessoa perto de nós.
Maria, no momento exato, mostrou agradecimento a Jesus. Quando Ele entrou no corredor escuro de Seus últimos dias na Terra, lembrava-Se com muita alegria daquela atitude de carinho, e Seu coração foi fortalecido. A ilimitada graça de Deus demanda uma resposta de nossa parte.



“Por tudo que Tu és e por tudo que fizeste, muito obrigado, Senhor.”






15 de julho Sexta


Preciosa Graça



Para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de Sua graça, demonstrada em Sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Efésios 2:7



Como jovem na Nova Inglaterra, John Newton memorizava grandes porções do catecismo anglicano. Quando tinha dez anos, sua mãe faleceu e na adolescência afastou-se de Deus. O pai, dono de uma frota de navios, o levava muitas vezes em suas viagens, mas não adiantaram suas tentativas de colocar o filho no bom caminho. Quando adolescente, numa noite em que John estava se divertindo no cais, foi atacado por um grupo de marinheiros. Quando voltou a si, descobriu que estava no navio de um traficante de escravos, a caminho da África.



Ao chegar ao território africano, o capitão do navio o entregou como escravo a um chefe tribal. John conseguiu fugir do cativeiro daquela tribo e se embrenhou na selva. Contraiu cegueira tropical e durante algum tempo vagueou pelo meio da mata totalmente nas trevas. Por acaso, o pai soube que o filho estava na África e enviou um navio para trazê-lo de volta à Inglaterra.



John se tornou herdeiro da frota de navios do pai. Como capitão, entrou de vez no tráfico de escravos africanos, levando-os do oeste da África ao sul dos Estados Unidos.



Aqueles que reuniram traços biográficos de John Newton falam de dois momentos importantes em sua experiência para aceitar a Cristo. O primeiro foi numa tempestade em alto-mar, da qual não esperava sair com vida. Ele marcou 10 de maio de 1748 como o dia de sua conversão. O outro momento importante foi quando, de volta à Inglaterra, o presentearam com o livro A Imitação de Cristo, de Thomas Kempis.



Aos 39 anos, tornou-se pastor ordenado da Igreja Anglicana, na pequena vila de Olney, perto de Cambridge, na Inglaterra. Nessa pequena cidade, está sua tumba com a seguinte inscrição: “John Newton, pastor, uma vez infiel e libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela rica misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e designado para pregar a fé que durante muito tempo tentou destruir.”



Uma noite, enquanto meditava em seu passado e como Deus o havia dirigido, em como estivera contra Deus, mas a graça o tinha alcançado, tomou uma folha de papel e começou a escrever:



“Oh, graça excelsa de Jesus! Perdido, me encontrou! / Estando cego, me fez ver; da morte me livrou!” (Hinário Adventista, nº 208).






16 de julho Sábado


Irmão Saulo



Então Ananias foi, entrou na casa, pôs as mãos sobre Saulo e disse: “Irmão Saulo.” Atos 9:17



Fernando Pessoa disse: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”



Um momento inesquecível na vida de Paulo foi aquele em que ele recebeu a visita de Ananias, três dias depois de sua conversão. Ao receber a incumbência de conversar com Saulo, Ananias reagiu como qualquer um de nós reagiria. Tinha suas reservas. “É isso mesmo, Senhor, que Tu queres? Ele perseguiu o Teu povo e lançou homens e mulheres na prisão!”



Como seria sua aproximação e qual seria o tom de sua conversa com a pessoa responsável pela morte de muitos dos seus amigos, pessoas que haviam estado lado a lado com você na igreja, cantando hinos e participando do culto?



De sua parte, Paulo se perguntava: “Como vou ser recebido pela comunidade cristã? Será que vão me deixar em quarentena para ter certeza do que aconteceu comigo?”



Saulo estava orando, enquanto aguardava a visita de alguém dentre os cristãos. De repente, sem esperar, sentiu uma mão tocando-lhe o ombro. Em seguida, ouviu palavras que jamais ouvira antes: “Irmão Saulo.”



Como perseguidor, ele não merecia tais boas-vindas. Ele também não esperava ser abraçado pelas pessoas a quem perseguira. Portanto, ele nunca se esqueceu daquele gesto e daquelas palavras.



Ao tocar Paulo no ombro, Ananias estava dizendo: “Eu o aceito. Estou com você. Vai dar tudo certo. Não se preocupe.”



Henry Drummond escreveu certa vez: “Quantos pródigos são mantidos fora do reino pelo caráter frio, desagradável daqueles que professam estar dentro.”



O evangelho nos resgata do medo de ser rejeitados. Jesus foi mestre na arte da aceitação. Somos convidados a demonstrar essa aceitação no olhar, no tom de voz, no sorriso, no toque, no aperto de mão. Hoje, como extensão de Seu ministério, a igreja deve dar boas-vindas aos Saulos, Zaqueus, Madalenas e mendigos do caminho, pois Ananias seguiu o exemplo do Mestre.



Com essas duas palavras e com seu gesto de aceitação, Ananias estava plantando no coração de Paulo a semente da graça de Deus.



No fim de sua vida, Paulo escreveu: “Essa afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior’” (1Tm 1:15).






17 de julho Domingo


O Tamanho de sua Fé



Ele respondeu: “Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá.” Mateus 17:20



De que tamanho era a fé do homem que disse para Jesus: “Eu tenho fé! Ajuda-me a ter mais fé ainda!” (Mc 9:24, NTLH)? Ou a do centurião de quem Jesus disse: “Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé” (Mt 8:10)? E da mulher cananeia: “Mulher, grande é a tua fé”? A dos discípulos, depois da tempestade, repreendidos por Jesus: “Homens de pequena fé!” (Mt 8:26)? É possível medir a fé dos heróis de Hebreus 11?



Há algum padrão de medida para a fé? Se não há padrão, por que Jesus disse que se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda, poderemos pedir e as coisas vão acontecer?



Quando Mateus fala de fé, não se refere à qualidade de alguém que está orando, mas de um relacionamento de confiança em alguém para quem estou orando.



Você tem mais confiança na sua oração ou em Deus?



Será que nossa fé tem que ser grande para Deus nos atender? Podemos medir nossa fé pelo número de orações atendidas? Se recebo resposta às minhas orações, isso significa que tenho fé? Se oro e alguma coisa miraculosa acontece, isso indica que tenho muita fé?



“Ah, pastor, mas você precisa conhecer a irmã Luísa. Ela, sim, é uma mulher de fé. Ela tem uma linha direta com Deus; aquele ‘número de celular’ de Deus que poucos conhecem. Os pedidos dela têm alta prioridade no Céu. Ela pede, Deus atende.” E por que os meus pedidos não são atendidos prontamente?



Melhor ser cuidadosos e não ensinar que, quando esperamos milagres e eles não acontecem, o motivo, o problema, é a falta de fé. Abraão Lincoln dizia: “Fé não é acreditar que Deus pode, mas que Deus quer.”



James W. Fowler, em seu clássico Estágios da Fé, menciona a constatação de que crer (credo) é um composto das palavras cor, cárdia – coração, cordial e de do – colocar, por. O primeiro sentido é confiar em, depositar confiança. Quer dizer, deve haver um objeto fora de mim mesmo, ou pessoa em que vou investir confiança. Quando dizemos “eu creio”, estamos afirmando: “Coloco meu coração em...”



O que é fé? “É a convicção segura de que alguma coisa que nós queremos vai acontecer. É a certeza de que o que nós esperamos está nos aguardando, ainda que o não possamos ver adiante de nós” (Hb 11:1, A Bíblia Viva).






18 de julho Segunda


Ingredientes do Arrependimento – 1



“O tempo é chegado”, dizia Ele. “O reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas-novas!” Marcos 1:15



Se alguns homens forem como eu quanto ao senso de direção na estrada, dificilmente acertarão o caminho. Pense em um casal no carro... A esposa diz para o marido virar à direita no próximo balão. Mas ele pega a esquerda. Quando percebe o que fez, diz para a esposa: “Desculpe, querida, errei o caminho.” Se isso for tudo o que ele fizer, não será suficiente. Desculpar-se não vai levá-lo um centímetro de volta ao lugar de onde ele deveria partir. Para chegar aonde deve ir, ele precisa parar o carro e voltar para a estrada certa que a esposa lhe tinha indicado inicialmente. Isso é arrependimento. É reconhecer o erro e tomar o rumo certo.



Arrependimento não é remorso – não é ficar repetindo e remoendo: “Será que não vou aprender? Olha só o que fui fazer! Por que será que não mudo? Não acredito que eu tenha feito isso!” Se você teme as consequências, é sinal de remorso e não de arrependimento. E isso não trará nenhum resultado positivo.



Trabalhando na Pastoral Universitária do Unasp, entre outras coisas, exerci a função de conselheiro. No começo de uma noite, recebi na sala da pastoral uma garota do internato que entrou chorando ali. “Ai, pastor, o que eu faço, agora? Não devia ter feito o que fiz!” No decorrer da conversa, várias possibilidades me vieram à mente. Teria ela usado drogas? Bebido? Fumado? Teria pegado alguma coisa de alguém? Mas não havia sido nenhuma dessas coisas. Ela finalmente disse: “Beijei meu namorado e a monitora viu.”



Ela havia transgredido as leis do internato e, imaginando as consequências que teria que enfrentar, lamentava ter sido flagrada. O choro não tinha nada de arrependimento. Na manhã seguinte, me encontrei com ela e perguntei como estava o problema. “Ah, pastor, ao voltar de minha conversa com o senhor, cheguei ao residencial e todo mundo já sabia. Recebi minha punição.”



No verdadeiro arrependimento, não precisamos nos esconder ou ocultar o problema. Há genuína tristeza – mas não tristeza porque o que você fez foi descoberto e terá que encarar as consequências.



“Vós, que suspirai por alguma coisa melhor do que as que este mundo oferece, reconhecei nesse anelo a voz de Deus à vossa alma. Pedi-Lhe que vos dê arrependimento, que vos revele a Cristo em Seu infinito amor, Sua perfeita pureza” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 28).






19 de julho Terça


Ingredientes do Arrependimento – 2



No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Atos 17:30



Um rapaz acostumado a furtar escreveu o seguinte bilhete para uma loja de departamentos: “Faz pouco tempo me tornei um cristão e à noite não pude dormir porque me sentia culpado. Aqui estão R$ 100,00 que devo a vocês.” Depois de assinar seu nome, colocou: “P.S.: Se ainda assim eu não puder dormir, enviarei o restante depois.”



A disposição para reconhecer os próprios erros e se arrepender deles é uma das características do cristão convertido. O arrependimento começa com a convicção de que aquilo que fizemos está errado. A confissão, nesse caso, não é apenas o reconhecimento do erro, mas a compreensão de que ofendemos a Deus. É como a reação do pródigo, quando voltou para casa e disse: “Pequei contra o Céu e contra ti” (Lc 15:21).



Outro ingrediente que não falta no verdadeiro arrependimento é a restituição. O exemplo de Zaqueu é o de alguém que estava genuinamente arrependido e quis acertar as contas não somente com Deus por meio da confissão, mas com outras pessoas pela restituição. Como diz o pensamento: “O reconhecimento da dívida sem esforço para pagá-la não é arrependimento.”



Nesse caso, o arrependimento exigirá não apenas mudança de pensamento e de comportamento, mas o arrependido fará tudo o que estiver ao seu alcance para remediar o erro. Escreverá uma carta, telefonará, visitará, encontrará, devolverá, depositará ou pagará, conforme seja o caso. Ou se foi rude com a esposa ou os filhos, vai pedir perdão. Se roubou, vai devolver. Se mentiu, confessará. Não deixará que o outro continue sendo enganado. Não é apenas uma questão de dizer para Deus: “Senhor, sinto muito. Perdoa-me.”



Pode parecer humilhante, constrangedor o fato de você ter que se aproximar de um vizinho, amigo ou colega de trabalho e dizer que errou. Mas como Deus está interessado em que vivamos em paz, Ele irá acompanhá-lo, e preparará o coração do ofendido. Ele fará com “que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração” (Cl 3:15). Ele o ajudará e a quem você prejudicou para que tudo seja resolvido.



“Ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3:9).






20 de julho Quarta


Ingredientes do Arrependimento – 3



Será que você não está interpretando mal a generosidade e a misericórdia paciente que lhe foram demonstradas, achando que são sinais de fraqueza da parte dEle? Você não percebe que a bondade de Deus tem o objetivo de conduzi-lo ao arrependimento. Romanos 2:4, Phillips



Não há imagem que descreva melhor o caráter de Deus do que a de um pai que espera o retorno do filho. Se o pecado me afasta de Deus, a melhor maneira de abandoná-lo é dar meia-volta.



O pródigo, quando estava longe de casa e se lembrou do pai, teve o coração tocado. Ele caiu em si e pensou: “O que estou fazendo aqui?” Sua mente e emoções mudaram. Então, ele se levantou e, finalmente, voltou para o pai.



A caminhada de volta em direção ao pai foi uma demonstração de fé. E essa mesma jornada, afastando-se da terra distante, era uma demonstração de arrependimento. Os mesmos sentimentos que colocaram sua mente em Deus fizeram com que ele desse as costas para o pecado.



Deus, com Sua bondade, insiste em nos receber como filhos, mas nós, como o pródigo, continuamos insistindo na linguagem do mérito: “Trata-me como um dos teus empregados” (Lc 15:19). É como se estivéssemos correndo do evangelho da graça.



Confrontados pela bondade de Deus, e percebendo quão longe fomos, confessamos, voltamos e corremos para Deus, que nos assegura que estamos perdoados. Nesse caso, dizemos que o arrependimento é um evento. No entanto, o arrependimento não é uma experiência que toma lugar apenas uma vez na vida, mas um processo contínuo que se aprofunda com o passar do tempo.



Podemos dizer como Frederick Buechner: “O verdadeiro arrependimento gasta menos tempo olhando para o passado e dizendo ‘Sinto muito’ do que para o futuro dizendo ‘Uau!’”



“A Bíblia não ensina que o pecador tenha de arrepender-se antes de poder aceitar o convite de Cristo. [...] Assim como não podemos alcançar perdão sem Cristo, também não podemos arrepender-nos sem que o Espírito de Cristo nos desperte a consciência. Cristo é a fonte de todo bom impulso. Ele, unicamente, é capaz de implantar no coração a inimizade contra o pecado. Todo desejo de verdade e pureza, toda convicção de nossa própria pecaminosidade, é uma evidência de que Seu Espírito está operando em nosso coração” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 26).






21 de julho Quinta


No Amor Não Existe Medo



No amor não há medo; o amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo. Portanto, aquele que sente medo não tem no seu coração o amor totalmente verdadeiro. 1 João 4:18, NTLH



O medo possui imenso arsenal. Não há ninguém que fique fora do alcance de suas várias armas: medo de perder o emprego, de emprego novo, do desconhecido, de perder a saúde, de ser diferente, de intimidade, de rejeição, de fracasso, etc.



O apóstolo diz: “O amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo.” O medo e o amor são mutuamente excludentes, não convivem no mesmo ambiente. O medo é controlador, nos paralisa. Se estamos com medo, ficamos “envelopados”, fechados, encaracolados dentro de nós mesmos. O amor, por outro lado, nos leva à aproximação. Quando crescemos em amor, diminuímos em temor.



Quando você tem certeza de ser amado por outra pessoa, tem a tranquilidade de que não precisa mudar ou ser bom para ser aceito.



Charles Swindoll conta a história de David Ireland, que escreveu um livro intitulado Cartas Para Uma Criança que Ainda Não Nasceu. Ireland escreveu uma carta para a criança que ainda se encontrava no ventre da esposa, pouco antes de sua morte ocasionada por uma enfermidade neurológica. A respeito da esposa, Ireland se expressou assim: “Sua mãe é uma pessoa incrível. Poucos homens sabem o que é receber um muito obrigado por levar a esposa para jantar fora, quando isso implica em tudo o que acontece em nosso caso. Significa que ela tem que me vestir, me barbear, escovar meus dentes e pentear meu cabelo. Tem que me levar na cadeira de rodas para fora de casa e descer a escada, abrir a garagem, abrir o carro, dar a volta, virar-me para que eu me sinta confortável, dobrar a cadeira de rodas, colocá-la no carro, entrar no carro, dar partida, tirar o carro da garagem e seguir para o restaurante. Então começa tudo de novo: ela sai do carro, abre a cadeira e a porta, vira meu corpo, põe-me em pé, faz-me sentar na cadeira, puxa os pedais da cadeira para que eu me sinta confortável. Nós nos sentamos para jantar e ela me coloca comida na boca durante toda a refeição. Quando terminamos, ela paga a conta e empurra a cadeira de volta para o carro, e começa tudo de novo, só que ao contrário. Depois que tudo acaba ela diz com sincera cordialidade: ‘Querido, obrigada por me levar para jantar’ e eu simplesmente não sei o que dizer” (Amigos de Verdade, p. 96).



No amor não há temor.






22 de julho Sexta


Quando Levamos a Melhor



Quem anda com integridade anda com segurança, mas quem segue veredas tortuosas será descoberto. Provérbios 10:9



Como é comum na historia de irmãos gêmeos, eles eram opostos em muitos sentidos. Esaú era um homem de poucas palavras; Jacó gostava de conversar. Esaú era o favorito do pai; Jacó era o favorito da mãe. Rebeca se perguntava por que Esaú era tão diferente de Jacó.



Na história, Esaú volta para casa depois de um dia malsucedido na caça e encontra Jacó preparando aquele ensopado de lentilhas. Nessa rápida conversa de seis versículos, Esaú é descrito como um homem governado pelo apetite. “Eu quero e quero agora.” Ele vivia para o hoje, sem se preocupar com o dia de amanhã. “Estou no meio da tentação; agora vou até o fim e não me interessam s consequências.”



Harold Kushner, em seu livro Que Tipo de Pessoa Você Quer Ser? (p. 27), menciona que escutou certa vez um psicólogo estabelecer um contraste entre dois tipos de moralidade. Existe a moralidade da esperteza e da sagacidade, em que ter sucesso significa levar a melhor numa interação com outra pessoa por meio de um negócio feito com astúcia ou de uma resposta esperta. Nesse tipo de moralidade, o pior pecado é deixar alguém tirar vantagem de nós e a pior punição é a vergonha quando outras pessoas nos desprezam por terem levado a melhor.



Há também a moralidade da integridade, em que o bem maior é a consideração pelos outros, o pior pecado é magoar outra pessoa e a pior punição é a culpa, quando nos desprezamos pelo que fizemos. Que tipo de pessoa você quer ser?



Jacó travava uma luta dentro de si. Ele tentava conseguir por meio da esperteza o que não foi capaz de obter pelo nascimento. Era o conflito entre seu desejo de obter o que queria e a noção de que só podia consegui-lo se fizesse algo fraudulento.



Existem momentos em que nos perguntamos: “Como pude fazer isso? Eu não sabia que era errado...” Ou nos advertimos: “Pare agora, senão vai ter problemas.”



Quando o anjo perguntou qual era o nome de Jacó, estava, na verdade, perguntando: “Que tipo de pessoa você é?” Você está vivendo de acordo com seus valores? Quem você foi até agora e o que quer ser daqui para frente?






23 de julho Sábado


Reverência



Venham! Adoremos prostrados e ajoelhemos diante do Senhor, o nosso Criador; pois Ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do Seu pastoreio, o rebanho que Ele conduz. Salmo 95:6, 7



Deus queria que fôssemos cuidadosos quanto ao uso do Seu nome e também quanto ao lugar em que O adoramos. Muitos eruditos acreditam que Jeová é o nome próprio de Deus e que os epítetos “onipotente” e “onisciente” são simplesmente descrições de Seu caráter e de Sua atividade. Originalmente, o nome Jeová era escrito com quatro consoantes e nenhuma vogal. Os judeus o consideram tão santo que nem mesmo o pronunciam, com medo de profaná-lo.



Deus também espera nossa reverência no lugar em que O adoramos. Em igrejas grandes e pequenas, nas vilas e em grandes cidades, neste fim de semana, milhões estarão se dirigindo aos mais variados templos para adorar.



O que posso fazer para que minha adoração seja proveitosa e uma inspiração para minha vida? Onde começa minha preparação? Não, não começa quando entro na igreja. Começa quando abro meu guarda-roupa para escolher a roupa com a qual irei à igreja. Não estou indo a um ginásio de esportes, nem a um acampamento, nem ao shopping. Portanto, a roupa certamente influenciará meu comportamento.



Numa alegre expectativa, penso em reencontrar os amigos. Como dizia o salmista: “Alegrei-me com os que me disseram: ‘vamos à casa do Senhor!” (Sl 122:1).



Também devo pensar no que vou levar à igreja. Quando levo a Bíblia comigo – grande ou pequena, nova ou usada –, estou me condicionando melhor para acompanhar o que o orador está falando. Não podemos chegar à igreja como se estivéssemos entrando num drive-thru, no qual queremos satisfazer a fome no menor tempo possível e sair o mais rápido que pudermos. Minha atitude deve ser a de ir a um banquete. Sentar-me com calma à mesa e saborear tudo o que é servido.



Que faço, então, ao chegar à igreja? Devo ter uma atitude de respeito para com Deus e reconhecer Seu poder e majestade. Pense na realidade da grandeza de Deus; que você está na Terra e Ele, no Céu.



“O esplendor e a majestade estão diante dEle; força e alegria na Sua habitação. Deem ao Senhor, ó famílias das nações, deem ao Senhor glória e força! Deem ao Senhor a glória devida ao Seu nome” (1Cr 16:27-29).






24 de julho Domingo


O Hábito de Deixar Para Depois



Quando Paulo se pôs a descrever acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, Félix teve medo e disse: “Basta, por enquanto! Pode sair. Quando achar conveniente, mandarei chamá-lo de novo.” Atos 24:25



Não era um discurso em defesa de si mesmo. Paulo o pregara como todo pregador deve pregar: com convicção, clareza e sentimento. As palavras mexeram com o coração de Félix que reagiu dizendo: “Agora não. Noutra oportunidade. Ainda tenho muito tempo, e se eu tiver uma chance, chamo você.”



No dia a dia, frente a tarefas e decisões, demonstramos a mesma atitude: “Vou começar meus exercícios amanhã.” “Vou abandonar esse vício.” “Vou começar minha dieta para valer.” “Vou mudar de vida... amanhã!”



Deixamos também para amanhã a carta que é para ser escrita, o e-mail que precisamos enviar, aquele livro para ler, o que está quebrado para consertar e o amigo que queríamos visitar.



Dizemos: “Depois vou quebrar esse hábito, abandonar esse pecado, vencer a tentação”; “Mais tarde vou perdoar aquele amigo que me ofendeu e pedirei perdão a quem ofendi.” Isso nos leva a cair no hábito da procrastinação (do latim pro, que significa “para”, e cros, que significa “amanhã”).



Os professores enfrentam esse problema com os alunos na entrega dos trabalhos. No início do semestre, alunos e professores entram em acordo em relação a uma data limite para a entrega dos trabalhos. E o que acontece? Você sabe. Os alunos se mostram bastante criativos para inventar histórias e desculpas pedindo prazos extras.



No campo espiritual, temos um inimigo perspicaz. Uma de suas táticas mais eficazes é sussurrar baixinho no ouvido daquele que está sendo convencido a tomar o caminho do bem: “Você não precisa decidir agora. Não tenha pressa! Deixe para vencer essa tentação e abandonar esse hábito depois que se arrepender com sinceridade.”



Procrastinação é uma palavra grande que representa um grande problema. A Bíblia nunca diz em seus convites para nós: depois, algum dia, amanhã... A palavra de Deus é para hoje. Começar hoje sendo a pessoa que devemos ser. Fazer de hoje o dia para escutar a voz de Deus. Começar a mudar hoje; dizer “sim” quando Ele nos convidar.






25 de julho Segunda


Pecador no 1



Contudo a graça de nosso Senhor transbordou sobre mim. 1 Timóteo 1:14



Como podemos explicar a mudança repentina e ao mesmo tempo tão maravilhosa que acontece na vida das pessoas? Talvez você mesmo seja uma demonstração disso.



Nos versos anteriores ao texto de hoje e em várias ocasiões nas quais Paulo falou de sua vida anterior, ele confessou: “Fui blasfemo, perseguidor e insolente” (v. 13). “Dava o meu voto contra eles [os cristãos]” (At 26:10). “Perseguia com violência a igreja de Deus, procurando destruí-la” (Gl 1:13). Mas viu a si mesmo como supremo objeto da graça de Deus. Tanto que teve confiança em dizer: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1Tm 1:15). Paulo nunca perdeu de vista o fato maravilhoso de que Deus o redimiu.



Em meus anos de ministério e em visitas às igrejas, encontrei muitas pessoas que haviam se convertido já como jovens ou adultos. Uma interrogação e uma mágoa pesava sobre eles ao se lembrarem do que tinham feito antes de conhecer a Cristo. Alguns tinham sido alcoólatras, dependentes químicos, ladrões, prostitutas, homossexuais e assassinos. Outros haviam se envolvido com o ocultismo. Não esqueciam facilmente o que tinham feito. Mas a graça de Deus foi ao encontro deles. Entregaram-se a Cristo. E hoje vivem vida renovada. São novas criaturas em Cristo Jesus.



Mesmo assim, ao mencionar o exemplo de Paulo para eles, alguns diziam: “Ah, pastor, eu sou pior! Fui longe demais. Nem posso contar ao senhor.”



Escute, hoje é um dia comum da semana. Quem sabe você esteja se sentindo um pecador miserável. No fundo do poço. Não desanime. A graça de Deus está indo ao seu encontro. A graça da qual disse Paulo: “transbordou sobre mim” (1Tm 1:14).



Creio que não haja melhor palavra para traduzir a provisão da graça de Deus do que o verbo “transbordar”. Traz a ideia de alguma coisa que vai exceder nossa capacidade de medir. Alguma coisa que não vai faltar; que podemos pegar à vontade – quanto e quando quisermos.



Quantos de nós já vimos fontes jorrando da montanha ou borbulhando do chão, ou fontes menores espraiando-se pelos campos, esverdeando a paisagem, trazendo vida, tornando o rio mais forte?



A graça de Deus não é servida em colherinha de chá, nem em pitadas, menos ainda em conta-gotas. Nem é como tentar se banhar em um copo d’água, mas debaixo de uma fonte gigante que jorra exuberante e permanentemente.



O convite é para que nos banhemos na graça de Deus.






26 de julho Terça


Nós O Contemplaremos



Eis que Ele vem com as nuvens, e todo olho O verá. Apocalipse 1:7



No encerramento do Campori de Desbravadores da União Central Brasileira, em Ilha Solteira, convidei a desbravadora Débora, membro do Clube do IASP, para cantar. Preguei sobre a volta de Jesus e expliquei que Débora era portadora de deficiência visual. Falei da esperança dela de ter os olhos abertos no dia da volta de Jesus. Ela veio à frente conduzida por outra desbravadora e cantou: “Oh, Pai, eu queria tanto ver o meu Senhor descer, vindo me encontrar! Eu posso até imaginar a refulgente glória do Senhor Jesus, transpondo as brancas nuvens no mais puro azul...”



Foi um momento de forte emoção. Muitos desbravadores tomaram a decisão pelo batismo, e outros renovaram a dedicação de se preparar para a volta de Jesus.



A história conta que quando a rainha Vitória, no Castelo de Windsor, escutou um dos seus capelães pregar sobre a segunda vinda de Jesus, ela exclamou: “Oh, como eu gostaria que o Senhor viesse enquanto estou viva!” Perguntaram-lhe: “Por quê?” Ela respondeu: “Ah, eu adoraria lançar minha coroa aos Seus pés.”



Quando percebemos como a volta de Jesus é apresentada em figuras, parábolas, ilustrações ou textos claros, a impressão que temos é de que o Espírito Santo queria esgotar todos os recursos de comunicação possíveis para nos impressionar com a volta de Jesus. Mais ao fim do Novo Testamento, temos a impressão de que estamos sentindo Seus passos se aproximando.



A volta de Jesus continua sendo a bem-aventurada esperança no coração de muitos. Quantos dos nossos amigos morreram sem ter realizado o desejo de estar vivos no segundo advento.



Desde o começo da história da nossa igreja, falamos e anunciamos a volta de Jesus. De que forma nossa vida é afetada por saber que Jesus voltará? No meio do caos, olhemos para o futuro, pois fiel é aquele que prometeu.



Lembremo-nos das palavras do hino que diz: “Os céus vão se abrir preparando Sua entrada, as estrelas vão aplaudir com trovões de louvor... E nós O veremos face a face.”



A bênção final do Novo Testamento termina com a oração: “Vem, Senhor Jesus!” É somente pela graça de Deus que ousamos dizer: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).






27 de julho Quarta


O Antídoto Contra a Inveja



Fiquem satisfeitos com o que vocês têm, pois Deus disse: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei.” Hebreus 13:5, NTLH



Você fica feliz quando um amigo consegue o carro que você quer ter? Ou quando ele consegue o emprego, a namorada, a aprovação no vestibular, e você não? Uma das lutas que o cristão tem que travar todos os dias é contra a inveja. Ela pode ser definida como o “sentimento de pesar ou ressentimento porque o outro está se salientando ou se saindo bem”.



A inveja também é atiçada pelo desejo de comparação: “Ele tem roupa melhor, é mais rico, tira notas melhores, é mais forte do que eu, é mais competente, joga melhor. Como chegou há tão pouco tempo e já está na posição que levei anos para conquistar?”



Num grau maior, a inveja chega a desejar à pessoa invejada todo o tipo de infortúnio. Maldosamente, quero que ele se saia mal na prova; que ela fique rouca no dia de cantar para que eu possa cantar no lugar dela; que ele fique doente para eu substituí-lo; que a namorada lhe dê o fora; etc. A gravidade da inveja fica bem patente na declaração de Salomão: “O rancor é cruel e a fúria é destruidora, mas quem consegue suportar a inveja?” (Pv 27:4).



Ela acontece na família e entra no círculo de amigos separando antigas amizades. Em lugar de confraternizar, começam a vigiar um ao outro. Aparece no ambiente de trabalho, criando um clima de suspeita, insegurança e a tendência de desacreditar os outros.



Numa pequena paródia intitulada “A inveja foi à igreja”, Elva McAllister conta que a inveja, sendo muitas, sentou-se em cada banco da igreja. Apontava sedas e lãs e pendurava uma etiqueta de preço em cada blazer e gravata. Depois foi ao estacionamento para ver os cromados e cores dos carros. Entrou na igreja juntamente com o coral, e ficou provocando a todos para que se comparassem uns com os outros. Mas, ao conferir os resultados, não se sentiu tão bem porque alguns de seus clientes tinham tomado o antídoto da graça e usavam em suas roupas uma flor chamada amor.



Isso mesmo, o antídoto contra a inveja é a graça. E Paulo complementa dizendo: “O amor [...] não inveja” (1Co 13:4). “Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, [...] tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:12, 13).






28 de julho Quinta


Por que Preciso de Fé?



Então perguntou aos Seus discípulos: “Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?” Marcos 4:40



Às vésperas de um projeto do Unasp voltado para os índios carajás, tive que fazer um voo de Goiânia a São Félix do Araguaia num monomotor Cessna. Era um avião pequeno com capacidade para cinco passageiros, mais o piloto. O avião, que já havia perdido a cor original, lembrava uma sucata de guerra. Os flaps estavam remendados com fita-crepe e o plástico dos bancos estava desgastado. As letras com as indicações de comando estavam apagadas pelo uso. Como passageiro de verdade, apenas eu; os outros dois eram a esposa e a filha do piloto. Diga-me, nessa hora, se você fosse o passageiro, confiaria no avião ou no piloto? Naquele momento, um dos objetos da minha fé (o avião) não era o mais confiável.



A vida é uma série constante de atos de fé. Torcemos a chave da ignição e o carro funciona. Mesmo sem entender a caligrafia do médico, confiamos que ele está nos receitando o remédio certo. Depois, o farmacêutico entra nos fundos da farmácia e traz o remédio que acreditamos vai nos fazer bem. Quando atravessamos uma ponte, acreditamos que ela vai nos sustentar.



Possivelmente, não haja palavra tão falada no meio religioso do que esta palavra pequenininha: “fé”. Peça a dez pessoas uma definição de fé, e conseguirá dez respostas diferentes. Isso significa que elas estão erradas? Não necessariamente. Significa apenas que a fé que cada pessoa tem é uma mistura de sua história de vida, de sua experiência religiosa, de sua personalidade, e outras mil e uma dimensões que nos fazem únicos e diferentes uns dos outros.



A fé é relacional. Há sempre outra pessoa na fé. Deus diz: “Saia dos seus limites e se aproxime de Mim.”



Pode ser que depois de termos estado na presença de Deus, saiamos sem uma resposta às nossas orações. Porém, podemos ter certeza de que Ele continua ao nosso lado, mesmo sem nos dar o que pedimos. Você mede sua fé ou sua vida religiosa pelo número de orações atendidas? Você confia nas orações ou no Deus que ouve as orações? Da mesma maneira, você concordará também que o importante não é o tamanho da fé em si, mas o Deus em quem confiamos.



O educador e orador Patrick Overton disse: “Quando você chega ao fim de toda luz que conhece, e está para dar um passo na direção das trevas do desconhecido, fé é saber que uma de duas coisas acontecerá: ou haverá onde pisar, ou você será ensinado a voar.”



“Senhor, aumenta-nos a fé.”






29 de julho Sexta


Graça Para um Fugitivo



“Não tenha medo”, disse-lhe Davi, “pois é certo que eu o tratarei com bondade por causa de minha amizade com Jônatas, seu pai.” 2 Samuel 9:7



A história dele é uma das mais bonitas da Bíblia. Está entremeada de incidentes nos quais se manifesta a graça de Deus. Ele esperava crescer para viver como príncipe, mas no dia em que seu pai, Jônatas, e seu avô, Saul, foram mortos numa guerra, na fuga apressada do palácio, uma queda o deixou aleijado para o resto da vida. Nessa ocasião, ele devia ter entre quatro e cinco anos. Seu nome era Mefibosete.



Ele tentou se esconder de Davi e se refugiou na cidade de Lodebar. Daí para a frente, sempre se via como alguém defeituoso, aleijado, inútil. Ou, conforme suas próprias palavras, como “um cão morto” (v. 8).



À medida que crescia, escutava os outros lhe dizerem: “Você é que devia estar sentado lá no trono. Cuidado! Davi é seu inimigo. Ele vai enviar seus soldados para prendê-lo e levá-lo ao palácio.”



Bem distante dali, um dia Davi andava pelo palácio e meditava em sua própria vida, e em como Deus o levara da posição de simples pastor de ovelhas para ser rei. Seu coração se encheu de gratidão. Perguntou a um dos servos do palácio, Ziba, se conhecia algum descendente da casa de Saul. Quando soube da história de Mefibosete, pediu que o comandante do exército, acompanhado da cavalaria real, o trouxesse ao palácio, dizendo: “A quem eu possa mostrar a lealdade de Deus” (v. 3).



Antes que Mefibosete imaginasse, a graça do rei saiu à sua procura. O sonho de criança, de morar em um palácio, tornou-se realidade. E não apenas isso, ele agora era membro da família real, e podia comer à mesa junto com o rei e seus filhos.



Nós somos os “Mefibosetes” da vida. Nascemos para ser filhos do rei, mas levamos no corpo as marcas da queda. Perdemos nosso lugar no palácio para nos refugiar em algum lugar deserto. Por nós mesmos, não podemos nos aproximar do rei.



Quando você pensar que foi esquecido por Deus, quando estiver no limite de não acreditar em mais nada, a graça sairá ao seu encontro.
Não importa o que tenha acontecido com você, nem por quanto tempo tenha se escondido de Deus. Você pode voltar. Você será recebido, e reassumirá sua posição como filho do rei.






30 de julho Sábado


Abrigo e Refúgio



E será um abrigo e sombra para o calor do dia, refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva. Isaías 4:6



Sombra, abrigo, refúgio, esconderijo. São lugares para aqueles que se sentem cansados, com medo e/ou perseguidos pelo inimigo. São lugares de confiança, de proteção, para trazer paz, refazer as forças e apagar o medo.



Sombra para o calor do dia. Quem já enfrentou uma longa caminhada, sob o sol quente, com vegetação escassa ou no cerrado, na época da seca, conhece o valor da sombra. E como é bom quando no caminho aparece uma árvore para fornecer uns minutos de sombra e descanso, a fim de refazermos as forças para prosseguir.



A “sombra” no seu dia de trabalho pode ser aquele colega que se detém para cumprimentá-lo; pode estar na voz e no jeito de a esposa falar ou sugerir, ou mesmo escutar; pode ser alguém que se oferece para ajudá-lo num projeto, quando sabe que seu tempo está escasso. Precisamos de uma “sombra” quando temos mais trabalho sobre a mesa do que o tempo nos permite realizar. Quando nossas responsabilidades aparecem como um redemoinho de compromissos e prazos finais. Precisamos da “sombra” do Onipotente para descansar e nos refazer.



O verso de hoje também fala de refúgio e abrigo contra a tempestade. Quando a chuva vem mais rápido e mais forte do que se espera, temos que correr e procurar refúgio. Quantas campais de desbravadores não sofreram com a chuva... Painéis e cenários desfeitos, colchões e cobertores ensopados de água e transtorno na programação. Aí tínhamos que procurar abrigo e refúgio em galpões, ginásios, salões e escolas. Pelo menos, ficávamos abrigados.



Anne Ortlund, em seu livro My Sacrifice, His Fire, transcreve uma oração atribuída a Saint Patrick: “Confio hoje no poder de Deus para me guiar. Na força de Deus para me sustentar. Na soberania de Deus para me ensinar. No olhar de Deus para velar. No ouvido de Deus para me ouvir. Na palavra de Deus para me falar. Na mão de Deus para me proteger. No escudo de Deus para me proteger. Nas hostes de Deus para me defender. Cristo comigo, Cristo adiante de mim, Cristo na minha retaguarda, Cristo dentro de mim, Cristo sobre mim. Cristo à minha direita, Cristo à minha esquerda. Cristo na largura, Cristo na extensão. Cristo na altura, Cristo no coração de cada homem que se lembra de mim...”



É bom saber e lembrar que Deus cuida de nós e é escudo, abrigo e refúgio em qualquer momento.






31 de julho Domingo


Pedir um Sinal de Deus



Pois bem. Vou pôr um pouco de lã no lugar onde malhamos o trigo. Se de manhã o orvalho tiver molhado somente a lã, e o chão em volta dela estiver seco, então poderei ficar certo de que Tu realmente me usarás para libertar Israel. Juízes 6:37, NTLH



Há muitos que tomam este episódio do Antigo Testamento como se fosse uma norma para tomar decisões em determinadas situações. O caso de Gideão não foi mencionado na Bíblia com a finalidade de se tornar numa fórmula espiritual.



Quem sabe você também já tenha usado sua “porção de lã” diante de uma situação em que queria ter a segurança de que aquela era a vontade de Deus. Pode ter pensado que uma maneira segura e rápida de tomar uma decisão seria pedir um sinal de Deus.



Alguns são muitos criativos: “Senhor, se quando eu estiver indo para a cidade cruzar com uma caminhonete amarela, isso será sinal de que devo aceitar esse emprego e não o outro.” “Se eu encontrar um lugar para estacionar, é sinal de que Tu queres que eu curse biologia e não fisioterapia.” “Se a estrela piscar uma vez, devo dizer ‘sim’; se piscar duas, digo ‘não’; e se piscar três, é ‘ainda não’.” “Senhor, que ele telefone... que ela envie um e-mail.” Ou diante da decisão de terminar o namoro, dizemos: “Vou escrever ‘sim’ e ‘não’ em dois pedacinhos de papel. O que sair, é o que vou fazer.” Quando o papel está de acordo com o que pensamos, nos apressamos em executar o “plano”. Que bom! Era isso mesmo! Mas quando o papel desafia nossa preferência, levando-nos à decisão que temíamos, colocamos em dúvida o que fizemos. “Será que eu realmente orei com fé? Acho que deveria orar de novo.” E completamos: “Senhor, agora é pra valer.”



Outro motivo pelo qual somos inclinados a pedir um sinal de Deus é a necessidade de fugir às consequências de nossa decisão. Ao pedir um sinal, se as coisas não derem certo, e as consequências forem as que temo, poderei jogar a culpa no processo, não em mim mesmo.



Deus nos deu um cérebro dotado de capacidade de pensar, avaliar e pesar as decisões. Mas quantas vezes, com preguiça de pensar, seguimos um atalho. Queremos colocar Deus dentro de nossos limites e manipular os eventos a nosso favor, conforme nossa vontade.



Hoje, também, mudar de emprego, mudar de curso, escolher o(a) compa-nheiro(a) para toda a vida, são decisões que requerem discernimento, sabedoria e boa dose de entrega. Peçamos a Deus que nos faça submissos e humildes para aceitar Seus planos para nossa vida.




























































terça-feira, 5 de julho de 2011

Suposto evangélico quebra imagem de santa durante missa católica


Homem quebra imagem de Nossa Senhora por Paulopes

“Adorai somente a Deus, adorai somente a Deus, adorai somente a Deus”, gritou o homem supostamente evangélico a sair de uma missa no domingo (3) de uma igreja de Iguarapava (SP). Ele tinha acabado de quebrar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, jogando-a no chão, diante do padre.
Uma câmara interna filmou toda a sequência da violência. Mostra, inclusive, quando o homem entra na igreja e se senta logo na primeira fileira, onde não ficou por mais de 10 minutos.Iguarapava tem cerca de 28 mil habitantes e fica a 440 km de São Paulo.
A imagem quebrada é a réplica de outra que na década de 90 ficou conhecida por chorar sangue.O frei Edimilson Oliveira da Cunha, antes de terminar a missa, colocou a imagem original no altar, que, agora, voltou a ser substituída por uma réplica.
A polícia disse já saber a identidade do homem, que se encontra foragido.
Com informação da EPTV.
Via Paulopes Weblog

O Padre e Ellen G. White

 Se você é católico assista ao vídeo. Se você é um adventista que não faz jus a denominação, assista também! Se você não pertence à nenhuma das classes mencionadas... esse vídeo é pra você! Confira e se comprometa com a Verdade de verdade!

Fonte: A Última Advertência ao Mundo

Contraste entre as Leis

Segundo o estudo anterior (Distinção de Leis), é possível que alguém tenha ficado perplexo, pois há textos na Bíblia que positivamente declaram ser a Lei de Deus eterna, e imutável, e que todos devem obedecê-la. Por outro lado, existem outras passagens que parecem significar que a lei foi dada por um determinado tempo apenas, e não nos encontramos agora na obrigação de obedecê-la.
Estas declarações parecem causar confusão no espírito de certas pessoas; mas a Palavra de Deus é verdadeira, e nela não há contradição. O que nos dá essa impressão, deve ser apenas falta de compreensão de nossa parte.
Podemos ser sinceros em nossa opinião, e todavia enganar-nos por falta de perfeita compreensão do assunto. A Bíblia é a Palavra Viva, é a Palavra do Deus Vivo… Trata da realidade eterna. Encontra-se nela, alturas e profundidades além da compreensão da mente finita do homem. Mas esse mesmo fato não é senão outra evidência de que ela é de Deus.
Se nos deparamos com aparentes contradições, devemos estudar cuidadosamente o assunto, e com humildade, buscar o auxílio do Senhor para compreendê-las, e o Espírito Santo nos esclarecerá a mente. Dentre todas as leis mencionadas na Bíblia, duas têm destaque preeminente: A Lei Cerimonial e a Lei Moral, fatos que muitos cristãos não aceitam ou não compreendem, mas que é claro em toda a Bíblia.
“A Lei Moral ou Lei de Deus (Dez Mandamentos) vem da eternidade. Os princípios desta Lei são base do governo de Deus. São imutáveis como o Seu Legislador. A Lei é por natureza indestrutível, nem um mandamento pode ser tirado do Decálogo. Permanece todo ele irrevogável e assim permanecerá para sempre… Lucas 16:17.”
Entretanto, o mesmo não se estabelece com a Lei Cerimonial, freqüentemente chamada de Lei de Moisés, que veio a existir depois da queda do homem. Esta lei consiste em manjares e bebidas, várias abluções, justificações da carne e sacrifícios, destinada a chamar a atenção para a primeira vinda de Jesus; e com Sua vinda, todas estas coisas foram encerradas. Aí encontram-se o tipo e o antítipo; a sombra encontrou o corpo (Colossenses 2:16 e 17). Quando Cristo, o Cordeiro de Deus, morreu na cruz, o véu do templo se rasgou em dois de alto a baixo (Mateus 27:51). Os serviços do templo a partir daquele momento deixaram de ter lugar. O sistema sacrifical cessou, e a lei que a ele pertencia deixou de existir. Foi cravada e riscada na cruz (Colossenses 2:13 a 15).
A Lei Cerimonial foi dada para satisfazer condições temporárias e locais da Antiga Aliança (Êxodo 24:1 a 11).
Uma vez que essas condições mudaram em virtude da crucificação, ao mesmo tempo, fez-se uma Nova Aliança (Hebreus 8:6 a 9).
Mediante o sacrifício do Cordeiro na cruz, todos os povos, nações e línguas poderão chegar a Deus (Isaías 56:1 a 8; Hebreus 8:11; João 14:6).
Somente através do sangue de Cristo conseguimos a remissão dos nossos pecados (João 14:12 a 15; I João 2:1 a 6; Hebreus 10:19 e 23).
“A Lei de Deus da Antiga Aliança é a mesma Lei da Nova Aliança nos dias de hoje, permanece a mesma e permanecerá para sempre. Com a Nova Aliança os Dez Mandamentos, a Suprema Lei de Deus, é guardada e gravada na mente daqueles que O buscam, é selada no coração dos Seus discípulos (Isaías 8:16; Hebreus 8:10 a 13; Jeremias 31:31 a 35).
Todos são agora justificados na presença do Pai, através da fé em Jesus, e somente a parti dEle, somos aptos a guardar os Seus mandamentos (Romanos 2:13; Romanos 5:1 e 2; Romanos 16:25 a 27; João 15:9 e 10; Apocalipse 14:12).
Firmando assim a Nova Aliança, superior, perfeita e eterna (Hebreus 9:11 a 15).
Concluindo, na Nova Aliança a Lei Cerimonial (os estatutos cerimoniais) da Antiga Aliança não tem mais razão para continuar, não há mais razão para existir. A Lei Moral ou a Lei de Deus, no entanto, acompanhará os justos através dos séculos.”

O Propósito da Lei

Deus concedeu Sua Lei a fim de prover abundantes bênçãos a Seu povo, e para conduzi-los a um relacionamento salvador com Ele. Observe os seguintes propósitos específicos:

Ela Revela a Vontade de Deus para a Humanidade

Na qualidade de expressão do caráter e do amor de Deus, os Dez Mandamentos revelam Sua vontade e propósito para a humanidade. Demandam obediência perfeita, “pois qualquer que guarda toda lei, mas tropeça em só ponto, se torna culpado de todos” (Tiago 2:10). Obediência à lei, sendo esta a regra de vida, é vital para a nossa salvação. O próprio Cristo explicou por quê: “Se queres, porém entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mateus 19:17). Essa obediência somente é possível por intermédio do poder que o Espírito Santo, habitando no íntimo do ser, torna disponível.

Ela Funciona como Padrão de Julgamento

Tal como Deus, Seus “mandamentos são justiça” (Salmo 119:172). Portanto, a lei estabelece o padrão de justiça. Cada um de nós será julgado por esses retos princípios, e não por nossa consciência. Dizem as Escrituras: “Temei a Deus e guarda os Seus mandamentos… porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Eclesiastes 12:13 e 14; Tiago 2:12).
A consciência humana é instável. A consciência de alguns é “fraca”, enquanto a de outros é “corrompida”, “má” ou “cauterizada” (I Coríntios 8:7 e 12; Tito 1:15; Hebreus 10:22; I Timóteo 4:2). Tal como um relógio, não importa quão bem ele trabalhe, deve a consciência ser “aferida” de acordo com algum padrão, para que ela possa ser de algum valor. Nossa consciência nos diz que devemos proceder de modo correto, mas não diz o que é correto. Somente a consciência aferida de acordo com o grande padrão divino – Sua lei – pode evitar que mergulhemos no pecado.

Ela aponta o pecado

Sem os Dez Mandamentos as pessoas não podem ver claramente a santidade de Deus, nem sua própria culpa ou necessidade de experimentar o arrependimento. Quando as pessoas não sabem que estão violando a Lei de Deus, não se arrependem de sua condição de perdidas ou a necessidade do sangue expiatório de Cristo.
Tendo em vista ajudar as pessoas a verem a sua verdadeira condição, a Lei funciona como uma espécie de espelho (Tiago 1:23 a 25). Aqueles que “olham” a seu próprio caráter defeituoso em contraste com a justiça do caráter de Deus, compreendem que a lei revela que todas as pessoas são culpadas diante de Deus (Romanos 3:19), e que são plenamente responsáveis perante Ele. “Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3:20), já que “pecado é a transgressão da lei” (I João 3:4). Efetivamente, diz Paulo, “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Romanos 7:7). Ao convencer os pecadores de suas culpas, ela os ajuda a compreender que estão condenados sob juramento da ira de Deus e que estão diante da penalidade de morte eterna. A lei provoca neles, portanto, um senso de completo desamparo.

Ela é um Agente de Conversão

A lei de Deus é o instrumento que o Santo Espírito utiliza para trazer-nos à conversão. “A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma” (Salmo 19:7). Quando, depois de ver nosso verdadeiro caráter, compreendemos que somos pecadores, que estamos condenados à morte e sem esperança, sentimos a necessidade de um Salvador. Neste ponto, as boas novas do evangelho tornam-se cheias de significado. Assim, pois, a lei nos indica a Cristo, o Único que nos pode ajudar a escapar de nossa desesperada condição.1 Foi nesse sentido que Paulo se referiu tanto à Lei Moral quanto a Cerimonial como sendo um tutor ou “aio”, cujo objetivo é “nos conduzir a Cristo, a fim de que [sejamos] justificados por fé” (Gálatas 3:24).2
Ao mesmo tempo que a lei revela nosso pecado, ela jamais será capaz de salvar-nos. Da mesma forma como a água é o elemento necessário para lavar as faces sujas, assim, depois de nos contemplarmos no espelho da Lei Moral de Deus, tendo descoberto nossa necessidade de limpeza, corremos à fonte que se encontra aberta “para remover o pecado e a impureza” (Zacarias 13:1), onde somos purificados pelo “sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7:14). Temos de contemplar a Cristo. O pecador tem de “olhar para seu Salvador, o portador dos pecados. E ao ser-lhe revelado Cristo na cruz do Calvário, morrendo sob o peso dos pecados de todo o mundo, o Espírito Santo lhe mostra a atitude de Deus para com todos os que se arrependem de suas transgressões”.3
Nesse momento, a esperança extravasa de nosso coração e em fé nos dirigimos a nosso Salvador, que por Sua vez nos estende o dom da vida eterna (João 3:16).

Ela Provê Genuína Liberdade

Cristo disse que “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34). Quando transgredimos a Lei de Deus, não nos achamos em liberdade; a obediência aos Dez Mandamentos, esta sim, nos assegura verdadeira liberdade. Viver dentro dos limites estabelecidos pela Lei de Deus significa liberdade do pecado. Significa também liberdade diante daquilo que acompanha o pecado – contínuo aborrecimento, consciência ferida, crescente culpa e remorso, que minam as forças vitais de nossa vida. Disse o salmista: “Andarei em liberdade, pois busquei os Teus preceitos” (Salmo 119:45, New International Version). Tiago referiu-se ao Decálogo como a “lei perfeita, lei da liberdade” (Tiago 2:8; 1:25).
Para que pudéssemos receber essa liberdade, Jesus nos convidou a que viéssemos até Ele com todos os nossos fardos de pecado. Ele nos oferece o Seu jugo, que é suave (Mateus 11:29 e 30). Se a lei é apresentada sem o poder salvador de Cristo, não há qualquer libertação do pecado. Mas a graça salvadora de Deus, que de nenhuma forma invalida a Lei, traz o poder que nos liberta do pecado, pois “onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (II Coríntios 3:17).

Ela Restringe o Mal e Traz Bênçãos

O aumento de crimes, violência, imoralidade e maldade que inunda a Terra, resultou do desprezo que os homens votaram ao Decálogo. Sempre que a lei é aceita, restringe o pecado, promove ações corretas e tornar-se o meio para estabelecer a justiça. Nações que incorporaram os princípios dessas lei a suas leis nacionais, experimentaram grandes bênçãos. Por outro lado, o abandono desses princípios sempre trouxe consigo decidido declínio.
Nos tempos do Antigo Testamento, Deus muitas vezes abençoou nações e indivíduos em proporção à obediência destes a Sua lei. Dizem as Escrituras: “A justiça exalta as nações” e “com justiça se estabelece o trono” (Provérbio 14:34; 16:12). Aqueles que se recusavam a obedecer os mandamentos de Deus, encontravam calamidades (Salmo 89:31 e 32). “A maldição do Senhor habita na casa do perverso, porém a morada dos justos Ele abençoa” (Provérbio 3:33; Levítico 26; Deuteronômio 28). O mesmo princípio geral continua válido nos dias de hoje.
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Nisto Cremos, CPB, 4.ª ed., 1997, págs. 315-318.
1. Alguns têm interpretado a afirmação de Paulo, “porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”, como significando que o fim ou propósito da lei é conduzir-nos ao ponto em que podemos perceber nossa pecaminosidade e assim dirigirmos a Cristo para obter perdão e, pela fé, recebermos a Sua justiça. (Este uso da palavra “fim” [do grego telos] também é encontrado em I Tessalonicenses 1:5; Tiago 5:11 e I Pedro 1:9). Veja também The SDA Bible Commentary, edição revista, vol. 6, págs. 541 e 542. – Leia também em Guiados Para Vencer I: A Lei de Deus aos Romanos.
2. Cf. SDA Bible Commentary, edição revista, vol. 6, pág. 961; E. G. White, Mensagens Escolhidas, vol.1, pág. 233. A Lei Cerimonial representava também um aio que conduzia o indivíduo a Cristo através de diferentes meios. Os serviços do santuário, com suas ofertas sacrificais, apontavam aos pecadores o perdão de pecados que o sangue do vindouro Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, haveria de prover, levando-os, portanto, à compreensão da graça do evangelho. Era seu desígnio desenvolver amor pela Lei de Deus, enquanto as ofertas sacrificais deveriam constituir dramática ilustração do amor de Deus em Cristo.
3. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 213.
Leia Também: A Lei de Deus aos Romanos
Fonte: Artigo extraído do livro O Selo de Deus na Lei, no capítulo 2

Distinção de Leis


“Por essa razão, pois amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por Ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaias de vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.” II Pedro 3:14 a 18
Por esta exposição inicial, vamos iniciar um estudo sobre textos mal compreendidos hoje pelos cristãos, com relação a Lei de Deus ou Dez Mandamentos, e descobrir a verdade sobre tais textos, dentre eles:
Gálatas 3:10 - “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição…”
Gálatas 3:13 - “Cristo nos resgatou da maldição da lei…”
Efésios 2:15 - “Aboliu, na Sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças…”
Colossenses 2:16 e 17 - “Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.”
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Leia os versículos seguintes comparando com os citados acima.

Romanos 3:31 - “Anulamos, pois, a Lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Lei.” – Ora! Não foi desfeita a Lei? Não é maldito o que a observa? Porque então “estabelecer” uma Lei nestas condições, ainda mais sobre a base da fé?
Romanos 7:7 - “Que diremos, pois? É a Lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da Lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a Lei não dissera: ‘Não cobiçarás.’”
Romanos 7:12 - “Por conseguinte, a Lei é santa, e o mandamento, santo, e justo e bom.” – Repetindo: Lei santa, Lei justa e Lei boa. Como admitir que a mesma seja maldita?
Efésios 6:2 - “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa…” – Paulo adverti a observar esse mandamento, no entanto, seria ilógico observá-lo, já que os Dez Mandamentos, foram “desfeitos”, não acha?
I Timóteo 1:8 - “Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo…” – E agora? Para onde ir? É inconcebível que uma coisa maldita, desfeita ou anulada, seja boa, concorda?
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Até aqui, é possível ter entendido que há diversidade de leis na Bíblia. E realmente Paulo menciona muito o termo lei, nos assuntos que enfoca, de maneira ora explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus (Dez Mandamentos) também conhecida como Lei Moral e mostrando a caducidade de outra, a Lei de Moisés, também conhecida Lei Cerimonial na qual era constituída de: sacrifícios, ofertas diversas, circuncisão, dias de festas…
Crê boa parte dos cristãos de hoje que a Lei de Deus foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Isso ocorre porque estes mesmos cristãos aplicam ao termo “LEI”, encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas, tudo se resume, pensam, na Lei de Moisés.
Admitir que a Bíblia só apresente uma lei, e que tudo é Lei de Moisés, não havendo portanto distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um amontoado de contradições. De fato, existem leis providas de Deus, que foram enunciadas, escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial, constituída de um ritual que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias Jesus. (Êxodo 24:7; Deuteronômio 31:24 a 26)
“Os descendentes de Abraão foram cativos no Egito, e o clamor de suas aflições foram ouvidas por Deus, e Ele ‘lembrou’ da aliança que fizera com Abraão, resgatando assim os israelitas do seu opressor, fazendo deles oráculos, guardiões dos estatutos divinos, e ao mesmo tempo testemunhas do poder Criador de Deus às demais nações.” (Gênesis 17:1 a 8; Gênesis 17:9 a 14; Êxodo 3:1 a 9; Êxodo 19:1 a 8)
Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu, simbolizava o evangelho para eles (judeus), e compunha-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos, abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. E tais ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na Lei de Deus [Lei Moral]. (II Crônicas 23:18; II Crônicas 30:15 a 17; Esdras 3:1 a 5).
Todo o cerimonialismo, representava Cristo. Todas os estatutos e leis cerimoniais que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele. Todas as coisas realizadas representava o sacrifício, o perdão e a salvação realizado por Cristo na cruz. (Colossenses 2:8 a 19). Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos encontrar outras leis como:
leis acerca dos altares – Êxodo 20:22 a 26;
leis acerca dos servos – Êxodo 21:1 a 11;
leis acerca da violência – Êxodo 21:12 a 36;
leis acerca da propriedade – Êxodo 22:1 a 15;
leis civis e religiosas – Êxodo 22:16 a 31;
lei dietética – Levítico 11;
repetição de diversas leis – Levítico 19…
leis para os sacerdotes – Levítico 21:1 a 24;
Existe, porém, um código particular e distinto, escrito e entregue pelo próprio Deus a Moisés, a Lei Moral [Dez Mandamentos - Êxodo 31:18]. Esta Lei é universal e eterna. (Isaías 56:1 a 8; Mateus 5:17 a 20; Eclesiastes 12:13 e 14). Portanto estudando com cuidado e humildade, buscando o auxílio do Senhor para compreendê-las, poderemos através do Espírito Santo, ter a mente esclarecida e encontrar na Bíblia essa variedade de leis.

A Lei e o Evangelho

Quando os judeus rejeitaram a Cristo, rejeitaram a base de sua fé. E, por outro lado, o mundo cristão de hoje, que tem a pretensão de ter a fé em Cristo, mas rejeita a Lei de Deus, comete um erro semelhante ao dos iludidos judeus. Os que professam apegar-se a Cristo, polarizando nEle as suas esperanças, ao mesmo tempo que desprezam a Lei Moral e as profecias, não estão em posição mais segura do que os judeus descrentes. Não podem chamar inteligentemente os pecadores ao arrependimento, pois são incapazes de explicar devidamente o de que se devem arrepender. O pecador, ao ser exortado a abandonar seus pecados, tem o direito de perguntar: Que é pecado? Os que respeitam a Lei de Deus podem responder: “Pecado é a transgressão da Lei.” (I João 3:4). Em confirmação disto o apóstolo Paulo diz: “… eu não conheceria o pecado, não fosse a Lei.” (Romanos 7:7)
Unicamente os que reconhecem a vigência da Lei Moral podem explicar a natureza da expiação. Cristo veio para servir de mediador entre Deus e o homem, para unir o homem a Deus, levando-o à obediência a Sua Lei. Não havia e não há na Lei, poder para perdoar o transgressor. Jesus, tão-só, podia pagar a dívida do pecador. Mas o fato de que Jesus pagou a dívida do pecador arrependido não lhe dá licença para continuar na transgressão da Lei de Deus; deve ele, daí por diante, viver em obediência a essa Lei.
A Lei de Deus existia antes da criação do homem, ou do contrário Adão não podia ter pecado. Depois da transgressão de Adão não foram mudados os princípios da Lei, mas foram definitivamente dispostos e expressos de modo a adaptar-se ao homem em seus estado decaído. Cristo, em conselho com o Pai, instituiu o sistema de ofertas sacrificais; de modo que a morte, em vez de sobrevir imediatamente ao transgressor, fosse transferida para uma vítima que devia prefigurar a grande e perfeita oferenda do Filho de Deus.
Os pecados do povo foram em figura transferidos para o sacerdote oficiante, que era um mediador para o povo. O sacerdote não podia ele mesmo tornar-se oferta pelo pecado e com sua vida fazer expiação, pois era também pecador. Por isso, em vez de sofrer ele mesmo a morte, sacrificava um cordeiro sem mácula; a pena do pecado era transferida para o inocente animal, que assim se tornava seu substituto imediato, simbolizando a perfeita oferta de Jesus Cristo. Através do sangue dessa vítima o homem, pela fé, contemplava o sangue de Cristo, que serviria de expiação aos pecados do mundo.

Propósito da Lei Cerimonial

Se Adão não tivesse transgredido a Lei de Deus, nunca teria sido instituída a Lei cerimonial. O evangelho das boas novas foi primeiro dado a Adão na declaração que lhe foi feita, de que a semente da mulher havia de esmagar a cabeça da serpente; e foi transferido através de gerações a Noé, Abraão e Moisés. O conhecimento da Lei de Deus e do plano da salvação foi comunicado a Adão e Eva pelo próprio Cristo. Entesouraram cuidadosamente a importante lição, transmitindo-a verbalmente aos filhos e aos filhos dos filhos. Assim se preservou o conhecimento da Lei de Deus.
Os homens naqueles dias viviam quase mil anos, e anjos visitavam-nos com instruções providas diretamente de Cristo. Foi estabelecido o culto de Deus mediante as ofertas sacrificais, e os que temiam a Deus reconheciam perante Ele os seus pecados, aguardando, com gratidão e santa confiança, a vinda da Estrela da Manhã, que havia de guiar ao Céu os caídos filhos de Adão, por meio do arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. Assim era o evangelho pregado em cada sacrifício; e as obras dos crentes revelavam continuamente a sua fé num Salvador porvindouro. Disse Jesus aos judeus: “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em Mim; porque de Mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas palavras?” (João 5:46 e 47)
Era, porém, impossível a Adão, por exemplo e preceito, deter a onda de miséria que sua transgressão trouxera aos homens. A incredulidade insinuou-se no coração dos homens. Os filhos de Adão apresentam os dois rumos seguidos pelos homens em relação às reivindicações de Deus. Abel via a Cristo prefigurado nas ofertas sacrificais. Caim era incrédulo quanto à necessidade de sacrifícios; recusou-se a discernir que Cristo era tipificado pelo cordeiro morto; o sangue de animais parecia-lhe não ter virtude alguma. O evangelho foi pregado a Caim, assim como para seu irmão; mas foi-lhe um cheiro de morte para morte, visto como não reconheceu, no sangue do cordeiro sacrifical, a Jesus Cristo – única provisão feita para salvação do homem.
Nosso Salvador, em Sua vida e morte, cumpriu todas as profecias que para Ele apontavam, e foi a substância de todos os tipos e sobras apresentados. Ele guardou a Lei Moral, e exaltou-a satisfazendo a suas reivindicações, como representante do homem. Aqueles, de Israel, que se volveram ao Senhor, e aceitaram a Cristo como a realidade simbolizada pelos sacrifícios típicos, discerniram a finalidade daquilo que devia ser abolido.
Fonte: Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 229, retirado do livro "O Selo de Deus na Lei" capítulo 1

Os Frutos do Espírito Santo: Longanimidade

“Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da Sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria.” – (Colossenses 1:11).

O amor é a lei do reino de Cristo. O Senhor convida cada pessoa a que atinja norma elevada. Os componentes de Seu povo devem revelar amor, mansidão, longanimidade. A longanimidade suporta todas as coisas, sim, muitas coisas, sem buscar desforra quer por palavras quer por atos. Carta 185, 1905.

A “longanimidade” é a paciência em face da ofensa; atura dilatadamente. Se sois longânimos, não comunicareis a outras pessoas o vosso suposto conhecimento das faltas e erros de vossos irmãos. Buscareis ajudá-lo e salvá-lo, porque foi comprado com o sangue de Cristo. “Repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão.” Mat. 18:15. “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” Gál. 6:1. Ser longânimo não é ser melancólico e triste, áspero e desapiedado; é exatamente o oposto. Review and Herald, 16 de novembro de 1886.

Buscai viver em paz com todos os homens, e tornai suave e fragrante a atmosfera que vos circunda. O Senhor ouve toda palavra imprudente que é proferida. Se lutardes contra o egoísmo humano natural, progredireis firmemente na tarefa de vencer a hereditariedade e as tendências cultivadas para o mal.

Pela paciência, longanimidade e indulgência realizareis muito. Lembrai que não podeis ser humilhados pelas palavras imprudentes de outra pessoa, porém que, ao responderdes imprudentemente, perdeis a vitória que poderíeis haver ganho. Sede cuidadosos com as vossas palavras. Carta 2, 1903.

A indulgência e a abnegação assinalam as palavras e os atos dos que nasceram de novo e vivem a vida nova em Cristo. The Youth’s Instructor, 9 de abril de 1903.
Ellen G.White, Minha Consagração Hoje, pág 52 – CPB.
Fonte: Sétimo Dia

Os Frutos do Espírito Santo: Alegria e Paz

“Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo.” – (Romanos 15:13).

Determinou o Senhor que toda pessoa que Lhe obedece à palavra tenha a Sua alegria, a Sua paz e o Seu contínuo poder mantenedor. Homens e mulheres tais serão sempre levados para junto dEle, não somente quando perante Ele se ajoelham em oração, mas quando se empenham nos afazeres da vida. Para eles preparou junto a Si um lugar de repouso, onde a vida é purificada de toda rusticidade e aspereza. Por meio dessa comunhão ininterrupta com Ele, são coobreiros Seus no seu trabalho vitalício. Review and Herald, 23 de outubro de 1900.

Palavras não podem descrever a paz e a alegria que possui aquele que se apega à Palavra de Deus. As provações não o perturbam, a desconsideração não o afeta. O eu está crucificado. Dia a dia podem-se-lhes tornar mais oprimentes as obrigações, e mais fortes as tentações; mas ele não vacila; pois recebe fortaleza equivalente à necessidade. The Youth’s Instructor, 26 de fevereiro de 1902.

Todos quantos estão aprendendo aos pés de Jesus não deixarão de em seu procedimento e conversação, exemplificar o caráter de Cristo. … A luz e o amor de um Salvador permanente são revelados em cada palavra e ato. Review and Herald, 30 de maio de 1902.

Ocasiões houve em que a bênção de Deus foi concedida em resposta à oração, de forma tal que, entraram outras pessoas no quarto e logo que transpunham a soleira da porta, exclamavam: “O Senhor está aqui!” Nem uma palavra fora proferida, mas a bendita influência da santa presença de Deus era palpavelmente sentida. Estava ali a alegria que provém de Jesus Cristo; e nesse sentido o Senhor estivera no quarto tão verdadeiramente como andara pelas ruas de Jerusalém, ou aparecera aos discípulos quando estavam no cenáculo, e disse: “Paz seja convosco.” Review and Herald, 4 de janeiro de 1887.
Ellen G.White, Minha Consagração Hoje, pág 51 – CPB
Fonte: Sétimo Dia

segunda-feira, 4 de julho de 2011

1 Samuel 28 apoia a necromancia e o espiritismo?

Quando Saul consultou uma feiticeira, o espírito que ela fez subir era mesmo Samuel? Isso não prova a existência de vida após a morte e de espíritos de mortos?

“Entre as operações de maior êxito do grande enganador, encontram-se os ensinos ilusórios e prodígios de mentira do espiritismo. Disfarçado em anjo de luz, estende suas redes onde menos se espera. Se os homens tão-somente estudassem o Livro de Deus com fervorosa oração a fim de o poderem compreender, não seriam deixados em trevas, à mercê das doutrinas falsas. Mas, rejeitando eles a verdade, são presa da ilusão.”[1]

As palavras acima, escritas no século 19, são uma descrição precisa da religiosidade brasileira. O ano de 2010 ficou marcado pelo lançamento de um dos principais filmes do cinema brasileiro de todos os tempos, “Chico Xavier”, que enaltece a figura do principal médium nascido em terras nacionais. Estima-se que mais de um milhão de espectadores passaram por salas de cinemas em todo o território nacional nos dez primeiros dias de exibição.

É evidente que, como adventistas, não compartilhamos os ensinamentos do espiritismo. Cremos na imortalidade condicional do ser humano, e não que a imortalidade lhe seja natural.[2] No entanto, como entender a problemática passagem de 1 Samuel 28, segundo a qual aparentemente o profeta Samuel retornou do mundo dos mortos e se comunicou com o rei Saul?[3] Esse texto se tornou um dos principais argumentos a favor da abordagem espírita das Escrituras Sagradas.

Neste artigo, faremos uma análise cuidadosa das informações fornecidas pelo texto bíblico. Vamos obter uma compreensão do relato a partir de textos rituais de necromancia entre os povos da Mesopotâmia e Canaã.

Saul e a necromante

A cidade de En-Dor ficava a aproximadamente 7 km de Gilboa, onde o acampamento filisteu estava arregimentado (v. 3). Devido a essa geografia, Andrew Fausset sugere que provavelmente Saul tenha passado pelo acampamento inimigo antes de chegar até a necromante,[4] o que faz sentido quando lemos que Saul se disfarçou antes do encontro (v. 8). A mesma informação é dada por Ellen White.[5] Ele correu todo esse risco apenas para encontrar alguém que pudesse aliviar-lhe o medo por meio de uma sessão de necromancia!

O texto bíblico não oferece detalhes sobre os processos ritualísticos ocorridos durante a seção mediúnica. Dispomos apenas do diálogo entre a necromante e Saul. Por cinco vezes o verbo “subir” (heb. ‘alah) é utilizado na conversa, como se lê entre os versos 11 a 15. Nessas passagens, o verbo está relacionado ao ato de fazer uma entidade morta voltar para o mundo dos vivos e comunicar sua mensagem. Um estudo aprofundado desses versos revelará a chave para uma compreensão bíblica séria de todo o capítulo.

Ao ser questionada sobre o que estava vendo em seu transe, a médium de En-Dor respondeu: “Deuses subindo eu vejo” (tradução literal). Curiosamente, o substantivo ‘elohim é usado nessa passagem para se referir a uma entidade morta! O motivo desse uso pode ser mais bem apreciado quando lembramos que entre muitos dos povos do Antigo Oriente Médio ancestrais costumavam ser adorados como deuses.

Em textos mesopotâmicos, por exemplo, o substantivo ilu, palavra acadiana para “deuses”, é usado largamente para se referir a mortos. Theodore Lewis, acadêmico da Johns Hopkins University, demonstrou o mesmo fenômeno em textos assírios, babilônicos, egípcios, hititas, fenícios e ugaríticos.[6] O mesmo ocorria em Canaã, como pode ser notado numa rápida comparação entre Números 25:2, onde é dito que os israelitas comeram sacrifícios dos deuses dos moabitas, e o Salmo 106, no qual o autor afirma que eles comeram sacrifícios dos mortos (v. 28).[7] Esses textos sugerem que entre os povos de Canaã os mortos também eram chamados de deuses (‘elohim).

Um intérprete sério e honesto das Escrituras não pode considerar a aparição do antigo profeta a Saul como sendo de origem divina, uma vez que o texto é claro em dizer que Deus não respondeu ao rei por nenhum dos métodos de revelação (v. 6). O que temos em 1 Samuel 28 é um ritual pagão totalmente contrário aos mandamentos de Deus (cf. Dt 18:9-13).

Saul parece ignorar o fato de que a necromante estava vendo vários deuses/espíritos mortos e muda do plural para o singular com a pergunta “Como é sua aparência?” (v. 14). Quem sabe temendo pela sua vida (cf. v. 9), ela agradou a Saul dizendo que estava vendo “um ancião subindo envolto numa capa” (v. 14). O que levou Saul a identificar esse “ancião” com Samuel, como pode ser lido no mesmo verso 14? Aparentemente a capa (heb. me’il) era uma característica da vestimenta do profeta (cf. 1 Sm 15:27; 2:19), mas ainda assim fica difícil ver alguma conexão entre o “ancião” e Samuel.

É bem provável que essa questão seja elucidada através de um problema textual no verso 14. P. Kyle McCarter Jr., do Departamento de Estudos Orientais da Jonhs Hopkins University, notou que há uma dificuldade em se aceitar a tradução “ancião” ou “homem velho” (‘ish zaqen) com base na versão grega do Antigo Testamento, a LXX.[8] Ao invés de zaqen, “velho”, em hebraico, é provável que a forma original da palavra tenha sido zaqep, cujo significado é “ereto”, mas nesse texto deve ter o sentido de “surpreendente”.[9] A diferença na grafia das duas palavras é mínima, uma vez que as formas finais das letras “n” e “p”, em hebraico, são bem semelhantes.

Se essa reconstrução do texto estiver correta, a necromante de En-Dor não ficou assustada por ver um homem velho, mas sim um ser inesperado que lhe causou pavor. Sua identificação entre esse ser e Samuel pode ter sido motivada pelo medo de Saul não cumprir sua palavra de preservação (cf. v. 9).

Saul e Samuel

Uma situação que causa certo desconforto quando esse capítulo é tratado em círculos adventistas é o fato de lermos em dois versos (v. 15 e 16) a expressão “Samuel disse...”, uma vez que ele já estava morto, como narrado em 1 Samuel 25:1. O teólogo adventista Greenville J. R. Kent, Ph.D em Antigo Testamento pela The University of Manchester, responde a essa situação comparando com a narrativa de Dagom, em 1 Samuel 5, em que as descrições desse deus filisteu sãos as mesmas de um ser humano. Os versos 3 e 4, por exemplo, dizem que Dagom estava com o rosto em terra, uma atitude praticada apenas por seres humanos, e não por um ídolo de madeira ou de metal. Para Kent, afirmar que “Samuel disse” ou que Dagom estava com o “rosto em terra” é uma técnica literária em que o autor bíblico apresenta o ponto de vista dos personagens, independentemente de serem ou não pagãos.[10]

Outra preocupação de alguns adventistas com esse capítulo tem que ver com a profecia, aparentemente cumprida, feita pelo “espírito” de Samuel que, no fim do seu discurso, fez uma chocante afirmação: “Amanhã, você e seus filhos estarão comigo” (v. 19).

Há pelos menos três observações a serem feitas a respeito dessa declaração: (1) Que parâmetro confuso é esse utilizado pelo espírito em colocar um profeta de Deus, Samuel, e um monarca rejeitado por Deus, Saul, no mesmo lugar após a morte? Com amplo apoio escriturístico, podemos afirmar que justos e injustos não terão o mesmo destino (cf. Jo 5:28, 29; 1Ts 4:16, 17; Ap 20:4-6; etc.); (2) nem todos os filhos de Saul morreram com ele, na batalha registrada em 1 Samuel 31; logo no início de 2 Samuel, somos informados de que outro filho de Saul esteve envolvido numa tentativa de usurpação do trono, Isbosete, também chamado de Isbaal (2Sm 2:10); (3) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus, mas cometeu suicídio (1Sm 31:12, 13).[11]

Considerações finais

O trágico fim da vida de Saul deve servir de alerta para uma geração de cristãos cercados de influências espíritas, contrárias à Palavra de Deus. Entrar no terreno do inimigo pode saciar temporariamente a curiosidade pelo sobrenatural, mas terá um custo extremamente alto. Um adventista do sétimo dia sentiu isso na pele.

Moses Hull era um pregador com diversos talentos. Além de inteligente e hábil com as palavras, seu interesse se voltou para debates com alguns espiritualistas. Houve certo êxito em alguns casos, e ele levou alguns de seus oponentes ao cristianismo, mas quando um debate com o médium W. F. Jamiesen, em Paw Paw, Michigan, foi realizado, a mente de Hull se tornou confusa e a língua dele ficou estranha.[12]

Ellen White o aconselhou diversas vezes, mas sem êxito.[13] Hull pregou seu último sermão como adventista em 20 de setembro de 1863, e após isso o que se viu foi o surgimento de um líder nas fileiras do espiritualismo. Após deixar a esposa, ele se casou com uma médium espírita chamada Mattie E. Sawyer. Em 1902, Hull se tornou o primeiro diretor do Morris Pratt Institute, uma escola especializada em treinar médiuns espiritas. Somado a isso, ele é tido como o responsável por adicionar textos bíblicos para embasar a doutrina espírita. Tragicamente, Moses Hull cometeu suicídio em 1907, em San Jose, na Califórnia.[14]

Saul e Moses Hull. Dois homens separados por quase três mil anos que caíram no mesmo erro. Paulo estava certo quando disse: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide para que não caia” (1Co 10:12).

(Luiz Gustavo S. Assis é pastor distrital em Caxias do Sul, RS)

1. Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: CPB, 1995), p. 524.
2. Gerard Damsteegt, Nisto Cremos: 27 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 452-468.
3. Para mais informações sobre a história da interpretação de 1 Samuel 28 nos círculos judaicos e cristãos, ver K. A. D. Semelik, “The Witch of Endor: 1 Samuel 28 in Rabbinic and Christian Exegesis Till 800 A.D.”, Vigiliae Christianae 33, 1997, p. 160-179.
4. Andrews Fausset, Bible Encyclopedia and Dictionary Critical and Expository, (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1997), p. 205.
5. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: CPB, 1995), p. 679.
6. Theodore J. Lewis, “The Ancestral Estate in 2 Samuel 14:16”, Journal of Biblical Literature 110/04, 1991, p. 600, 601.
7. Lewis, p. 602.
8. P. Kyle McCarter, Jr., I Samuel: The Anchor Bible 8 (New York: Doubleday, 1980), p. 421.
9. Theodore Lewis menciona dois documentos acadianos nos quais a palavra zapaqu, cognata de zaqep, foi utilizada para se referir ao ato de cobras ficarem eretas, quando prontas para dar o bote, e, curiosamente, outro texto falando do fantasma de um morto que deixou o cabelo de alguém em pé! Ambos os textos se referem a “uma noção súbita ou surpreendente associada com medo”. Cults of the Dead in Ancient Israel and Ugarit (Atlanta, GA: Scholars Press, 1989), p. 116. Portanto, a tradução de zapeq em 1 Samuel 28:14 deve levar em conta esse background etimológico.
10. Greenvile J. R. Kent, “Did the Medium at En-Dor Really Bring Forth Samuel?”, em Gerhard Pfandl, ed., Interpreting Scripture: Bible Questions and Answers, Biblical Research Institute Studies, v. 2 (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2010), p. 199.
11. Kent, p. 198.
12. Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 231.
13. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP: CPB, 2006), p. 1:426-437.
14. James R. Nix, “The Tragic Story of Moses Hull”, Adventist Review 164:35 (agosto de 1987), p. 16.
Fonte:  Criacionismo

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