O Talmude
Outras Determinações Sobre o Descanso Sabático
Estas determinações foram transcritas do Ministério Adventista – maio-junho de 1965.
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“Nossa vida pode ser perfeita em cada fase de desenvolvimento, contudo haverá progresso contínuo, se o propósito de Deus se cumprir em nós. A santificação é obra de toda uma vida” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 65).
Certa vez, um adventista de nascimento que defende a cristologia pós-lapsariana (segundo a qual Jesus teria a natureza de Adão após a queda, com as tendências herdadas para o pecado – embora não com as tendências cultivadas) discutia o assunto com outro adventista pré-lapsariano. A certa altura, o primeiro disse: “Você não compreende esses assuntos porque bebe Coca-Cola. Deve estar com a mente embotada.” O segundo, então, respondeu: “Na verdade, depois que me tornei adventista, nunca mais bebi Coca-Cola e sempre procurei ser temperante.” Este diálogo mais ou menos fictício (e bem minimalista) mostra um fenômeno interessante (mas que não pode ser generalizado): indivíduos que nasceram em lar adventista e, infelizmente, tiveram maus exemplos por parte de alguns adventistas próximos, quando conhecem a mensagem do reavivamento e da reforma (especialmente no que tange às mudanças alimentares) – e começam a vivê-la – pensam algo mais ou menos assim: “Agora eu descobri o verdadeiro adventismo.” Isso não é necessariamente ruim, desde que se trate de uma conversão genuína. O problema é quando essas pessoas começam a olhar de cima para seus irmãos, como se eles não estivessem vivendo a mensagem. Outros ainda passam a se dedicar ao estudo de um assunto apenas, até que este se torne praticamente sua única bandeira, o tema todo-absorvente de suas pesquisas e pregações. Consideram-se donos de uma luz especial que os demais não conseguem ver. Esquecem-se de que Deus conduz um povo, não ramificações, e desconfiam de todos os que não vivem à altura do padrão adotado por eles.
Satanás é especialista em dividir para conquistar. Quando consegue utilizar uma necessidade real e importante (como a reforma) para causar divisão, melhor ainda para ele. Os extremos dessa questão são perigosos: por um lado, (1) desconsiderar o apelo ao reavivamento e à reforma (que tem que ver com todos os aspectos da vida, não apenas com a dieta), por outro (2) distorcer a ideia da reforma, a ponto de considerar as mudanças no estilo de vida como uma credencial para o Céu.
Convido-o a analisar com cuidado e atenção o seguinte texto inspirado: “Era possível a Adão, antes da queda, formar um caráter justo pela obediência à lei de Deus. Mas deixou de fazê-lo e, devido ao seu pecado, nossa natureza se acha decaída, e não podemos tornar-nos justos. Visto como somos pecaminosos, profanos, não podemos obedecer perfeitamente a uma lei santa. Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual pudéssemos satisfazer às exigências da lei de Deus. Mas Cristo nos proveu um meio de escape. Viveu na Terra em meio de provas e tentações como as que nos sobrevêm a nós. Viveu uma vida sem pecado. Morreu por nós, e agora Se oferece para nos tirar os pecados e dar-nos Sua justiça. Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis então, por pecaminosa que tenha sido vossa vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter, e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado” (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 62; grifos meus).
Vamos pontuar:
1. Antes da queda, portanto com sua natureza humana perfeita, Adão poderia formar caráter justo pela obediência à lei de Deus. Logo, após a queda, isso não mais é possível.
2. Depois do pecado, nossa natureza se acha decaída e somos incapazes de nos tornar justos.
3. Somos pecaminosos, profanos e, por isso, não podemos obedecer perfeitamente a uma lei santa, porém, “se está no coração obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o melhor serviço do homem, e supre a deficiência, com Seu próprio mérito divino” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 382).
4. Cristo, que possuía a natureza moral de Adão antes da queda (não, porém, a física), viveu uma vida sem pecado e cumpriu perfeitamente a lei de Deus.
5. Cristo Se oferece para nos tirar os pecados e dar-nos Sua justiça. Assim somos considerados justos.
6. Quando aceitamos Jesus como Salvador (justificação), o caráter dEle substitui o nosso, e somos aceitos diante de Deus como se não houvéssemos pecado.
Outro texto para sua consideração: “Os serviços religiosos, as orações, o louvor, a penitente confissão do pecado, sobem dos crentes fiéis, qual incenso ao santuário celestial, mas passando através dos corruptos canais da humanidade, ficam tão maculados que, a menos que sejam purificados por sangue, jamais podem ser de valor perante Deus. Não ascendem em imaculada pureza, e a menos que o Intercessor, que está à mão direita de Deus, apresente e purifique tudo por Sua justiça, não será aceitável a Deus. Todo o incenso dos tabernáculos terrestres tem de umedecer-se com as purificadoras gotas do sangue de Cristo. Ele segura perante o Pai o incensário de Seus próprios méritos, nos quais não há mancha de corrupção terrestre. Nesse incensário reúne Ele as orações, o louvor e as confissões de Seu povo, juntando-lhes Sua própria justiça imaculada. Então, perfumado com os méritos da propiciação de Cristo, o incenso ascende perante Deus completa e inteiramente aceitável” (Ellen White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 344).
Nem o que de melhor possamos oferecer – nossas orações, o louvor e as confissões – é considerado imaculado diante do Deus santo – imagine a guarda do sábado, a fidelidade, o estilo de vida, etc. Seres humanos imperfeitos jamais poderão prestar obediência perfeita, no entanto, Jesus nos diz: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (João 14:15). Nossa motivação para a obediência deve ser o amor. Quem ama, procura agradar ao objeto de seu amor e aceita por amor aquilo que Cristo coloca à sua disposição. E, quando reconhecemos que Deus somente visa ao nosso bem (a ponto de ter morrido por nós), entendemos que a obediência aos mandamentos dEle, na verdade, nos serve de proteção. É sempre o melhor para nós.
Ellen White também diz que “a salvação é inteiramente um dom gratuito. A justificação pela fé está fora de controvérsia. E toda essa discussão estará terminada logo que seja estabelecida a questão de que os méritos do homem caído, em suas boas obras, jamais poderão obter a vida eterna para ele” (Fé e Obras, p. 20). Agora pense: se Jesus tivesse as tendências para o pecado (ainda que somente as herdadas), as boas obras dEle não serviriam nem para salvá-Lo; imagine para nos salvar...
É preciso entender que a perfeição bíblica se resume no amor desinteressado, conforme descrito em Mateus 5:43-48. Devemos ser perfeitos em nossa esfera (relativa) como Deus o é na dEle (absoluta).
“Aquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).
“Sabeis também que Ele Se manifestou para tirar os pecados, e nEle não existe pecado” (1 João 3:5).
O texto a seguir é muito claro. Os “perfeccionistas” dizem que, quanto mais avançarmos na santificação, menos precisaremos nos arrepender. No segundo parágrafo, Ellen White diz exatamente o contrário disso: “A santificação não é obra de um momento, de uma hora, de um dia, mas da vida toda. [...] Enquanto reinar Satanás, teremos de subjugar o próprio eu e vencer os pecados que nos assaltam; enquanto durar a vida não haverá ocasião de repouso, nenhum ponto a que possamos atingir e dizer: ‘Alcancei tudo completamente.’ A santificação é o resultado de uma obediência que dura a vida toda. [...]
“Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, e quanto mais claramente distinguirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais claramente veremos a excessiva malignidade do pecado, e tanto menos nutriremos o desejo de nos exaltar a nós mesmos. Haverá um contínuo anelo da alma em direção a Deus, uma contínua, sincera, contrita confissão de pecado e humilhação do coração perante Ele. A cada passo para frente em nossa experiência cristã, nosso arrependimento se aprofundará” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 560, 561).
Outro texto para se considerar cuidadosamente: “Seja cuidadoso, extremamente cuidadoso, ao tratar da natureza humana de Cristo. Não O apresente perante as pessoas como um homem com propensões para o pecado. Ele é o segundo Adão. O primeiro Adão foi criado como um ser puro, sem pecado nem mancha alguma de pecado sobre ele; era a imagem de Deus. Poderia cair, e de fato caiu ao transgredir. Por causa do pecado, sua posteridade nasceu com inerentes propensões para a desobediência. Mas Jesus Cristo era o Filho unigênito de Deus. Ele tomou sobre Si a natureza humana, e foi tentado em todas as coisas como a natureza humana é tentada. Ele poderia ter pecado; poderia ter caído, mas por nem um momento sequer houve nEle uma má propensão” (Ellen White, Carta 8, 1895).
Até a glorificação (na segunda vinda de Jesus), jamais poderei dizer que não existe pecado em mim. Mas em Cristo – nosso amado Substituto – há poder para vencer o pecado (atos e pensamentos). E Deus, somente Ele, seja louvado por isso!
por Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia
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Como um teólogo aspirante, escrevi meu primeiro trabalho de pesquisa a respeito dos textos de Isaías 14 e Ezequiel 28 – passagens que os adventistas tradicionalmente interpretam como sendo referentes a Satanás e à origem do mal no Céu. Seguindo a pista de comentários da alta crítica, cheguei à desconcertante conclusão de que essas passagens se referem nem a um nem a outro. Consequentemente, senti que os adventistas não deveriam mais citar essas supostas evidências bíblicas para sustentar sua compreensão acerca de como o Grande Conflito começou.
Entretanto, estudos mais aprofundados revelaram que, até o surgimento da crítica histórica à época do Iluminismo, os cristãos em geral interpretavam Isaías 14 e Ezequiel 28 da mesma maneira que os adventistas interpretam hoje. E, recentemente, encontrei evidências exegéticas convincentes de que Isaías e Ezequiel estavam, de fato, se referindo a Satanás nessas passagens.
Enquanto era estudante em nosso seminário, Jose Bertoluci escreveu uma dissertação que compromete seriamente a visão crítica de que os dois profetas descrevem apenas inimigos terrenos históricos de Israel. Intitulado “O Filho da Alva e o Querubim Cobridor no contexto do conflito entre o bem e o mal”[1], o artigo de Bertoluci mostra que cada passagem se transfere do domínio local e histórico dos reis terrestres para o âmbito sobrenatural no qual Lúcifer interpretou seu sedicioso papel. Descobri mais evidências que suportam esse deslocamento conceitual em Ezequiel 28 – do “príncipe” terreno (nagid, o rei de Tiro, versos 1-10) para o “rei” cósmico (melek, o soberano sobrenatural de Tiro, o próprio Satanás, versos 11-19). Descobri também que esse julgamento sobre o querubim caído ocorre no clímax do livro inteiro.[2] Desse modo, a evidência bíblica suporta fortemente a exegese tradicional: o mal teve sua origem em Lúcifer, o querubim cobridor.
Até alguns meses atrás, entretanto, um conceito adventista muito familiar a respeito do advento do Grande Conflito parecia não ter mais do que um suporte bíblico meramente inferencial. Refiro-me às alegações de que, antes de sua queda, Satanás se pôs entre os anjos a difamar o caráter e o governo de Deus. Nos livros Patriarcas e Profetas e O Grande Conflito, em torno de 16 páginas tratam desse assunto, com base em informações a respeito de Satanás tais como o fato de ele ter sido chamado “homicida desde o princípio, [...] um mentiroso” (João 8:44, RSV) e “o acusador de nossos irmãos” (Apocalipse 12:10, RSV). Mas existe alguma base bíblica mais explícita para a acusação de “calúnia celestial”?
Acredito que sim. Por um feliz acaso, eu estava examinando uma afirmação recente de que a maior parte da descrição de Satanás em Ezequiel 28 seria apenas simbólica porque, como foi argumentado, ele é descrito como sendo engajado em uma “abundância de [...] comércio” (verso 16, NKJV) e, obviamente, Lúcifer não é literalmente um mercador celestial. Na etimologia da palavra hebraica para “comércio”, fiz uma surpreendente e empolgante descoberta. O verbo rakal, do qual esse substantivo deriva, literalmente significa “andar por aí, de um para outro (para comércio ou conversa fútil)”.[3] O substantivo derivado rakil – encontrado seis vezes no Antigo Testamento, uma delas em Ezequiel 22:9 – significa “caluniador” ou “mexeriqueiro”. O outro substantivo derivado, rkullah – que é o termo usado para “comércio” em Ezequiel 28:16 – aparece somente nesse livro, e todas as suas quatro ocorrências têm que ver com Tiro (26:12; 28:5; 16, 18).
A maior parte das versões modernas traduzem rkullah como “tráfico”, “comércio” ou “mercadoria” – o que faz sentido, se aplicado somente à Tiro histórica, uma cidade mercante, como contexto único da palavra. Entretanto, em referência às representações do querubim cobridor em 28:16 e 18, a noção de comércio não parece se aplicar tão bem. O notável crítico exegeta Walther Eichrod comenta: “A descrição da transgressão é um pouco inesperada, já que o comércio aqui é subitamente representado como sendo a origem da iniquidade.”[4]
Uma resposta que acomoda ambas as interpretações, “comércio” e “calúnia”, pode ser encontrada, creio eu, em um recurso literário conhecido como “paranomasia” – um jogo com o significado da palavra. Já que o substantivo rkullah é derivado do verbo que significa “andar por aí, de um para outro, para fins de comércio ou de conversa fútil/difamação” – parece provável que Ezequiel tenha escolhido esse raro termo hebraico (ao invés do termo mais comum para comércio, sahar) justamente por causa de seu possível duplo significado. A Tiro histórica claramente “andou por aí, de um para outro” para fins de comércio com outras nações. De maneira semelhante, o derradeiro governante de Tiro, Satanás (versos 11-19), no celeste “monte de Deus”, também andou por aí, de um para outro – mas não para negociar, e sim para espalhar calúnia e difamação entre os anjos. Ambos os governantes, o terrestre e o espiritual, praticaram “tráfico”: o primeiro, de mercadorias; o segundo, de calúnias contra Deus.[5]
O contexto imediato de Ezequiel 28:16 retrata a queda do Querubim Cobridor da perfeição (verso 15) para o orgulho (verso 17). Nesse cenário, os versos 16 e 18 traçam seus subsequentes passos para a perdição. O verso 16 pode ser mais bem traduzido da seguinte maneira: “Na multiplicação da tua difamação [rkullah], se encheu o teu [de Satanás] interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus...” Com hábeis pinceladas, Ezequiel pinta o retrato de Lúcifer difamando a Deus, um primeiro passo em direção à definitiva rebelião aberta e violenta descrita tão bem por João como “guerra no Céu” (Apocalipse 12:7, NIV). Ezequiel 28:18 revela que, após sua expulsão do Céu, o querubim caído continua a sua “iniquidade de difamação [rkullah]” contra Deus. O versículo também registra a sentença divina contra Satanás: destruição pelo fogo por causa da “multidão de suas iniquidades”.
A sediciosa difamação celestial de Satanás contra Deus nos primeiros momentos do Grande Conflito não é uma adição adventista extrabíblica à história; é, na verdade, uma admirável verdade bíblica!
(Richard M. Davidson é professor de Antigo Testamento na Universidade Andrews, nos EUA)
Referências:
1. Jose M. Bertoluci, “The Son of the Morning and the Guardian Cherub in the Context of the Controversy Between Good and Evil”, dissertação de Th.D., Andrews University Seventh-Day Adventist Theological Seminary, 1985 (disponível a partir de University Microfilms, University of Michigan, P.O. Box 1346, Ann Arbor, MI 48106-1346).
2. Richard M. Davidson, “Revelation/Inspiration in the Old Testament”, Issues in Revelation and Inspiration, Adventist Theological Society Occasional Papers, v. 1, Frank Holbrook e Leo Van Dolson, eds. (Berrien Springs, Mich.: Adventist Theological Society Publications, 1992), p. 118, 119.
3. Francis Brown, S. R. Driver e Charles A. Briggs, eds., The New Brown, Driver and Briggs Hebrew and English Lexicon of the Old Testament (Grand Rapids, Mich.; Baker Book House, 1981), p. 940.
4. Walter Eichrodt, Ezekiel: A Commentary, Old Testament Library (Philadelphia: Westminster Press, 1970), p. 394.
5. Apocalipse 18 parece capturar esse nuance dúbio utilizado por Ezequiel. Em uma passagem claramente alusória a Ezequiel 28, o anjo fala sobre a “mercadoria” de várias coisas materiais nos versos 12 e 13, mas a listagem termina transferindo-se para o âmbito espiritual: “mercadorias de [...] almas humanas” (KJV).
Via Criacionismo
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