domingo, 6 de março de 2016

A Bíblia Manda Odiar o Pai e a Mãe em Nome de Jesus? – Lucas 14:26





“Se alguém vem a Mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo”. Assim foi traduzido este verso na Almeida Revista e Atualizada no Brasil, mas com a seguinte nota ao pé da página: “Aborrecer – isto é, amar menos. Mateus 10:37”.
O verbo aborrecer parece ser uma amenização do texto original, onde se encontra o verbo miseo, que significa odiar.
A Bíblia de Jerusalém verte o texto da seguinte maneira: “Se alguém vem a Mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser Meu discípulo” – explicando que esta construção é um hebraísmo, onde Jesus não exige ódio, mas desapego completo e imediato.
O Novo Testamento Vivo transmite com muito mais propriedade o sentido exato da declaração de Cristo: “Todo aquele que quer ser Meu seguidor deve amar-Me bem mais do que ao seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos ou irmãs; sim, mais do que a própria vida; caso contrário, não pode ser Meu discípulo”.
A Bíblia na Linguagem de Hoje também o traduz sem deixar nenhuma margem para dúvida quanto ao que Cristo quis dizer.
Uma exegese correta nos mostrará que não há necessidade para preocupações, pensando que Cristo exige ódio aos familiares para poder tornar-se Seu discípulo.
O procedimento de Cristo no lar e Seu ensino nos é muito útil para elucidar o que Ele queria dizer.
Se Lucas declarasse ódio aos parentes como condição essencial para tornar-se cristão, como entendemos em nossa linguagem ocidental, estaria em contradição consigo  mesmo ao declarar que até aos trinta anos Jesus era submisso aos Seus pais (Lucas 2:51).
Lucas 18:20 relata a impressionante cena do moço rico, que afirma ter guardado os mandamentos de Deus, e, ao citar cinco deles, conclui com o “honrar pai e mãe”. Jesus não condena este procedimento de respeito e obediência aos pais.
Uma explicação literal de Lucas 14:26 colocaria Cristo em conflito com o que Ele apresenta na Parábola do Filho Pródigo, considerada a pérola das parábolas. Seria uma narrativa conflitante a terna e comovente história do afeto paterno para com o filho extraviado em relação com Lucas 14:26.
De Seus ensinos, a declaração mais enfática se contra em Marcos 7:10 – “Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe, e quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, seja punido de morte”.
Este verso é uma introdução para condenar o falso sentimento de religiosidade expresso com o objetivo final de prejudicar os próprios genitores. Havia judeus tão apegados aos bens materiais que engendraram um plano para não ajudar os pais necessitados. O plano era oferecer a Deus os próprios bens. Cristo condena tal atitude fingida, porque ela se opõe ao mandamento divino que ordena honrar aos pais. Cristo aqui apresenta um caso de prioridades, isto é, a ajuda e a honra aos pais têm precedência sobre a oferta material a Deus.
Com a declaração de que os discípulos de Cristo devem “odiar os familiares”, Ele está apresentando uma subordinação de valores, isto é, os afetos mais íntimos não devem embaraçar a nossa ligação total a Deus.
Os comentaristas em geral mandam ver Mateus 10:37, que expressa com objetividade a verdadeira significação desta passagem: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim”.
Lucas 14:26 será compreendido quando sabemos que existe aqui um idiomatismo hebraico, semelhante aos encontrados em Gênesis 29:30-31 e Deuteronômio 21:15-17, onde aparece a palavra odiar significando amar menos.
Ângelo Pena, no livro Cem Problemas Bíblicos, pág. 326, concluiu a explicação desta passagem da seguinte maneira: “Mas por que usa Lucas o termo ‘odiar’? Pelo simples motivo que, no estilo oriental, amante da ênfase, prefere-se assinalar uma oposição aparentemente radical (ódio-amor), mesmo quando se quer manifestar uma subordinação precisa ou um grau diverso de sentimento afetivo. Os casos desse contraste, justamente com os dois verbos famosos, são muito numerosos no Novo Testamento e, mais ainda, no Antigo. Conhecemos essa tendência do estilo oriental; muitas vezes, porém, nos esquecemos. Para evitar explicações ilógicas basta ter presente o princípio e examinar os ditos de Jesus não separados, mas no conjunto e confrontando-os entre si. Então se vê logo que não existe o problema de conciliar o quarto mandamento com a máxima de odiar os parentes. As duas normas supõem uma perspectiva diversa. No fundo, Jesus com aquelas palavras quis simplesmente aplicar o princípio do maior preceito: amor a Deus e ao próximo. Este último, mesmo se referindo às pessoas mais caras, deve ser subordinado ao primeiro”.
A explicação apresentada para esta passagem pelo Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág.894, não deve ser desprezada: “A Escritura torna claro que o verbo odiar não está empregado no sentido usual da palavra. Na Bíblia, ‘odiar’ frequentemente deve ser compreendido simplesmente como uma típica hipérbole oriental, significando ‘amar menos’ (veja Deuteronômio 21:15-17). Este fato é salientado claramente na passagem paralela, onde Jesus diz: ‘Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno à mim’ (Mateus 10:37). Esta impressionante hipérbole é aparentemente usada para impressionar o seguidor de Cristo de que sempre na vida precisa escolher em primeiro lugar o Reino dos Céus”.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

sábado, 5 de março de 2016

Pr. Rodrigo Silva - Sentido da Vida - Espaço Novo Tempo Fortaleza

quinta-feira, 3 de março de 2016

“Fomos planejados”, diz cientista

 

Foi por meio de um livro publicado pela Casa Publicadora Brasileira que Everton Fernando Alves teve seu primeiro contato com a Teoria do Design Inteligente (TDI). “Fiquei impressionado e interessado pelo tema ao ponto de ir pesquisar na internet se as evidências apresentadas faziam sentido ou não”, conta Alves, que é mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com ênfase em imunogenética. Depois de ler Por Que Creio, de autoria do jornalista Michelson Borges, ele concluiu: “As evidências de design na natureza não só fazem sentido, como também consistem na melhor explicação para a complexidade percebida com meus próprios olhos nas estruturas biológicas.” “Para mim, o design inteligente foi uma porta de entrada ao criacionismo que, a meu ver, é muito mais amplo”, acrescenta. Desde então, o jovem pesquisador, de 31 anos, tem dado grande contribuição no país para a disseminação dessa teoria que ganhou status científico há pouco mais de duas décadas. Além de ser autor de dezenas de artigos publicados na área das ciências da saúde e ter escrito o e-book Teoria do Design Inteligente: Evidências científicas no campo das Ciências Biológicas e da Saúde (lançado em 2015), Everton Alves foi convidado recentemente pelo editor de uma importante publicação científica para apresentar e defender a TDI.



Segundo ele, o trabalho publicado na revista Clinical and Biomedical Research consiste na primeira divulgação científica brasileira sobre design inteligente numa revista revisada por pares no campo da biomedicina (para ler a publicação na íntegra, clique aqui). “Minha contribuição ao periódico é apenas o primeiro de muitos trabalhos de divulgação científicos que estão sendo elaborados e serão publicados também no Brasil pela Sociedade Brasileira do Design Inteligente, a partir de 2016”, ele enfatiza.



Nesta entrevista, concedida à Revista Adventista, Everton, que é membro da Igreja Adventista Central de Maringá e atua como diretor de ensino do Núcleo Maringaense da Sociedade Criacionista Brasileira (NUMAR-SCB), comenta sobre a abertura no meio científico para a divulgação de cosmovisões contrárias ao evolucionismo e explica em quais aspectos a Teoria do Design Inteligente e o criacionismo bíblico concordam ou não.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A que Sábado se refere Paulo em Colossenses 2:16?





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Para melhor compreender este verso é preciso estudá-lo bem no seu contexto, especialmente Colossenses 2:14-17:

“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.

Nosso estudo tem como finalidade primordial provar que a palavra “sábados”, de Colossenses 2:16, se refere aos sábados cerimoniais; logo, é distinta do vocábulo sábado – o sétimo dia da semana. O termo sábado é usado 59 vezes em o Novo Testamento para o sétimo dia da semana e uma vez, no plural, nesta passagem, com referência a festas cerimoniais.

Os que se opõem à lei de Deus se apegam a algumas passagens, que no seu entender “refutam o conceito sabatista”. Dentre estas passagens, uma das mais citadas é Colossenses 2:16.

Russell Norman Champlin apresenta extenso comentário para este verso visando provar que o vocábulo “sábados” se refere ao sábado do quarto mandamento. Segue-se uma pequena parte:

“… ou sábados … O plural com frequência representa o singular, talvez por analogia com ‘dias de festa’ (plural). Alguns eruditos pensam que o sábado normal está particularmente em foco, neste ponto ou pelo menos, que o mesmo não é excluído… Mas parece certo que está mesmo em foco o sétimo dia da semana (e que o plural é usado em lugar do singular)” (O Novo Testamento Interpretado, vol. 5, pág. 124).

Valter R. Martin, no livro The Truth About Seventh-day Adventism, se valeu da mesma dialética e textos bíblicos usados pelas igrejas tradicionais para refutar algumas de nossas crenças, como a vigência da lei e do sábado na dispensação cristã. Como prova de que os cristãos não necessitam mais de guardar o sábado ele menciona Colossenses 2:13-17:

“Primeiro, nós que estávamos mortos, temos sido vivificados em Cristo, e foram-nos perdoados todos os nossos pecados e transgressões. Somos livres da condenação da lei em todos os seus aspectos, pois Cristo assumiu nossa condenação na cruz. Como já foi observado, não há duas leis, moral e cerimonial, mas apenas uma lei contendo muitos mandamentos, todos perfeitamente cumpridos na vida e morte do Senhor Jesus Cristo”.

Na página 162 ele afirma: “De todas as declarações do Novo Testamento, estes versos são os que mais fortemente refutam a reivindicação sabatista para observar o sábado judeu”. Declara ainda que “o sábado como lei se cumpriu na cruz e não é mais obrigatório para os cristãos”.

Crê ele que estamos desobrigados de guardar a lei porque ela é contra nós e foi pregada na cruz. Afirma que suas declarações são irrefutáveis porque se baseiam em leis da gramática e no contexto.

Cremos nós que suas afirmações são facilmente contestadas.

1º) Não há diferença entre lei moral e cerimonial.

Inúmeros comentaristas protestantes fazem esta distinção. Mateus Henry, presbiteriano, em seu Comentário das Escrituras, declarou:

“Sob o Evangelho ficamos libertos do jugo da lei cerimonial e da maldição da Lei moral…”.

“A lei moral não foi senão para a localização da ferida, e a lei cerimonial serviu como sombra precursora do remédio; Cristo, porém, é o fim de ambas”.

A Confissão de Fé de Westminster, A Segunda Confissão Helvética, e outros credos protestantes, assinalam as diferenças entre estas duas leis.

2º) A lei foi cumprida pela vida e morte de Cristo.

Sim Cristo cumpriu a lei, mas isto jamais quis dizer que a lei foi anulada, significa sim que o Senhor Jesus viveu inteiramente de conformidade com a lei. Se cumprir a lei significa suprimi-la, cumprir a justiça de Mateus 3:15, quer dizer extingui-la. Esta afirmação é simplesmente absurda.

3º) A lei é contra nós.

Como pode alguma coisa que é contra nós ser chamada pelo apóstolo Paulo de santa, justa e boa (Romanos 7:12)? Paulo jamais condenou a lei, mas, sim, o mau uso da lei (legalismo). Em seus escritos ele salientou bem esta verdade: A lei não tem função salvadora.

Em sua defesa de que o termo “sábados” de Colossenses 2:16 se refere ao sétimo dia da semana, Walter R. Martin cita Vine, Alford e Vincent como autoridades que defendem a conveniência de traduzir a palavra “sábados” pelo singular sábado. Acrescenta ele que “a erudição moderna e conservadora estabelece a tradução singular de sábado”.

Esta não é bem a realidade, desde que os eruditos não defendem que é preciso traduzi-la no singular, mas meramente afirmam que pode ser traduzida de uma ou de outra maneira.

Não podemos desconhecer o fato de que muitas formas plurais, tanto na Septuaginta como em o Novo Testamento, devem ser traduzidas pelo singular, como nos confirmam as seguintes passagens: Êxodo 16:23 e 25; 20:8; Deuteronômio 5:12; Mateus 12:1; 28:1; Lucas 4:16.

Várias explicações têm sido apresentadas para esta peculiaridade da língua grega, porém, a que mais nos satisfaz é a do eminente estudioso A. F. Robertson, em A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research, págs. 95, 105. Sugere ele que as duas formas, sábbaton e sábbata, conquanto aparentemente sejam o singular e o plural da mesma palavra, em realidade são o singular de palavras diferentes. Defende ele que o termo hebraico shabbath, “sábado”, é a fonte lógica do termo comum grego sábbaton. Nos tempos pós-exílicos, porém, o aramaico era generalizadamente usado na Palestina, e seu termo para “sábado” é shabbethá, palavra que bem poderia haver sido introduzida no grego como sábbata. Assim sábbaton foi sempre um termo singular, ao passo que sábbata poderia ser singular ou plural, dependendo se era usada como derivada do aramaico ou como o plural de sábbaton.

Diante desta exposição é evidente que o nosso argumento do uso do plural em Colossenses 2:16 para os sábados cerimoniais não apresenta muita estabilidade, em face de que o original sábbaton, ali usado, pode tanto ser singular como plural.

O argumento mais válido para comprovar a natureza cerimonial desses “sábados” se encontra em seu contexto.

O “sábado” a que o apóstolo Paulo se refere está relacionado com comidas, bebidas, festas judaicas e lua nova. Eram observâncias dos judeus que Paulo classifica como sombras das coisas futuras. A frase “sombra das coisas futuras” ou “que haviam de vir”, como aparece em outras traduções, é a chave que nos abre o entendimento para a compreensão do verso 16.

O Comentário Bíblico Adventista acrescenta: “Todos os itens alistados neste verso são sombras ou tipos representativos da realidade que é Cristo”.

Sobre esta passagem, Albert Barnes, comentador presbiteriano, bem observou:

“Não existe nenhuma evidência nesta passagem que ele (Paulo) pudesse ensinar de não haver nenhuma obrigação de observar algum tempo sagrado, porque não há a mais leve razão para crer que ele pretendesse ensinar que um dos dez mandamentos tivesse cessado a sua obrigatoriedade para o ser humano. Ele tinha seus olhos sobre o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festas, como parte de sua lei cerimonial e típica, e não a lei moral ou os dez mandamentos. Nenhuma parte da lei moral, nenhum dos 10 mandamentos poderia ser chamado como ‘uma sombra das coisas por vir’.Estes mandamentos são da natureza da lei moral, de aplicação perpétua e universal”.

Infelizmente existem pessoas bem intencionadas, mas pouco esclarecidas quanto às doutrinas bíblicas que desconhecem o fato de que as Escrituras mencionam o sábado da criação ou do decálogo e os sábados, feriados religiosos dos judeus, que caíam nos diferentes dias da semana como acontece com as nossas datas cívicas, natalícias etc.

Nesses dias festivos havia uma “santa convocação”, pois eram também dias de descanso, por isso a mesma palavra hebraica é usada para o sábado e para os dias de festa.

João 19:31 é assim traduzido em A Bíblia na Linguagem de Hoje:

“Então os líderes judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos que tinham sido crucificados e mandasse tirá-los das cruzes. Pediram isso porque era sexta-feira e não  queriam que, no sábado, os corpos ainda estivessem nas cruzes. E aquele sábado era especialmente santo”.

A razão para esta santidade especial é simplesmente esta. Nele também se comemorava a páscoa, outro dia feriado, dia de descanso, isto é, outro sábado cerimonial.

Nos capítulos 16 e 23 de Levítico, e 28 e 29 de Números, estão enumerados os chamados sábados cerimoniais, ou sejam: o Dia da Expiação, a Páscoa, a Festa dos Pães Asmos, a Festa da Colheita (ou Pentecostes), a Festa das Trombetas e a Festa dos Tabernáculos.

Arnaldo Christianini, em Subtilezas do Erro, pág. 110 escreveu:

“É irrecusável que a Bíblia chama de ‘sábados’ estes dias festivais que nada tinham a ver

com o descanso semanal, ou o sábado do decálogo. Estes sábados cerimoniais estavam no livro de Moisés, e não nas tábua dos dez mandamentos, que só mencionam o sábado do sétimo dia, comemorativo da Criação, ‘porque em seis dias fez o Senhor os céus, a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou'” (Êxodo 20:11).

“Os sábados festivais foram instituídos no Sinai, após a entrega da lei de Deus, ao passo que o sábado semanal o foi na Criação (Gênesis 2:2-3) e incorporado na lei moral, precedido de um imperativo ‘Lembra-te‘. Não pode haver confusão. Além disso, a própria Bíblia estabelece uma linha divisória entre eles, no verso 38, de modo a não deixar dúvidas: ‘Estas são as festas do Senhor independentemente dos sábados do Senhor.’ E também independentemente de ofertas, sacrifícios e outras exigências. Eram festas especiais e soleníssimas. Bem distintas. Convenhamos que os sábados do Senhor, os do sétimo dia, já existiam quando foram instituídos os sábados festivais. ‘Exceptio sabbatis Domino…’ – diz a versão de Jerônimo”.

Sobre Colossenses 2:16 e 17, eis o que diz o mesmo autor:

“a) Estes “sábados” aí estão associados a dias de festa e Lua nova, que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados fixos. Ora, o sábado do decálogo não tem esta natureza. Não era festivo nem típico;

“b) Estes “sábados” estão incluídos entre instituições que eram ‘sombras das coisas futuras’ – prefigurações de fatos que ainda estavam por vir. O sábado do decálogo é comemorativo de um fato passado: a Criação. Não era sombras de coisas futuras. Sem dúvida, o texto se refere aos sábados cerimoniais” (pág. 112 do livro já citado).

Os comentários acima são respaldados pelas opiniões de eruditos tais como Jamieson, Fausset, Brown, Adam Clarke e Albert Barnes, entre outros, todos da comunidade evangélica.

“Em Oseias 2:11 está profetizado o fim da observância de todos os tipos de sábados por parte do povo judeu. Mas isto em função do castigo divino que tornaria a terra de Israel uma desolação, com a destruição do templo e seus serviços religiosos. Basta ler o contexto da passagem, ou mesmo to do o livro de Oséias, para percebê-lo” (O Atalaia, dezembro de 1977, pág. 22).

A citação de Colossenses 2:14-17 como prova de anulação do quarto mandamento do decálogo é um dos maiores disparates no campo da exegese bíblica.

Walter R. Martin acusa os adventistas de não fazerem exegese (explicação correta), mas eisegesis (extrair um sentido não explícito). Além disso ainda nos acusa de ignorarmos a gramática e o contexto. São incríveis suas afirmações quando se constata que não há nada no contexto para provar que a expressão “sábados” se refira ao sétimo dia da semana.

Temos uma destas provas na tradução de Colossenses 2:17 em O Novo Testamento Vivo:

“Estes eram preceitos apenas temporários, que terminaram quando Cristo veio. Eram apenas sombras da realidade do próprio Cristo”.

Paulo torna claro este fato: os ensinos bíblicos visando orientar os homens para a vinda de Cristo perderam toda a significação após a Sua vinda.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Que Bebida Ofereceram a Jesus na Cruz: Vinho ou Vinagre? – Mateus 27:4

Algumas traduções, como por exemplo a King James Version, apresentam Mateus 27:34 da seguinte maneira:

“Deram-Lhe a beber vinagre misturado com fel, e tendo Ele provado não o quis beber”.
A maioria das traduções baseadas em melhores manuscritos originais, como a Almeida Revista e Atualizada no Brasil trazem:
“Deram-Lhe a beber vinho com fel ; mas Ele, provando-o, não o quis beber”.
A Crítica Textual nos esclarece que o texto grego usado pelos eruditos tradutores da King James não era dos melhores.
A evidência de que a tradução correta deve ser vinho e não vinagre, nós a temos, porque esta é a palavra que aparece nos mais antigos manuscritos, como Alef, Vaticano ou B, Y, Família dos minúsculos, bem como nas versões latinas, na siríaca e em outras.
Vinagre, em vez de vinho, aparece nos manuscritos da Família Bizantina, cuja recensão feita em Antioquia não foi das melhores, como atestam os estudiosos da Crítica Textual.
Parece não haver tanta divergência assim quando sabemos:
1º) Que as palavras vinho e vinagre eram usadas como sinônimas, desde que vinagre era um vinho azedo misturado com água, dado aos soldados.
2º) Que a palavra vinagre aparece no verso 48, sendo confirmada por todos os manuscritos.
3º) Creem alguns comentaristas que ofereceram a Jesus uma bebida na qual se encontrava vinho e vinagre.
Segue-se o comentário de Russell Norman Champlin:
“O trecho de Marcos 15:23 diz ‘mirra‘ ao invés de ‘fel‘. A mirra dava ao vinho azedo um melhor sabor, e, tal como o fel, produzia um efeito narcótico e estupefaciente. Não é impossível que ambos os elementos tivessem sido usados na bebida que Jesus provou e Se recusou a beber; contudo, o mais provável é que os escritores dos evangelhos simplesmente empregaram termos diferentes para expressar uma e outra coisa – os elementos postos no vinho a fim de dar-lhe um efeito narcótico; e, para eles, a identificação exata desse elemento não era tão importante como parece ser para os modernos harmonistas. Lemos na história que esse tipo de bebida era usado para diminuir os sofrimentos dos soldados feridos. E era costumeiro dá-la às vítimas da crucificação, para que suas dores fossem suavizadas. Por quanto tempo amortecia as dores, não sabemos dizê-lo, mas provavelmente não conseguia efeito de grande duração.

“Neste versículo temos o cumprimento notável de certa profecia: ‘Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre’ (Salmos 69:21). É bem possível que o fel que aparece no evangelho de Mateus tenha sido escrito, ao invés de ‘mirra’, por causa da influência da profecia que ele provavelmente tinha em mente ao escrever esta seção. O costume de prover tal bebida para os que sofriam era reputado como uma caridade piedosa, por parte dos rabinos, sendo provável que em Provérbios 31:6 houvessem encontrado um texto para tal costume. Esse costume persistia nos tempos dos mártires cristãos” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 1, pág. 632).

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Jesus Cumpriu ou Revogou a Lei? – Mateus 5:17



Uma das afirmações mais absurdas no domínio da exegese de passagens bíblicas é a referente a Mateus 5:17, última parte: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir”.

Que argumentos podem ser invocados para concluir que cumprir a lei signifique não estar mais em vigor?

Apenas um desconhecimento completo do significado das palavras pode levar alguém a afirmar que cumprir signifique apenas cessar, deixar de vigorar. Embora a palavra tenha também este significado, qualquer dicionário nos informará que significa também: observar, obedecer, realizar, completar. A prova máxima, e que o sentido dado por Mateus não é o de cessar ou deixar de vigorar, se encontra na mesma passagem e no verso seguinte: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas”. “Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei”.

Com propriedade escreveu Arnaldo Christianini, em Subtilezas do Erro: “Cumprir não é fazer passar uma lei ou cessar-lhe a vigência, por tê-la satisfeito em exigência ou atendido a seus preceitos, pois se o fosse, então seria nada menos do que ab-rogá-la pura e simplesmente. Mas, no texto, Cristo declarou inequivocamente: não vim ab-rogar. Diz o grande lexicógrafo Webster: ‘cumprir é obedecer‘. É um atendimento à exigência legal, uma satisfação ao preceito. Um cidadão cumpre o dever de votar, por exemplo. Extingue-se a instituição do voto, por ele tê-lo cumprido? Não! A exigência é permanente; o cumprimento é transiente. O cumprimento afeta a pessoa, não a exigência; liga a pessoa à exigência, mas não remove a exigência. Esta só é removível por força de lei superior que expressamente o declare. É princípio de direito e de doutrina. Cristo cumpriu o batismo, mas não o aboliu. Em Gálatas 6:2, se diz: ‘Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo’. Imagine o leitor, se isto significa abolir!”

O que os comentaristas bíblicos disseram sobre esta expressão nos ajuda a equacionar o problema de acordo com o sentido que Cristo lhe deu.

J. Broadus explica Mateus 5:17 assim: “Cumprir é a tradução de uma palavra grega, significando tornar claro, encher… Significa executar plenamente, realizar, aplicado a qualquer obra ou dever”.

Strong, por ser batista, pensa de modo diferente do nosso com respeito à lei, por isso suas a firmações sobre a lei são valiosas. Em sua Teologia Sistemática, comentando Mateus 5:17, afirma: “Jesus devia cumprir a lei e os profetas mediante completa execução da vontade revelada de Deus… Desde que a lei é um transcrito da santidade de Deus, suas exigências como uma regra moral são imutáveis”.

Spurgeon, referindo-se a Mateus 5:17, declarou: “Para mostrar que Ele jamais pensou em ab-rogar a lei, nosso Senhor exemplificou (cumpriu) todos os preceitos em Sua própria vida”.

Jamieson, Fausset e Brown afirmam ser este o sentido de Mateus 5:17: “Não espereis encontrar em meu ensino algo de derrogativo aos oráculos do Deus vivo. Não vim ab-rogar, mas estabelecer a Lei e os Profetas”.

Não há necessidade de acrescentar mais nenhuma prova.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A Profecia que Marcou Sua Chegada

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Haverá Morte na Nova Terra? – Isaías 65:20


Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

“Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado”.

Nossas publicações “O Atalaia” e “Revista Adventista“, através das seções de consultas, em várias ocasiões, têm procurado solucionar o problema desta passagem.

Uma pesquisa feita nestas fontes revelará o seguinte: das explicações dadas, algumas são inaceitáveis por serem vagas e obscuras; outras chegam até a entrar em contradição. Embora os estudiosos não tenham chegado a uma uniformidade sobre o sentido exato daquilo que o profeta tencionava dizer, apresentaremos algumas de suas ideias, concluindo com uma interpretação que parece ser mais consentânea com o contexto, os princípios exegéticos e as doutrinas bíblicas.

Comentários

Muitos leitores da Bíblia ficam perplexos ao lerem esta passagem, porque se a tomarem literalmente, ela fala em morte e pecado na Nova Terra, enquanto outros versos bíblicos são explícitos em declarar que estas coisas não existirão no céu. A Bíblia é bastante clara em afirmar que na Terra renovada as pessoas não morrerão, e pecadores não terão acesso ao Paraíso. Diante destes problemas, alguns julgam que estas palavras têm sentido figurado, e outros apresentam interpretações forçadas, sem base no contexto e não condizentes com os ensinamentos escriturísticos.

O Comentário Bíblico Adventista é útil na elucidação deste problema: “Os adventistas do sétimo dia creem que, falando de modo geral, as promessas e predições dadas pelos profetas do Velho Testamento aplicavam-se originalmente ao Israel literal, e a eles deviam ter-se cumprido sob condição de que obedecessem a Deus e permanecessem leais a Ele. Mas as Escrituras registram que eles desobedeceram a Deus e se demonstraram infiéis a Ele” (Volume 4, Introdução, ponto 5, pág. 12).

Tecendo considerações sobre Isaías 65:17, este mesmo Comentário declara: “Nos versículos 17 a 25, Isaías descreve os novos céus e a nova terra que teriam sido instaurados se Israel atendesse às mensagens dos profetas e cumprisse o propósito divino após a restauração do cativeiro. Israel falhou; portanto, em aplicação secundária, esses versículos apontam para os novos céus e a nova Terra a serem estabelecidos no fim do milênio. No entanto, a descrição deve ser interpretada primeiro sob o aspecto de sua aplicação local, e a aplicação secundária só deve ser feita à luz do que os escritores do Novo Testamento e o Espírito de Profecia dizem a respeito da vida futura” (Volume 4, pág. 354).

Dentre os expositores adventistas de textos difíceis, inegavelmente o que mais se projetou foi Francis Nichol, porém sua explicação para este verso de Isaías não nos satisfaz plenamente. Suas ideias poderiam ser concentradas nestas palavras:

“Isaías 65:20 trata das condições existentes na Nova Terra, bem como das circunstâncias para restaurar a Terra e exterminar o pecado. Este verso deve ser estudado em conexão com Apocalipse 20 a 22.

“Após o milênio haverá um período de tempo suficiente longo para que os ímpios se organizem visando destruir o arraial dos santos. Cem anos será o período entre a ressurreição dos ímpios e sua destruição final. O ímpio que morrer depois de cem anos de existência, sua idade depois da ressurreição, será considerado como uma criança, comparado com a duração da vida dos remidos que é eterna”.

O eminente exegeta Dr. Adam Clarke declara sobre esta passagem:

“A pessoa viverá trezentos ou quinhentos anos como nos dias dos patriarcas e se alguém morrer aos cem anos é por causa do seu pecado; e, mesmo naquela idade, será considerado uma criança, e dirão dele: ‘morreu um infante’”.

Da explicação dada pela Review and Herald, 11/12,/1958, para Isaías 65:20, destacamos esta parte:

“Há, contudo, um princípio de interpretação exposto claramente na Bíblia e no Espírito de Profecia, que permite uma compreensão dessa passagem, sem a forçar nem lhe dar sentido alegórico, e que é ao mesmo tempo lógica e positiva. Resumindo, o princípio é o seguinte: Os profetas de Israel e Judá, que prediziam para o povo escolhido um futuro grandioso, isso faziam na pressuposição de que o povo cumprisse o destino traçado por Deus…

“De acordo com esse princípio, a passagem de Isaías descreve condições que teriam prevalecido no caso de Israel ter atendido à luz do Céu. No estabelecimento de Jerusalém como a poderosa metrópole da Terra, teria havido um período em que as condições ali descritas se teriam cumprido ao pé da letra. Com a benção de Deus a repousar sobre o Seu povo, ter-se-ia abolido a morte prematura. Isso é o que Isaías 65:20 prediz. A tradução de Goodspeed dá assim a última parte do versículo 20: ‘O mais jovem morrerá com cem anos de idade, enquanto aquele que não alcançar cem anos será considerado maldito’. Terá esta passagem qualquer aplicação ao futuro? Sim. Com o fracasso de Israel, as promessas feitas ao Israel antigo se cumprirão na igreja cristã; não, porém, em todos os pequeninos pormenores. Escritores do Novo Testamento nos informam acerca da maneira e alcance desse cumprimento. Daí, essas profecias antigas devem sempre ser estudadas à luz da revelação do Novo Testamento“.

Para melhor compreensão deste verso seria útil ler o contexto referente à época pré-exílica, especialmente os capítulos 63, 64 e 65. No capítulo 63 o profeta inicia uma fervorosa oração para que Deus mudasse a terrível situação em que Israel se encontrava, destacando o deplorável estado de Jerusalém e do templo (64:10-11). Deus respondeu à sua fervorosa prece, a qual está relatada no capítulo 65. Nesta oração é apresentada a situação dos que rejeitaram as advertências divinas e daqueles que as aceitaram.

A leitura dos versos 18 e 19 nos mostram que o relato se refere a Jerusalém terrestre.

Para o profeta a vida seria tão diferente depois do cativeiro e se prolongaria de tal maneira que quem morresse aos cem anos seria ainda jovem.

Outros estudiosos declaram que, com referência ao Israel literal, a expressão “não haverá mais nela criança para viver poucos dias” significa a promessa divina de acabar com a mortalidade infantil.

A declaração “nem velho que não cumpra os seus dias” para Isaías indicava que os anciãos não morreriam antes de haver vivido todo o período designado por Deus.

A proposição: “porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem” tem dado mais trabalho aos exegetas, mas como declarou Adam Clarke se o profeta esperançosamente almejava um período de vida de mais de trezentos anos, aos cem ele seria ainda jovem.

A parte final do verso “quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado” apresenta um problema de tradução, porque de acordo com o hebraico assim deveria ser traduzida: o que não atingir os cem anos é porque é amaldiçoado. O verbo hebraico”chatah” significa atingir, não apresentando a ideia de pecador.

As traduções de Moffatt e The New English Bible confirmam o que estamos defendendo a exemplo da de Goodspeed, já mencionada neste trabalho:

“Lá nenhuma criança morrerá novamente ainda infante, nenhum velho deixará de viver até o fim de sua vida, todo menino viverá seus cem anos antes de morrer, e quem quer que não alcance os cem será amaldiçoado” (The New English Bible).

“Nenhuma criancinha morrerá mais na infância, e nenhum velho que não tenha vivido até o fim seus anos de vida; o que morre mais jovem vive cem anos; qualquer que morrer abaixo de cem anos é porque foi amaldiçoado por Deus” (Moffatt).

Conclusão

A Revista Adventista de abril de 1958, pág. 36, assim concluiu a explicação para esta passagem:

“Afinal o que é necessário para a nossa salvação acha-se na Bíblia medianamente claro. Não será melhor deixar descansar o tão discutido Isaías 65:20, como uma passagem difícil demais para a nossa compreensão, e inteiramente dispensável para a nossa salvação? Do contrário, Deus nos teria revelado seu sentido”.

De todas as explicações apresentadas, a mais razoável parece ser a ventilada neste estudo, isto é, que o verso se refere a Jerusalém literal, que se teria cumprido se os israelitas tivessem sido fiéis a Deus.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Buscando Longe o que está Perto com Dr Rodrigo Silva

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Existe Purgatório Mesmo? – 1Coríntios 3:13



“A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um”.

Os que acreditam no purgatório, assim o definem: lugar onde as almas dos justos são purificadas através de padecimentos. As almas que lá se encontram são chamadas de “pobres” por estarem padecendo; de outro lado são também denominadas “santas”, porque se arrependeram profundamente de seus pecados.

Seus defensores assim o justificam:

Após a morte, os que cometeram pecado mortal irão para o inferno. Aqueles que estiverem na graça de Deus e livres de pecados venais ou mortais irão diretamente para o paraíso. As pessoas cujas faltas não foram expiadas cabalmente permanecerão no purgatório até estarem em condições de irem para o céu.

Segundo os teólogos católicos as pessoas necessitam pagar através do sofrimento as penas devidas aos seus pecados.

Argumentos Católicos em Defesa do Purgatório:

1º) Declarações Bíblicas:

a) Mateus 12:32 – Esta declaração bíblica admite que há pecados que serão perdoados em outra vida.

b) 2Timóteo 1:18 – O apelo a Cristo para obter misericórdia junto de Deus, no dia do juízo, em favor de Onésimo, supõe a convicção de que também após a morte ainda é possível uma sentença mais favorável que a estritamente merecida.

c) 1Coríntios 3:12-15.

d) Mateus 5:26.

e) 2Macabeus 12:39-43 – Nos versos deste livro há referências aos sacrifícios expiatórios pelos que morreram. A Igreja Católica baseada neste relato sentencia: Há um lugar de expiação e pode-se orar pelos mortos, mesmo porque é santo e salutar este procedimento.

Esta declaração, por ser de um livro apócrifo, não é inspirada, por isso contradiz os ensinos dos livros canônicos.

2º) O ensino da tradição e da constante doutrina da Igreja:

Desde os tempos apostólicos os pais da Igreja e outros escritores eclesiásticos pregam tal doutrina. Cipriano, Tertuliano, Cirilo de Jerusalém, Crisóstomo, Santo Agostinho e outros foram defensores deste ensinamento.

Os concílios da Igreja, começando com o de Cartago, que faz referência ao assunto, prosseguindo com os de Florença (1439-1445) e o de Trento (1545-1563), que o consideraram como dogma de fé, contribuíram para a difusão desta crença.

3º) Por um raciocínio lógico:

Se para o céu vão as almas limpas e para o inferno as que deixaram este mundo com pecado mortal, naturalmente sobram aquelas que não podem entrar no céu por não estarem ainda purificadas de pecados leves e venais, e de igual modo também, não podem ir para o inferno por não terem cometido pecados mortais.

Provas Bíblicas Contrárias ao Purgatório

1ª) A passagem de Mateus 12:32 jamais pode ser usada como argumento de que os pecados poderão ser perdoados na outra vida.

A doutrina da “Segunda Oportunidade” defendida pelos católicos (missa, purgatório), pelos espíritas (reencarnação) e pelas Testemunhas de Jeová (durante o milênio existe outra oportunidade para a salvação) é um ardil do inimigo, que leva à descrença nas Escrituras.

As seguintes passagens bíblicas são suficientes para provarem a inconsistência dessa doutrina: 2Coríntios 6:2 – “… eis aqui agora o tempo sobremodo oportuno, eis aqui agora o dia da salvação”; Hebreus 3:7-8 – “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações”.

2ª) 1Coríntios 3:13 – “Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará”.

Os exegetas católicos se baseiam especialmente nesta passagem para justificar a sua doutrina do purgatório.

O fogo mencionado neste verso será originado pela glória de Cristo ao retornar à Terra. Os que O rejeitaram serão destruídos pelo fogo, mas os que o aceitaram como seu Salvador pessoal serão preservados. O exemplo dos três hebreus na fornalha ardente é a confirmação de que os crentes não serão atingidos pelas chamas destruidoras do juízo final.

No verso 15 Paulo escreveu: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano, mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.

Ser salvo através do fogo parece ser valioso argumento em prol do purgatório. Esta declaração está longe de afirmar que o fogo ou o sofrimento salvará a pessoa, pois se o fizesse seria a salvação pelas obras, denodadamente condenada por Paulo. Ele afirma que a pessoa será provada ao máximo.

O comentarista Adam Clarke afirma sobre este texto: “O fogo aqui mencionado destina-se a provar a obra do homem e não a purificar sua alma, não havendo aqui referência a nenhum suposto purgatório. Acrescentando que é possível haver aí alusão à purificação de diferentes espécies de vasos, segundo a lei dos judeus. Os elementos que resistem ao fogo são purificados enquanto substâncias como a madeira e a palha são facilmente consumidas”.

Outros comentaristas afirmam que o apóstolo tem em vista os ensinadores judaizantes que pregavam a circuncisão e outros ritos abolidos por Cristo na cruz, em vez de pregarem o evangelho. As verdadeiras e as falsas doutrinas serão reveladas naquele grande dia.

A Bíblia de Jerusalém (tradução católica) traz a seguinte nota sobre 1Coríntios 3:13: “O purgatório não é diretamente considerado aqui, mas este texto, juntamente com outros, serviu de base à explicitação de tal doutrina por parte da Igreja”.

3ª) Mateus (5:26), que afirma: “Em verdade te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo”, é outra passagem usada em defesa do purgatório.

Cristo, com estas palavras, jamais poderia referir-se a um hipotético purgatório, ensinamento que não encontra nenhuma base bíblica. Seria inconcebível alguém deduzir de Mateus 5:25-26 a existência do purgatório. O que encontramos aqui é a ilustração de um delinquente que deve endireitar o mal que cometeu para não ser encerrado na prisão.

O comentário da Bíblia de Matos Soares apresenta para Mateus 5:26 a seguinte aplicação espiritual: “Jesus mostra a necessidade que temos de nos reconciliar com o próximo ofendido, antes de aparecermos no tribunal de Deus”.

A hierarquia de pecados não é apregoada pela Bíblia, que declara de maneira enfática: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:20).

Não existem provas bíblicas para classificar os pecados como fazem os comentaristas católicos. As Escrituras nos esclarecem:

a) “Todo o que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34).

b) A única solução para o estado miserável do homem (Romanos 7:24) é o perdão provido por Cristo e alcançado pelos seus méritos.

Conclusão:

As provas bíblicas apresentadas pelos paladinos de um lugar de purificação para os pecados após a morte são trechos retirados dos livros apócrifos, comprovadamente falsos por terem origem em ensinamentos pagãos. Os textos bíblicos retirados dos livros canônicos são apresentados sem levar em consideração os princípios exegéticos, especialmente este: uma passagem jamais deve ser usada fora do seu contexto.

A Bíblia é bastante clara ao afirmar que muitas passagens, como a de 1Coríntios 3:13-15 e 2Coríntios 5:10, que todos no juízo final serão julgados conforme suas obras. O erro doutrinário do purgatório católico é o ensino antibíblico de que o castigo se segue imediatamente após a morte, e ainda mais que será concedida uma segunda oportunidade para muitos.

Um dos maiores absurdos relacionados com o purgatório é a crença pagã de que o sofrimento dos que lá se encontram pode ser aliviado por missas e orações feitas pelos vivos, mediante pagamento em dinheiro. Não é possível conseguir a salvação negociando com coisas sagradas. O apóstolo Pedro condenaria a simonia moderna com a mesma veemência que a desaprovou em seus dias.

[Simonia é a venda de favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, objetos ungidos, etc. em troca de dinheiro. É o ato de pagar por sacramentos e consequentemente por cargos eclesiásticos ou posições na hierarquia da igreja. A etimologia da palavra provém de Simão, o mago, personagem referido em Atos 8:18-19, que procurou comprar de Pedro o poder de transmitir pela imposição das mãos o Espírito Santo ou de efetuar milagres (Wikipédia)].

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Qual a Diferença entre Tentação e Pecado?



Tentação. O sentido bíblico de tentação distancia-se do moderno de sedução, desde que significa pôr a pessoa em prova com o elevado objetivo de evidenciar ou melhorar a sua qualidade.

Deus testa o Seu povo, colocando-o em (permitindo) situações que revelam a qualidade de sua fé, para verificar o que está em seu coração, como vemos em Gênesis 22:1, Êxodo16:4, e 20:20. Deus nos testa para nos purificar, assim como o metal é purificado no cadinho do depurador, fortalecendo-nos a paciência e amadurecendo nosso caráter (Salmos 66:10; Zacarias 13:9; 1Pedro 1:6). Por meio da fidelidade em tempos de provação os homens se tornam “doki moi” (aprovados) aos olhos de Deus (Tiago 1:12; 1Coríntios 11:19).

As tentações são permitidas por Deus (Mateus 4:1; 6:16), mas Ele não consente que sejamos tentados acima do que podemos resistir (1Coríntios 10:13). Deus dá ao seu povo a capacitação para resistir à tentação e também para se livrar dela (2Pedro 2:9).

A tentação é permitida como um teste (Jó 1:9-12; 1Pedro 1:17; Tiago 1:2-3), porém, de acordo com a teologia bíblica, podemos ter uma certeza: este teste sempre visa o nosso bem, nunca é um incitamento para o mal. O desejo que nos impele ao pecado é nosso. De maneira nenhuma poderá ser proveniente de Deus.

Tentação não é pecado, pois Cristo foi tentado como nós o somos, mas permaneceu impecável (Hebreus 4:15; Lucas 22:28). A tentação somente se torna pecado quando a sugestão para que se pratique o mal é aceita.

O substantivo grego para tentação, peirasmós, indica qualquer tipo de provação ou tribulação, incluindo a instigação para o pecado. Esta palavra é em pregada 21 vezes, tanto no sentido positivo quanto no negativo.

Para o comentarista Russell Norman Champlin (em O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 6, pág. 16), as provações nos trazem os seguintes benefícios:

1º) Promovem a glória de Deus (João 11:3-4; 21:8-19).

2º) Mostram o poder e a fidelidade de Deus (Salmos 34:18-19; 2Coríntios 4:7-11).

3º) Ensinam-nos a vontade de Deus (Deuteronômio 4:30-31; Oseias 2:6-7).

4º) Fazem-nos voltar a Deus para obter ajuda (Deuteronômio 4:30-31).

5º) Fazem-nos buscar a Deus em oração (Juízes 4:3; Jeremias 31:18).

6º) Elas nos convencem do pecado (Jó 36:8-9; Salmos 119:67).

7º) Elas nos ensinam a obediência (Gênesis 22:1-2)”.

O Espírito de Profecia diz sobre tentação:

“A tentação não é pecado, nem é indício do desagrado de Deus para conosco. O Senhor permite que sejamos tentados, mas mede cada tentação, distribuindo-a segundo as nossas forças para resistir e vencer o mal. É em tempos de prova e tentação que somos capazes de avaliar o grau de nossa fé e confiança em Deus, de calcular a estabilidade de nosso caráter cristão. Se somos facilmente impelidos e derrotados, devemos alarmar-nos, pois pouca é nossa resistência” (Signs of the Times, 18/12/1893).

“As provas sobrevirão a toda alma que ama a Deus. O Senhor não opera um milagre para impedir a provação, para escudar Seu povo das tentações do inimigo” (Review and Herald, 14/09/1897).

Segue-se a resposta dada por W. Arndt (A Bíblia se Contradiz?, págs. 63-64) para a pergunta: “Deus nos Tenta?”

“Gênesis 22:1 – ‘Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova…’

“Tiago 1:13 – ‘Ninguém, ao ser tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele mesmo a ninguém tenta’.

“Como haveremos de explicar o fato de a Bíblia afirmar que Deus jamais tenta o homem, quando, em outros textos, afirma que o tenta? A solução está no sentido da palavra ‘tentar‘. Esse termo é usado em sentido bom e em sentido mau. Quando empregado em sentido bom, significa experimentar ou provar um homem de modo tal que a disposição de seu coração e suas convicções mais íntimas se tornem manifestas, a fim de que todos possam receber prova indiscutível quanto a seu verdadeiro caráter.

Usado em sentido mau, significa incitar o homem a que faça o mal, para destruí-lo. Todas as aflições que Deus nos envia (permite) podem ser chamadas provas ou tentações que objetivam o nosso bem e, como tais, deveríamos considerá-las bem-vindas. O próprio Tiago, que, na passagem supracitada, afirma que Deus a ninguém tenta, admoesta seus leitores poucos versículos antes: ‘Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança’ (Tiago 1:2-3).

“Foi uma tentação dessa espécie que Deus trouxe sobre Abraão, uma provação severa, na qual ficou provado que sua fé era genuína e vigorosa, e na qual ela sem dúvida foi grandemente fortalecida, sendo que no fim da provação foram reafirmadas as gloriosas promessas que Deus lhe dera. Mas o termo também é usado para designar experiências do tipo oposto, ataques velados que objetiva a lançar o homem na perdição eterna. Quando Tiago diz com referência a Deus: ‘E ele mesmo a ninguém tenta’, fala daquelas seduções perniciosas arquitetadas pelos poderes do mal e que tem por objetivo nossa final e infindável miséria. Semelhantes tentações, naturalmente, não vêm de Deus.

“Nessa conexão pode ser interessante uma palavra adicional sobre a sexta petição do Pai Nosso: ‘E não nos deixes cair em tentação’. Essa petição muitas vezes tem sido entendida como dizendo que Deus tenta seus filhos. Na verdade, não diz nada disso. Simplesmente expressa a súplica de que Deus nos guie de maneira tal que nossos inimigos não possam executar seus ímpios desígnios contra nós, a saber, seduzir-nos ao pecado. Guia-nos de maneira tal (este é o sentido da oração), que Satanás não tenha oportunidade para colocar pedras de tropeço em nosso caminho. De sorte que essas palavras não militam contra as declarações de Tiago de que Deus a ninguém tenta”.

Pecado. O aparecimento do pecado é apresentado na Bíblia como sendo um mistério. 2Tessalonicenses 2:7 o chama de mistério da iniquidade. A origem do mal e a existência do pecado têm dado motivo a profundas divagações para a filosofia e teologia.

“O pecado é um intruso, por cuja presença nenhuma razão se pode dar. É misterioso, inexplicável; desculpá-lo corresponde a defendê-lo. Se para ele se pudesse encontrar desculpa, ou mostrar-se causa para a sua existência, deixaria de ser pecado” (O Grande Conflito, pág. 493).

“É impossível explicar a origem do pecado de maneira a dar a razão de sua existência” (O Grande Conflito, pág. 492).

Sabemos que o pecado teve sua origem com Lúcifer. Criado com livre arbítrio, ele escolheu deixar de ser Lúcifer (portador de luz) para tornar-se o diabo. Para o significado do vocábulo diabo existem duas explicações:

1ª) Lançado através do espaço para a Terra.

2ª) É assim chamado porque lançou na mente dos anjos dúvidas sobre o caráter de Deus. Continua através dos séculos a fazer esta mesma obra na mente dos homens.

Definições Para Pecado. Por ser difícil incluir numa definição tão abarcante tema, serão apresentadas várias definições para melhor compreensão do assunto.

a) É a transgressão da lei de Deus (1João 3:4).

b) Toda a iniquidade é pecado (1João 5:17).

c) O que não é da fé é pecado (Romanos 14:23).

d) Toda a imaginação do coração não regenerado é pecado (Gênesis 6:5; 8:2).

e) A insensatez é pecado (Provérbios 24:9).

f) A omissão em fazer o que é bom é pecado (Tiago 4:17).

g) Pecado de omissão consiste em deixar de fazer o que a lei de Deus ordena. Pecado de comissão consiste em fazer o que a lei proíbe.

h) Paulo designa o pecado com vários nomes do vocabulário bíblico: impureza, violação da lei, iniquidade, desobediência, transgressão, erro.

i) Pecado é separação entre o homem e Deus (Isaías 59:2). Pecado é quebrar o nosso relacionamento com Deus.

j) Pecado é amor próprio; é egoísmo. O pecado fez com que o homem deixasse de ser Cristocêntrico, alterocêntrico, para tornar-se egocêntrico. Pecado é um mau estado da alma e este mau estado é essencialmente o egoísmo. A conversão consiste na crucifixão do próprio eu (Gálatas 2:20).

k) “Pecado é a falta de conformidade com a Lei moral de Deus, quer por ato, disposição ou estado” (Strong).

l) “Pecado é fechamento egoístico do homem em si mesmo, é negar-se a amar os demais, é ruptura de amizade” (Gutierrez – Teólogo da Libertação).

m) Pecado é uma ação má, contrária a uma ordem que determina o que deve ser.

n) “Pecado é qualquer desvio do padrão de perfeição revelado em Jesus Cristo” (Cliffor E. Barbour).

o) “Pecado é o oposto de santidade; pecado é discrepância de uma lei absolutamente santa” (R. L. Dabney).

p) “Pecado consiste em colocar o homem a sua vontade, ou o seu eu, acima do amor e dos deveres” (W. N. Clarke).

q) “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou qualquer transgressão da Lei Divina” (Assembleia de Westminster).

r) “Pecado, no sentido mais lato, é um estado mau da alma ou da personalidade” (A. B. Langston).

s) Para o profeta Oseias, pecado é uma alienação de Deus, tanto coletiva como individualmente.

t) “Pecado é uma nota dissonante na harmonia da obra criadora de Deus” (Francisco Jacinto Pereira Filho).

u) Pecado é a vontade livre e consciente de praticar o mal.

v) Pecado é mais do que transgressão, é a rebelião contra uma pessoa.

w) Se desejar ter um amplo quadro, embora dantesco, do que seja pecado, basta ler as declarações de Paulo em Romanos 1:18-32.

Termos Bíblicos Para Pecado. Há no original, tanto hebraico quanto grego, várias palavras que podem ser traduzidas por pecado.

I . Velho Testamento:

Vários aspectos da concepção do pecado são encontrados no Antigo Testamento.

a) Hatah – significa falhar no aspecto moral e religioso, não alcançar o alvo. Desviar-se do caminho reto. Corresponde ao verbo grego hamartano, como nos mostra a Septuaginta.

b) Awon – enfatiza o aspecto moral, estar torcido, encurvado. Revela o estado da alma do pecador pelo peso da culpa do pecado. Pecado é mais que um ato, desde que awon indica o estado de culpabilidade do transgressor da lei.

c) Pesha – em sentido religioso é o termo mais usado para pecado, por significar uma revolta contra Deus; quebrar a fidelidade à Aliança; tornar-se infiel. É a violação dos preceitos divinos ou rebelião contra Deus.

Jó 34:37 mostra seu real significado: “Pois ao seu pecado (hatah) acrescenta rebelião (pesha).

d) Raiah – É a palavra do Velho Testamento mais traduzida por maldade. Indica todo o tipo de mal com as nuances de indignidade, demência, tirania, disparate, mau procedimento.

e) Rashá – É um termo forense, indicando que a pessoa é culpada perante a lei. Designa a culpabilidade perante os homens e perante Deus (Números 5:7; Levíticos 5:19).

“No Salmo 51:1-2, Davi emprega três destas palavras hebraicas para apresentar um quadro completo de sua vida cheia de pecado; cada uma delas apresentando uma faceta de sua perversidade. A primeira é “pesha“, dando uma ideia de sua alma em rebelião, culpada de haver transgredido voluntariamente a lei de Deus. O segundo empregado é “awon“, que em geral se traduz por iniquidade. Etimologicamente significa depravação ou tortuosidade. As cordas do seu coração e caráter se haviam entrançado, desafinando-se com o diapasão divino. O terceiro vocábulo é “hatah“, cuja ideia fundamental é errar o alvo. Toda  a sua vida tomara uma direção errada, visto que o pecado o cegara por completo. Sua vida se desviara do elevado alvo que havia proposto em seu coração” (Estudos no Livro dos Salmos, págs. 98-99, Kyle M. Yates).

II. Novo Testamento:

As palavras aqui encontradas apresentam mais ou menos o mesmo sentido dos vocábulos hebraicos.

a) Anomia – É um ato contrário à lei. O termo grego anomia corresponderia ao nosso ilegalidade. O primeiro verso que nos vem à mente é 1João 3:4 – “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”.

b) Adikia – Em grego a palavra significa privação de justiça, transgressão da justiça. O Dicionário Grego de Arndt and Gingrich assim define adikia: “injustiça, transgressão, maldade, perversidade”.

1João 5:17 –  “Toda a injustiça (adikia) é pecado”.

c) Hamartia – Perder o alvo. Corresponde ao “Ratah” hebraico. É a palavra mais usada para pecado no Novo Testamento, aparecendo 173 vezes. Nas cartas paulinas, ocorre 60 vezes.

“Deve ser notado que, no Novo Testamento, hamartia não descreve um definido ato de pecado, mas sim um estado, do qual provém o ato pecaminoso” (William Barclay, New Testament Words, pág, 119).

“Esta palavra é usada no Novo Testamento para expressar o pecado em geral ou, em partícula,r uma ofensa que se comete contra Deus, destacando a culpabilidade que esta produz sobre a pessoa que a comete. Surgem três tipos de hamartia:

1) O pecado como ato individual (Atos 2:38; 3:l9; 1Timóteo 5:22; Apocalipse 1:5; 18:4; Hebreus 1:3; 2:17; 5:1).

2) Como expressão que descreve a natureza corrupta do homem e sua hostilidade contra Deus, a qual se apresenta em formas como: ter pecado (João 9:41; 15:22, 24; 19:11; 1João1:8); temos pecado (1João 3:5); morrer no pecado (João 8:21, 24; 9:34; 1Coríntios 15:17); conhecimento do pecado (Romanos3:20); permanecer no pecado (Romanos 5:13, 20; 6:1 ); corpo de pecado (Romanos 6:6); e, carne pecaminosa (Romanos 8:3).

3) Como pecado em sentido geral, que entrou no mundo por um homem (Romanos 5:12), que se torna visível pela existência da lei (Romanos 7:7-9), engana ao homem (Romanos 7:11; Hebreus 3:13), assedia-o (Hebreus 12:1), habita nele (Romanos 7:17, 20), desperta-lhe as paixões pecaminosas (Romanos 7:5) e toda sorte de concupiscência (Romanos 7:8). Todos os homens estão debaixo do pecado (Romanos 3:9; Gálatas 3:22) ao qual são vendidos como escravos (Romanos 6:16, 20; 7:14; João 8:34; Gálatas 2:17) para servi-lo (Romanos 6:6) de acordo com a sua lei (Romanos 7:23) e para receber seu salário (Romanos 6:23), que é a morte (Romanos 5:21; 7:11; Tiago 1:15)” (Mário Veloso, O Homem uma Pessoa Vivente, págs. 88-89).

d) Asébeia – É o pecado que separa o homem de Deus. É usada apenas 6 vezes no Novo Testamento, e pode ser traduzida por impiedade, perversidade, pecado. Quem comete este pecado afasta-se de Deus.

Diferença Entre Pecado e Pecados. Alguns comentaristas querem fazer nítida distinção entre pecado, no singular (hamartia – estado), e pecados, no plural (paraptoma – passos em falso).

Pensemos nas seguintes afirmações:

“Pecado é caráter; pecados são conduta. Pecado é centro; pecados são circunferência. Pecado é raiz; pecados são frutos. Pecado é o produtor; pecados são o produto. Pecado é natureza; pecados são manifestações. Pecado é fonte; pecados são o fluxo. Pecado é o que somos; pecados são o que temos feito… Deus abomina o pecado com uma santa indignação” (C. N. Keen, A Doutrina do Pecado, pág. 7).

Calvino assim se expressou sobre o pecado:

“O pecado nesta vida produz os tormentos de uma consciência acusadora; na vida futura, os tormentos da morte. Agora podemos colher o fruto da justiça, a saber, a santidade; e a nossa esperança firme é que, no futuro, colheremos a vida eterna. Essas bênçãos, a menos que sejamos embotados além de toda a medida, deveriam gerar em nossa mente o ódio e o horror ao pecado, como também o amor e o desejo pela justiça”.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Com quantos decibéis se faz um louvor?


Entenda o que a Bíblia diz sobre louvar a Deus em alto e bom som

Com-quantos-decibéis-se-faz-um-louvor

Era uma sexta-feira à noite e eu terminava uma palestra sobre música sacra quando alguém tentou provar que a música em volume muito alto era proibida por Deus. Seu argumento baseava-se no seguinte texto de Ellen White: “Pensam alguns que, quanto mais alto cantarem, tanto mais música fazem; barulho, porém, não é música. O bom canto é como a música dos pássaros – suave e melodioso” (Manuscrito 91, 1903).

Eu informei que, na verdade, o volume sonoro muito alto, que ultrapasse o nível de decibéis fixado em lei, é proibido por códigos municipais e federais, embora motoristas, vizinhos e até igrejas nem sempre respeitem essa lei (consulte a Lei do Silêncio ou Sossego Público).

Mas ressaltei que a Bíblia defende, sim, um alto e bom som para louvar a Deus:

– Instrumentos tocando em fortíssimo (I Crônicas 15:16 e 28; Salmo 98:6);

– Brados de alegria (Salmo 66:1);

– Canto entusiástico (Salmo 95:1-2; Salmo 47:1; Sofonias 3:14);

– Alto som de vozes acompanhadas de instrumentos (Salmo 98:4-6);

– Barulho de toda a terra (Salmo 100).

Usei o termo “barulho” porque nas Bíblias traduzidas para o inglês seu correspondente é a expressão joyful noise, que seria um som ou barulho alegre, feito com júbilo. O termo hebraico é ruwa’, utilizado 45 vezes no Velho Testamento, geralmente com o sentido de gritos de alegria, aclamação, brados de vitória ou soar um alarme (Brown-Driver-Briggs Hebrew Lexicon).

Nessa perspectiva, brados e música em alto e bom som são o oposto da suavidade de passarinhos. Haveria, aqui, uma contradição? Na verdade, só há contradição se não considerarmos o contexto vocal dos cultos evangélicos nos Estados Unidos do século 19.

Naquela época, quase não havia hinários, maestros ou instrumentistas nas igrejas, e era comum que os fiéis cantassem cada um no seu próprio tom e no seu próprio ritmo, fazendo que o louvor se tornasse caótico. Joseph Clarke, um pioneiro adventista, testemunhou que “quando cantamos, os finais de cada verso ecoam sem parar, cada um cantando do seu jeito” (The Adventist Review and Sabbath Herald, 10/11/1859).

Ellen White também presenciou “vozes não afinadas”, que buscavam “os tons mais elevados, literalmente guinchando” os versos dos hinos. Ela considerava que aquelas “vozes agudas, estridentes” eram impróprias “para o solene e jubiloso culto de Deus”, e desejava “tapar os ouvidos ou fugir do lugar” (Signs of the Times, 22/06/1882).

Cantar desafinado ou com estridência nem sempre tem a ver com irreverência, mas com pouca instrução musical e com a tradição de se cantar. Muitos de nós já observamos algumas congregações que cantam forte tanto quanto arrastam o ritmo de um hino. Alguns podem ter desejado tapar os ouvidos também.

Mas se você é músico, o melhor a fazer é educar musicalmente a congregação, pois “quanto mais perto puder chegar o povo de Deus do canto correto, harmonioso, tanto mais Ele será glorificado, a igreja beneficiada e os descrentes impressionados favoravelmente” (Testemunhos Seletos vol. 1, p. 46).

Em segundo lugar, alguns líderes religiosos notavam que alguns dos irmãos cantavam mais alto que os outros, fosse por exibicionismo, por entusiasmo ou por ignorância. Preocupado com os excessos, o evangelista John Wesley chegou a escrever um apêndice com orientações para o canto no hinário metodista Select Hymns, de 1761, recomendando que os fiéis mais instruídos não inibissem a voz de cantores menos qualificados.

Este conselho para o canto sem exageros não está em contradição com as passagens bíblicas sobre cantar com entusiasmo. Se toda a congregação canta, o som será mais forte. É preciso estar num estado extremo de letargia espiritual para não fazer soar alto versos como “canta minha’alma, canta ao Senhor”, “porque Ele vive posso crer no amanhã”, “grande é nosso Deus e as obras que Ele faz” ou “eu não me esqueci de ti, virei outra vez”.

Ao escrever que “qualquer coisa estranha e excêntrica no canto diminui a seriedade e o caráter sagrado do culto”, Ellen White demonstrava estar atenta às manifestações exageradas no louvor (Mensagens escolhidas vol. 3, p. 332). Sua orientação projetava um ponto de equilíbrio entre o culto solene e o culto festivo, por isso ela não concordava com formalismo e cultos enfadonhos: “Seu culto deve ser interessante e atraente, não se permitindo que degenere em formalidade insípida” (Testemunhos Seletos v. 2, 2008, p. 252).

Isso nos mostra que às vezes os decibéis de um canto congregacional podem ser um “som forte e alegre”, desde que feito sem desordem (I Cor. 14:40) e dentro dos níveis sonoros permitidos por lei. Outras vezes, a congregação canta suave. Porém, nunca deveríamos cantar na igreja por mera formalidade. Então, como evitar tanto a frieza insípida quanto o emocionalismo irreverente ao cantar? John Wesley ofereceu uma boa resposta: “Cantem vigorosamente; cantem moderadamente”. [Créditos da imagem: Fotolia]

Joêzer Mendonça, doutor em Música (UNESP), é professor da PUC-PR e autor do livro Música e Religião na Era do Pop

Revista Adventista

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

 Os conversos ao cristianismo devem ser batizados em nome da Trindade ou apenas em nome de Cristo?



Na grande comissão evangélica de Mateus 28:18-20, Cristo ordenou que o Evangelho fosse pregado a “todas as nações”, e que os conversos dessas nações fossem batizados “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (verso 19). No entanto, eventos registrados no livro de Atos falam de conversos que foram batizados “em nome de Jesus Cristo” (At 2:38; 8:16; 10:48; 19:5). Diante disso surge a indagação: Esses batismos “em nome de Jesus” invalidam a ordem de ministrar-se o batismo em nome da Trindade?Várias teorias têm sido propostas para explicar essa aparente tensão entre a ordem de Cristo e a prática da igreja apostólica. 

A mais convincente delas parece ser a de que as referências ao batismo “em nome de Jesus Cristo” não estejam sugerindo uma nova fórmula batismal, mas apenas enfatizando a condição básica para esse rito ser ministrado. Em outras palavras, um judeu étnico ou prosélito, que já cria no verdadeiro Deus, só poderia ser batizado na comunidade cristã se ele cresse também em Jesus de Nazaré como o prometido Messias.O mesmo Cristo que declarou, em Mateus 28:19, que o rito do batismo deve ser ministrado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, também afirmou, em Marcos 16:16, que a submissão a esse rito deve ser precedida pela fé que se centraliza no próprio Cristo (Jo 3:16; Hb 12:2). Por ocasião do Pentecostes, aqueles que, em resposta ao discurso de Pedro, aceitaram a Jesus de Nazaré como o Messias, foram batizados “em nome de Jesus Cristo” (At 2:38) como demonstração pública dessa aceitação.Mas é importante notar que mesmo os textos que falam do batismo “em nome de Jesus Cristo” estão impregnados pelo conceito da Trindade.

Analisando-se o conteúdo desses textos, percebesse, em primeiro lugar, que aqueles que foram então batizados “em nome de Jesus Cristo” eram pessoas que já criam previamente em Deus o Pai. Além disso, em todas essas ocasiões o batismo “em nome de Jesus Cristo” foi acompanhado pelo recebimento prévio, simultâneo ou posterior do “dom do Espírito Santo” (At 2:38; 8:14-17; 10:44-48; 19:1-6).Procurando invalidar a fórmula batismal em nome da Trindade, alguns indivíduos alegam que o texto de Mateus 28:19 não aparece no original grego do Novo Testamento. Essa alegação é totalmente infundada, pois não existem quaisquer evidências textuais que a comprovem. Embora hajam discussões significativas a respeito do conteúdo original de Marcos 16:9-20 (ver Bruce M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, ed. corr. [Londres: United Bible Societies, 1975], pp. 122-128), o mesmo não ocorre com Mateus 28:18-20.Cremos, portanto, que a ministração do batismo “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito” é parte dos ensinos de Cristo que devem ser observados por Sua igreja “até à consumação do século” (Mt 28:20).

Fonte: Sinais dos Tempos, agosto de 1999, p. 29 (usado com permissão)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A Bíblia de Melquisedeque com Dr. Rodrigo Silva

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