domingo, 5 de fevereiro de 2012

O que é o Inferno? Onde Fica?


 
Você acredita na existência do inferno? O inferno realmente existe?
No estudo de hoje quero apresentar a resposta da Bíblia para essas perguntas. Na Bíblia encontramos três sentidos diferentes para a palavra inferno. No Velho Testamento, “inferno” é sempre traduzido da palavra hebraica “Sheol”. Já no Novo Testamento a palavra original é “hades”. Tanto Sheol quanto hades significam ou dão o sentido de “sepultura”. Salmo 116:3 e Mateus 11:23 são dois bons exemplos disso.
Inferno também significa um lugar em que há fogo consumindo. A palavra grega usada no Novo Testamento é “Geena”. Essa palavra tem o mesmo significado da hebraica “Hinon”. Hinon era um vale próximo a Jerusalém. Um lugar usado para depósito de lixo, de cadáveres de animais e de malfeitores, onde eram consumidos, queimados. No vale de Hinon havia fogo queimando continuamente, pois sempre colocavam mais material sujeito a queimar-se.
O terceiro sentido de inferno achamos na segunda carta de Pedro, capítulo 2 versículo 4. A palavra grega empregada nesse texto é: “Tartaroos”, que significa um lugar de trevas onde os anjos maus estão. Não significa um lugar de fogo ou tormento.
Se a palavra inferno na Bíblia tem sentido de sepultura, lugar de trevas onde estão Satanás e seus anjos, isso significa que os ímpios ou maus que já morreram não estão sofrendo agora?
Exatamente. Todas as pessoas que já morreram, conforme vimos em esudos anteriores e conforme garante a Bíblia, jazem na sepultura. Tanto bons quanto maus. Nada sabem, nada sofrem. Qualquer texto bíblico que se refira ao castigo dos ímpios, mediante o fogo, estabelece, com clareza, que isso se realizará depois do juízo, e do fim do mundo. O dia da retribuição ainda está no futuro. Os ímpios não receberão seu castigo antes que o juízo o determine. Eles serão reservados para o dia do juízo, para então receberem a recompensa ou castigo merecido. (Segunda carta de Pedro, capítulo 2:9).
Quando Jesus voltar algumas coisas interessantes irão acontecer. A primeira delas é a ressurreição dos justos, dos salvos. É a chamada “primeira ressurreição” (Primeira carta aos Tessalonicenses, capítulo 4, verso 16 e Apocalipse 20, versículo 6). Nesse mesmo tempo os justos vivos por ocasião da volta de Jesus são transformados (Primeira aos Coríntios, capítulo 15, versículo 52). Em seguida, todos esses justos transformados (os que ressuscitaram e os que já estavam vivos) são levados para o céu (Primeira aos Tessalonicenses, capítulo 4, versículo 17).
Os ímpios então serão destruídos (mortos) pelo resplendor da manifestação de Deus (Segunda aos Tessalonicenses, capítulo 2 versículo 8). A partir daí a terra fica desolada, vazia, pelo período de mil anos. (Apocalipse 20 versículos 1 a 3). Nesse período de mil anos os justos, no céu viverão e reinarão com Cristo (Apocalipse 20, versículo 4).
Completados os mil anos, a Jerusalém celestial será transferida para a Terra, juntamente com os salvos (Apocalipse 21, versículo 2). Quando isso acontecer os ímpios, desde o princípio do mundo, ressuscitarão para receberem o castigo merecido. Apocalipse 20, versículos 8 e 9, conta que Satanás moverá seus anjos e as hostes de ímpios a um último e desesperado ataque contra o povo de Deus. Mas, diz o texto bíblico, desce fogo do céu para consumir os ímpios de todos os tempos. A Terra inteira será transformada num lago de fogo (segunda carta de Pedro, capítulo 3, versículo 10; Apocalipse 20, versículo 10). Nesse “lago de fogo” desaparecerão para sempre Satanás, seus anjos e todos os ímpios. Diz Apocalipse 10, verso 15: “E se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.” É o fim do pecado e pecadores.
Creio que vale a pena repetir: o castigo para os maus não acontece agora. O castigo virá depois do julgamento dos ímpios, depois dos mil anos. Só aí serão lançados no lago de fogo.
E esse sofrimento será eterno? Os maus queimarão para sempre?
Certas expressões da Bíblia podem dar a impressão de que o tormento dos ímpios não terá fim. Falando desse castigo, a Bíblia utiliza expressões como: “para sempre”, “para todo o sempre”, “eternamente”. Temos também outras como “fogo que nunca se acaba” ou “fogo inextinguível”.
O sentido de “para sempre” tem a ver com a duração de uma vida humana. Na carta de Paulo a Filemom, no verso 15, ele escreve dizendo que Onésimo, servo de Filemon, deveria pertencer ao seu senhor “para sempre”.
Temos também no primeiro livro de Samuel, capítulo 1, versículo 22, a afirmação de que Samuel deveria permanecer no templo/tabernáculo “para sempre”. Ou seja, até o final de sua vida.
Outro exemplo: Isaías, no capítulo 34, versículos 9 e 10, escreveu que ninguém passaria pela terra de Edon “para todo o sempre”. Entretanto, quem quiser hoje passar por onde era o país de Edon, pode. O sentido nesse caso é que a destruição de Edon seria completa e completa seria a sua desolação.
Muitas pessoas questionam a expressão “fogo eterno”, como a de Mateus 25, versículo 41, onde diz que os ímpios sofrerão a pena do “fogo eterno”. As cidades de Sodoma e Gomorra também sofreram a ação do “fogo eterno” e foram até postas por exemplo dos que terão de sofrer a mesma pena (Judas, versículo 7). Mas Sodoma e Gomorra foram totalmente destruídas, reduzidas a cinzas. Não estão queimando até hoje. (segunda carta de Pedro capítulo 2, versículo 6).
Jesus falou do “fogo que nunca se apaga” (Marcos 9, versos 47 e 48). Em Jeremias 17, verso 27, é dito que Jerusalém foi queimada com “fogo que nunca se acaba”. Mas Jerusalém não continua queimando até hoje. O sentido de “fogo que nunca se acaba” é: fogo que não se pode extinguir, que executa plenamente a sua obra destruidora. Terminada a destruição, o fogo pára de arder.
A Bíblia ensina que “o salário – o pagamento – do pecado é a morte” e não um tormento sem fim. O castigo dos ímpios é chamado de “segunda morte” (Apocalipse 20, versículo 14).
O castigo dos ímpios também é chamado na Bíblia de “obra estranha de Deus” (Isaías 28, versículo 21). Infligir sofrimento, destruir, não é segundo os sentimentos de Deus, porque Ele não tem “prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu mau caminho e viva.” (Ezequiel 33:11). Por isso, Deus, em tocantes palavras pede: “Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?”
Pedro também descreve a Deus dessa forma, dizendo que Ele tem muita paciência, “não querendo que nenhum se perca, mas que todos cheguem ao arrependimento” (Segunda carta de Pedro, capítulo 3, versículo 9).
Pense sobre isso. Deus está interessado e concentrado em salvar. Foi por isso que Jesus veio a este mundo. Hoje Ele espera, oferece novas oportunidades. Aceitaremos? Escolheremos ficar ao lado de Deus e dos salvos de todos os tempos? Espero que esta seja também a sua decisão.

Como explicar a existência de um dia de 24 horas nos três primeiros dias da Criação, se o Sol só apareceu no quarto dia?


O relato de Gênesis 1 afirma que em cada um dos três primeiros dias da semana da Criação “houve tarde e manhã” (versos 5, 8 e 13), e que o Sol, a Lua e as estrelas só apareceram no quarto dia (versos 14-19). Mas não existe um consenso geral entre os comentaristas bíblicos a respeito de quando esses astros foram realmente criados. Alguns chegam a crer que todos os astros, além da Terra, vieram à existência apenas no quarto dia da Criação. Outros assumem que nesse dia foi criado apenas o sistema solar. Ainda um terceiro grupo sugere que o sistema solar já havia sido criado no primeiro dia, como fonte de “luz” para o mundo (versos 3-5), ou até mesmo junto com o próprio Universo, num “princípio” remoto (verso 1). Para esse grupo, no quarto dia da Criação Deus teria apenas alterado as condições atmosféricas para que a luz dos astros pudesse iluminar adequadamente a Terra.


Gleason L. Archer argumenta em sua Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas (pág. 66): “Gênesis 1.14-19 revela que na quarta fase criadora Deus abriu o manto de nuvens o suficiente para que a luz direta do Sol caísse sobre a terra e para que tivesse lugar a observação correta dos movimentos do Sol, da Lua e das estrelas. Não se deve entender que o versículo 16 mostra a criação dos corpos celestes pela primeira vez no quarto dia criador; antes, ele nos informa que o Sol, a Lua e as estrelas, criados no primeiro dia como fonte de luz, tinham sido colocados em seus lugares designados por Deus com a idéia de no final das contas funcionarem como indicadores de tempo (‘sinais, estações, dias, anos’) para os observadores terrestres.”


Seja como for, Gênesis 1 nos informa que no primeiro dia da Criação Deus não apenas formou a “luz” (verso 1), mas também “fez separação entre a luz e as trevas” (verso 4). Embora os três primeiros dias da Criação já fossem dias naturais de 24 horas, compostos de “tarde e manhã” (versos 5, 8 e 13), no quarto dia Deus trouxe à existência uma nítida “separação entre o dia e a noite” e uma nova realidade que permitisse aos seres humanos distinguir as diferentes “estações” e contar os “anos” (verso 14). Deus mesmo não necessitava desses recursos para computar o tempo, mas Ele os criou para benefício dos seres humanos, dos animais e das plantas. Cremos, portanto, que as atividades criadoras do quarto dia não conspiram contra o fato de Deus haver previamente realizado Suas atividades em dias literais de 24 horas.


Texto de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista Sinais dos Tempos, janeiro/fevereiro de 2001, p. 19.

Como funcionam as vitaminas B

Todos nós olhamos para a caixa de cereal durante o café da manhã querendo saber o que significam as palavras riboflavina, ácido fólico e piridoxina. Sua mãe já lhe lembrou alguma vez de fazer uma dieta equilibrada e de comer hortaliças? Tanto as palavras na sua caixa de cereal como o bom conselho de sua mãe envolvem as vitaminas B, que são um grupo de oito vitaminas individuais, geralmente mencionadas como vitaminas do complexo B. Neste artigo, vamos dar uma olhada em como funcionam as vitaminas B para saber por que Kellogg's e sua mãe fazem questão de incluir estas vitaminas essenciais em sua dieta. Vamos ver também algumas sérias situações que são resultado das carências das vitaminas B.

O que exatamente são as vitaminas e o que elas fazem por nós?A palavra vitamina é derivada da combinação das palavras: vital amina, e foi concebida pelo químico polonês Casimir Funk, em 1912. Ele isolou a vitamina B1, ou a tiamina, do arroz. Isso determinou uma das vitaminas que prevenia o beribéri, uma doença deficitária marcada por inflamações, lesões degenerativas dos nervos, sistema digestivo e coração.


Vitaminas B
Foto cedida NASA
Ilustração da molécula de vitamina B12
As vitaminas são moléculas orgânicas (contendo carbono) que funcionam principalmente como catalisadores para reações dentro do organismo. Um catalisador é uma substância que permite que uma reação química ocorra usando menos energia e menos tempo do que levaria em condições normais. Se estes catalisadores estiverem faltando, como na carência de vitaminas, as funções normais do organismo podem entrar em colapso e a pessoa fica suscetível a doenças.
O organismo requer vitaminas em pequenas quantidades (centésimos de grama, em muitos casos). Tomamos vitaminas destas três principais fontes:
  • alimentos;
  • bebidas;
  • nossos organismos: a vitamina K e uma parte das vitaminas B são produzidas dentro de nossos intestinos por bactérias, e a vitamina D é formada com a ajuda de radiação ultravioleta ou luz do sol.
As vitaminas tanto são solúveis em gordura como solúveis em água. As solúveis em gordura podem ser lembradas com a sigla mnemônica (que ajuda a memória) ADEK, para as vitaminas A, D, E e K. Estas vitaminas se acumulam dentro da gordura armazenada no organismo e dentro do fígado. As vitaminas solúveis em gordura, quando tomadas em grandes quantidades, podem ser tóxicas. As vitaminas solúveis em água incluem a vitamina C e as vitaminas B. As vitaminas solúveis em água tomadas em excesso são excretadas na urina, mas às vezes são associadas à toxidade. Tanto as vitaminas B como a vitamina C são armazenadas no fígado.
As vitaminas do complexo B são um grupo de oito vitaminas:
  • tiamina (B1)
  • riboflavina (B2)
  • niacina (B3)
  • piridoxina (B6)
  • ácido fólico (B9)
  • cianocobalamina (B12)
  • ácido pantotênico e
  • biotina
Estas vitaminas são essenciais para:
  • a decomposição química de carboidratos em glicose (isto fornece energia para o organismo)
  • a decomposição química das gorduras e proteínas (que ajudam o funcionamento normal do sistema nervoso)
  • o tônus muscular no estômago e o trato intestinal
  • pele
  • cabelo
  • olhos
  • boca
  • fígado
Alguns médicos e nutricionistas sugerem tomar as vitaminas do complexo B como um grupo para a boa saúde em geral. Contudo, a maioria concorda que o melhor modo de obter as vitaminas B é através dos alimentos que comemos. 


Onde encontramos estas vitaminas e por que elas são importantes


As vitaminas do complexo B são encontradas nos grãos de cereais integrais, arroz, nozes, leite, ovos, carnes, peixe, frutas, hortaliças verdes e muitos outros alimentos. Continue lendo para saber mais detalhes sobre cada uma das vitaminas do complexo B:
Tiamina (B1)
A vitamina tiamina do complexo B é essencial para o metabolismo de carboidratos do açúcar simples em glicose. O processo químico envolve a combinação de tiamina com ácido pirúvico para formar uma coenzima, uma substância que ao combinar-se com outras, forma uma enzima. Enzimas são todas as proteínas importantes que aceleram as reações químicas no organismo. A tiamina também é importante para o funcionamento adequado do sistema nervoso. Neste exemplo, a tiamina atua como uma coenzima na produção do neurotransmissor (mensageiro químico entre as fibras nervosas) acetilcolina.
É raro termos carência de tiamina mas ela geralmente ocorre em alcoólatras, pois o álcool interfere na absorção da tiamina pelos intestinos. Há vários problemas de saúde associados à carência de tiamina. O primeiro é o beribéri, uma doença caracterizada por anemia, paralisia, atrofia muscular e fraqueza, além de espasmos nos músculos das pernas. Outras doenças causadas pela carência de tiamina incluem a encefalopatia de Wernicke, que causa falta de coordenação, e a psicose de Korsakoff, que afeta a memória recente. A boca também pode ser afetada pela carência de tiamina, aumentando a sensibilidade dos dentes, bochechas e gengivas, bem como lábios "rachados". Felizmente, isso pode der revertido com a ingestão da vitamina.
A tiamina é encontrada em grãos de cereais integrais, pão, carne vermelha, gema de ovo, hortaliças verdes, legumes, milho, frutas vermelhas, germe e casca de grãos e nozes. Doses muito altas de tiamina não foram associadas com efeitos adversos à saúde, e o excesso da vitamina solúvel em água é excretado.
Riboflavina (B2)
A riboflavina é importante no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas, e, como a tiamina, ela atua como uma coenzima no processo. Ela também é importante na manutenção da pele e das membranas mucosas, da córnea e para as bainhas de mielina dos nervos. A riboflavina também atua como uma coenzima para as reações de redução de oxidação por todo o organismo. As reações de redução de oxidação envolvem a adição tanto do oxigênio como do hidrogênio em uma substância. Uma conseqüência importante deste processo é quando ela atua para inibir as reações químicas com oxigênio ou radicais livres altamente reagentes. Estas reações oxidantes podem causar danos às nossas células.
A carência de riboflavina pode causar doenças de pele (dermatitis seborréica), inflamação da mucosa da boca e do nariz, anemia, além de deixar os olhos sensíveis à luz. Na boca, a queilose angular pode aparecer. Esta é uma situação dolorosa em que as lesões aparecem nos cantos dos lábios e em que a glossite (inflamação da língua) também pode ocorrer.
A riboflavina é encontrada em grãos integrais, leite, carne, ovos, queijo e ervilhas. Como ela é uma vitamina solúvel em água, qualquer excesso é excretado, embora pequenas porções sejam armazenadas no fígado e nos rins.
Niacina (B3)
Niacina, também conhecida como ácido nicotínico e nicotinamida, é necessária para o metabolismo dos alimentos, a manutenção da pele, nervos e para o trato gastrointestinal. A niacina também é usada em todas as reações importantes de oxiredução. A carência de niacina causa a doença pelagra. No passado, ela era freqüentemente associada às pessoas muito pobres e era uma das causas principais de doença mental. Os sintomas da pelagra são às vezes mencionadas como os "três Ds" - diarréia, dermatite e demência - basicamente resultando em um quarto "D", da palavra "dead". A boca também é afetada pela pelagra, podendo aparecer lesões na parte interna das bochechas e na língua, que ficam vermelhas e doloridas. Felizmente, altas doses de niacina (150-300 mg.) podem reverter os efeitos desta doença.
A niacina é encontrada em alimentos ricos em proteínas como carne, leite, ovos, legumes, batatas e amendoim. A niacina também pode ser prescrita em altas doses como uma droga para ajudar a reduzir o colesterol, mas pode causar efeitos colaterais. Os principais efeitos colaterais de altas doses de niacina são a ruborização da pele (devido à dilatação das veias), coceira, dores de cabeça, cãibras, náuseas e erupções da pele.
Piridoxina (B6)
Piridoxina, também conhecida como fosfato piridoxal e piridoxamina, é necessária (como algumas das outras vitaminas B) para a decomposição química de carboidratos, proteínas e gorduras. A piridoxina também é usada na produção das células vermelhas do sangue, bem como nas reações bioquímicas envolvidas no metabolismo dos aminoácidos (os blocos construtores da proteína). Devido à abundância da piridoxina em muitos alimentos, a carência dessa substância só ocorre normalmente em alcóolicos. A carência de piridoxina causa doenças da pele (similar aos sintomas da carência de riboflavina e niacina), neuropatia (alteração do sistema nervoso), confusão, falta de coordenação e insônia. Os sinais orais da carência de piridoxina são inflamação nas bordas dos lábios, língua e no resto da boca. Altas doses de piridoxina são eventualmente vendidas no mercado negro como remédio para tensão pré-menstrual (TPM), mas as pesquisas não confirmam esses dados. Doses altas de piridoxina podem causar danos graves nos nervos.
A piridoxina é encontrada em muitos alimentos, incluindo fígado, arroz integral, peixe, manteiga, germe de trigo, cereais integrais, soja e muitos outros.
Cianocobalamina (B12)
A vitamina B12 é necessária para processar os carboidratos, proteínas e gorduras e para ajudar na produção de todas as células sangüíneas do seu corpo. A vitamina B12 também é necessária para a manutenção das bainhas dos nervos. Ela atua como uma coenzima na síntese e reparo do DNA.
A vitamina B12 não pode ser absorvida ou usada pelo organismo até que combinada com uma mucoproteína produzida no estômago chamada de fator intrínseco. Uma vez que a B12 se liga ao fator intrínseco, é capaz de ser absorvida pelo intestino delgado. A carência de vitamina B12 às vezes acontece em vegetarianos radicais que não tomam suplementos vitamínicos, e naqueles que têm uma incapacidade de absorver a vitamina (geralmente devido a uma falha para produzir o fator intrínseco). Embora uma quantidade suficiente de B12 seja armazenada no fígado para sustentar uma pessoa por muitos anos, a carência causará uma doença conhecida como anemia perniciosa. A anemia perniciosa causa fraqueza, dormência das extremidades, palidez, febre e outros sintomas. Irritações na boca e danos cerebrais também são conseqüências comuns da carência de vitamina B12. Entretanto, estes sérios efeitos podem ser revertidos com injeções de vitamina B12. As injeções são necessárias pelo fato da carência ser frequentemente causada pela incapacidade de se absorver a vitamina quando tomada oralmente. Conforme envelhecemos, a dificuldade de nossos estômagos para produzir o fator intrínseco aumenta. Muitos médicos recomendam que as pessoas com mais de 60 anos façam exames de verificação dos níveis de vitamina B12, para saber se é necessária uma injeção da vitamina.
A vitamina B12 não é encontrada em nenhuma fonte alimentar de planta e é produzida quase que exclusivamente por bactérias, como a streptomyces griseus. As fontes ricas em B12 são fígado, carne, gema de ovo, aves domésticas e leite.
Ácido fólico (B9)



Foto cedida USDA
Químico Robert Jacob prepara amostras de sangue para análise em um estudo de ácido fólico
Ácido fólico, ou folato, é uma das vitaminas do complexo B que interagem com a vitamina B12 para a síntese do DNA, que é importante para todas as células no organismo. O ácido fólico combinado com as vitaminas B12 e C é necessário para a decomposição química das proteínas e para a formação da hemoglobina, a proteína nas células vermelhas do sangue que transporta oxigênio e dióxido de carbono. O ácido fólico também é essencial para todas as reações bioquímicas que usam uma transferência de carbono.
A carência de ácido fólico causa anemia e irritação na boca. Todos estes sintomas são similares aos da carência de vitamina B12. O ácido fólico está presente em quase todos os alimentos naturais, mas pode ser deteriorado ou enfraquecido durante o cozimento. As carências são encontradas principalmente em alcoolistas, mal nutridos, pobres, idosos e naqueles que são incapazes de absorver os alimentos devido a certas doenças (enteropatia por glúten).
O ácido fólico é encontrado em hortaliças verdes, grãos de cereais integrais e em muitos outros alimentos (no Brasil, o feijão que faz parte da dieta, é rico em folato). A necessidade por ácido fólico aumenta durante a gravidez devido à grande solicitação de vitaminas pelo feto. Os médicos geralmente sugerem 300 mcg diários de suplementos para grávidas. Muitos requerimentos nutricionais mudam durante a gravidez e as vitaminas não são exceção. A ingestão de todas as vitaminas do complexo B, especificamente o ácido fólico, devem ser levemente aumentadas durante a gravidez e a lactação (produção de leite materno). A quantidade diária de ácido fólico deve ser aumentada de 180 mcg para 400 mcg durante a gravidez e de 180 mcg para 280 mcg durante a lactação - teste sua variação de ácido fólico  (em inglês). Na verdade, a mulher que quer engravidar deve tomar um suplemento de ácido fólico já que isso tem um efeito protetor no nascimento de crianças com má formação e principalmente anencefalia. Nos EUA, as farinhas são folatadas e no Brasil, algumas farinhas são suplementadas com folatos. Mas nenhum estudo mostrou que a suplementação vitamínica seja superior a uma alimentação balanceada rica em frutas e verduras.
Doses muito altas de ácido fólico podem causar convulsões, interferir na medicação anticonvulsionante usada pelos epiléticos e interromper a absorção de zinco.
Ácido pantotênico e biotina
O ácido pantotênico é usado na decomposição química de carboidratos, lipídios e alguns aminoácidos. Também é usado na síntese da coenzima A para reações bioquímicas no organismo. A biotina funciona como uma coenzima nas reações de carboxilação (-COOH), que também são úteis em muitas funções do organismo. As bactérias nos nossos intestinos produzem tanto o ácido pantotênico como a biotina, mas não há doença conhecida associada à carência do ácido pantotênico. A vitamina é encontrada em abundância nas carnes, legumes e grãos de cereais integrais. Doses muito altas de ácido pantotênico podem causar diarréia.
A carência de biotina é rara, mas pode causar uma doença de pele chamada dermatite escamosa. A carência de biotina pode ser encontrada em indivíduos que comem grandes quantidades de claras de ovos. Elas contêm a substância avidina, que "se liga" à biotina do organismo. A biotina é encontrada em bifes de fígado, gema de ovo, amendoim, couve-flor e cogumelos. 

Como saber se estou consumindo o suficiente de vitaminas B

Como você pode ver, as vitaminas B são essenciais para colocar as funções vitais em perfeita ordem. Felizmente, a maioria de nós conseguirá todas as vitaminas do complexo B necessárias tendo uma dieta bem balanceada. Algumas pessoas confiam no suplemento de complexo B diário, mas com base na grande variedade de alimentos contendo estas vitaminas, um suplemento pode não ser necessário. Pesquisadores do Instituto do Coração Hope (em inglês) dizem que até 30% das pessoas acima de 50 anos perderam a capacidade de absorver adequadamente a vitamina B12 da carne e de laticínios. Outras pessoas precisam de apenas 2,4 mg por dia, a quantidade encontrada em quase 100 g de carne, mas os pesquisadores recomendam que os americanos mais velhos comam cereais ou grãos fortificados ou tomem um suplemento vitamínico diariamente. (Se você precisar de calorias e proteínas extras, um suplemento, contendo todas as vitaminas apropriadas, é a alternativa.) Dê uma olhada na tabela abaixo para conhecer os fundamentos básicos das vitaminas do complexo B:
Recomendação diária permitida (RDA)* em mg (B12 é em µg) Fontes alimentares Importância Quando você toma muito Quando você toma muito pouco
Tiamina (B1) I=0.3-0.4; C=0.7-1.0; A=1.0-1.5 cereal, pão, carne, arroz, levedura, milho nozes metabolismo de carboidrato, sistema nervoso nenhum conhecido beribéri (anemia, paralisia), alterações de movimento e memória
Riboflavina (B2) I=0.4-0.5; C=0.8-1.2; A=1.2-1.8 grãos, leite, carne, ovos, queijo, ervilhas mantém a pele, membranas mucosas, olhos, bainhas dos nervos nenhum conhecido pele e problemas orais, anemia
Niacina (B3) I=5-6; C=0.8-1.2; A=1.2-1.8 carne, leite, ovos, peixe, legumes, batatas pele saudável, nervos e trato GI, metabolismo dos alimentos rubor, coceira, cãibras, náusea, erupções na pele pelagra (diarréia, dermatite, demência), morte
Piridoxina (B6) I=0.3-0.6; C=1.0-1.4; A=1.4-2.0 carnes orgânicas, arroz integral, peixe, manteiga, soja metabolismo dos alimentos, aminoácidos danos nos nervos danos na pele e nos nervos, confusão, irritação na boca
Ácido fólico (B9) I=25-35; C=50-100; A=150-180 levedo, fígado, hortaliças verdes, grãos de cereais integrais DNA, síntese da hemoglobina, formação das células vermelhas, metabolismo das proteínas convulsões, interrupção da absorção do zinco anemia, irritação na boca, crescimento insuficiente
Ácido pantotênico N/A; produzido pelos nossos intestinos carnes, legumes, grãos de cereais integrais decomposição química de carboidratos, lipídios, aminoácidos diarréia nenhum conhecido
Biotina N/A; produzido pelos nossos intestinos bife de fígado, gema de ovo, cogumelos funciona como coenzima nas reações de carboxilação nenhum conhecido dermatite escamosa
B12 I=0.3-0.5; C=0.7-1.4; A=2.0 fígado, carne, ovos, aves domésticas, leite metabolismo dos alimentos, formação das células do sangue, síntese do DNA nenhum conhecido anemia perniciosa, irritação na boca, danos cerebrais

*B=bebê; C=criança; A=adulto. Por favor, note que são diferentes as quantidades de vitaminas, dependendo da idade e do sexo (a quantidade de algumas das vitaminas deve ser aumentada durante a gravidez e na amamentação. 


Artigo extraído do site HowStuffWorks, adaptado pelo site Bíblia e a Ciência

A Imprensa e Sua Influência na Divulgação da Bíblia

A invenção da imprensa tem sido motivo de grandes controvérsias. Alguns autores afirmam categoricamente que Gutenberg não foi, como freqüentemente se diz, o inventor da imprensa, pois ela já era conhecida antes do seu nascimento, aperfeiçoou-a simplesmente, e, adotando o sistema das letras móveis, contribuiu para que a arte tipográfica tomasse um desenvolvimento considerável.
A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, discutindo este assunto no verbete “Tipografia” afirma:
“O livro impresso mais antigo que a história da tipografia registra, foi encontrado em 1900, na China, na província de Kansu. Foi impresso em 11 de maio do ano 868. Tinha sido impresso com o uso de blocos, provando-se assim que muitos séculos antes de Gutenberg, já os chineses tinham inventado a imprensa.”
“A impressão com tipo móvel foi pela primeira vez feita também por um chinês Pi Sheng, que de 1041 a 1049 usou desse processo para publicar vários livros, sendo notável, que ambas estas descobertas estão inteiramente autenticadas. Verifica-se, porém, que devido ao grande número de caracteres usados na língua chinesa, o novo processo de publicação não foi na generalidade adotado e em breve esse método caiu em desuso.”
“Como a Holanda, a França, a Alemanha, e a Itália, reclamam para si tal glória, um investigador colocou do seguinte modo o problema: A Holanda tem livros, mas não tem documentos. A França tem documentos mas não tem livros. A Itália não tem documentos nem livros. A Alemanha tem documentos e livros”.
A história desta descoberta é bastante longa e sendo nosso interesse o seu papel na divulgação da Bíblia, limitar-nos-emos a este assunto, partindo da premissa de que este invento foi obra de Gutenberg.
A invenção de João Gutenberg, de imprimir usando tipos móveis, teve conseqüências momentosas na cultura ocidental. Agora, exemplares de livros poderiam ser reproduzidos mais rapidamente, a preço mais acessível e com grau de precisão bem maior do que antes era possível. A ciência e a cultura, jamais poderiam ter alcançado o extraordinário desenvolvimento de nossos dias, sem a contribuição de Gutenberg, que com seu invento possibilitou que não apenas as classes ricas tivessem o privilégio do estudo, mas mesmo a classe média e até os pobres.
A Bíblia era, nesse tempo, o livro mais caro, porque sua transcrição manual ocupava o trabalho de muitas pessoas. Muito apropriadamente, o primeiro grande produto da imprensa de Gutenberg foi uma edição magnificente da Bíblia. O texto foi a Vulgata Latina de São Jerônimo sendo publicado em Mogúncia entre 1450 e 1456. Era uma grande Bíblia de 1282 páginas – também conhecida como a Bíblia de 42 linhas, porque em cada página havia duas colunas com este número de linhas. Outros ainda a denominam Bíblia de Mazarino (nome do cardeal, em cuja biblioteca foi descoberto, em 1760 um volume da obra).
A tarefa da impressão da Bíblia foi extenuante e quase além das limitadas possibilidades humanas do século XV, mas graças ao idealismo do homem de Mogúncia todos os óbices foram superados.
Ao Gutenberg expor seu plano de imprimir toda a Bíblia, seus sócios e auxiliares pensaram que ele estivesse perdendo o juízo, porque pelo moroso processo da incipiente impressão eles poderiam apenas imprimir duas páginas por mês. Se pensarmos em 1000 páginas para a Bíblia é fácil deduzir que talvez morressem antes de ver a empreitada terminada.
A princípio, as letras eram gravadas em madeira e estas arrumadas em tabuinhas, mas sendo a madeira de pouca resistência, não suportava a impressão. Depois de muito meditar ele idealizou gravar os tipos separados não em madeira, mas em metal. Persistentemente Gutenberg trabalhou durante oito dedicados anos, entalhando letras e as arrumando em caixinhas. A primeira frase que ele imprimiu em tipos móveis foi: “Pai nosso que estás no Céu”.
Impressos os primeiros exemplares da Bíblia, põe-se logo João Fust o rico ourives e sócio de Gutenberg a disseminar o Livro Santo. O primeiro exemplar foi vendido ao rei Carlos II por 825 dólares. Outro foi vendido ao arcebispo de Paris pelo mesmo preço. Passados alguns dias o rei e o arcebispo se encontram e trocam idéias a respeito do maravilhoso livro que haviam comprado. Os exemplares são trazidos e ao examinarem ficam estupefatos ao perceberem que eram exatamente iguais. A grande descoberta os desorienta e atônitos exclamam: “Esta obra é do diabo”. Incontinenti prendem a Fust, e este para obter a liberdade, teve que esclarecer todo o mistério.
Embora um exemplar impresso da Bíblia fosse oito vezes mais barato do que um autêntico manuscrito, seu preço ainda era elevado para poder ser adquirido por tantos compradores quantos os que seriam necessários para que Gutenberg pagasse as suas dívidas e Fust satisfizesse a sua ânsia de dinheiro, Infelizmente, lides intelectuais precisam estar sujeitos a problemas materiais.
Dessa primeira edição foram feitos apenas 41 exemplares. Destes ainda existem três, impressos em pergaminho. Um se acha na Biblioteca do Congresso nos Estados Unidos, outro no Museu Britânico e o terceiro na Biblioteca Nacional de Paris.
A que se encontra na Biblioteca do Congresso, foi comprada, em 1939, por um milhão e meio de dólares. São três volumes.
Na revista da Sociedade Bíblica lemos:
“Durante quase três anos – de 1452 até 1455 – Gutenberg trabalhou na impressão da Bíblia. Para imprimir o Livro dos livros foi necessário o trabalho de uma grande equipe: Além de Gutenberg, 6 impressores, 12 tipógrafos e mais 20 auxiliares. O primeiro livro impresso, já então era muito caro e, para adquirir naquela época, precisar-se-ia de quatro vezes o ordenado anual de um escrivão de livros manuscritos.
“O material empregado para Bíblia impressa por Gutenberg foi o pergaminho, e para as suas 30 primeiras Bíblias ele precisou da pele de 5.000 cabras. Ao todo foram impressas cerca de 180 Bíblias por Gutenberg.” (A Bíblia no Brasil, Nov. e Dez. de 1980, p. 13).
Davi d’Angers ao fazer a estátua de Gutenberg, que se encontra em Estrasburgo, ele o apresenta no momento de retirar da prensa uma folha, em que estão impressas estas palavras: “E a luz se fez”.
Do vale do Reno a imprensa expandiu-se pela Europa com grande velocidade. Esta difusão contribuiu para que a Bíblia (a luz que vem de Deus) se tornasse conhecida rapidamente em muitos países da Europa. Antes de 1500, Bíblias tinham sido impressas em várias das principais línguas vernáculas da Europa Ocidental, como a francesa, a alemã e a italiana.
Não deve ser olvidado que a disseminação da Palavra de Deus levantou oposição: em conseqüência edições inteiras da Bíblia foram queimadas em praça pública e seus pregadores ameaçados, coagidos e, às vezes, levados à fogueira. A Igreja de Roma durante muito tempo resistiu à divulgação da Bíblia, mas com o passar dos anos teve que mudar de orientação e em 1757 o Papa Bento XIV deu permissão para que a Bíblia fosse publicada em italiano, espanhol e português.
Em 1477, vinte e sete anos depois da invenção da imprensa, apareceu a primeira porção impressa da Bíblia Hebraica, ou seja, o livro dos Salmos.
Onze anos depois, isto é, em 1488, a primeira edição do Velho Testamento hebraico, apareceu publicada pela imprensa Soncino, perto de Milão, na Itália.
O Novo Testamento grego somente foi impresso em 1514. Por que tanta demora?
Duas razões são apresentadas para esta longa espera desde a invenção de Gutenberg até o primeiro testamento grego impresso.
1) A produção de tipos gregos necessários para a publicação de um livro de tamanho considerável era difícil e cara. Havia formas diferentes da mesma letra e numerosos sinais, fazendo com que os impressores preparassem cerca de 200 caracteres diferentes para a primeira impressão. Posteriormente, houve uma simplificação, tanto de sinais como do alfabeto e tudo se tornou mais fácil.
2) A segunda razão apresentada para este retardamento estava no prestígio que gozava a Bíblia latina, a Vulgata de São Jerônimo.

Bíblia Poliglota Complutense

O primeiro Novo Testamento Grego foi impresso em 1514 como parte de uma Bíblia Poliglota. Esta Bíblia, planejada em 1502 pelo Cardeal da Espanha, Francisco Ximenes, chama-se Poliglota por trazer os textos hebraico, aramaico, grego e latino. Pelo fato de ter sido impressa na Universidade de Alcalá (nome árabe para o lugar onde estava a Universidade, em latim o nome era Complutum) esta Bíblia recebeu também o nome de Poliglota de Alcalá.
Das 600 coleções que foram impressas, são conhecidas e localizadas hoje 97 delas, estando uma na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Esta Bíblia é constituída de seis volumes, sendo que os quatro que contêm o Velho Testamento apresentam o texto hebraico massorético, o latim da Vulgata e o grego da Septuaginta. Na parte inferior vem o texto do Targum aramaico de Onkelos, acompanhado de uma tradução latina. O Novo Testamento está no quinto volume, havendo no final deste um índice de nomes próprios, uma gramática da língua grega e um dicionário grego-latino. No sexto volume há um extenso dicionário hebraico-latino e outro pequeno latino hebraico, além de uma gramática hebraica.
Embora fosse o primeiro Novo Testamento impresso, não foi o primeiro a ser vendido, porque para a sua divulgação era necessária uma autorização papal e esta só foi obtida em 1520. Por alguma razão, até hoje não explicada, a Bíblia Poliglota Complutense não circulou antes de 1522.
Não sabemos que manuscritos foram usados pelo Cardeal Ximenes na elaboração desta grande obra. Em sua dedicação ao Papa Leão X, depois de mencionar as dificuldades enfrentadas para obter manuscritos latinos, hebraicos e gregos, Ximenes afirma:
“Pelas cópias gregas somos reconhecidos a Sua Santidade, que muito bondosamente, nos enviou da Biblioteca Apostólica códices mui antigos, tanto do Velho como do Novo Testamento, que nos ajudaram muito nesta empreitada.”
Houve outras poliglotas famosas publicadas em Antuérpia (1569 – 1572) e Paris (1629-1645); porém, a mais notável de todas foi a Poliglota de Londres (1657-1669), publicada por Briam Walton em oito volumes, contendo cada página o texto do Velho Testamento em hebraico, latim da Vulgata, Targum, grego da Septuaginta, siríaco, árabe e Pentateuco Samaritano.

Novo Testamento de Erasmo

Embora o texto complutense seja o primeiro Novo Testamento a ser impresso, o primeiro Novo Testamento Grego a ser impresso e colocado no mercado foi a edição preparada pelo famoso erudito Erasmo de Roterdam (1469-1536).
Ao Erasmo visitar Basiléia em 1514 recebeu uma proposta de Froben para que preparasse uma edição do Novo Testamento Grego, prontificando-se a pagar-lhe uma importância vantajosa para um trabalho de tal envergadura.
Em Basiléia, Erasmo não encontrou manuscritos gregos suficientemente bons e nenhum que contivesse o Novo Testamento inteiro. Para a maioria do texto ele confiou em dois manuscritos inferiores da Biblioteca de um mosteiro em Basiléia, sendo um dos Evangelhos e outro dos Atos e Epístolas, ambos mais ou menos do século XII. Para o livro de Apocalipse ele possuía apenas um manuscrito também do século XII, que tomara emprestado do seu amigo Reuchlin. Faltava a este manuscrito a última folha com os seis últimos versos da Bíblia. Para suprir a falta dos inexistentes, bem como alguns outros ilegíveis no manuscrito, Erasmo traduziu-os da Vulgata Latina para o grego. Como poderíamos esperar, o texto grego traduzido por Erasmo é diferente do que se encontra em qualquer manuscrito grego conhecido.
A impressão, terminada em 1516, por ter sido apressada e descuidada estava repleta de erros tipográficos. Embora muitos destes erros fossem corrigidos pelo próprio Erasmo nas quatro edições seguintes (1519, 1522, 1527 e 1535) o texto não foi aperfeiçoado.
A aceitação da primeira edição foi relativamente boa, pois muitos compradores foram encontrados através da Europa. Dentro de três anos uma segunda edição foi publicada e o número total de exemplares das edições de 1516 e 1519 alcançou 3.300. A segunda edição tornou-se a base da tradução alemã de Lutero.
Se em certos círculos a obra foi bem aceita, em outros ela foi recebida com preconceito e mesmo com aberta hostilidade, para isto contribuindo, especialmente, os seguintes fatores:
a) Descuido na sua apresentação gráfica;
b) Anotações cansativas de Erasmo, procurando justificar sua tradução;
c) Inclusão entre as notas filológicas de diversos comentários cáusticos, sobre a vida desregrada e corrupta de muitos sacerdotes.
Como era de se esperar, clérigos protestaram através dos púlpitos e seu clamor ressoou por toda a parte. As conseqüências da atitude desassombrada de Erasmo logo se fizeram sentir, sendo proibida a leitura de seus livros nas Universidades de Cambridge e Oxford, estendendo-se ainda a proibição aos livreiros para que não vendessem os seus livros.
COMMA JOANINA
Entre as críticas levantadas contra Erasmo, uma das mais sérias, foi a acusação de que no seu texto, em I João 5:7-8, não apareciam as palavras: “no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, e estes três são um; e há três que testemunham na terra”. Erasmo replicou que não encontrara estas palavras em nenhum manuscrito antigo e descuidadamente fez a afirmação que inseriria a “Comma Joanina”, do latim Comma Johanneum, como é chamada nas edições futuras, se um único manuscrito grego fosse encontrado, anterior ao século XII, que contivesse a passagem. Este manuscrito lhe foi mostrado, e Erasmo, cumprindo a promessa, colocou a passagem na terceira edição de 1522, porém, em longa nota marginal indica suas suspeitas de que o manuscrito fora preparado para confundi-lo. Segundo Bruce em “The Text of the New Testament”, página 101, este manuscrito foi falsamente preparado lá por 1520 por um monge franciscano, que tomara estas palavras da Vulgata Latina.
A Crítica Textual esclarece que dos milhares de manuscritos gregos, somente três contêm esta passagem espúria, sendo eles posteriores ao século XII. A Comma Joanina, provavelmente teve a sua origem num comentário exegético, escrito na margem e transcrito para o texto de manuscritos da Vulgata Latina antes do ano 800 A.D. Em vista de sua inclusão na Vulgata Clementina de 1592, o Santo Ofício em Roma (1897) fez um pronunciamento, aprovado pelo Papa Leão XIII, dizendo que não é seguro negar que estas palavras não sejam de João.
A Bíblia católica, tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo, com comentários e anotações traz a seguinte nota sobre esta interpolação:
“Este versículo (1 João 5:7) tem dado lugar a séria controvérsia, afirmando uns e contradizendo outros a sua autenticidade. Um decreto do Concílio de Trento, confirmado no Concílio do Vaticano, fulmina com anátemas todo aquele que recusar aceitar como canônicas, em todas as suas partes, os livros sagrados contidos na versão Vulgata . . . Ora, não resta dúvida que este versículo faz parte integrante dum livro reputado como canônico, pois está inserto na edição de Sisto V e Clemente VIII, que proibiram mutilar qualquer parte, fosse qual fosse. . . Os testemunhos mais graves e os monumentos mais respeitáveis da tradição eclesiástica consideram canônico este versículo, podendo citar-se S. Cipriano, S. Fulgêncio, S. Eugênio, bispo de Cartago, o herege Prisciliano, Cassiodoro, no seu comentário às epístolas apostólicas, etc. Além destes testemunhos valiosos extrínsecos, temos os intrínsecos, que não são de menor valia. Truncando-se este versículo fica uma lacuna inexplicável, não haveria relação entre os antecedentes e conseqüentes. Considerar este versículo como uma interpolação é acusar de fraude todos os bispos de África, o que seria imputação temerária. Que vantagem lhes adviria daí, se o seu caráter não excluísse a hipótese do logro? Refutar os Arianos? De que lhes servia a invenção dum texto novo, falso, desconhecido pela antiguidade, tendo de discutir como homens que conheciam a Sagrada Escritura? É certo que este versículo se não encontra em muitos manuscritos gregos, mas a explicação é fácil, é um erro de cópia trivialíssimo, visto que as palavras do versículo seguinte: são exatamente as mesmas. Foi uma inadvertência, um saldo natural de quem copiava. Modernamente pois não tem faltado críticos ortodoxos que consideram o versículo 7 como uma glosa explicativa do versículo seguinte, e entre estes citaremos Rude, Shortz, Kauben, Guntner, Bispina, Shauz, Comely e outros, apresentando razões de valor, entre as quais não se ter a Igreja pronunciado sobre o assunto, não ser decisivo o testemunho e tradição, e restabelecer-se o sentido, considerado o versículo em questão como uma nota.”
A Bíblia de Jerusalém, tradução católica, traz a seguinte nota, bem mais consentânea como a Crítica Textual:
“O texto dos Vv. 7-8 está acrescido na Vulgata de um inciso (aqui abaixo entre parênteses) ausente nos antigos mss. gregos, nas antigas versões e nos melhores mss. da Vulg., e que parece ser uma glosa marginal introduzida posteriormente no texto: ‘Porque há três que testemunham (no Céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e esses três são um só; e há três que testemunham na terra): o Espírito, a água e o sangue, e esses três são um só’.”
Traduções modernas, baseadas no texto original, a tem omitido com muita razão.
Em virtude dos fatos aqui apresentados e seguindo orientação superiora, como do Comentário Bíblico Adventista, este texto nunca deverá ser usado para provar a existência da trindade.

Edições do Novo Testamento Depois de Erasmo

Mais de trinta edições do Novo Testamento apareceram rapidamente depois das edições de Erasmo.
A primeira edição completa da Bíblia em Grego foi impressa pela famosa Editora Aldine em 1518, na cidade de Veneza.
Quando o surgimento da imprensa, as Escrituras ou parte delas, tinham sido traduzidas em menos de 20 línguas. Desde então o progresso na tradução e divulgação da Bíblia tornou-se notável. A tradução de Lutero, em 1534, fez com que a Bíblia se tornasse o livro mais popular da Alemanha. Dentro de pouco tempo a Palavra de Deus estava traduzida para o espanhol, eslavo, árabe, polonês, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês e finlandês.
Depois de 1800 as versões da Bíblia se multiplicaram nas línguas e dialetos mais importantes do mundo.
Dentre os tradutores da Bíblia destacam-se:
a) John Eliot, que na América do Norte a traduziu para a língua dos índios;
b) Guilherme Carey, um dos tradutores mais notáveis do mundo, pois fez e ajudou a fazer a tradução para 35 1ínguas e dialetos da Índia.
Muito contribuíram para a disseminação da Palavra de Deus através do mundo a organização de várias sociedades bíblicas.
A Apostila Fuentes Bíblicas página 80-91 fornece-nos úteis informações sobre estas sociedades, que aqui tomamos a liberdade de sintetizá-las.
FUNÇÕES DAS SOCIEDADES BÍBLICAS
Estas funções são múltiplas, pois não consistem apenas na publicação da Bíblia, sem visar lucro; mas, angariar os fundos para a prossecução do trabalho; selecionar pessoas capazes para a preparação de novas versões; escolher elementos que incentivem a disseminação da Bíblia em diferentes países, etc.
As mais destacadas sociedades bíblicas são as seguintes:
1. SOCIEDADE BÍBLICA DE CANSTEIN
Nome derivado do título de seu promotor – Karl Hildebrand – Barão de Canstein, Foi organizada na. cidade alemã de Halle em 1710 (segundo outros em 1712).
Sua importância se baseia nestas duas proposições:
a) Distribuiu 6.000.000 de exemplares da Palavra de Deus;
b) Foi a precursora de uma linha notável de idênticas beneméritas sociedades.
2. SOCIEDADE BÍBLICA BRITÂNICA E ESTRANGEIRA
Em 1802 o Reverendo Thomas Charles, sentindo a escassez de Bíblias, lançou a idéia de uma entidade que promovesse a sua publicação. Em resposta ao seu anelo, no dia 7 de março de 1804, mais de 300 pessoas de distintas denominações se reuniram em Londres para a Organização da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
Durante os primeiros anos de sua história publicou edições francesas e castelhanas da Bíblia, que se destinaram ao uso de 30.000 prisioneiros de guerra dessas nacionalidades. Atualmente publica as Escrituras completas ou parcialmente em quase 400 1ínguas distintas.
3. SOCIEDADE BÍBLICA AMERICANA
Por influência das agradáveis notícias da Sociedade Britânica, várias sociedades locais foram organizadas nos Estados Unidos. A primeira delas foi em Filadélfia em 1808. Após 8 anos seu número chegou a 128, Percebendo as vantagens de unir todas estas sociedades o Sr. Elias Boudinot, Presidente da Sociedade Bíblica de Nova Jersey fez um apelo neste sentido. Atendendo ao seu apelo representantes de 28 sociedades locais se reuniram em Nova Iorque em maio de 1816, organizando a Sociedade Bíblica Americana.
Embora não tenha tido as mesmas proporções da Britânica, publica a Bíblia em mais de 80 idiomas.
4. OUTRAS SOCIEDADES CONHECIDAS
a) A Sociedade Bíblica Prussiana, fundada em 1814;
b) A Sociedade Bíblica dos Países Baixos, iniciada em 1815;
c) A Sociedade Bíblica da Escócia, cooperando para divulgação da Palavra de Deus desde 1861;
d) A Sociedade Bíblica da Irlanda e outras.
Além das sociedades acima mencionadas há ainda um número considerável de sociedades menores, sendo o seu número superior a 80.
Existem também casas editoriais particulares que publicam a Bíblia.
a) A da Universidade de Oxford;
b) A da Universidade de Cambridge;
c) Waterlow & Sons Limited, de Londres;
d) Samuel Bagster e Filhos.
O vulto do trabalho realizado por estas sociedades é realmente impressionante. Apenas algumas cifras elucidativas.
Segundo uma estatística de 1912, o número de Bíblias ou partes da Bíblia distribuídas em 1911 foi de 16 milhões de exemplares. A sociedade Bíblica Americana no primeiro século de sua existência distribuiu 109.926.214 Bíblias ou algumas de suas partes, destas 23.456.549 foram completas.
Aproximadamente já foram editadas, até 1955, pelas Sociedades Bíblicas, nada menos do que 1.000.000.000 (um bilhão) de exemplares ou porções das Sagradas Escrituras.
Exemplares completos alcançam o número de 190.000.000 desde 1804. Durante o ano de 1955 somente a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira distribuiu 7.830.000 exemplares.
De acordo com o relatório de dezembro de 1949 da Sociedade Bíblica Americana, a Bíblia completa tinha sido publicada em 190 línguas, o Novo Testamento completo em 245, um Evangelho ou outro livro da Bíblia em 581; porções selecionadas em 92 línguas, um total de 1.118 línguas em que pelo menos, parte da Bíblia foi publicada.
Em nossos dias a Bíblia pode ser lida em quase todas as línguas do mundo. Não podemos fixar o número exato de traduções, porque os algarismos variam conforme os autores. As Sagradas Escrituras estão traduzidas para línguas das quais talvez nunca ouvimos falar, como o malgaxe e o ouolof.
A Sra. Ellen G. White escreveu em O Grande Conflito páginas 287 e 288 o seguinte:
“Quando se formou a Sociedade Britânica, a Bíblia havia sido impressa e circulara em cinqüenta línguas. Desde então foi traduzida em mais de duas mil línguas e dialetos. …
“Os aperfeiçoamentos da imprensa deram impulso à obra da circulação da Escritura Sagrada. As ampliadas facilidades de comunicação entre os diferentes países, a ruína de antigas barreiras de preconceitos e exclusivismo nacional, e a perda do poder secular pelo pontífice de Roma, têm aberto o caminho para a entrada da Palavra de Deus. Há anos a Bíblia tem sido vendida sem restrições nas ruas de Roma, e atualmente está sendo levada a cada parte habitável do globo.
“O incrédulo Voltaire jactanciosamente disse certa vez: ‘Estou cansado de ouvir dizer que doze homens estabeleceram a religião cristã. Eu provarei que basta um homem para suprimi-la.’ Faz mais de um século que morreu. Milhões têm aderido à guerra contra a Escritura Sagrada. Mas tão longe está de ser destruída que, onde havia cem no tempo de Voltaire, há hoje dez mil, ou antes, cem mil exemplares do Livro de Deus. Nas palavras de um primitivo reformador, relativas à igreja cristã, a ‘Bíblia é uma bigorna que tem gasto muitos martelos’. Disse o Senhor: ‘Toda a ferramenta preparada contra ti, não prosperará; e toda a língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás.’ Isa. 54:17.
” ‘A Palavra de nosso Deus subsiste eternamente.’ ‘Fiéis [são] todos os Seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; são feitos em verdade e retidão.’ Sal. 111:7 e 8. O que quer que seja edificado sobre a autoridade do homem será destruído; mas subsistirá eternamente o que se acha fundado sobre a rocha da imutável Palavra de Deus.”
Texto de Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 13.

O Trabalho dos Massoretas

O hebraico, por nós já estudado, como era originalmente escrito, constava apenas de consoantes, sendo os sons vocálicos supridos pelo leitor. Este processo obrigava o leitor a pensar e ir interpretando o texto, para descobrir-lhe o exato sentido, pois três consoantes (assim eram formadas as palavras em hebraico) com vogais diferentes, podem indicar coisas muito diversas, como ilustram as consoantes portuguesas p t t, nas palavras pateta, patota, e patote, e ainda b r d – barda, bardo, borda, bordo, etc.
A escrita das consoantes apenas, foi processo adequado enquanto o hebraico continuou sendo um idioma falado. Quando aparecia uma palavra que podia ser ambígua, eram usadas “letras vogais” para deixar o texto mais claro. Quatro consoantes fracas, algumas vezes eram usadas como vogais = álefe, hê, vau e o iode. Quando o hebraico foi deixando de ser uma língua falada (já no tempo de Cristo não era uma língua viva) muito mais difícil ficou a pronúncia correta das consoantes sem sinais vocálicos. A pronúncia correta das palavras era transmitida pela tradição oral, mas em breve foi sentida a necessidade de ser esta representada por escrito.
A prova de que a palavra formada tão somente de consoantes é ambígua, na sua acepção, nós a temos em um exemplo da Bíblia em que as três consoantes não foram corretamente interpretadas. Hebreus 11:21 diz que Jacó “adorou encostado à ponta do seu bordão”, ao passo que em Gênesis 47:31 lemos que ele “inclinou-se sobre a cabeceira da cama”. A palavra hebraica para designar cama e bordão consta de três consoantes M T H, as quais no texto hebraico são lidas com as vogais assim: M(i) T(a) H, cama; o autor da Epístola aos Hebreus tirou a citação da Septuaginta, cujos tradutores, leram a palavra desta maneira: M(a) T(e) H, bordão. (Ver História, Doutrina e Interpretação da Bíblia – Joseph Angus, vol. l, p. 20).

Os Massoretas

Massoretas eram os escribas judeus que se dedicaram a preservar e cuidar do manejo do texto hebraico do Velho Testamento. Às vezes o termo também é empregado para o comentarista judeu do livro sagrado. Eles substituíram os escribas (Sopherins) por volta mais ou menos do ano 500 A.D. e prosseguiram em seu dedicado trabalho até o ano 1.000 A.D.
Os massoretas tinham publicado manuais que serviam de orientação para copiar o texto. Nestes manuais, chamados “massora” (termo hebraico técnico para a primitiva tradição quanto à forma correta do texto das Escrituras), se encontravam: a) normas orientadoras que os copistas deviam seguir enquanto estivessem copiando o texto sagrado; b) todas as regras gramaticais sobre a língua hebraica; c) os princípios sugeridos pelo Talmude na transmissão do texto.
O minudente e consciencioso trabalho estatístico que os massoretas realizaram é impressionante, empregando toda a técnica que é possível ao ser humano para assegurar a exata transmissão do texto. Dentre as estritas e minuciosas regras a serem seguidas na cópia dos manuscritos, uma era a seguinte: nenhuma palavra ou letra devia ser escrita de memória. Antes de iniciarem propriamente a cópia, eles contavam os versos, as palavras e letras de cada seção e se os números não correspondessem na nova cópia, o trabalho era rejeitado. Além disso existem em nossas Bíblias enormes coleções de notas massoréticas, tratando de assuntos tais como: contavam as palavras de um livro e assinalavam a palavra central, registravam o número de vezes que uma palavra ou frase específica ocorriam, faziam listas com palavras que apareciam uma, duas ou três vezes no Velho Testamento, anotavam as construções e formas já desusadas. Eles notaram, por exemplo, que a letra central da Lei se achava em Lev. 11:42, quanto aos salmos, a letra central está no salmo 80:4, o versículo central é o 36 do salmo 78.
Desde que o supremo alvo dos massoretas era transmitir o texto tão fielmente como o tinham recebido, não faziam nele nenhuma alteração. Onde presumiam que tinha havido algum erro de transcrição, ou onde uma palavra não estava mais em uso polido, colocavam a palavra certa ou preferível, na margem. Neste caso, a palavra correta ou preferida e que tencionavam que fosse lida, chamavam “Qerê” – o que deve ser lido, mas as suas vogais eram postas sob as consoantes da palavra no texto inviolável (esta era chamada de Kethibi = o escrito).

O Tetragrama Sagrado para o Nome de Deus

Um dos casos mais famosos de “Qerê”, é o tetragrama usado para Deus. Deus é designado na Bíblia por vários nomes, porém o mais comum era aquele que O designava por quatro consoantes hebraicas, o “iod”, o “hê”, o “vau”, e novamente o “hê”, conhecidas como Y H W H, algumas vezes também transliteradas em J H V H.
Os judeus eram excessivamente respeitosos para com o nome da Divindade, assim para evitar que alguém o profanasse, pronunciando-o, usavam em seu lugar Adonai = o Senhor.
Os massoretas colocavam sob o tetragrama do texto hebraico consonantal as vogais a, o, â da palavra Adonai. Desde que este título era tão comum, pois aparece no Velho Testamento 6.823 vezes, os massoretas acharam desnecessários chamar a atenção para este “Qerê” = o que deve ser lido; recebendo até o nome de “Qerê Perpétuo”. Já no tempo da Reforma quando se incrementou o estudo das línguas bíblicas, ao lerem o Velho Testamento, por não compreenderem bem o problema de “Qerê e Kethibi” uniram as vogais da palavra Adonai com as consoantes do tetragrama, aparecendo a palavra hebraica Jeová, até aquele tempo inexistente. A pronúncia correta em português para este nome da Divindade deve ser Javé ou Jaweh.
Os massoretas legaram-nos também uma crítica bem autorizada do texto, fazendo-nos saber que aqui ou ali uma palavra deve ser introduzida ou mudada ou posta de lado, mas toda essa crítica está colocada na margem. Sugerem a divisão correta das palavras – Salmos 55:26; 123:4, a transposição; alteração e omissão de consoantes: I Reis 7:45, Amós 8:8; a correta forma gramatical ou ortográfica – Ezequiel 27:5; explicações eufemísticas – I Samuel 5:6; Isaías 36:12.
O aparato crítico introduzido por eles é provavelmente o mais completo da sua espécie.
Embora todo a trabalho massorético fosse útil e importante, entre eles o que mais se destaca e o mais conhecido foi a criação de um sistema de sinais vocálicos que introduziram no texto consonantal para a correta pronúncia das palavras. As palavras de Merril Unger nos ajudam a compreender a importância desta contribuição:
“Antes das vogais serem adicionadas ao texto consonantal no 7º século de nossa era, a vocalização era inconstante, variando consideravelmente através dos séculos e em vários países. Um texto vocalizado é muito mais fácil de ser lido e muito menos passível de variações em sua pronúncia. Em certo número de casos, por exemplo a LXX e outras versões antigas leram as consoantes do texto, mas vocalizaram-nas diferentemente.”
Os massoretas inventaram um sistema de 10 sinais com variação para as vogais, a, e, i, o, u. O objetivo destes sinais era preservar a pronúncia do texto, pois como já foi dito, o hebraico já era neste tempo língua morta. A pronúncia por eles conservada era a de seu tempo, porque sabemos que algumas pronúncias originais eram diferentes: Nabucodonosor, era Nabuchuduriza, Melquisedeque era Melquisaducu.
Além das vogais criaram um sistema complicado de acentos, 21 para as seções da prosa e 27 outros para as seções poéticas.
Os livros que estudam o trabalho dos massoretas ainda nos dizem que havia:
1) A Massora Inicial – Um estudo da palavra inicial do livro, que sempre era usada como título para o livro.
2) A Massora Pequena – Eram os comentários que se encontravam nas margens laterais.
3) A Massora Grande – Comentários colocados nas partes posteriores e inferiores da página.
4) A Massora Final – como o nome indica, era posta no final do livro, contendo, especialmente, dados estatísticos para o copista, como número de letras e palavras daquele livro, a palavra medial, etc.
Apesar do trabalho dos massoretas ser bastante cuidadoso, nem todos os manuscritos foram copiados com tal esmero e exatidão, como é visto no capítulo “Causas dos Erros na Transmissão do Texto Bíblico”. Em conseqüência nem todas as cópias sagradas do original são exatamente iguais, há muitas variações dos manuscritos, que dificultam bastante o trabalho dos tradutores. Apesar destas variações, o trabalho da Crítica Textual tem sido tão eficiente na reconstrução do original, que na essência o texto da Bíblia não sofreu nenhuma alteração.
Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 12.

Alguém me explica esse instinto de proteção!O "acaso" produziu isso?

Imagem enviada gentilmente por "Irmão Leitor"

▲ TOPO DA PÁGINA